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SAÚDE E NUTRIÇÃO DA CRIANÇA E-book 1 Marianne Rocha Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 DEFINIÇÕES BÁSICAS �������������������������������4 O que é saúde? ���������������������������������������������������������4 Alimentação e Nutrição: será que é tudo igual? ����8 Papel da alimentação na infância saudável �������� 13 Principais doenças infantis relacionadas à nutrição ������������������������������������������������������������������ 21 Hipovitaminose A �������������������������������������������������� 21 Anemia ferropriva ������������������������������������������������� 24 Desnutrição ���������������������������������������������������������� 28 Obesidade infantil ������������������������������������������������ 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������38 SÍNTESE �������������������������������������������������������39 2 INTRODUÇÃO Para começar nossos estudos, quero perguntar: você sabia que a obesidade infantil é um dos grandes problemas de saúde pública enfrentados no Brasil, atualmente? Pesquisas do Ministério da Saúde apontam que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos estão obesas e crianças obesas apresentam maior risco de serem adultos obesos com problemas cardíacos, diabéticos, hipertensos, com problemas pulmonares, articulares e mais chance de morte precoce� Por isso, diversas políticas públicas e leis têm sido elaboradas com objetivo de melhorar a alimentação das crianças e, nesse sentido, é essencial o papel de educadores na formação de hábitos saudáveis para promoção de saúde nessa faixa etária� Sendo assim, embarcaremos em uma viagem para conhecer os conceitos de saúde, alimentação e nutrição, como a nutrição está extremamente re- lacionada à saúde infantil e o panorama mundial e brasileiro das principais doenças carenciais e crô- nicas não transmissíveis na infância. Assim, ao final deste módulo, espero que você possa compreender sobre alimentação e nutrição e seu desdobramento na saúde da criança para contribuir na elaboração de projetos, reuniões, aulas sobre essa temática� Vamos lá? 3 DEFINIÇÕES BÁSICAS Neste tópico, vamos discutir inicialmente o conceito de saúde, a saúde na infância e a garantia de saú- de como um direito humano para que possamos entender como abordar esses conceitos e também para que você tenha subsídios para compreender os próximos assuntos que virão pela frente� O que é saúde? Segundo a Organização Mundial da Saúde (1947), saúde não é apenas ausência de doenças, mas sim o completo estado de bem-estar físico, mental e social� Portanto, uma criança saudável é aquela que se encontra em perfeitas condições mentais, físicas e sociais� Esse conceito inclui diversos fatores como qualidade de vida, acolhimento familiar, boa higiene pessoal e mental, qualidade de sono, vacinação em dia, afeto, carinho, atenção e alimentação com qualidade� REFLITA No dia 5 de agosto é comemorado o Dia Na- cional da Saúde com objetivo de conscientizar a população brasileira sobre a importância da educação sanitária� Pensando no planejamen- to escolar, quais ações poderiam ser realizadas para comemorar este dia? 4 É importante que você saiba que a infância é marca- da por duas palavrinhas essenciais: crescimento, de- finido como um processo global, contínuo e dinâmi- co, que se expressa pelo aumento da massa corporal (peso, altura) e desenvolvimento, que é o processo pelo qual os seres vivos adquirem a habilidade de realizar tarefas cada vez mais complexas� Sendo assim, para uma criança crescer e desenvolver-se bem, ela necessita ter suas necessidades biológicas, afetivas e socioculturais atendidas� FIQUE ATENTO Para profissionais da saúde, o grupo infantil pode ser dividido em: lactentes (crianças de 0 a 11 meses e 29 dias), pré-escolares (crianças de 12 meses a 6 anos e 11 meses e 29 dias) e es- colares (crianças de 7 anos a 9 anos e 11 meses e 29 dias)� Faz parte da Declaração Universal de Direitos da Criança (1959), o direito à saúde, ou seja, toda crian- ça tem direito à proteção e desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social adequado assim como direito à alimentação, recreação e assistência médica e é importante ressaltar que a garantia à saúde da criança não deve ser tema exclusivo aos profissionais da área como médicos, enfermeiros, nutricionistas, entre outros, toda a sociedade incluin- do família, amigos, educadores e governo também são responsáveis e incluem-se no grupo de cuidados à criança� 5 Com o passar dos anos, o tema saúde infantil tem assumido extrema importância no mundo, tanto que em 2000 governantes de diversas nações firmaram um pacto durante a Cúpula do Milênio que estabele- cia como metas: a redução das taxas de mortalidade infantil para crianças menores de 5 anos de idade, a diminuição da desnutrição entre crianças menores de 5 anos, o acesso à água limpa e saneamento básico e proteção da criança que vive em circuns- tâncias difíceis� SAIBA MAIS Para enfrentar o desafio de garantir o desenvol- vimento integral de todas as crianças brasileiras, o Brasil criou a Política Nacional de Atenção Inte- gral à Saúde da Criança que você pode conhecer mais em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/ File/Politica_Nacional_de_Atencao_Integral_a_ Saude_da_Crianca_PNAISC.pdf� No Brasil, houve alguns avanços ao alcance de tais metas na saúde infantil, como diminuição da mortalidade infantil, da mortalidade por diarreias, de infecções respiratórias e doenças infectoconta- giosas, além da redução das taxas de desnutrição proteico-calórica na infância� Porém, apesar dos esforços, a taxa de mortalidade infantil ainda continua elevada, se comparada à de países desenvolvidos, como Estados Unidos; isso mostra que deve haver esforço de todos os setores 6 http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/Politica_Nacional_de_Atencao_Integral_a_Saude_da_Crianca_PN http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/Politica_Nacional_de_Atencao_Integral_a_Saude_da_Crianca_PN http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/Politica_Nacional_de_Atencao_Integral_a_Saude_da_Crianca_PN da sociedade para promoção de saúde e bem-estar, visto que um dos indicadores mais eficazes para medir a qualidade de um país é essa taxa� Dentre os Direitos da Criança está a garantia de cui- dado nutricional satisfatório que depende de todos os indivíduos envolvidos nos cuidados com a crian- ça e também de como essas pessoas utilizam os alimentos e os recursos disponíveis à saúde para promover a sobrevivência, o crescimento e o desen- volvimento da criança� Como dito anteriormente, um dos fatores que in- fluenciam a saúde infantil é a alimentação, visto que crianças com alimentação pobre em quantidade e qualidade apresentam mais chance de ficarem doentes, têm atrasos no desenvolvimento, apre- sentam pior desempenho escolar e podem até de- senvolver problemas comportamentais (FANJIANG; KLEINMAN, 2007)� Além de tudo isso, as condições de saúde e nutri- ção são um dos fatores associados à mortalidade infantil� Por isso, é muito importante que todos nós estejamos atentos à segurança alimentar e nutri- cional das crianças visto que é uma questão básica de saúde� 7 Alimentação e Nutrição: será que é tudo igual? Mas você sabe o que é alimentação mesmo? Será que é a mesma coisa que nutrição? É o que vamos descobrir agora� Para entender melhor falemos, inicialmente, sobre o significado da palavra alimentação. Alimentação é definida como um ato voluntário e consciente, ou seja, um ser humano para se alimentar depende da sua vontade e de suas escolhas� Portanto, na ali- mentação, o indivíduo é livre para escolher a quanti- dade com a qual vai se alimentar, o tipo de alimento que vai compor sua refeição, a forma como será preparado, conservado e armazenado, o horário que irá consumir e as pessoas com as quais ele com- partilhará esse ato� Figura 1: Alimentação em família. Fonte: Free Images. 8 https://pt.freeimages.com/search/lunchDiversos fatores influenciam o ato da alimentação, como valores culturais, sociais, afetivos, sensoriais, e é isso o que nos diferencia dos animais, pois não nos alimentamos apenas para suprir nossas ne- cessidades fisiológicas, mas também para atender nossas vontades com relação à sabor, cor, cheiro e textura dos alimentos� Além do mais, comer é um dos grandes prazeres da vida, concorda? Sendo assim, a alimentação deve atender às neces- sidades nutricionais de cada pessoa, de acordo com a fase da vida em que se encontra, suas preferências, aversões e especificidades, bem como qualquer tipo de restrição alimentar� Mas o que seria nutrição, então? A nutrição é um ato involuntário, ou seja, não depende de nós para acon- tecer. E o que significa isso? Que quando colocamos um alimento na boca e começamos o processo de mastigação, é nosso sistema digestório que toma conta de todo processo; a partir dali desde o pro- cesso de trituração dos alimentos até a absorção dos nutrientes sem qualquer interferência nossa� FIQUE ATENTO Nutrientes são compostos químicos presentes nos alimentos que comemos diariamente, como: carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e mi- nerais, sendo que cada um desses nutrientes desempenha uma função específica no corpo humano� 9 Agora que você já sabe que alimentação não é a mesma coisa que nutrição, vamos conhecer um pouco mais sobre os nutrientes? Os nutrientes podem ser divididos em: ● Carboidratos: em que a principal função é o for- necimento de energia, e você pode encontrá-lo em pães, arroz, massas, farinhas, frutas, doces� Sempre que possível, deve-se reforçar o consumo de carboi- dratos integrais como aveia, pães, cereais, e reduzir o consumo de carboidratos simples, como açúcar, refrigerantes, doces e guloseimas� ● Proteínas: constroem e mantêm tecidos e órgãos funcionando, além de formarem enzimas, anticor- pos e hormônios� As proteínas são encontradas em carnes, ovos, frango, peixes, feijões� 10 ● Lipídios: também produzem energia como os car- boidratos, mas em quantidade maior, auxiliam na absorção e transporte de vitaminas e protegem o corpo contra choques e perda excessiva de calor� Podemos encontrar os lipídios em óleos vegetais, como óleo de soja e azeite, abacate, amêndoas, castanhas, carnes e também em produtos industria- lizados, como bolachas, sorvetes, guloseimas� Pelo fato de sua energia ser mais concentrada, é muito importante que não se exagere no seu consumo para evitar o ganho de peso� ● Vitaminas: suas funções variam conforme o tipo, podem auxiliar na absorção de outros nutrientes, ajudar a manter integridade de órgãos e tecidos, a proteger o corpo contra doenças e por aí vai� Uma vitamina que merece atenção na infância é a vita- mina A� Estão em diversos tipos de alimentos, como frutas, verduras, legumes, carnes� 11 ● Minerais: assim como as vitaminas, também de- sempenham diversas funções no nosso organismo, de acordo com o tipo� Para a criança, é preciso estar atento, por exemplo, ao consumo de cálcio, que é relacionado ao crescimento de ossos e dentes, e também ao ferro, visto que sua deficiência causa um tipo de anemia que pode prejudicar o desempenho escolar dessa criança� Também se encontram em muitos alimentos, como verduras, legumes, frutas, leite e derivados, carnes, entre outros� Não é à toa que, para termos uma boa saúde, preci- samos ter uma alimentação variada com alimentos que nos forneçam os diversos tipos de nutrientes, não é mesmo? E é essencial que possamos incenti- var nossas crianças e adolescentes a criarem hábi- tos alimentares saudáveis desde cedo para prevenir doenças, como colesterol alto, pressão alta, obe- sidade, diabetes melito tipo 2; doenças essas que, antigamente, só eram vistas na fase adulta� Mas, agora que já estamos cientes das diferenças entre alimentação e nutrição e das principais fun- ções dos nutrientes, vamos entender por que é tão importante que as crianças consigam se alimentar bem e garantir uma ótima ingestão de nutrientes? 12 Papel da alimentação na infância saudável Figura 2: Alimentação infantil saudável. Fonte: AC24 Horas. O período da infância é extremamente rico e, como já estudamos, é caracterizado por intenso crescimento e desenvolvimento de muitas das potencialidades do ser humano� Além do mais, esse período é mui- to importante para os possíveis desdobramentos na vida adulta, principalmente quando falamos de alimentação e nutrição, visto os desafios que en- frentamos atualmente de desigualdades sociais e de saúde (LOURENÇO, CARRIERO, SCAGLIUSI, 2019)� Ótimas condições de alimentação e nutrição em crianças promovem benefícios de curto, médio e longo prazos na vida do ser humano� Os primeiros anos de vida de uma criança, por exemplo, é conhe- cido como período de janela de oportunidades para 13 https://www.ac24horas.com/2018/06/03/alimentacao-infantil-qual-a-importancia-de-adotar-habitos-saudaveis/ tratamento de problemas de má nutrição e doenças associadas, resultando, também, em prevenção de deficiências e doenças crônicas não transmissíveis. Por isso, nesse período, é muito importante que na alimentação complementar sejam incluídos alimen- tos seguros, acessíveis e que atendam às necessi- dades nutricionais dessa fase para promover seu crescimento saudável e possam também comple- mentar corretamente os benefícios do leite materno� FIQUE ATENTO Alimentação complementar é aquela em que se oferece qualquer alimento em consistência líquida, sólida ou pastosa oferecida à criança amamentada, e que se inicia a partir dos 6 me- ses de idade� Conforme o Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 anos (2018), alimentos in natura devem ser a base da alimentação da criança e somente alguns alimentos processados – como queijos e pães – de- vem ser incluídos, sendo que alimentos ultraproces- sados não devem ser oferecidos à criança; isso quer dizer que alimentos comuns nessa fase de infância devem ser evitados – como achocolatados, macar- rão instantâneo, gelatina em pó, cereais matinais, iogurtes saborizados, sorvetes industrializados, biscoitos e bolachas em geral, entre outros� 14 FIQUE ATENTO • Alimentos in natura ou minimamente proces- sados: arroz, feijão, frutas, legumes e verdu- ras, mandioca, milho, carnes e ovos� • Alimentos processados: enlatados, queijos e conservas� • Alimentos ultraprocessados: biscoitos, bola- chas, sucos artificiais, refrigerantes, salgadi- nhos, guloseimas, macarrão instantâneo� Essa fase de alimentação complementar pode ser interessante para promover hábitos alimentares mais saudáveis em toda a família, com adequações à consistência dos alimentos e ao uso de temperos naturais, como sal, ervas e pimenta nos pratos ofe- recidos à criança� Lembrando que pais e cuidadores são bastante responsáveis na escolha dos alimentos que irão compor a alimentação da criança, assim como a frequência de alimentação e as quantidades que serão ofertadas� Portanto, é importante oferecer uma alimentação variada para influenciar positivamente a construção do gosto e a relação da criança com a alimentação� Crianças que comem comida saudável têm mais chance de se tornarem adultos conscientes para fazer boas escolhas alimentares� Porém, infelizmente, no Brasil nem todas as crian- ças têm acesso à alimentação saudável, devido às desigualdades sociais que levam inúmeras pessoas 15 a passarem fome ou ainda a não consumirem e nem comprarem alimentos saudáveis em quantidades necessárias, além da própria influência de propa- gandas que promovem o consumo de alimentos não saudáveis na infância e adolescência� Você sabia que a forma de oferecer as refeições às crianças também é muito importante? Recomenda- se que as refeições sejam feitas em ambiente con- fortável, calmo – sem distrações, como televisão, tablets e celulares – e que os cuidadores dediquem total atenção à criança e ao momento da refeição� Deve-se também incentivar a autonomiada criança� Outra coisa importante: as refeições devem ser livres de estratégias de recompensa, ameaças, manipu- lação, visto que isso pode prejudicar a relação da criança com a alimentação, com consequências de curto, médio e longo prazos� REFLITA Em uma escola de educação infantil, haverá reu- nião para os pais e um dos temas a serem abor- dados é a alimentação das crianças� O que a es- cola poderia propor para ajudas as crianças na promoção de bons hábitos alimentares? Alguns nutrientes se destacam na alimentação in- fantil, devido à sua importância para o crescimento e desenvolvimento adequado, como proteínas, ferro e vitamina A� Sabe por quê? Como as principais funções das proteínas são a construção e a manutenção de te- 16 cidos e órgãos e a criança está em pleno crescimento, devemos nos atentar aos alimentos fontes de proteína, como dito anteriormente; como as carnes, ovos, feijões, leite e derivados� Já o ferro tem extrema importância, visto que sua deficiência é associada ao retardo no desenvolvimento neuropsicomotor e na diminuição das defesas do organismo. Por fim, a vitamina A é superim- portante para o crescimento e também para garantir a imunidade da criança, prevenindo doenças infecciosas. Conforme a criança vai crescendo e entra na fase pré-escolar e escolar, é essencial que a construção de hábitos alimentares saudáveis continue incluin- do refeições prazerosas e ricas em nutrientes que auxiliem o pleno desenvolvimento físico e cognitivo, mantendo as orientações que analisamos anterior- mente� Assim, na alimentação, devemos continuar a priorizar alimentos in natura e minimamente pro- cessados, como aqueles presentes nos grupos de cereais, raízes e tubérculos, feijões, frutas, legumes, verduras, castanhas, leites, queijos, carnes e ovos� Além disso, deve-se limitar o consumo de alimentos processados, uso de sal, açúcar e gorduras e alimen- tos ultraprocessados, pois o consumo em excesso desses alimentos é associado ao ganho de peso e, consequentemente, à obesidade infantil� Podcast 1 17 https://famonline.instructure.com/files/708236/download?download_frd=1 SAIBA MAIS Obesidade é uma doença caracterizada pelo ex- cesso de gordura corporal e sua principal causa é o excesso de ingestão calórica superior ao gasto de energia� É importante, também, incentivar a participação da criança no momento de compra de alimentos, no planejamento e preparo das refeições para estimular seu interesse, assim como abrir espaços de conversa sobre comida, incluindo livros e brincadeiras para que a criança seja estimulada a explorar ainda mais os alimentos� Nessa idade, a criança imita o comportamento de pais e cuidadores, podendo recusar ou aceitar alimen- tos, de acordo com o exemplo recebido� Por isso, é importante verificar como é a alimentação familiar e possibilitar estratégias em que família e criança possam trabalhar esse tema� Importante que você saiba, ainda, que é comum na fase pré-escolar ocorrer a diminuição do apetite, em virtude da diminuição da velocidade de crescimento e pode ser que você encontre pais preocupados por conta disso ou ainda crianças ingerindo, de forma inadequada, suplementos estimulantes de apetite� Nesse momento, devemos respeitar a autonomia e independência da criança, visto que, em um dia, ela pode gostar de um alimento e, no outro, detestar o mesmo alimento� 18 REFLITA Você conhece escolas com crianças na fase pré-escolar e escolar? Você sabe se há alguma integração da equipe escolar com profissionais da saúde, especialmente o nutricionista, visan- do a ações em relação à alimentação das crian- ças? Você acha que isso é importante? Pense a respeito� Na fase escolar, há maior independência e sociali- zação e as crianças tendem a se envolver em mais atividades físicas, como jogos, esportes, brincadeiras, levando ao aumento do apetite e da ingestão alimen- tar, porém, é também nessa fase que pode iniciar o comportamento sedentário, como horas gastas em frente à televisão, videogames e computadores, aumentando o risco de excesso de peso e doenças crônicas não transmissíveis� Sendo assim, devemos investir em projetos que possam garantir a prática de atividade física e os bons hábitos alimentares para prevenção da obesidade e melhora da qualidade de vida� SAIBA MAIS O documentário Muito além do peso mostra os hábitos alimentares das nossas crianças, hoje em dia, além de abordar a epidemia de obesi- dade infantil no Brasil e a influência da mídia e indústria alimentícia na construção dos hábitos alimentares� 19 Durante a fase pré-escolar e escolar, alguns nutrien- tes também são destaques, como o cálcio, que é essencial para o desenvolvimento da massa óssea e prevenção de problemas como raquitismo, osteoma- lácia, osteoporose e fraturas� Além da vitamina A e o ferro que permanecem sendo nutrientes merecedo- res de atenção, pois suas deficiências podem estar associadas à quadros de retardo no crescimento, inapetência, sonolência e irritabilidade� FIQUE ATENTO - Alimentos fontes de vitamina A: carnes, leite, vegetais alaranjados, como abóbora, manga, ma- mão, cenoura, laranja� - Alimentos fontes de cálcio: leite, queijos, iogur- tes, folhas verde escuras, semente de gergelim� - Alimentos fontes de ferro: carne vermelha, fran- go, carne de porco, frutos do mar, vísceras, fei- jões, semente de abóbora, tofu, pistache� A alimentação escolar é extremamente importante, visto que, dependendo da condição socioeconômi- ca da família, a creche ou a escola serão os únicos locais em que essa criança receberá alimentos� Portanto, não podemos descuidar da alimentação dos nossos pequenos se queremos crianças ativas, saudáveis, espertas e interessadas� 20 Principais doenças infantis relacionadas à nutrição Agora que já verificamos qual a importância da ali- mentação, vamos entender o que pode acontecer com crianças que tenham alguma deficiência ou ex- cesso em sua alimentação e nutrição, e como pode- mos auxiliar na prevenção e no tratamento dessas condições� Hipovitaminose A Quando uma criança não ingere alimentos fontes de vitamina A, seja por desconhecimento da família sobre sua importância, por não gostar desses alimen- tos ou ainda pelo custo econômico deles, ela pode desenvolver a hipovitaminose A, que nada mais é que a deficiência de vitamina A. Nós já estudamos que, durante a infância, a vitamina A tem um grande papel no fortalecimento do siste- ma imunológico da criança e em seu crescimento e desenvolvimento� Mas você sabia que a vitamina A é um nutriente-chave para formação e manutenção da nossa visão? Portanto, uma criança com hipovitaminose A pode desenvolver cegueira, ressecamento da córnea e adquirir com facilidade doenças infecciosas, como resfriados, gripes, diarreias, sarampo, tuberculose, entre outras; por isso, é importante esforços de todos 21 os setores para prevenir a deficiência de vitamina A, pois isso atrapalha a qualidade de vida da crian- ça e, consequentemente, seu desempenho escolar, além de aumentar a chance de mortalidade infantil� (FERREIRA, et al�, 2013) Essa deficiência é considerada um problema de Saúde Pública no Brasil e no mundo� Estudos mos- tram que cerca de 2,8 milhões de crianças em idade pré-escolar no mundo apresentam hipovitaminose A e também estimam que 250 a 500 mil crianças tornam-se cegas todos os anos, por causa disso (MILAGRES; NUNES; PINHEIRO-SANT’ANA, 2007)� SAIBA MAIS Para entender mais sobre a deficiência de vitamina A, leia o artigo no site do Minis- tério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br/ dicas-em-saude/1937-deficiencia-de-vitamina-a� Outro fator que pode levar à deficiência de vitamina A é o baixo consumo de alimentos fontes de gordu- ra, visto que as gorduras têm a função de absorção e transporte de vitaminas lipossolúveis, como é o caso da vitamina A, por isso, crianças desnutridas com baixo consumo de alimentos fontes de gorduras geralmente também apresentam hipovitaminoseA� Durante a Cúpula Mundial da Infância, em 1990, foi estipulada a meta de eliminar a deficiência de vitami- na A e suas consequências até o ano 2000, porém, 22 http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/1937-deficiencia-de-vitamina-a http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/1937-deficiencia-de-vitamina-a apesar dos esforços nesse sentido, ainda não con- seguimos controlar esse problema� Entre as ações para prevenção e tratamento dessa condição estão: ● Suplementação periódica de vitamina A em altas doses nas populações em risco (crianças de 0 a 5 anos de idade, gestantes e lactantes)� ● For tif icação de al imentos consumidos popularmente� ● Ações de intervenção educativa e nutricional que visem à variedade na alimentação e ao maior con- sumo de alimentos fontes de vitamina A� REFLITA Agora que você sabe o que é hipovitaminose A, como a escola ou educadores poderiam auxiliar a conscientizar os pais e as crianças para consu- mir adequadamente alimentos fontes de vitami- na A? Outra doença que também é comum na infância é a anemia ferropriva que, como também já estudamos, pode ser uma das causas para prejuízos no desem- penho escolar� Vamos entender o que é e como po- demos auxiliar na prevenção desse problema? 23 Anemia ferropriva Anemia Quantidade normal de glóbulos vermelhos. Quantidade anêmica de glóbulos vermelhos. Figura 3: Quantidade normal de glóbulos vermelhos e Característica da anemia. A anemia é uma condição em que a concentração de hemoglobina no sangue é baixa, devido à carência de um ou mais nutrientes, sendo a deficiência grave de ferro a mais comum. Quando a anemia ocorre pela falta de ferro, ela chama-se anemia ferropriva� FIQUE ATENTO A hemoglobina é uma proteína presente no inte- rior das hemácias e no plasma sanguíneo, cuja principal função é o transporte de oxigênio no organismo� Estudos mostram que pelo menos um bilhão de pessoas apresentam a deficiência de ferro. O rápido 24 crescimento associado à baixa ingestão de alimentos fontes de ferro são os principais fatores de risco para uma criança ou adolescente desenvolverem anemia� Por conta disso, crianças lactentes, pré-escolares, escolares e adolescentes são grupos de risco� Sendo assim, é muito importante que possamos conscientizar pais, crianças e educadores sobre o papel dos alimentos fontes de ferro nessas faixas etárias� Para reforçar, são alimentos fontes de ferro: carnes, frangos, peixes, feijões, vísceras, frutos do mar, sementes, tofu� Fe Figura 4: Alimentos fontes de ferro. É importante que você saiba que os alimentos po- dem conter dois tipos de ferro – o ferro heme e o ferro não heme. Mas o que significa isso? Alimentos de origem animal, como carnes e vísceras (fígado, moela, rins, entre outras) contém ferro heme, que apresenta melhor absorção pelo corpo humano; e alimentos de origem vegetal, como feijões, verdu- ras e legumes apresentam ferro não heme, que tem absorção reduzida� 25 Nem tudo está perdido quando a alimentação da criança é baseada em vegetais, porque existe a vita- mina C, que auxilia na absorção do ferro não heme; por isso, você deve incentivar as crianças a ingerirem alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas, vegetais verde-escuros, tomate, pimentão, entre ou- tros, junto àqueles com ferro, para que possam absor- ver o máximo de mineral possível nesse momento� A anemia ferropriva pode levar a sinais e sintomas como irritabilidade, cansaço, apatia, redução do ape- tite, unhas fracas, diminuição da imunidade, aumento da mortalidade e maior suscetibilidade às infecções� Por conta disso, e das suas consequências, a anemia ferropriva têm tido atenção do governo e de toda a sociedade, visto que crianças com anemia apresen- tam comprometimento do desenvolvimento, da co- ordenação motora e da linguagem, falta de atenção, diminuição da afetividade e redução da atividade física� Além de tudo isso, você sabia que a eliminação dessa deficiência nutricional é uma das metas da Organização Mundial da Saúde (OMS)? Como estratégias para a prevenção da anemia fer- ropriva, além da educação nutricional para priorizar alimentos fontes, encontramos a fortificação de ali- mentos com ferro, como as farinhas de trigo e mi- lho e os produtos elaborados com elas, e também a suplementação de ferro em doses profiláticas para crianças entre 6 meses e 1 ano e 6 meses� 26 REFLITA Você tem costume de ler os rótulos dos produtos alimentícios? Em quais deles você já notou a adi- ção de farinhas fortificadas? Para o tratamento dessa carência, é recomendada a reposição do estoque de ferro, com auxílio de suple- mentação e aporte adequado, por meio da alimen- tação� Algumas recomendações gerais são: oferta de fígado de boi, ao menos uma vez por semana; suco de frutas rico em vitamina C, após a refeição salgada; utilizar farinhas enriquecidas com ferro, e não permitir a substituição de refeições salgadas por guloseimas, leite ou biscoitos� Podcast 2 Além da anemia ferropriva, a carência global de nu- trientes ainda é um problema a ser enfrentado na infância� Você já conheceu alguma criança com des- nutrição? Sabe quais são os tipos? Vamos aprender mais sobre esse assunto? Desnutrição Segundo a Organização Mundial de Saúde, a desnutri- ção pode ser definida como o conjunto de condições patológicas decorrentes da deficiência simultânea, 27 https://famonline.instructure.com/files/708237/download?download_frd=1 em proporções variadas, de proteínas e calorias, que ocorre mais frequentemente em crianças pequenas� No Brasil, os maiores índices de desnutrição encon- tram-se na região Nordeste, por ser a região que mais sofre com falta de higiene, emprego, moradia, e sa- neamento básico; porém, felizmente, o Brasil reduziu tais índices comparados à década de 1970� A diminuição do índice de desnutrição no país deve- -se a melhoras no saneamento básico, como forne- cimento de água, atenção básica de saúde, infraes- trutura urbana, realização de pré-natal, aumento da prevalência de aleitamento materno, e modernização de diversos setores da sociedade� Para diagnosticar uma criança com desnutrição, uti- liza-se os dados de peso e altura e classifica-se com baixo peso para idade ou baixo peso para a estatura, e a desnutrição pode ser também classificada em: Figura 5: Tipos de desnutrição. Fonte: Youth Rainbow. 28 http://www.youthrainbow.com/health/nutrition-disorders ● Kwashiorkor: deficiência predominantemente pro- teica, ou seja, a alimentação é pobre em alimentos ricos em proteínas, como carnes, ovos, leite e deri- vados, frangos, feijões, oleaginosas� Os sinais desse tipo de desnutrição incluem inchaço, descamação da pele, cabelo despigmentado, diarreia, apatia, tristeza, entre outros� ● Marasmo: deficiência energético-proteica equili- brada em que faltam alimentos de maneira geral� No marasmo, percebe-se deficiência de crescimento acentuada, magreza extrema, pele enrugada, irrita- bilidade, tristeza, apatia� A desnutrição é mais comum em crianças de 0 a 5 anos de idade, por serem mais vulneráveis biologica- mente e também por serem totalmente dependentes socialmente e economicamente� Uma criança des- nutrida tem mais chance de infecções por conta da sua baixa massa muscular e pela redução das suas defesas corporais� Crianças com desnutrição podem apresentar baixo desempenho escolar, menor disci- plina, concentração, motivação para aprender, entre outros problemas, o que dificulta seu processo de aprendizagem na escola� SAIBA MAIS No artigo Desnutrição e baixo rendimento esco- lar: contribuições críticas, de Sawaya (2006), a autora comenta mais sobre a relação entre de- sempenho escolar e desnutrição e ainda dá di- 29 cas sobre como os educadores podem lidar com essa situação� Leia em: http://www.scielo.br/pdf/ ea/v20n58/13.pdf Quando a criança está abaixo do peso, o nutricionista deve ser procurado pela família para orientar quan- to a hábitos alimentares, organizaçãodos horários das refeições, e aumento de calorias por meio de determinados alimentos� Em casos de desnutrição grave, a criança deve ser encaminhada aos serviços de saúde para tratamento� Para sua prevenção e tratamento é muito importante que todas as pessoas que façam parte do cuidado com a criança tenham acesso a informações adequa- das sobre alimentação saudável e possam aplicá-las no dia a dia; por isso, você está se capacitando aqui nessa disciplina� Apesar da redução do índice de desnutrição infantil, outra doença eleva-se em níveis alarmantes no Brasil que é a obesidade infantil� Estima-se que 13% da po- pulação infantil sofra de obesidade, sendo que uma em cada três crianças apresenta sobrepeso� Vamos entender o que é essa condição e o que podemos fazer para preveni-la ou tratá-la? Obesidade infantil A obesidade é uma doença caracterizada por exces- so de gordura corporal� A Sociedade Brasileira de 30 http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/13.pdf http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/13.pdf Pediatria recomenda para o seu diagnóstico utilizar as curvas de percentil ou escore Z para a idade, pro- postas pela Organização Mundial da Saúde� A obesidade é uma doença que resulta de um de- sequilíbrio entre o consumo de energia e o gasto de energia, ou seja, a criança com obesidade pode ingerir mais calorias do que gasta� Essa doença pode começar a se manifestar aos 6 meses de idade, devi- do ao desmame precoce, promovendo assim maior possibilidade de que essas crianças continuem obe- sas na infância, adolescência e vida adulta� FIQUE ATENTO O consumo de energia é propiciado pela dieta e escolhas alimentares� O gasto de energia é resultado do nível de ativida- de física, sono, sedentarismo� Figura 6: Construção de hábitos alimentares em criança obesa. Fonte: Wfaa. 31 https://www.wfaa.com/article/news/health/amped-up/national-childhood-obesity-awareness-month-the-dangerous-trend-facing-our-children/287-468630907 A obesidade é altamente influenciada pelos hábi- tos alimentares, que são formados, inicialmente, na infância e na adolescência e envolve a escolha dos alimentos e também as circunstâncias em que a ali- mentação ocorre, como: refeições com amigos e/ ou familiares, comer assistindo a televisão, comer fast-foods, comer sozinho, etc� Por isso, é importante estimular o mais precoce possível o desenvolvimento de hábitos saudáveis na população� Mas é importante saber que existem diversas causas para desenvolver obesidade, por isso, ela é chamada de doença multifatorial, ou seja, uma doença que envolve fatores socioeconômicos, culturais, genéticos, nutri- cionais, metabólicos, psicológicos e hábitos de vida� REFLITA Você consegue imaginar quais fatores psicoló- gicos poderiam estar envolvidos no desenvolvi- mento da obesidade em uma criança? Na infância e na adolescência, as doenças asso- ciadas à obesidade mais comuns são: alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos, hipertensão, diabetes melito tipo 2, esteatose hepática, proble- mas psicológicos e síndrome do ovário policístico� Qualquer uma dessas doenças deve ser investigada o mais cedo possível, com objetivo de melhorar a qualidade de vida e garantir melhor expectativa de vida para essa criança ou adolescente� 32 Figura 7: Evolução da obesidade infantil Fonte: Asmetro. A prevenção da obesidade infantil inicia-se durante a gestação, a partir das consultas de pré-natal, em que os profissionais de saúde orientam a mãe quanto ao seu ganho de peso e a ter uma alimentação balance- ada e continuada, após o nascimento da criança com a promoção do aleitamento materno e a introdução adequada da alimentação complementar� Conforme a criança vai crescendo, é necessário apre- sentar a ela todos os grupos alimentares para que possa reconhecer os diversos paladares e evitar a introdução de temperos muito condimentados; assim ela poderá perceber o gosto natural dos alimentos� Além disso, é essencial que pais, mães, cuidado- res, professores sejam os exemplos na construção de hábitos alimentares, evitando também consumo alto de guloseimas (doces, bolachas, refrigerantes, chocolate, salgadinhos)� O cuidado com a prevenção da obesidade também envolve o incentivo à atividade física, visto que, atual- mente, cresce o nível de crianças que passam grande parte do tempo disponível envolvidas em atividades 33 https://asmetro.org.br/portalsn/2017/04/24/de-bem-com-a-vida-por-que-e-tao-dificil-frear-a-escalada-da-obesidade-infantil/ com tablets, computadores, videogames, celulares, propiciando o ganho de peso� FIQUE ATENTO Praticar atividade física regularmente aumenta a expectativa de vida e é relacionada à menor chance de desenvolver problemas no coração e diabetes melito tipo 2, diminui pressão arterial, aumenta o colesterol bom, previne diversos tipos de câncer e aumenta o bem-estar físico e psico- lógico da criança� Figura 8: Prática de atividade física na infância. Fonte: Instituto Pensi. É essencial que todas as crianças sejam incentiva- das a fazer atividade física prazerosa e adaptada à sua faixa etária para que essa atividade se torne um hábito� Você sabia que, desde os 2 anos de idade, a 34 http://www.espacocentra.com.br/2019/07/01/atividade-fisica-na-infancia-beneficios-atividades-permitidas-e-porque-e-importante-incentivar/ American Heart Association recomenda incorporar atividade física na rotina da criança? Pois é! Pelo menos 60 minutos diários de atividade física são recomendados! Para o incentivo à atividade física, a escola também deve participar, promovendo atividades ao ar livre, escolhendo atividades que possam ser divertidas ou agradáveis à criança e ao adolescente e orientando os pais quanto ao estilo de vida saudável� É papel da escola também implementar grade curricular que enfatize a prática de atividade física para que possa ajudar os alunos a desenvolver atitudes, habilida- des motoras e comportamentais, conhecimentos e autoconfiança. Portanto, devemos incentivar e também participar junto às crianças de atividades ao ar livre, como pas- seios em parques e pela vizinhança, brincadeiras ao ar livre e, quando possível, limitar o tempo de tela de crianças e adolescentes� No Brasil, verificou-se a partir de vários estudos rea- lizados com a população que o consumo de “comida de verdade” (frutas, verduras, legumes, arroz, feijão) reduziu, enquanto aumentou o consumo de alimen- tos ultraprocessados (salgados fritos, refrigerantes, guloseimas, salgadinhos, produtos congelados), com qualidade nutricional inferior� Concomitantemente, verificou-se também que a prática de atividade fí- sica em crianças reduziu, especialmente entre as meninas� Esses fatores aumentam a chance de de- senvolver obesidade� 35 SAIBA MAIS Em 2015, o Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatística, em parceria com o Ministério da Saúde e da Educação, divulgou os resultados da Pes- quisa Nacional de Saúde do Escolar (2015) que tinha o objetivo de avaliar fatores de risco e de proteção à saúde em escolares com idades entre 13 e 17 anos� Você pode saber mais sobre o pa- norama da saúde escolar em: www.ibge.gov.br/ home/estatistica/populacao/pense/2015. A Organização Mundial da Saúde, em 2016, alertou que, se a obesidade continuar a crescendo nos níveis das últimas décadas, em cinco anos, o mundo terá mais crianças e adolescentes obesos do que com baixo peso� No Brasil, esse número pode chegar a 11,3 milhões de crianças obesas� Ou seja, é muita gente e, por isso, torna-se um desafio para nossa saúde pública� É essencial unir forças – governo, sociedade, esco- la, pais e cuidadores – para combater esse avanço da obesidade infantil no nosso país� É isso o que estudaremos no próximo módulo: o que tem sido proposto pelo governo para combater a obesidade infantil no nosso país� Até lá! 36 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/2015. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/2015. CONSIDERAÇÕES FINAISAo longo deste módulo, pudemos conhecer mais sobre a importância da saúde, da alimentação e da nutrição na vida de uma criança e adolescente, assim como a importância de nutrientes específicos para a saúde do organismo infantil, como cálcio, ferro, vitamina A, vitamina C, entre outros� Também conhecemos sobre as principais doenças associadas à má alimentação que acometem essa faixa etária, como anemia, ferropriva, desnutrição, hipovitaminose A e obesidade infantil, e como po- demos auxiliar na prevenção e/ou seu tratamento� Verificamos ainda que diversos fatores podem in- fluenciar a construção de hábitos saudáveis de vida na infância, sendo assim de extrema necessidade a influência positiva de pais, família, professores e escola para prevenir doenças e possibilitar pleno crescimento e desenvolvimento nessa faixa etária, com atividades que incentivem a alimentação sau- dável e a prática de atividade física� Dessa forma, pela importância para a saúde pública do nosso país, este módulo permitiu a reflexão sobre a abordagem de todos esses assuntos e no planejamento peda- gógico de escola� 37 38 SÍNTESE Principais doenças relacionadas à nutrição (hipovitaminose A, anemia ferropriva, desnutrição e obesidade infantil): epidemiologia, causas, consequências, prevenção e tratamento. Papel da nutrição na infância. Como compor uma alimentação adequada na infância. Classificação de nutrientes e fontes alimentares principais. Alimentação X Nutrição. Conceito e influências na alimentação. Metas na saúde infantil. Saúde como direito da criança. Conceito de saúde. Em tópicos o módulo resume-se a: Papel da nutrição na infância saudável SAÚDE E NUTRIÇÃO DA CRIANÇA Referências Bibliográficas & Consultadas BARBOSA, V� L� P� Prevenção da obesidade na infância e na adolescência: exercícios, nutri- ção e psicologia� 2� ed� Barueri: Manole, 2009� [Biblioteca Virtual] BRASIL� Ministério da Saúde� Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável� Série A� Normas e manuais técnicos� Brasília: Secretaria de Atenção Básica, 2006� BRASIL� Ministério da Saúde� Departamento de Atenção Básica� Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição� Guia alimentar para crian- ças menores de 2 anos. Brasília, DF, 2018� CARDOSO, M� A�; SCAGLIUSI, F� B� Nutrição e die- tética� 2� ed� Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019� [Minha Biblioteca] CARNEIRO-SAMPAIO, M�; MOURA, S� P� D�; BARRETO, J. L. Q. M. ABC da saúde infantojuvenil� Barueri: Manole, 2016� [Biblioteca Virtual] CORSARO, W� A� Sociologia da infância� Porto Alegre: Artmed, 2011� [Minha Biblioteca] DESSEN, M� A�; POLONIA, A� C� A família e a es- cola como contexto de desenvolvimento huma- no� Paideia, Brasília, 2007, 17(36), pp� 21-32� Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/paideia/ v17n36/v17n36a03.pdf� Acesso em: 14 out� 2019� FANJIANG, G.; KLEINMAN, R. E. Nutrition and perfor- mance in children. Current Opinion in: Clinical nutri- tion and metabolic care, 10(3), 342-347, 2007. FERREIRA, H. S. et al. Fatores associados à hipovi- taminose A em crianças menores de cinco anos� Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. v� 13, n�3�, pp� 223-35, 2013� LOURENÇO, B� H�; CARRIERO, M� R�; SCAGLIUSI, F� B� Nutrição nos Ciclos da Vida | Crianças e Adolescentes� In: CARDOSO, M�A�; SCAGLIUSI, F�B� Nutrição e Dietética: 2� ed� Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019� MAHAN, L� K; ESCOTT-STUMP, S� Krause: alimen- tos, nutrição e dietoterapia� 11� ed� São Paulo: Roca, 2005� MILAGRES, R� C� R� M�; NUNES, L� C�; PINHEIRO- SANT’ANA, H� M� A deficiência de vitamina A em crianças no Brasil e no mundo� Ciênc� saúde coleti- va� 2007, vol� 12, n� 5, pp�1253-1266� NERI, L� C� L� et al� Obesidade infantil� Barueri: Manole, 2017� RANGEL, M� Supervisão e gestão na escola: con- ceitos e práticas de mediação� Campinas: Papirus, 2009� [Biblioteca Virtual] SILVEIRA, M� Gr� G� Alimentação do pré-escolar e escolar: sugestões para merenda escolar, dicas para o preparo da lancheira, prevenção da obesi- dade� Petrópolis: Vozes, 2015� SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA� Enfrentando a obesidade infantil. Disponível em: http://www.spsp.org.br/site/asp/boletins/ AtualizeA4N2.pdf� Acesso em: 14 out� 2019� _GoBack Introdução Definições básicas O que é saúde? Alimentação e Nutrição: será que é tudo igual? Papel da alimentação na infância saudável Principais doenças infantis relacionadas à nutrição Hipovitaminose A Anemia ferropriva Desnutrição Obesidade infantil Considerações finais Síntese
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