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saúde e nutrição

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SAÚDE E NUTRIÇÃO 
DA CRIANÇA
E-book 1
Marianne Rocha
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3
DEFINIÇÕES BÁSICAS �������������������������������4
O que é saúde? ���������������������������������������������������������4
Alimentação e Nutrição: será que é tudo igual? ����8
Papel da alimentação na infância saudável �������� 13
Principais doenças infantis relacionadas à 
nutrição ������������������������������������������������������������������ 21
Hipovitaminose A �������������������������������������������������� 21
Anemia ferropriva ������������������������������������������������� 24
Desnutrição ���������������������������������������������������������� 28
Obesidade infantil ������������������������������������������������ 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������38
SÍNTESE �������������������������������������������������������39
2
INTRODUÇÃO
Para começar nossos estudos, quero perguntar: você 
sabia que a obesidade infantil é um dos grandes 
problemas de saúde pública enfrentados no Brasil, 
atualmente? Pesquisas do Ministério da Saúde 
apontam que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 
9 anos estão obesas e crianças obesas apresentam 
maior risco de serem adultos obesos com problemas 
cardíacos, diabéticos, hipertensos, com problemas 
pulmonares, articulares e mais chance de morte 
precoce� 
Por isso, diversas políticas públicas e leis têm sido 
elaboradas com objetivo de melhorar a alimentação 
das crianças e, nesse sentido, é essencial o papel 
de educadores na formação de hábitos saudáveis 
para promoção de saúde nessa faixa etária�
Sendo assim, embarcaremos em uma viagem para 
conhecer os conceitos de saúde, alimentação e 
nutrição, como a nutrição está extremamente re-
lacionada à saúde infantil e o panorama mundial e 
brasileiro das principais doenças carenciais e crô-
nicas não transmissíveis na infância. Assim, ao final 
deste módulo, espero que você possa compreender 
sobre alimentação e nutrição e seu desdobramento 
na saúde da criança para contribuir na elaboração 
de projetos, reuniões, aulas sobre essa temática� 
Vamos lá?
3
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Neste tópico, vamos discutir inicialmente o conceito 
de saúde, a saúde na infância e a garantia de saú-
de como um direito humano para que possamos 
entender como abordar esses conceitos e também 
para que você tenha subsídios para compreender os 
próximos assuntos que virão pela frente�
O que é saúde?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1947), 
saúde não é apenas ausência de doenças, mas sim 
o completo estado de bem-estar físico, mental e 
social� Portanto, uma criança saudável é aquela que 
se encontra em perfeitas condições mentais, físicas 
e sociais� 
Esse conceito inclui diversos fatores como qualidade 
de vida, acolhimento familiar, boa higiene pessoal e 
mental, qualidade de sono, vacinação em dia, afeto, 
carinho, atenção e alimentação com qualidade�
REFLITA
No dia 5 de agosto é comemorado o Dia Na-
cional da Saúde com objetivo de conscientizar 
a população brasileira sobre a importância da 
educação sanitária� Pensando no planejamen-
to escolar, quais ações poderiam ser realizadas 
para comemorar este dia?
4
É importante que você saiba que a infância é marca-
da por duas palavrinhas essenciais: crescimento, de-
finido como um processo global, contínuo e dinâmi-
co, que se expressa pelo aumento da massa corporal 
(peso, altura) e desenvolvimento, que é o processo 
pelo qual os seres vivos adquirem a habilidade de 
realizar tarefas cada vez mais complexas� Sendo 
assim, para uma criança crescer e desenvolver-se 
bem, ela necessita ter suas necessidades biológicas, 
afetivas e socioculturais atendidas�
FIQUE ATENTO
Para profissionais da saúde, o grupo infantil 
pode ser dividido em: lactentes (crianças de 0 a 
11 meses e 29 dias), pré-escolares (crianças de 
12 meses a 6 anos e 11 meses e 29 dias) e es-
colares (crianças de 7 anos a 9 anos e 11 meses 
e 29 dias)� 
Faz parte da Declaração Universal de Direitos da 
Criança (1959), o direito à saúde, ou seja, toda crian-
ça tem direito à proteção e desenvolvimento físico, 
mental, moral, espiritual e social adequado assim 
como direito à alimentação, recreação e assistência 
médica e é importante ressaltar que a garantia à 
saúde da criança não deve ser tema exclusivo aos 
profissionais da área como médicos, enfermeiros, 
nutricionistas, entre outros, toda a sociedade incluin-
do família, amigos, educadores e governo também 
são responsáveis e incluem-se no grupo de cuidados 
à criança� 
5
Com o passar dos anos, o tema saúde infantil tem 
assumido extrema importância no mundo, tanto que 
em 2000 governantes de diversas nações firmaram 
um pacto durante a Cúpula do Milênio que estabele-
cia como metas: a redução das taxas de mortalidade 
infantil para crianças menores de 5 anos de idade, a 
diminuição da desnutrição entre crianças menores 
de 5 anos, o acesso à água limpa e saneamento 
básico e proteção da criança que vive em circuns-
tâncias difíceis�
SAIBA MAIS
Para enfrentar o desafio de garantir o desenvol-
vimento integral de todas as crianças brasileiras, 
o Brasil criou a Política Nacional de Atenção Inte-
gral à Saúde da Criança que você pode conhecer 
mais em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/
File/Politica_Nacional_de_Atencao_Integral_a_
Saude_da_Crianca_PNAISC.pdf�
No Brasil, houve alguns avanços ao alcance de 
tais metas na saúde infantil, como diminuição da 
mortalidade infantil, da mortalidade por diarreias, 
de infecções respiratórias e doenças infectoconta-
giosas, além da redução das taxas de desnutrição 
proteico-calórica na infância�
Porém, apesar dos esforços, a taxa de mortalidade 
infantil ainda continua elevada, se comparada à de 
países desenvolvidos, como Estados Unidos; isso 
mostra que deve haver esforço de todos os setores 
6
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/Politica_Nacional_de_Atencao_Integral_a_Saude_da_Crianca_PN
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/Politica_Nacional_de_Atencao_Integral_a_Saude_da_Crianca_PN
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/Politica_Nacional_de_Atencao_Integral_a_Saude_da_Crianca_PN
da sociedade para promoção de saúde e bem-estar, 
visto que um dos indicadores mais eficazes para 
medir a qualidade de um país é essa taxa�
Dentre os Direitos da Criança está a garantia de cui-
dado nutricional satisfatório que depende de todos 
os indivíduos envolvidos nos cuidados com a crian-
ça e também de como essas pessoas utilizam os 
alimentos e os recursos disponíveis à saúde para 
promover a sobrevivência, o crescimento e o desen-
volvimento da criança�
Como dito anteriormente, um dos fatores que in-
fluenciam a saúde infantil é a alimentação, visto 
que crianças com alimentação pobre em quantidade 
e qualidade apresentam mais chance de ficarem 
doentes, têm atrasos no desenvolvimento, apre-
sentam pior desempenho escolar e podem até de-
senvolver problemas comportamentais (FANJIANG; 
KLEINMAN, 2007)�
Além de tudo isso, as condições de saúde e nutri-
ção são um dos fatores associados à mortalidade 
infantil� Por isso, é muito importante que todos nós 
estejamos atentos à segurança alimentar e nutri-
cional das crianças visto que é uma questão básica 
de saúde�
7
Alimentação e Nutrição: será 
que é tudo igual?
Mas você sabe o que é alimentação mesmo? Será 
que é a mesma coisa que nutrição? É o que vamos 
descobrir agora�
Para entender melhor falemos, inicialmente, sobre 
o significado da palavra alimentação. Alimentação 
é definida como um ato voluntário e consciente, ou 
seja, um ser humano para se alimentar depende da 
sua vontade e de suas escolhas� Portanto, na ali-
mentação, o indivíduo é livre para escolher a quanti-
dade com a qual vai se alimentar, o tipo de alimento 
que vai compor sua refeição, a forma como será 
preparado, conservado e armazenado, o horário que 
irá consumir e as pessoas com as quais ele com-
partilhará esse ato� 
Figura 1: Alimentação em família. Fonte: Free Images.
8
https://pt.freeimages.com/search/lunchDiversos fatores influenciam o ato da alimentação, 
como valores culturais, sociais, afetivos, sensoriais, 
e é isso o que nos diferencia dos animais, pois não 
nos alimentamos apenas para suprir nossas ne-
cessidades fisiológicas, mas também para atender 
nossas vontades com relação à sabor, cor, cheiro e 
textura dos alimentos� Além do mais, comer é um 
dos grandes prazeres da vida, concorda? 
Sendo assim, a alimentação deve atender às neces-
sidades nutricionais de cada pessoa, de acordo com 
a fase da vida em que se encontra, suas preferências, 
aversões e especificidades, bem como qualquer tipo 
de restrição alimentar�
Mas o que seria nutrição, então? A nutrição é um ato 
involuntário, ou seja, não depende de nós para acon-
tecer. E o que significa isso? Que quando colocamos 
um alimento na boca e começamos o processo de 
mastigação, é nosso sistema digestório que toma 
conta de todo processo; a partir dali desde o pro-
cesso de trituração dos alimentos até a absorção 
dos nutrientes sem qualquer interferência nossa�
FIQUE ATENTO
Nutrientes são compostos químicos presentes 
nos alimentos que comemos diariamente, como: 
carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e mi-
nerais, sendo que cada um desses nutrientes 
desempenha uma função específica no corpo 
humano� 
9
Agora que você já sabe que alimentação não é a 
mesma coisa que nutrição, vamos conhecer um 
pouco mais sobre os nutrientes?
Os nutrientes podem ser divididos em:
 ● Carboidratos: em que a principal função é o for-
necimento de energia, e você pode encontrá-lo em 
pães, arroz, massas, farinhas, frutas, doces� Sempre 
que possível, deve-se reforçar o consumo de carboi-
dratos integrais como aveia, pães, cereais, e reduzir 
o consumo de carboidratos simples, como açúcar, 
refrigerantes, doces e guloseimas�
 ● Proteínas: constroem e mantêm tecidos e órgãos 
funcionando, além de formarem enzimas, anticor-
pos e hormônios� As proteínas são encontradas em 
carnes, ovos, frango, peixes, feijões� 
10
 ● Lipídios: também produzem energia como os car-
boidratos, mas em quantidade maior, auxiliam na 
absorção e transporte de vitaminas e protegem o 
corpo contra choques e perda excessiva de calor� 
Podemos encontrar os lipídios em óleos vegetais, 
como óleo de soja e azeite, abacate, amêndoas, 
castanhas, carnes e também em produtos industria-
lizados, como bolachas, sorvetes, guloseimas� Pelo 
fato de sua energia ser mais concentrada, é muito 
importante que não se exagere no seu consumo 
para evitar o ganho de peso� 
 ● Vitaminas: suas funções variam conforme o tipo, 
podem auxiliar na absorção de outros nutrientes, 
ajudar a manter integridade de órgãos e tecidos, a 
proteger o corpo contra doenças e por aí vai� Uma 
vitamina que merece atenção na infância é a vita-
mina A� Estão em diversos tipos de alimentos, como 
frutas, verduras, legumes, carnes�
11
 ● Minerais: assim como as vitaminas, também de-
sempenham diversas funções no nosso organismo, 
de acordo com o tipo� Para a criança, é preciso estar 
atento, por exemplo, ao consumo de cálcio, que é 
relacionado ao crescimento de ossos e dentes, e 
também ao ferro, visto que sua deficiência causa um 
tipo de anemia que pode prejudicar o desempenho 
escolar dessa criança� Também se encontram em 
muitos alimentos, como verduras, legumes, frutas, 
leite e derivados, carnes, entre outros�
Não é à toa que, para termos uma boa saúde, preci-
samos ter uma alimentação variada com alimentos 
que nos forneçam os diversos tipos de nutrientes, 
não é mesmo? E é essencial que possamos incenti-
var nossas crianças e adolescentes a criarem hábi-
tos alimentares saudáveis desde cedo para prevenir 
doenças, como colesterol alto, pressão alta, obe-
sidade, diabetes melito tipo 2; doenças essas que, 
antigamente, só eram vistas na fase adulta� 
Mas, agora que já estamos cientes das diferenças 
entre alimentação e nutrição e das principais fun-
ções dos nutrientes, vamos entender por que é tão 
importante que as crianças consigam se alimentar 
bem e garantir uma ótima ingestão de nutrientes? 
12
Papel da alimentação na 
infância saudável
Figura 2: Alimentação infantil saudável. Fonte: AC24 Horas.
O período da infância é extremamente rico e, como já 
estudamos, é caracterizado por intenso crescimento 
e desenvolvimento de muitas das potencialidades 
do ser humano� Além do mais, esse período é mui-
to importante para os possíveis desdobramentos 
na vida adulta, principalmente quando falamos de 
alimentação e nutrição, visto os desafios que en-
frentamos atualmente de desigualdades sociais e 
de saúde (LOURENÇO, CARRIERO, SCAGLIUSI, 2019)�
Ótimas condições de alimentação e nutrição em 
crianças promovem benefícios de curto, médio e 
longo prazos na vida do ser humano� Os primeiros 
anos de vida de uma criança, por exemplo, é conhe-
cido como período de janela de oportunidades para 
13
https://www.ac24horas.com/2018/06/03/alimentacao-infantil-qual-a-importancia-de-adotar-habitos-saudaveis/
tratamento de problemas de má nutrição e doenças 
associadas, resultando, também, em prevenção de 
deficiências e doenças crônicas não transmissíveis. 
Por isso, nesse período, é muito importante que na 
alimentação complementar sejam incluídos alimen-
tos seguros, acessíveis e que atendam às necessi-
dades nutricionais dessa fase para promover seu 
crescimento saudável e possam também comple-
mentar corretamente os benefícios do leite materno�
FIQUE ATENTO
Alimentação complementar é aquela em que 
se oferece qualquer alimento em consistência 
líquida, sólida ou pastosa oferecida à criança 
amamentada, e que se inicia a partir dos 6 me-
ses de idade� 
Conforme o Guia Alimentar para Crianças Menores 
de 2 anos (2018), alimentos in natura devem ser a 
base da alimentação da criança e somente alguns 
alimentos processados – como queijos e pães – de-
vem ser incluídos, sendo que alimentos ultraproces-
sados não devem ser oferecidos à criança; isso quer 
dizer que alimentos comuns nessa fase de infância 
devem ser evitados – como achocolatados, macar-
rão instantâneo, gelatina em pó, cereais matinais, 
iogurtes saborizados, sorvetes industrializados, 
biscoitos e bolachas em geral, entre outros� 
14
FIQUE ATENTO
• Alimentos in natura ou minimamente proces-
sados: arroz, feijão, frutas, legumes e verdu-
ras, mandioca, milho, carnes e ovos�
• Alimentos processados: enlatados, queijos e 
conservas�
• Alimentos ultraprocessados: biscoitos, bola-
chas, sucos artificiais, refrigerantes, salgadi-
nhos, guloseimas, macarrão instantâneo�
Essa fase de alimentação complementar pode ser 
interessante para promover hábitos alimentares 
mais saudáveis em toda a família, com adequações 
à consistência dos alimentos e ao uso de temperos 
naturais, como sal, ervas e pimenta nos pratos ofe-
recidos à criança� Lembrando que pais e cuidadores 
são bastante responsáveis na escolha dos alimentos 
que irão compor a alimentação da criança, assim 
como a frequência de alimentação e as quantidades 
que serão ofertadas�
Portanto, é importante oferecer uma alimentação 
variada para influenciar positivamente a construção 
do gosto e a relação da criança com a alimentação� 
Crianças que comem comida saudável têm mais 
chance de se tornarem adultos conscientes para 
fazer boas escolhas alimentares�
Porém, infelizmente, no Brasil nem todas as crian-
ças têm acesso à alimentação saudável, devido às 
desigualdades sociais que levam inúmeras pessoas 
15
a passarem fome ou ainda a não consumirem e nem 
comprarem alimentos saudáveis em quantidades 
necessárias, além da própria influência de propa-
gandas que promovem o consumo de alimentos não 
saudáveis na infância e adolescência� 
Você sabia que a forma de oferecer as refeições às 
crianças também é muito importante? Recomenda-
se que as refeições sejam feitas em ambiente con-
fortável, calmo – sem distrações, como televisão, 
tablets e celulares – e que os cuidadores dediquem 
total atenção à criança e ao momento da refeição� 
Deve-se também incentivar a autonomiada criança�
Outra coisa importante: as refeições devem ser livres 
de estratégias de recompensa, ameaças, manipu-
lação, visto que isso pode prejudicar a relação da 
criança com a alimentação, com consequências de 
curto, médio e longo prazos�
REFLITA
Em uma escola de educação infantil, haverá reu-
nião para os pais e um dos temas a serem abor-
dados é a alimentação das crianças� O que a es-
cola poderia propor para ajudas as crianças na 
promoção de bons hábitos alimentares?
Alguns nutrientes se destacam na alimentação in-
fantil, devido à sua importância para o crescimento e 
desenvolvimento adequado, como proteínas, ferro e 
vitamina A� Sabe por quê? Como as principais funções 
das proteínas são a construção e a manutenção de te-
16
cidos e órgãos e a criança está em pleno crescimento, 
devemos nos atentar aos alimentos fontes de proteína, 
como dito anteriormente; como as carnes, ovos, feijões, 
leite e derivados� Já o ferro tem extrema importância, 
visto que sua deficiência é associada ao retardo no 
desenvolvimento neuropsicomotor e na diminuição das 
defesas do organismo. Por fim, a vitamina A é superim-
portante para o crescimento e também para garantir a 
imunidade da criança, prevenindo doenças infecciosas.
Conforme a criança vai crescendo e entra na fase 
pré-escolar e escolar, é essencial que a construção 
de hábitos alimentares saudáveis continue incluin-
do refeições prazerosas e ricas em nutrientes que 
auxiliem o pleno desenvolvimento físico e cognitivo, 
mantendo as orientações que analisamos anterior-
mente� Assim, na alimentação, devemos continuar 
a priorizar alimentos in natura e minimamente pro-
cessados, como aqueles presentes nos grupos de 
cereais, raízes e tubérculos, feijões, frutas, legumes, 
verduras, castanhas, leites, queijos, carnes e ovos�
Além disso, deve-se limitar o consumo de alimentos 
processados, uso de sal, açúcar e gorduras e alimen-
tos ultraprocessados, pois o consumo em excesso 
desses alimentos é associado ao ganho de peso e, 
consequentemente, à obesidade infantil� 
Podcast 1 
17
https://famonline.instructure.com/files/708236/download?download_frd=1
SAIBA MAIS
Obesidade é uma doença caracterizada pelo ex-
cesso de gordura corporal e sua principal causa é 
o excesso de ingestão calórica superior ao gasto 
de energia�
É importante, também, incentivar a participação da 
criança no momento de compra de alimentos, no 
planejamento e preparo das refeições para estimular 
seu interesse, assim como abrir espaços de conversa 
sobre comida, incluindo livros e brincadeiras para 
que a criança seja estimulada a explorar ainda mais 
os alimentos� 
Nessa idade, a criança imita o comportamento de 
pais e cuidadores, podendo recusar ou aceitar alimen-
tos, de acordo com o exemplo recebido� Por isso, é 
importante verificar como é a alimentação familiar 
e possibilitar estratégias em que família e criança 
possam trabalhar esse tema�
Importante que você saiba, ainda, que é comum na 
fase pré-escolar ocorrer a diminuição do apetite, em 
virtude da diminuição da velocidade de crescimento 
e pode ser que você encontre pais preocupados por 
conta disso ou ainda crianças ingerindo, de forma 
inadequada, suplementos estimulantes de apetite� 
Nesse momento, devemos respeitar a autonomia e 
independência da criança, visto que, em um dia, ela 
pode gostar de um alimento e, no outro, detestar o 
mesmo alimento� 
18
REFLITA
Você conhece escolas com crianças na fase 
pré-escolar e escolar? Você sabe se há alguma 
integração da equipe escolar com profissionais 
da saúde, especialmente o nutricionista, visan-
do a ações em relação à alimentação das crian-
ças? Você acha que isso é importante? Pense a 
respeito� 
 Na fase escolar, há maior independência e sociali-
zação e as crianças tendem a se envolver em mais 
atividades físicas, como jogos, esportes, brincadeiras, 
levando ao aumento do apetite e da ingestão alimen-
tar, porém, é também nessa fase que pode iniciar 
o comportamento sedentário, como horas gastas 
em frente à televisão, videogames e computadores, 
aumentando o risco de excesso de peso e doenças 
crônicas não transmissíveis� Sendo assim, devemos 
investir em projetos que possam garantir a prática de 
atividade física e os bons hábitos alimentares para 
prevenção da obesidade e melhora da qualidade de 
vida�
SAIBA MAIS
O documentário Muito além do peso mostra os 
hábitos alimentares das nossas crianças, hoje 
em dia, além de abordar a epidemia de obesi-
dade infantil no Brasil e a influência da mídia e 
indústria alimentícia na construção dos hábitos 
alimentares� 
19
Durante a fase pré-escolar e escolar, alguns nutrien-
tes também são destaques, como o cálcio, que é 
essencial para o desenvolvimento da massa óssea e 
prevenção de problemas como raquitismo, osteoma-
lácia, osteoporose e fraturas� Além da vitamina A e o 
ferro que permanecem sendo nutrientes merecedo-
res de atenção, pois suas deficiências podem estar 
associadas à quadros de retardo no crescimento, 
inapetência, sonolência e irritabilidade� 
FIQUE ATENTO
- Alimentos fontes de vitamina A: carnes, leite, 
vegetais alaranjados, como abóbora, manga, ma-
mão, cenoura, laranja�
- Alimentos fontes de cálcio: leite, queijos, iogur-
tes, folhas verde escuras, semente de gergelim�
- Alimentos fontes de ferro: carne vermelha, fran-
go, carne de porco, frutos do mar, vísceras, fei-
jões, semente de abóbora, tofu, pistache�
A alimentação escolar é extremamente importante, 
visto que, dependendo da condição socioeconômi-
ca da família, a creche ou a escola serão os únicos 
locais em que essa criança receberá alimentos� 
Portanto, não podemos descuidar da alimentação 
dos nossos pequenos se queremos crianças ativas, 
saudáveis, espertas e interessadas�
20
Principais doenças infantis 
relacionadas à nutrição
Agora que já verificamos qual a importância da ali-
mentação, vamos entender o que pode acontecer 
com crianças que tenham alguma deficiência ou ex-
cesso em sua alimentação e nutrição, e como pode-
mos auxiliar na prevenção e no tratamento dessas 
condições� 
Hipovitaminose A
Quando uma criança não ingere alimentos fontes 
de vitamina A, seja por desconhecimento da família 
sobre sua importância, por não gostar desses alimen-
tos ou ainda pelo custo econômico deles, ela pode 
desenvolver a hipovitaminose A, que nada mais é 
que a deficiência de vitamina A. 
Nós já estudamos que, durante a infância, a vitamina 
A tem um grande papel no fortalecimento do siste-
ma imunológico da criança e em seu crescimento e 
desenvolvimento� Mas você sabia que a vitamina A 
é um nutriente-chave para formação e manutenção 
da nossa visão? 
Portanto, uma criança com hipovitaminose A pode 
desenvolver cegueira, ressecamento da córnea e 
adquirir com facilidade doenças infecciosas, como 
resfriados, gripes, diarreias, sarampo, tuberculose, 
entre outras; por isso, é importante esforços de todos 
21
os setores para prevenir a deficiência de vitamina 
A, pois isso atrapalha a qualidade de vida da crian-
ça e, consequentemente, seu desempenho escolar, 
além de aumentar a chance de mortalidade infantil� 
(FERREIRA, et al�, 2013)
Essa deficiência é considerada um problema de 
Saúde Pública no Brasil e no mundo� Estudos mos-
tram que cerca de 2,8 milhões de crianças em idade 
pré-escolar no mundo apresentam hipovitaminose 
A e também estimam que 250 a 500 mil crianças 
tornam-se cegas todos os anos, por causa disso 
(MILAGRES; NUNES; PINHEIRO-SANT’ANA, 2007)�
SAIBA MAIS
Para entender mais sobre a deficiência de 
vitamina A, leia o artigo no site do Minis-
tério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br/
dicas-em-saude/1937-deficiencia-de-vitamina-a�
Outro fator que pode levar à deficiência de vitamina 
A é o baixo consumo de alimentos fontes de gordu-
ra, visto que as gorduras têm a função de absorção 
e transporte de vitaminas lipossolúveis, como é o 
caso da vitamina A, por isso, crianças desnutridas 
com baixo consumo de alimentos fontes de gorduras 
geralmente também apresentam hipovitaminoseA�
Durante a Cúpula Mundial da Infância, em 1990, foi 
estipulada a meta de eliminar a deficiência de vitami-
na A e suas consequências até o ano 2000, porém, 
22
http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/1937-deficiencia-de-vitamina-a
http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/1937-deficiencia-de-vitamina-a
apesar dos esforços nesse sentido, ainda não con-
seguimos controlar esse problema� Entre as ações 
para prevenção e tratamento dessa condição estão:
 ● Suplementação periódica de vitamina A em altas 
doses nas populações em risco (crianças de 0 a 5 
anos de idade, gestantes e lactantes)�
 ● For tif icação de al imentos consumidos 
popularmente�
 ● Ações de intervenção educativa e nutricional que 
visem à variedade na alimentação e ao maior con-
sumo de alimentos fontes de vitamina A�
REFLITA
Agora que você sabe o que é hipovitaminose A, 
como a escola ou educadores poderiam auxiliar 
a conscientizar os pais e as crianças para consu-
mir adequadamente alimentos fontes de vitami-
na A?
Outra doença que também é comum na infância é a 
anemia ferropriva que, como também já estudamos, 
pode ser uma das causas para prejuízos no desem-
penho escolar� Vamos entender o que é e como po-
demos auxiliar na prevenção desse problema?
23
Anemia ferropriva 
Anemia
Quantidade normal
de glóbulos vermelhos.
Quantidade anêmica
de glóbulos vermelhos.
Figura 3:  Quantidade normal de glóbulos vermelhos e Característica 
da anemia. 
A anemia é uma condição em que a concentração de 
hemoglobina no sangue é baixa, devido à carência 
de um ou mais nutrientes, sendo a deficiência grave 
de ferro a mais comum. Quando a anemia ocorre 
pela falta de ferro, ela chama-se anemia ferropriva� 
FIQUE ATENTO
A hemoglobina é uma proteína presente no inte-
rior das hemácias e no plasma sanguíneo, cuja 
principal função é o transporte de oxigênio no 
organismo� 
Estudos mostram que pelo menos um bilhão de 
pessoas apresentam a deficiência de ferro. O rápido 
24
crescimento associado à baixa ingestão de alimentos 
fontes de ferro são os principais fatores de risco para 
uma criança ou adolescente desenvolverem anemia� 
Por conta disso, crianças lactentes, pré-escolares, 
escolares e adolescentes são grupos de risco�
Sendo assim, é muito importante que possamos 
conscientizar pais, crianças e educadores sobre o 
papel dos alimentos fontes de ferro nessas faixas 
etárias� Para reforçar, são alimentos fontes de ferro: 
carnes, frangos, peixes, feijões, vísceras, frutos do 
mar, sementes, tofu� 
Fe
Figura 4: Alimentos fontes de ferro. 
É importante que você saiba que os alimentos po-
dem conter dois tipos de ferro – o ferro heme e o 
ferro não heme. Mas o que significa isso? Alimentos 
de origem animal, como carnes e vísceras (fígado, 
moela, rins, entre outras) contém ferro heme, que 
apresenta melhor absorção pelo corpo humano; e 
alimentos de origem vegetal, como feijões, verdu-
ras e legumes apresentam ferro não heme, que tem 
absorção reduzida� 
25
Nem tudo está perdido quando a alimentação da 
criança é baseada em vegetais, porque existe a vita-
mina C, que auxilia na absorção do ferro não heme; 
por isso, você deve incentivar as crianças a ingerirem 
alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas, 
vegetais verde-escuros, tomate, pimentão, entre ou-
tros, junto àqueles com ferro, para que possam absor-
ver o máximo de mineral possível nesse momento�
A anemia ferropriva pode levar a sinais e sintomas 
como irritabilidade, cansaço, apatia, redução do ape-
tite, unhas fracas, diminuição da imunidade, aumento 
da mortalidade e maior suscetibilidade às infecções� 
Por conta disso, e das suas consequências, a anemia 
ferropriva têm tido atenção do governo e de toda a 
sociedade, visto que crianças com anemia apresen-
tam comprometimento do desenvolvimento, da co-
ordenação motora e da linguagem, falta de atenção, 
diminuição da afetividade e redução da atividade 
física�
Além de tudo isso, você sabia que a eliminação 
dessa deficiência nutricional é uma das metas da 
Organização Mundial da Saúde (OMS)?
Como estratégias para a prevenção da anemia fer-
ropriva, além da educação nutricional para priorizar 
alimentos fontes, encontramos a fortificação de ali-
mentos com ferro, como as farinhas de trigo e mi-
lho e os produtos elaborados com elas, e também a 
suplementação de ferro em doses profiláticas para 
crianças entre 6 meses e 1 ano e 6 meses�
26
REFLITA
Você tem costume de ler os rótulos dos produtos 
alimentícios? Em quais deles você já notou a adi-
ção de farinhas fortificadas?
Para o tratamento dessa carência, é recomendada a 
reposição do estoque de ferro, com auxílio de suple-
mentação e aporte adequado, por meio da alimen-
tação� Algumas recomendações gerais são: oferta 
de fígado de boi, ao menos uma vez por semana; 
suco de frutas rico em vitamina C, após a refeição 
salgada; utilizar farinhas enriquecidas com ferro, e 
não permitir a substituição de refeições salgadas 
por guloseimas, leite ou biscoitos�
Podcast 2 
Além da anemia ferropriva, a carência global de nu-
trientes ainda é um problema a ser enfrentado na 
infância� Você já conheceu alguma criança com des-
nutrição? Sabe quais são os tipos? Vamos aprender 
mais sobre esse assunto?
Desnutrição 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a desnutri-
ção pode ser definida como o conjunto de condições 
patológicas decorrentes da deficiência simultânea, 
27
https://famonline.instructure.com/files/708237/download?download_frd=1
em proporções variadas, de proteínas e calorias, que 
ocorre mais frequentemente em crianças pequenas� 
No Brasil, os maiores índices de desnutrição encon-
tram-se na região Nordeste, por ser a região que mais 
sofre com falta de higiene, emprego, moradia, e sa-
neamento básico; porém, felizmente, o Brasil reduziu 
tais índices comparados à década de 1970�
A diminuição do índice de desnutrição no país deve-
-se a melhoras no saneamento básico, como forne-
cimento de água, atenção básica de saúde, infraes-
trutura urbana, realização de pré-natal, aumento da 
prevalência de aleitamento materno, e modernização 
de diversos setores da sociedade� 
Para diagnosticar uma criança com desnutrição, uti-
liza-se os dados de peso e altura e classifica-se com 
baixo peso para idade ou baixo peso para a estatura, 
e a desnutrição pode ser também classificada em:
Figura 5: Tipos de desnutrição. Fonte: Youth Rainbow.
28
http://www.youthrainbow.com/health/nutrition-disorders
 ● Kwashiorkor: deficiência predominantemente pro-
teica, ou seja, a alimentação é pobre em alimentos 
ricos em proteínas, como carnes, ovos, leite e deri-
vados, frangos, feijões, oleaginosas� Os sinais desse 
tipo de desnutrição incluem inchaço, descamação da 
pele, cabelo despigmentado, diarreia, apatia, tristeza, 
entre outros� 
 ● Marasmo: deficiência energético-proteica equili-
brada em que faltam alimentos de maneira geral� 
No marasmo, percebe-se deficiência de crescimento 
acentuada, magreza extrema, pele enrugada, irrita-
bilidade, tristeza, apatia�
A desnutrição é mais comum em crianças de 0 a 5 
anos de idade, por serem mais vulneráveis biologica-
mente e também por serem totalmente dependentes 
socialmente e economicamente� Uma criança des-
nutrida tem mais chance de infecções por conta da 
sua baixa massa muscular e pela redução das suas 
defesas corporais� Crianças com desnutrição podem 
apresentar baixo desempenho escolar, menor disci-
plina, concentração, motivação para aprender, entre 
outros problemas, o que dificulta seu processo de 
aprendizagem na escola�
SAIBA MAIS
No artigo Desnutrição e baixo rendimento esco-
lar: contribuições críticas, de Sawaya (2006), a 
autora comenta mais sobre a relação entre de-
sempenho escolar e desnutrição e ainda dá di-
29
cas sobre como os educadores podem lidar com 
essa situação� Leia em: http://www.scielo.br/pdf/
ea/v20n58/13.pdf
Quando a criança está abaixo do peso, o nutricionista 
deve ser procurado pela família para orientar quan-
to a hábitos alimentares, organizaçãodos horários 
das refeições, e aumento de calorias por meio de 
determinados alimentos� Em casos de desnutrição 
grave, a criança deve ser encaminhada aos serviços 
de saúde para tratamento�
Para sua prevenção e tratamento é muito importante 
que todas as pessoas que façam parte do cuidado 
com a criança tenham acesso a informações adequa-
das sobre alimentação saudável e possam aplicá-las 
no dia a dia; por isso, você está se capacitando aqui 
nessa disciplina�
Apesar da redução do índice de desnutrição infantil, 
outra doença eleva-se em níveis alarmantes no Brasil 
que é a obesidade infantil� Estima-se que 13% da po-
pulação infantil sofra de obesidade, sendo que uma 
em cada três crianças apresenta sobrepeso� Vamos 
entender o que é essa condição e o que podemos 
fazer para preveni-la ou tratá-la?
Obesidade infantil 
A obesidade é uma doença caracterizada por exces-
so de gordura corporal� A Sociedade Brasileira de 
30
http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/13.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/13.pdf
Pediatria recomenda para o seu diagnóstico utilizar 
as curvas de percentil ou escore Z para a idade, pro-
postas pela Organização Mundial da Saúde� 
A obesidade é uma doença que resulta de um de-
sequilíbrio entre o consumo de energia e o gasto 
de energia, ou seja, a criança com obesidade pode 
ingerir mais calorias do que gasta� Essa doença pode 
começar a se manifestar aos 6 meses de idade, devi-
do ao desmame precoce, promovendo assim maior 
possibilidade de que essas crianças continuem obe-
sas na infância, adolescência e vida adulta�
FIQUE ATENTO
O consumo de energia é propiciado pela dieta e 
escolhas alimentares� 
O gasto de energia é resultado do nível de ativida-
de física, sono, sedentarismo�
Figura 6: Construção de hábitos alimentares em criança obesa. Fonte: 
Wfaa.
31
https://www.wfaa.com/article/news/health/amped-up/national-childhood-obesity-awareness-month-the-dangerous-trend-facing-our-children/287-468630907
A obesidade é altamente influenciada pelos hábi-
tos alimentares, que são formados, inicialmente, na 
infância e na adolescência e envolve a escolha dos 
alimentos e também as circunstâncias em que a ali-
mentação ocorre, como: refeições com amigos e/
ou familiares, comer assistindo a televisão, comer 
fast-foods, comer sozinho, etc� Por isso, é importante 
estimular o mais precoce possível o desenvolvimento 
de hábitos saudáveis na população�
Mas é importante saber que existem diversas causas 
para desenvolver obesidade, por isso, ela é chamada de 
doença multifatorial, ou seja, uma doença que envolve 
fatores socioeconômicos, culturais, genéticos, nutri-
cionais, metabólicos, psicológicos e hábitos de vida� 
REFLITA
Você consegue imaginar quais fatores psicoló-
gicos poderiam estar envolvidos no desenvolvi-
mento da obesidade em uma criança?
Na infância e na adolescência, as doenças asso-
ciadas à obesidade mais comuns são: alterações 
nos níveis de colesterol e triglicerídeos, hipertensão, 
diabetes melito tipo 2, esteatose hepática, proble-
mas psicológicos e síndrome do ovário policístico� 
Qualquer uma dessas doenças deve ser investigada 
o mais cedo possível, com objetivo de melhorar a 
qualidade de vida e garantir melhor expectativa de 
vida para essa criança ou adolescente�
32
Figura 7: Evolução da obesidade infantil Fonte: Asmetro.
A prevenção da obesidade infantil inicia-se durante a 
gestação, a partir das consultas de pré-natal, em que 
os profissionais de saúde orientam a mãe quanto ao 
seu ganho de peso e a ter uma alimentação balance-
ada e continuada, após o nascimento da criança com 
a promoção do aleitamento materno e a introdução 
adequada da alimentação complementar�
Conforme a criança vai crescendo, é necessário apre-
sentar a ela todos os grupos alimentares para que 
possa reconhecer os diversos paladares e evitar a 
introdução de temperos muito condimentados; assim 
ela poderá perceber o gosto natural dos alimentos� 
Além disso, é essencial que pais, mães, cuidado-
res, professores sejam os exemplos na construção 
de hábitos alimentares, evitando também consumo 
alto de guloseimas (doces, bolachas, refrigerantes, 
chocolate, salgadinhos)� 
O cuidado com a prevenção da obesidade também 
envolve o incentivo à atividade física, visto que, atual-
mente, cresce o nível de crianças que passam grande 
parte do tempo disponível envolvidas em atividades 
33
https://asmetro.org.br/portalsn/2017/04/24/de-bem-com-a-vida-por-que-e-tao-dificil-frear-a-escalada-da-obesidade-infantil/
com tablets, computadores, videogames, celulares, 
propiciando o ganho de peso�
FIQUE ATENTO
Praticar atividade física regularmente aumenta 
a expectativa de vida e é relacionada à menor 
chance de desenvolver problemas no coração e 
diabetes melito tipo 2, diminui pressão arterial, 
aumenta o colesterol bom, previne diversos tipos 
de câncer e aumenta o bem-estar físico e psico-
lógico da criança� 
Figura 8: Prática de atividade física na infância. Fonte: Instituto Pensi.
É essencial que todas as crianças sejam incentiva-
das a fazer atividade física prazerosa e adaptada à 
sua faixa etária para que essa atividade se torne um 
hábito� Você sabia que, desde os 2 anos de idade, a 
34
http://www.espacocentra.com.br/2019/07/01/atividade-fisica-na-infancia-beneficios-atividades-permitidas-e-porque-e-importante-incentivar/
American Heart Association recomenda incorporar 
atividade física na rotina da criança? Pois é! Pelo 
menos 60 minutos diários de atividade física são 
recomendados! 
Para o incentivo à atividade física, a escola também 
deve participar, promovendo atividades ao ar livre, 
escolhendo atividades que possam ser divertidas ou 
agradáveis à criança e ao adolescente e orientando 
os pais quanto ao estilo de vida saudável� É papel 
da escola também implementar grade curricular que 
enfatize a prática de atividade física para que possa 
ajudar os alunos a desenvolver atitudes, habilida-
des motoras e comportamentais, conhecimentos e 
autoconfiança. 
Portanto, devemos incentivar e também participar 
junto às crianças de atividades ao ar livre, como pas-
seios em parques e pela vizinhança, brincadeiras ao 
ar livre e, quando possível, limitar o tempo de tela de 
crianças e adolescentes� 
No Brasil, verificou-se a partir de vários estudos rea-
lizados com a população que o consumo de “comida 
de verdade” (frutas, verduras, legumes, arroz, feijão) 
reduziu, enquanto aumentou o consumo de alimen-
tos ultraprocessados (salgados fritos, refrigerantes, 
guloseimas, salgadinhos, produtos congelados), com 
qualidade nutricional inferior� Concomitantemente, 
verificou-se também que a prática de atividade fí-
sica em crianças reduziu, especialmente entre as 
meninas� Esses fatores aumentam a chance de de-
senvolver obesidade�
35
SAIBA MAIS
Em 2015, o Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística, em parceria com o Ministério da Saúde 
e da Educação, divulgou os resultados da Pes-
quisa Nacional de Saúde do Escolar (2015) que 
tinha o objetivo de avaliar fatores de risco e de 
proteção à saúde em escolares com idades entre 
13 e 17 anos� Você pode saber mais sobre o pa-
norama da saúde escolar em: www.ibge.gov.br/
home/estatistica/populacao/pense/2015.
A Organização Mundial da Saúde, em 2016, alertou 
que, se a obesidade continuar a crescendo nos níveis 
das últimas décadas, em cinco anos, o mundo terá 
mais crianças e adolescentes obesos do que com 
baixo peso� No Brasil, esse número pode chegar a 
11,3 milhões de crianças obesas� Ou seja, é muita 
gente e, por isso, torna-se um desafio para nossa 
saúde pública�
É essencial unir forças – governo, sociedade, esco-
la, pais e cuidadores – para combater esse avanço 
da obesidade infantil no nosso país� É isso o que 
estudaremos no próximo módulo: o que tem sido 
proposto pelo governo para combater a obesidade 
infantil no nosso país� Até lá!
36
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/2015.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/2015.
CONSIDERAÇÕES FINAISAo longo deste módulo, pudemos conhecer mais 
sobre a importância da saúde, da alimentação e da 
nutrição na vida de uma criança e adolescente, assim 
como a importância de nutrientes específicos para 
a saúde do organismo infantil, como cálcio, ferro, 
vitamina A, vitamina C, entre outros�
Também conhecemos sobre as principais doenças 
associadas à má alimentação que acometem essa 
faixa etária, como anemia, ferropriva, desnutrição, 
hipovitaminose A e obesidade infantil, e como po-
demos auxiliar na prevenção e/ou seu tratamento� 
Verificamos ainda que diversos fatores podem in-
fluenciar a construção de hábitos saudáveis de vida 
na infância, sendo assim de extrema necessidade 
a influência positiva de pais, família, professores e 
escola para prevenir doenças e possibilitar pleno 
crescimento e desenvolvimento nessa faixa etária, 
com atividades que incentivem a alimentação sau-
dável e a prática de atividade física� Dessa forma, 
pela importância para a saúde pública do nosso país, 
este módulo permitiu a reflexão sobre a abordagem 
de todos esses assuntos e no planejamento peda-
gógico de escola�
37
38
SÍNTESE
Principais doenças relacionadas à nutrição
(hipovitaminose A, anemia ferropriva,
desnutrição e obesidade infantil): epidemiologia, 
causas, consequências, prevenção e tratamento.
Papel da nutrição na infância.
Como compor uma alimentação adequada
na infância.
Classificação de nutrientes e fontes
alimentares principais.
Alimentação X Nutrição.
Conceito e influências na alimentação.
Metas na saúde infantil.
Saúde como direito da criança.
Conceito de saúde.
Em tópicos o módulo resume-se a:
Papel da nutrição na
infância saudável
SAÚDE E NUTRIÇÃO 
DA CRIANÇA
Referências 
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Enfrentando a obesidade infantil. Disponível 
em: http://www.spsp.org.br/site/asp/boletins/
AtualizeA4N2.pdf� Acesso em: 14 out� 2019�
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	Introdução
	Definições básicas
	O que é saúde?
	Alimentação e Nutrição: será que é tudo igual?
	Papel da alimentação na infância saudável
	Principais doenças infantis relacionadas à nutrição
	Hipovitaminose A
	Anemia ferropriva 
	Desnutrição 
	Obesidade infantil 
	Considerações finais
	Síntese

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