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1 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA INTRODUÇÃO AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO 10 Passos para o Pré-Natal de Qualidade na Atenção Básica: • 1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação precoce). • 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal. • 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal. • 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus(suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: "rodas de gestantes". • 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando necessário. • 6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a) parceiro(a)". • 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário. • 8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do "Plano de Parto". • 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação). • 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico- puerperal. O benefício da presença do(a) acompanhante já foi comprovado. Vários estudos científicos nacionais e internacionais evidenciaram que as gestantes que tiveram a presença de acompanhantes se sentiram mais seguras e confiantes durante o parto. Também houve redução do uso de medicações para alívio da dor, da duração do trabalho de parto e do número de cesáreas. Alguns estudos sugerem, inclusive, a possibilidade de outros efeitos, como a redução dos casos de depressão pós-parto. A UBS deve ter a realização de testes rápidos, como também o apoio laboratorial para os exames de rotina: • teste rápido de gravidez; • teste rápido de triagem para sífilis e sorologia para sífilis (VDRL/RPR); • teste rápido diagnóstico para HIV e sorologia para HIV I e II; • proteinúria (teste rápido); • dosagem de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht); • grupo sanguíneo e fator Rh; • teste de Coombs; • glicemia em jejum; • teste de tolerância com sobrecarga oral de 75g de glicose em 2 (duas) horas (dextrosol); • exame sumário de urina (tipo I); • urocultura com antibiograma; • exame parasitológico de fezes; • colpocitologia oncótica; • bacterioscopia do conteúdo vaginal; • eletroforese de hemoglobina. CLASSIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL É indispensável que a avaliação do risco seja permanente, ou seja, aconteça em toda consulta. Em contrapartida, quando são identificados fatores associados a um pior prognóstico materno e perinatal, a gravidez é definida como de alto risco, passando a exigir avaliações mais frequentes, muitas vezes fazendo-se uso de procedimentos com maior densidade tecnológica. Nos casos em que não há necessidade de se utilizar alta densidade tecnológica em saúde e nos quais a morbidade e a mortalidade materna e perinatal são iguais ou menores do que as da população em geral, as gestações podem ser consideradas como de baixo risco. A caracterização de uma situação de risco, todavia, não implica necessariamente referência da gestante para acompanhamento em pré-natal de alto risco. As situações que envolvem fatores clínicos mais relevantes (risco real) e/ou fatores evitáveis que demandem intervenções com maior densidade tecnológica devem ser necessariamente referenciadas, podendo, contudo, retornar ao nível primário, quando se considerar a situação resolvida e/ou a intervenção já realizada. FATORES DE RISCO QUE PERMITEM A REALIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL PELA EQUIPE DE ATENÇÃO BÁSICA Fatores relacionados às características individuais e às condições sociodemográficas desfavoráveis: • Idade menor do que 15 e maior do que 35 anos; 2 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA • Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse; • Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em se tratando de adolescente; • Situação conjugal insegura; • Baixa escolaridade (menor do que cinco anos de estudo regular); • Condições ambientais desfavoráveis; • Altura menor do que 1,45m; • IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade. Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: • Recém-nascido com restrição de crescimento, pré- termo ou malformado; • Macrossomia fetal; • Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas; • Intervalo interpartal menor do que dois anos ou maior do que cinco anos; • Nuliparidade e multiparidade (cinco ou mais partos); • Cirurgia uterina anterior; • Três ou mais cesarianas. Fatores relacionados à gravidez atual: • Ganho ponderal inadequado; • Infecção urinária; • Anemia. FATORES DE RISCO QUE PODEM INDICAR ENCAMINHAMENTO AO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO Fatores relacionados às condições prévias: • Cardiopatias; • Pneumopatias graves (incluindo asma brônquica); • Nefropatias graves (como insuficiência renal crônica e em casos de transplantados); • Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus, hipotireoidismo e hipertireoidismo); • Doenças hematológicas (inclusive doença falciforme e talassemia); • Hipertensão arterial crônica e/ou caso de paciente que faça uso de anti-hipertensivo (PA>140/90mmHg antes de 20 semanas de idade gestacional – IG); • Doenças neurológicas (como epilepsia); • Doenças psiquiátricas que necessitam de acompanhamento (psicoses, depressão grave etc.); • Doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, outras colagenoses); • Alterações genéticas maternas; • Antecedente de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar; • Ginecopatias (malformação uterina, miomatose, tumores anexiais e outras); • Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação fetal) e outras DSTs (condiloma); • Hanseníase; • Tuberculose; • Dependência de drogas lícitas ou ilícitas; • Qualquer patologia clínica que necessite de acompanhamento especializado. Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: • Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior, principalmente se for de causa desconhecida; • História prévia de doença hipertensiva da gestação, com mau resultado obstétrico e/ou perinatal (interrupção prematura da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome Hellp, eclâmpsia, internação da mãe em UTI); • Abortamento habitual; • Esterilidade/infertilidade. Fatores relacionados à gravidez atual: Em caso de suspeita de pré-eclâmpsia/eclâmpsia, deve-se encaminhar a paciente à emergência obstétrica. • Restrição do crescimento intrauterino; • Polidrâmnio ou oligoidrâmnio; • Gemelaridade; • Malformações fetais ou arritmia fetal; • Distúrbios hipertensivos da gestação (hipertensão crônica preexistente, hipertensão gestacional ou transitória); • Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios de pielonefrite (toda gestante com pielonefrite deve ser inicialmente encaminhada ao hospital de referência, para avaliação); • Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso; • Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação fetal) e outras DSTs (condiloma); • Infecções como a rubéola e a citomegalovirose adquiridas na gestação atual; • Evidência laboratorialde proteinúria; o Diabetes mellitus gestacional; • Desnutrição materna severa; 3 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA • Obesidade mórbida ou baixo peso (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante para avaliação nutricional); • NIC III (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista); • Alta suspeita clínica de câncer de mama ou mamografia com Bi-rads III ou mais (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista); • Adolescentes com fatores de risco psicossocial. FATORES DE RISCO QUE INDICAM ENCAMINHAMENTO À URGÊNCIA/ EMERGÊNCIA OBSTÉTRICA • Síndromes hemorrágicas (incluindo descolamento prematuro de placenta, placenta prévia), independentemente da dilatação cervical e da idade gestacional; • Suspeita de pré-eclâmpsia: pressão arterial > 140/90, medida após um mínimo de 5 minutos de repouso, na posição sentada. Quando estiver associada à proteinúria, pode-se usar o teste rápido de proteinúria; • Sinais premonitórios de eclâmpsia em gestantes hipertensas: escotomas cintilantes, cefaleia típica occipital, epigastralgia ou dor intensa no hipocôndrio direito; • Eclâmpsia (crises convulsivas em pacientes com pré- eclâmpsia); • Crise hipertensiva (PA > 160/110); • Amniorrexe prematura: perda de líquido vaginal (consistência líquida, em pequena ou grande quantidade, mas de forma persistente), podendo ser observada mediante exame especular com manobra de Valsalva e elevação da apresentação fetal; • Isoimunização Rh; • Anemia grave (hemoglobina < 8); • Trabalho de parto prematuro (contrações e modificação de colo uterino em gestantes com menos de 36 semanas); • IG a partir de 41 semanas confirmadas; o Hipertermia (Tax > = 37,8C), na ausência de sinais ou sintomas clínicos de Ivas; • Suspeita/diagnóstico de abdome agudo em gestantes; • Suspeita/diagnóstico de pielonefrite, infecção ovular ou outra infecção que necessite de internação hospitalar; • Suspeita de trombose venosa profunda em gestantes (dor no membro inferior, edema localizado e/ou varicosidade aparente); • Investigação de prurido gestacional/icterícia; • Vômitos incoercíveis não responsivos ao tratamento, com comprometimento sistêmico com menos de 20 semanas; • Vômitos inexplicáveis no 3º trimestre; • Restrição de crescimento intrauterino; • Oligoidrâmnio; • Casos clínicos que necessitem de avaliação hospitalar: cefaleia intensa e súbita, sinais neurológicos, crise aguda de asma etc. Nos casos com menos de 20 semanas, as gestantes podem ser encaminhadas à emergência clínica. CALENDÁRIO DE CONSULTAS As consultas de pré-natal poderão ser realizadas na unidade de saúde ou durante visitas domiciliares. O calendário de atendimento durante o pré-natal deve ser programado em função dos períodos gestacionais que determinam maior risco materno e perinatal. O calendário deve ser iniciado precocemente (no primeiro trimestre) e deve ser regular, garantindo-se que todas as avaliações propostas sejam realizadas e que tanto o Cartão da Gestante quanto a Ficha de Pré-Natal sejam preenchidos. O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 (seis), com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro. - ATÉ 28ª SEMANA – MENSALMENTE; - DA 28ª ATÉ A 36ª SEMANA – QUINZENALMENTE; - DA 36ª ATÉ A 41ª SEMANA – SEMANALMENTE. A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico- obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal. Não existe “alta” do pré-natal antes do parto. Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, é necessário encaminhar a gestante para avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal. O acompanhamento da mulher no ciclo grávido-puerperal deve ser iniciado o mais precocemente possível e só se encerra após o 42º dia de puerpério, período em que a consulta de puerpério deverá ter sido realizada. PRIMEIRA CONSULTA PRÉ-NATAL ANAMNESE Na primeira consulta, deve-se pesquisar os aspectos socioepidemiológicos, os antecedentes familiares, os 4 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA antecedentes pessoais gerais, ginecológicos e obstétricos, além da situação da gravidez atual. Os principais componentes podem ser assim listados: • data precisa da última menstruação; • regularidade dos ciclos; • uso de anticoncepcionais; • paridade; • intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas; • detalhes de gestações prévias; • hospitalizações anteriores; • uso de medicações; • história prévia de doença sexualmente transmissível; • exposição ambiental ou ocupacional de risco; • reações alérgicas; • história pessoal ou familiar de doenças hereditárias/malformações; • gemelaridade anterior; • fatores socioeconômicos; • atividade sexual; • uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou ilícitas; • história infecciosa prévia; • vacinações prévias; • história de violências. Também deverá ser questionada a existência de náuseas, vômitos, dor abdominal, constipação, cefaleia, síncope, sangramento ou corrimento vaginal, disúria, polaciúria e edemas. Sobre a situação conjugal da gestante, é importante saber o grau de segurança emocional que o relacionamento proporciona à mulher. Nesse item questionam-se também as condições de moradia e o número de dependentes que vivem no mesmo domicílio. A escolaridade é outro item importante, pois se espera maior entendimento das orientações pré-natais entre mulheres com mais anos de escolaridade. ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS • Ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade; idade da menarca); • Uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais, por quanto tempo e motivo do abandono); • Infertilidade e esterilidade (tratamento); • Doenças sexualmente transmissíveis, inclusive doença inflamatória pélvica (tratamentos realizados, inclusive pelo parceiro); • Cirurgias ginecológicas (idade e motivo); • Malformações uterinas; • Mamas (patologias e tratamento realizado); • Última colpocitologia oncótica (papanicolau ou “preventivo”, data e resultado). ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS • Número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica, mola hidatiforme); • Número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais espontâneos, por fórceps, cesáreas – indicações); • Número de abortamentos (espontâneos, provocados, causados por DST, complicados por infecções, relato de insuficiência istmo-cervical, história de curetagem pós-abortamento); • Número de filhos vivos; • Idade na primeira gestação; • Intervalo entre as gestações (em meses); • Isoimunização Rh; • Número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37ª semana de gestação), pós-termo (igual ou mais de 42 semanas de gestação); • Número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500g) e com mais de 4.000g; • Número de recém-nascidos prematuros ou pequenos para a idade gestacional; • Mortes neonatais precoces: até sete dias de vida (número e motivo dos óbitos); • Mortes neonatais tardias: entre sete e 28 dias de vida (número e motivo dos óbitos); • Natimortos (morte fetal intraútero e idade gestacional em que ocorreu); • Recém-nascidos com icterícia, transfusão, hipoglicemia, ex-sanguíneo- transfusões; • Intercorrências ou complicações em gestações anteriores (deve-se especificá-las); • Complicações nos puerpérios (deve-se descrevê-las); • Histórias de aleitamentos anteriores (duração e motivo do desmame). EXAME FÍSICO GERAL Nesse item avaliam-se o estado nutricional, o peso e a altura, variáveis que permitem o cálculo do índice de massa corporal (IMC). Após o cálculo, o resultado deveser transcrito para o gráfico específico existente na ficha de pré natal. A aferição do pulso, da pressão arterial (PA) e da presença de edema é item obrigatório nessa fase do exame. EXAME FÍSICO ESPECIAL O exame físico especializado inicia-se com o sistema tegumentar, avaliando-se a presença de alterações na pele. É importante frisar que a maioria das alterações da pele durante a gravidez consiste em modificações funcionais decorrentes do processo gestacional. No entanto, mesmo que essas 5 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA alterações não ocorram, a gestante deve ser lembrada da possibilidade de seu surgimento, o que pode aumentar sua adesão às medidas profiláticas para seu controle. Na sequência, procede-se à avaliação da mucosa ocular, da presença de varizes nos membros inferiores, à ausculta cardíaca e à ausculta pulmonar. Não se pode esquecer da palpação da tireoide e da avaliação do aparelho locomotor, com ênfase na coluna e nos joelhos. Para avaliação do sistema digestivo, a paciente pode deitar-se, procedendo-se a inspeção da cavidade oral (conservação dentária e gengivas) e palpação abdominal. Para deixar a realização do exame físico mais cômoda para a paciente, o exame do ânus para verificar a presença de hemorroidas pode ser realizado durante o exame físico gineco-obstétrico. EXAME FÍSICO GINECO-OBSTÉTRICO EXAME DAS MAMAS: O exame das mamas inicia-se com a inspeção estática, seguida da inspeção dinâmica. A palpação das glândulas mamárias e do segmento axilar e da axila é um ponto fundamental nesse exame. Em seguida, procede-se a expressão mamária. O profissional de saúde deve avaliar se os mamilos estão invertidos ou não, o que vai ditar as orientações e informações que ele precisa fornecer à gestante quanto aos cuidados com as mamas e a amamentação. EXAME PÉLVICO: O primeiro passo desse exame também é a inspeção, verificando detalhes da anatomia genital (malformações, rupturas, cicatrizes), alterações da coloração, lesões vegetantes e ulcerações. Na realidade, essa inspeção deve ser ampliada, avaliando-se também o períneo e a região anal. O segundo passo é o exame com espéculo vaginal, que permite avaliar as paredes vaginais, as características físicas do conteúdo vaginal e o colo uterino, verificando a eventual presença de lesões como pólipos ou outras potencialmente sangrantes. Na sequência, orienta-se a coleta de exames, de acordo com os protocolos de cada serviço. O Ministério da Saúde orienta apenas o colpocitológico (Papanicolaou). No entanto, existem evidências que justificam a pesquisa de vaginose bacteriana e a pesquisa de Chlamydia trachomatis. Complementa-se essa fase do exame com a colposcopia (caso haja disponibilidade desse recurso). O toque vaginal é realizado após o exame físico obstétrico. EXAME OBSTÉTRICO: Faz parte do exame físico obstétrico o exame do abdome, que inclui sua inspeção, palpação, mensuração da altura uterina e ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF). Durante a inspeção do exame obstétrico abdominal, buscam-se alterações da coloração (linha nigrans), de estrias, cicatrizes, tensão (polidrâmnio) e outras alterações. Durante a palpação do abdome, complementa-se o exame do aparelho digestivo tentando a palpação do fígado, do baço e de possíveis massas abdominais intestinais. CONSULTAS DE RETORNO: Nas consultas subsequentes ao novo caso de pré-natal, o roteiro de atendimento deve ser similar ao da primeira consulta, porém mais simplificado, buscando basicamente as queixas e alterações apontadas pela grávida, especialmente aquelas que surgiram ou se intensificaram após a última consulta. Na primeira consulta subsequente ao novo caso de pré-natal, cabe ao obstetra revisar a ficha de pré-natal, indagar sobre algum ponto obscuro ou que necessite de mais detalhes, confrontar a idade gestacional cronológica com a idade gestacional ecográfica, e conferir os pareceres de outras especialidades nos casos em que essas avaliações forem solicitadas. EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma Considera-se o valor de hemoglobina (Hb) maior ou igual a 11g/dl como ausência de anemia na gravidez; entre 11 e 8 g/dl como anemia leve a moderada; e menor de 8 g/dl como anemia grave. Neste caso, recomenda-se que a paciente seja acompanhada no pré-natal de alto risco • Tipagem sanguínea e fator Rh A administração de 100 mcg de imunoglobulina anti-D entre 28 e 34 semanas de gravidez, a mulheres em sua primeira gravidez, não reduz o risco de isoimunização, embora reduza a sensibilização em gestações subsequentes, devendo-se, portanto, avaliar a relação custobenefício dessa política • Coombs indireto (se for Rh negativo); • Glicemia de jejum; • Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR; • Teste rápido diagnóstico anti-HIV; • Anti-HIV; • Toxoplasmose IgM e IgG O diagnóstico é feito pela detecção de IgM em mulheres previamente negativas, e a soroconversão é o método para confirmar a infecção aguda. − IgG e IgM negativas: pacientes suscetíveis que devem ser orientadas sobre prevenção e repetir o exame trimestralmente. − IgG positiva e IgM negativa: pacientes com imunidade. − IgG negativa e IgM positiva: provável infecção recente. Deve-se repetir o exame em 15 dias, sendo que o resultado igual não tem relevância clínica; se ambas tiverem sido positivas, isso confirmará a presença de infecção aguda. 6 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA − IgG e IgM positivas: provável infecção aguda. Deve- se afastar IgM residual solicitando teste de avidez para anticorpos IgG. • Sorologia para hepatite B (HbsAg) e C O rastreamento do vírus da hepatite B é feito na primeira consulta de pré-natal, pela dosagem de HBsAg. Se negativo, repete-se no terceiro trimestre; se positivo, faz-se a pesquisa dos outros antígenos e seus respectivos anticorpos. O rastreamento para o vírus da hepatite C reserva-se às gestantes de risco, que são: as usuárias de drogas injetáveis, presidiárias, mulheres HIV positivas ou com parceiros HIV positivos, mulheres expostas a hemoderivados ou que receberam transfusão de sangue, bem como gestantes com alteração da função hepática, com múltiplos parceiros ou tatuadas. • Exame de urina e urocultura Apesar de o Ministério da Saúde solicitar apenas exame de urina tipo 1 na rotina de pré-natal de baixo risco, deixando a urocultura para situações de piúria, bacteriúria ou hematúria, consideramos de fundamental importância a solicitação rotineira da cultura associada ao exame de urina para rastreamento de bacteriúria assintomática, uma vez que 30% destas evoluem para pielonefrite durante a gestação e, portanto, devem ser tratadas. A presença de proteinúria pode ser indicativa de hipertenção gestacional, assim como a cilindrúria, que é achado raro na gravidez. Sua constatação, sobretudo dos cilindros gordurosos, cilindros de insuficiência renal ou corpos gordurosos birrefrigentes, requer apurada investigação, e essas gestantes devem ser encaminhadas ao pré-natal de alto risco • Rubéola Todas as mulheres em período reprodutivo deveriam ser rastreadas para a rubéola, e as mais suscetíveis deveriam ser vacinadas antes da gestação, uma vez que não há tratamento que previna a transmissão vertical. Caso essa situação não seja possível, a gestante deve ser rastreada quanto a sua imunidade contra a rubéola no início do pré-natal. Gestante com IgG positivo significa contato prévio com esse vírus, e o risco de transmissão vertical é mínimo. Gestantes com IgG negativo são suscetíveis e, portanto, devem ser vacinadas após o parto. O Ministério da Saúde não estabelece o rastreamento de rotina para a rubéola durante a gravidez • Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional; • Citopatológico de colode útero (se necessário); • Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica); • Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica); • Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica). Deve-se prescrever suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia) para profilaxia da anemia; Deve-se encaminhar a gestante para imunização antitetânica (vacina dupla viral), quando a paciente não estiver imunizada. PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES FERRO E FOLATO: a suplementação rotineira de ferro e folato parece prevenir a instalação de baixos níveis de hemoglobina no parto e no puerpério. O Programa Nacional de Suplementação de Ferro, do Ministério da Saúde, criado por meio da Portaria MS nº 730, de 13 de maio de 2005, recomenda a suplementação de 40mg/dia de ferro elementar (200mg de sulfato ferroso). Orienta-se que a ingestão seja realizada uma hora antes das refeições. A suplementação de ferro deve ser mantida no pós-parto e no pós-aborto por 3 meses; FOLATO PERI-CONCEPCIONAL: tem forte efeito protetor contra defeitos abertos do tubo neural. Deve ser usado rotineiramente pelo menos dois meses antes e nos dois primeiros meses da gestação. Mulheres que tiveram fetos ou neonatos com defeitos abertos do tubo neural têm que usar folato continuamente se ainda desejam engravidar; PIRIDOXINA (VITAMINA B6): não há evidências para indicá-la como suplemento na gravidez, embora os resultados de um trabalho sugiram que seu uso pode ter efeito protetor em relação ao esmalte dentário; CÁLCIO: seu uso parece ser benéfico em mulheres que apresentam alto risco de desenvolver hipertensão na gestação e naquelas que têm baixa ingestão de cálcio; ZINCO: não existem evidências suficientes para avaliar os efeitos do seu uso na gravidez. Os possíveis efeitos benéficos sobre a prevenção do trabalho de parto prematuro necessitam de novas avaliações; PROTEÍNAS: a suplementação balanceada parece melhorar o crescimento fetal e reduzir os riscos de morte fetal e neonatal. As evidências são insuficientes para afirmar se existem outras vantagens potenciais. SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA A: A vitamina A é nutriente que atua no sistema imunológico, auxiliando no combate às infecções, à diarreia e ao sarampo. Ajuda também no crescimento e desenvolvimento, além de ser muito importante para o bom funcionamento da visão. A falta de vitamina A pode resultar em cegueira. O Programa de 7 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA Suplementação de Vitamina A acontece em todos os Estados da Região Nordeste e nos municípios do Estado de Minas Gerais (no Norte do Estado e nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri), pois são áreas consideradas endêmicas para a deficiência de vitamina A. Nas regiões citadas, toda puérpera no pós-parto imediato, ainda na maternidade, deve receber uma megadose de 200.000 UI de vitamina A (1 cápsula VO), garantindo-se, assim, reposição dos níveis de retinol da mãe e níveis adequados de vitamina A no leite materno até que o bebê atinja os 6 meses de idade, diminuindo-se o risco de deficiência dessa vitamina entre as crianças amamentadas. ULTRASSONOGRAFIA MORFOLÓGICA DO PRIMEIRO TRIMESTRE COM PERFIL BIOQUÍMICO Deve ser realizada entre 11a e 14a semanas, de preferência na 12a semana, com o objetivo de detectar a síndrome de Down (89%) e a trissomia do 18 (95%). Nessa avaliação incluímos a idade materna, a translucência nucal, a betagonadotrofina coriônica humana livre (β-hCG livre) no soro materno e a proteína A plasmática associada à gravidez (PAPP-A). A avaliação por ultrassonografia do osso nasal eleva o índice de detecção de síndrome de Down para cerca de 95%. MORFOLÓGICA DO SEGUNDO TRIMESTRE COM DOPPLERFLUXOMETRIA DAS ARTÉRIAS UTERINAS MATERNAS E AVALIAÇÃO DO COLO UTERINO POR VIA VAGINAL O exame deve ser realizado entre 20a e 24a semana, preferencialmente na 22a semana, tendo como finalidade avaliar problemas físicos, cardíacos e renais. Nessa avaliação, a taxa de detecção de alterações estruturais está em cerca de 81,7%. O estudo do fluxo das artérias uterinas maternas tem como objetivo identificar pacientes com risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia grave, assim como de identificar fetos com maior risco de crescimento intrauterino restrito. O objetivo de avaliar a medida do colo uterino é estimar o risco de parto prematuro. Um colo de tamanho normal tem mais de 25 mm; valores abaixo disso aumentam o risco relativo de parto prematuro em 7,7 vezes. Nesses casos, pode-se recomendar repouso, medicação adequada ou até mesmo a realização da circlagem, objetivando o termo da gestação. OBSTÉTRICA COM DOPPLERFLUXOMETRIA Deve ser realizado entre 34 e 36 semanas e tem como objetivo avaliar o crescimento fetal, a quantidade de líquido amniótico e a placenta de acordo com o tempo de gestação. Utilizando as medidas do diâmetro biparietal, da circunferência cefálica, circunferência abdominal e do comprimento do fêmur, é possível estimar o peso fetal com uma margem de erro de 15 a 18% do peso real. Quando o crescimento fetal está abaixo do percentil 10 para a idade gestacional, define-se a restrição de crescimento fetal. Por outro lado, fetos acima do percentil 95 são considerados grandes para a idade gestacional. A avaliação do líquido amniótico pode ser feita de forma subjetiva antes de 20 semanas e de forma objetiva após esse período. Para a avaliação objetiva, utilizamos o índice de líquido amniótico (ILA). A técnica consiste na divisão imaginária do abdome materno em quatro quadrantes, realizando a maior medida vertical de líquido amniótico livre de partes fetais ou do cordão umbilical. De forma geral, considera-se o ILA normal quando tem entre 8 e 18 cm. A Dopplerfluxometria é um exame utilizado para estudo da função placentária. Sua indicação é para gestantes com doenças que possam levar à insuficiência placentária, tais como hipertensão arterial, diabetes mellitus, trombofilias, cardiopatias, lúpus eritematoso sistêmico e pneumonias. Nessas situações, a utilização desse exame mostrou redução de 36 a 38% na mortalidade perinatal. Entretanto, estudos mostraram que em gestações de baixo risco não há benefício na utilização rotineira dessa tecnologia. A Dopplerfluxometria das artérias umbilicais reflete a resistência placentária e é dimensionada pela alteração de seus índices dopplervelocilimétricos ou pela ausência de fluxo ou fluxo reverso diastólico. Essas alterações ocorrem devido a placentação inadequada, infarto e/ou tromboses no leito placentário. Alterações nos índices dopplervelocimétricos começam a ser observadas quando 30% da área placentária está comprometida, e o fluxo ausente ou reverso ocorre quando pelo menos 70% da placenta apresenta lesões em sua vasculatura. Ao observar essas alterações, deve-se considerar a ocorrência de insuficiência placentária, com consequente diminuição de oferta de oxigênio e nutrientes para o feto, o que leva à restrição do crescimento e desencadeia uma resposta hemodinâmica com redistribuição do fluxo sanguíneo para áreas nobres, como cérebro, coração e adrenais, o que é conhecido como centralização da circulação fetal. Após as modificações do território arterial, de forma evolutiva, há alteração no sistema venoso fetal. ECOCARDIOGRAFIA FETAL A ecocardiografia fetal é um exame anatômico e funcional do coração fetal. Pode ser realizado a partir de 18 semanas de gestação, mas o período ideal é o da 28a semana. A idade materna acima de 35 anos e a fertilização in vitro são indicações relativas para a realização de ecocardiograma fetal. As indicações absolutas para a realização do exame são pacientes com alto risco para cardiopatiacongênita, os quais são listados abaixo: Fatores de risco materno: • Doença 8 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA metabólica materna (diabetes mellitus e fenilcetonúria). • Exposição materna a substâncias cardioteratogênicas (álcool, antiepiléticos, lítio e vitamina A). • Infecção (rubéola, citomegalovírus e coxsackie vírus). • Exposição à radiação ionizante. Fatores de risco fetal • Suspeita de cardiopatia na ultrassonografia obstétrica. • Presença de distúrbios do ritmo cardíaco. • Hidropsia fetal não imune. • Malformações extracardíacas. • Anomalia cromossômica. • Gestação gemelar monozigótica. Fatores de risco familiares • História familiar de cardiopatia congênita. • Filho ou feto previamente afetado por cardiopatia. • História familiar de herança congênita. VACINAÇÃO NA GESTAÇÃO VACINA DUPLA DO TIPO ADULTO – DT (DIFTERIA E TÉTANO) - Prevenção do tétano acidental e neonatal. GESTANTE NÃO VACINADA E/OU COM SITUAÇÃO VACINAL DESCONHECIDA: Deve-se iniciar o esquema o mais precocemente possível, independentemente da idade gestacional. • Para os vacinados anteriormente com 3 (três) doses das vacinas DTP, DT ou dT, deve-se administrar reforço dez anos após a data da última dose. Em caso de gravidez e ferimentos graves, deve-se antecipar a dose de reforço, sendo a última dose administrada a mais de 5 (cinco) anos. • A última dose deve ser administrada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. • Diante de um CASO SUSPEITO DE DIFTERIA, deve- se avaliar a situação vacinal dos comunicantes. Para os não vacinados, deve-se iniciar esquema com três doses. Nos comunicantes com esquema incompleto de vacinação, este deve ser completado. Nos comunicantes vacinados que receberam a última dose há mais de 5 (cinco) anos, deve-se antecipar o reforço. GESTANTE COM ESQUEMA VACINAL INCOMPLETO (1 OU 2 DOSES): em qualquer período gestacional, deve-se completar o esquema de três doses o mais precocemente possível, com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias entre elas. GESTANTE COM ESQUEMA VACINAL COMPLETO (3 doses ou mais) e última dose há menos de cinco anos: não é necessário vaciná-la. GESTANTE COM ESQUEMA COMPLETO (3 doses ou mais) e última dose administrada há mais de cinco anos e menos de 10 anos: deve-se administrar uma dose de reforço tão logo seja possível, independentemente do período gestacional. VACINA CONTRA INFLUENZA (FRAGMENTADA) A vacina contra a influenza é recomendada a todas as gestantes em qualquer período gestacional. O PNI disponibiliza esta vacina na rede pública de saúde a todas as gestantes durante a campanha anual contra influenza sazonal. O esquema consta de uma dose no período da campanha. VACINAÇÃO CONTRA HEPATITE B (RECOMBINANTE) Por considerar os riscos da gestante não vacinada de contrair a doença e de haver transmissão vertical, o PNI reforça a importância de que a gestante receba a vacina contra a hepatite B após o primeiro trimestre de gestação, independentemente da faixa etária. O esquema desta vacina deve ser seguido conforme os calendários de vacinação do adolescente e do adulto. GESTANTES COM ESQUEMA INCOMPLETO (1 OU 2 DOSES): deve-se completar o esquema. GESTANTES COM ESQUEMA COMPLETO: não se deve vaciná-las. Para a prevenção da transmissão vertical, no caso de recém-nascido de mãe sabidamente positiva para a hepatite b, é fundamental a administração precoce da vacina contra hepatite b, preferencialmente nas primeiras 12 horas, bem como da imunoglobulina humana específica (IGHB - 0,5ml). A vacina deve ser utilizada mesmo que a imunoglobulina não esteja disponível. Além da vacina, é necessária a administração da imunoglobulina humana anti - hepatite b ( IGHAHB) em recém-nascido de mãe sabidamente positiva para a hepatite b. VACINA CONTRA RAIVA HUMANA Em situações de pós-exposição, a vacina contra raiva humana não é contraindicada durante a gestação. Na pré-exposição, a gestante também pode ser vacinada. Entretanto, devido ao risco da ocorrência de eventos adversos, é preferível que ela receba a vacina somente se não puder evitar as situações de possível exposição ao vírus rábico. VACINA CONTRA FEBRE AMARELA (ATENUADA) Na rotina do serviço de vacinação, a gestante não deve receber a vacina contra febre amarela. Entretanto, em situações de surto, se a gestante reside ou vai se deslocar para área com recomendação de vacinação para febre amarela, ela deve ser vacinada se o risco de adoecer for maior do que o risco de receber a vacina. 9 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA É importante ressaltar que as lactantes que amamentam crianças menores de seis meses de idade também não devem ser vacinadas. NÁUSEAS, VÔMITOS E TONTURAS • Explique que tais sintomas são comuns no início da gestação; • Oriente a gestante a: (i) consumir uma dieta fracionada (6 refeições leves ao dia); (ii) evitar frituras, gorduras e alimentos com cheiros fortes ou desagradáveis; (iii) evitar líquidos durante as refeições, dando preferência à sua ingestão nos intervalos; (iv) ingerir alimentos sólidos antes de se levantar pela manhã, como bolacha de água e sal; (v) ingerir alimentos gelados; • Medicamentos: bromoprida, normoprida, dimenidrato, fenotiazinas, clorpromazina, levomepromazina, metoclopramida, associados ou não à vitamina B6; • Agende consulta médica ou refira a gestante ao pré- natal de alto risco em caso de vômitos frequentes refratários às medidas citadas, pois podem provocar distúrbios metabólicos, desidratação, perda de peso, tontura, sonolência e desmaio (veja a conduta para hiperêmese gravídica). PIROSE (AZIA) Oriente a gestante a: • Consumir dieta fracionada, evitando frituras; • Evitar café, chá preto, mates, doces, álcool e fumo. • Obs.: Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de medicamentos antiácidos. FRAQUEZAS E DESMAIOS • Oriente a gestante para que não faça mudanças bruscas de posição e evite a inatividade; • Indique dieta fracionada, de forma que a gestante evite jejum prolongado e grandes intervalos entre as refeições; • Explique à gestante que sentar com a cabeça abaixada ou deitar em decúbito lateral, respirando profunda e pausadamente, melhora a sensação de fraqueza e desmaio. DIAGNÓSTICO DE SÍFILIS TESTES TREPONÊMICOS São testes que empregam como antígeno Treponema pallidum, e detectam anticorpos antitreponêmicos. Esses testes são feitos apenas qualitativamente. Testes não treponêmicos São testes que detectam anticorpos não treponêmicos, anteriormente chamados de anticardiolipínicos, reaginícos ou lipoídicos. Esses anticorpos não são específicos para Treponema pallidum, porém estão presentes na sífilis. Os testes não treponêmicos podem ser: • Qualitativos: rotineiramente são utilizados como testes de triagem para determinar se uma amostra é reagente ou não. • Quantitativos: são utilizados para determinar o título dos anticorpos presentes nas amostras que tiveram resultado reagente no teste qualitativo e também para o monitoramento da resposta ao tratamento. RESULTADOS FALSO-POSITIVOS NOS TESTES Podem ocorrer em diferentes situações e tendem a apresentar títulos baixos nos testes não treponêmicos. Resultados falso- positivos podem ser permanentes: • em portadores de lupus eritematoso sistêmico; • na síndrome antifosfolipídica e em outras colagenoses; • na hepatite crônica; • em usuários de drogas ilícitas injetáveis; • na hanseníase; • na malária; • em algumas infecções; • após vacinações; • uso concomitante de medicamentos; • após transfusões de hemoderivados; • na gravidez e em idosos. Os testes não treponêmicos apresentam mais resultados falso- positivos. Cerca de 1% da população apresenta reatividade nos testes treponêmicos semter a infecção. No exame FTA-abs, as reações falso-positivas habitualmente apresentam os treponemas com um padrão atípico de fluorescência em forma de contas (como de rosário). Isso ocorre, por exemplo, na borreliose de Lyme. Nesse caso, o FTA-abs é reagente e o VDRL geralmente é não reagente. O FENÔMENO DE PROZONA É a ausência de reatividade em uma amostra que, embora contenha anticorpos não treponêmicos, quando testada sem diluir, ou mesmo em baixas diluições, apresenta resultado não reagente. Esse fenômeno decorre da relação desproporcional entre quantidade dos antígenos e dos anticorpos presentes na reação não treponêmica, gerando resultados falso-negativos. 10 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA Ocorre nas amostras de doentes com sífilis, em virtude da elevada quantidade de anticorpos presentes. Esse fenômeno não é observado nos testes treponêmicos. É observado principalmente na sífilis secundária, fase em que há produção de grande quantidade de anticorpos. TÉCNICAS UTLIZADAS NOS TESTES PARA O DIAGNÓSTICO DA SÍFILIS 11 VALESSA VALENÇA | 7º SEMESTRE | 2021.2 | OBSTETRÍCIA