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1 CIDADES E SOCIEDADES IDEAIS DO SÉCULO XIX Arquitetura e Urbanismo da Sociedade Industrial (cidades e sociedades ideais do século xix) Cidades (e sociedades) Ideais (utópicas) • Hygeia, a City of Health (1876) – Benjamin Ward Richardson (1828-1896): cidade ideal imaginada por um médico. → Cidade de 100.000 habitantes em 20.000 casas; → Densidade média aproximada de 6 habitantes/há. (baixa); → Ruas sombrias são banidas, têm que ser sempre ensolaradas e ventiladas; → Jardins, áreas verdes e árvores contribuem para a salubridade do ambiente; → Tetos das casas de pequena inclinação, recobertos por asfalto ou telhas planas; → Terraços rodeados de balaustradas são áreas para tomar ar e cultivar flores; → Dormitórios devem ter volumes mínimos, ser iluminados e ventilados; → Incentivo ao cultivo do corpo/exercícios físicos. • Robert Owen (1771-1858) – New Lanark: indústria de fiação na Escócia que Owen dirigiu com preocupações sociais; → Redução da jornada, salários acima da média, moradias salubres, creche e escola primária, loja com produtos vendidos pouco acima do custo; → Foi um dos socialistas utópicos e um dos pioneiros do cooperativismo; • As Ideias da Cooperação de Owen: → População limitada (800-1200 habitantes); → Área de aproximadamente 500 há. → Área cultivada por habitante: 0,4 ha por habitante; → Aldeia pensada para ser auto-suficiente (agricultura + indústria); → Valorização da vida coletiva: incentivar a cooperação entre as pessoas; → Owen acreditava que o homem nasce como tabula rasa sendo totalmente moldado pelo seu ambiente; → Para ele, a educação seria o meio de mudar o homem (para melhor). → A nova cidade para a construção do novo homem. • New Harmony (1825) – Owen tentou implantar o modelo em Harmony, Indiana (EUA). → Abolição de ruas e pátios por serem insalubres; → 3 lados do paralelogramo contem espaços privados (quartos e salas) dos adultos junto com crianças até 3 anos, quarto lado contém dormitórios coletivos das crianças maiores e adolescentes, lojas, enfermarias, hotel; → Na praça central, equipamentos coletivos (cozinha e restaurante comunitários, centro de convivência, igreja, escolas, biblioteca, local para esportes, áreas verdes); → Projeto social em que tudo era comunitário; → A tentativa fracassou; “Design for a Community of 2000 Persons founded upon a principle Commended by Plato, Lord Bacon and Sir Thomas More” • Falanstério de Charles Fourier (1772-1838) – 1829: → Comunidades de 2000 pessoas (400 famílias) de diferentes classes e tipos – a Falange – onde as pessoas poderiam desenvolver todo o seu potencial de relacionamento humano; → Área total destinada a esta comunidade: aproximadamente 2300 ha. → Atividade principal: cultivo de frutas e flores; → O que não é cidade é campo; → Extensão do prédio: 1200m; → Um grande pátio central (600x300m) e vários pátios menores; → Térreo é aberto em vários pontos para permitir passagem de veículos; no primeiro pavimento há uma galeria/corredor coberto que funciona como rua de pedestres; → Velhos vivem no térreo, crianças e jovens vivem na sobreloja, adultos no 3° e 4° pisos, visitas no sótão; 2 → 1° pavimento (acima da sobreloja) é para espaços comuns: salas de reuniões/de assembleias; → Modelo teve um grande impacto, entre 1830 e 1850 houve cerca de 50 tentativas de implantá-los na França, Rússia, Argélia e Estados Unidos; → Fourier foi outro dos socialistas utópicos. Imagem retirada do slide do professor Cidades Operárias (reais) • Saltaire (1852): concebida pelo industrial têxtil inglês Titus Salt; → Fundada por Salt para ali instalar sua indústria de fabricação de tecidos de lã; → Nome é junção de Salt (nome do fundador) + Aire (rio que atravessa a localidade); → Cidade tinha casas para os empregados, banheiros com água canalizada, um hospital e um instituto de recreação e educação, com uma biblioteca, uma sala de leitura, uma sala de concertos, salão de bilhar, laboratório de ciências e um ginásio; → Havia ainda uma escola para os filhos dos trabalhadores, asilo, jardim comunitário, um parque e uma casa de barcos; → Iniciativas recreativas também foram encorajadas; → Cidade marco do planejamento urbano do século XIX (tombada pela Unesco); → Tem 22 ruas, além de praças, terraços, vias com um total de 850 casas para operários e 45 casas para pessoas sem renda para pagar o aluguel nem se manter, num total de 895 habitações, cobrindo uma área de aproximadamente 10 ha (25 acres). Imagens retiradas do slide do professor • Jean Baptiste Godin (1817-1889): proprietário industrial construiu para seus operários uma comunidade baseada nas ideias de Fourier, o Familistério de Guise (1859-1885). → Constava de 3 edifícios de apartamentos, com 4 pavimentos e desenvolvidos em torno de pátios internos cobertos; → Outros equipamentos do complexo: escola, teatro, lavanderia, banhos públicos, oficinas; → Ao contrário do Falanstério, unidades familiares permanecem habitando apartamentos individuais; → Ao contrário das ruas elevadas de Fourier, a ligação das unidades era através dos pátios internos cobertos em torno dos quais desenvolviam-se os 3 prédios principais (de habitação) do complexo; → A partir de 1880, o Familistério passou a ser administrado por uma cooperativa de operários. O complexo existe até hoje. Imagens retiradas do slide do professor 3 • Cidade Operária de Mulhouse (1853): primeiro conjunto construído por iniciativa da Societé Mulhousienne des Cités Ouvières – cidade real; → Construída por iniciativa dos industriais, que perceberam que era melhor e mais vantajoso para as suas empresas garantir o bem-estar dos operários; → 1243 casas que podiam ser adquiridas a prestações em 15 anos – os que não tivessem condições de adquirir, ficavam como locatários; → Equipamentos coletivos: biblioteca, jardim de infância, lavanderia e mercado; → Preocupação em fazer uma arquitetura de qualidade usando elementos regionais/culturais; Imagens retiradas do slide do professor • Complexo industrial “Crespi d’Adda”, em Capriate San Gervasio, na Lombardia (1878-1920): família foi à falência – cidade real; → Localização junto ao rio Adda visava ao aproveitamento da força motriz; → População aproximada: 4000; → Patrimônio da Unesco; → Prédios multifamiliares construídos apenas no início da implantação da vila operária (“i palazzatti”); → A família proprietária do conjunto possui um palacete no complexo para se fazer presente; → Eixos ortogonais que se cruzam (o maior vai da entrada da cidade ao cemitério e o menor do jardim à indústria); Imagens retiradas do slide do professor Dependência total dos operários às indústrias – o tempo e a vida deles governados por ela, pois ali habitam e ali se sustentam. • Pullman, arredores de Chicago (1880-1884): construída para os funcionários da Pullman Palace Car Company (fabricante de vagões de passageiros) – cidade real; → Tinha os confortos dos bairros operários europeus: instalações sanitárias, água e gás canalizados, rede de esgotos; → População chegou a 12000 habitantes; → Casas eram alugadas, aluguel deveria amortizar o investimento feito na construção – não funcionou; 4 → Hotel era o único lugar do bairro onde era permitido consumir bebidas alcoólicas; → Galeria comercial da cidade tinha um teatro, uma barbearia, um consultório médico e a agência de correio; → Praça central com igreja; Declínio dos bairros operários nos EUA: com a difusão e barateamento do automóvel a partir dos anos 1920, a necessidade de morar próximo aos locais de trabalho se enfraqueceu. Cidades-Jardim Objetivo: equilíbrio entre cidade e campo – conciliar as vantagens de ambos; EbenezerHoward (1850-1928) • Cidade autônoma, com equipamentos de habitação, trabalho, abastecimento e serviços – autonomia para que a cidade não se torne um acréscimo de uma cidade maior/mais desenvolvida (evitar a conurbação); • Propriedade da terra é comunitária para evitar a especulação; • Forma mais humana de vida urbana, equilíbrio entre proximidade/vizinhança e privacidade; • Cada casa com seu próprio jardim; • Limite máximo de população: 32 mil habitantes; • Distância mínima a cidades maiores: 50km; • Área prevista para a cidade: 400 ha. • Área prevista para produção agropecuária: 2 mil ha – também visa garantir autonomia para a cidade, garantindo o consumo que ela precisa; • .No centro da cidade: um jardim circular de 2 ha; • 1° anel: em torno do jardim, com prefeitura, teatro, biblioteca, hospital, museu e casa de concertos; • 2° anel: um parque central de 50 ha, circundando por um palácio de cristal em forma de anel, destinado a atividades comerciais; • 3° anel: bairro residencial cortado por boulevares radiais, cortado por uma avenida perimetral de 130m de largura, onde se localizam escolas, igrejas e playgrounds; • 4° anel: fábricas; • 5° anel: via férrea; Fonte: Archdaily A cidade autônoma/autossuficiente se mostrou irrealizável e foi abandonada em troca dos subúrbios (Letchworth e Welwyn), bairros residenciais/cidades-dormitório com muitas áreas verdes, mas dependentes de centros urbanos próximos. • Letchworth, Hertfordshire (1903): fundada por E. Howard, projetada por Raymond Unwin e Barry Parker a 50km de Londres – aplicação dos princípios acima, com importantes modificações/adaptações: → Terrenos são alugados por 99 anos; → Fracassou economicamente, por isso terrenos tornaram-se propriedades de terceiros; → Cinturão agrícola reduzido a menos da metade do conceito original; → Maior predomínio do verde; → Densidade populacional mais baixa; → Centro pouco enfatizado/pouco destacado; → Rígidas regulações/posturas urbanas: ▪ Relações entre casas e jardins com cercas e vegetação definidas; ▪ Zoneamentos funcionais (comércio proibido em zonas residenciais, por exemplo); ▪ Limitação do número de profissionais por bairro (garantir clientela); ▪ Coibir poluição visual (cartazes disciplinados); ▪ Proibir indústrias poluidoras; proibir sirenes e sinos em indústrias, escolas e igrejas; • Welwyn (1918): segunda tentativa de Howard de por suas ideias em prática. Projeto de Louis de Soissons; → Economicamente mais bem sucedida que Letchworth; → Unidade arquitetônica; → Ligação próxima à ferrovia garantiu o sucesso; 5 Imagem retirada do slide do professor • Une citè Industrielle (1904-1917): Tony Garnier – 1917 é o ano da primeira publicação; cidade utópica; → Grandes composições axiais (tradição francesa); → Rígida malha ortogonal: lotes retangulares multiplicam-se indefinidamente à medida que o projeto se amplia; → Centro da cidade: centro comunitário, campo de esportes – equipamentos coletivos; → Bairros operários; → Arquitetura/edifícios: tudo em concreto armado, cubos limpos/racionalistas, coberturas planas, casas isoladas em meio ao verde; → Planejada para 35 mil habitantes; → Estrito zoneamento funcional: zona residencial, zona industrial, transportes, saúde e lazer; • Cidade-jardim de Hellerau: Richard Riemerschmid (1909), Dresden – Alemanha; cidade real; → Área total aproximada: 150 ha.; → Feita por ordem de um fabricante de móveis; → Além das casas de operários e dos pavilhões industriais, tinha casas de campo, mercado, lojas, lavanderia e banho público, consultórios médicos, habitações para solteiros, escola e internato (para os escolares); → Casas menores pertenciam a uma cooperativa, aluguéis eram menores do que os normalmente praticados na época; → Contratos (de aluguel) só podiam ser rescindidos pelos locatários; • Cidade-jardim de Margarethenhöhe: Georg Metzendorf (1909), Essen – Alemanha; cidade real; → Preocupação em criar uma paisagem urbana não monótona, não repetitiva; → Casas em fita; Imagens retiradas do slide do professor • Cidade-jardim de Staaken: Paul Schmitthenner, 1914-1917, Spandau – Berlim; cidade real; → Superfície do projeto original: 35 ha; → População original: 5 mil habitantes, distribuídos em mil unidades residenciais; → Casas em fita: conjunto feito de 5 plantas básicas; → Equipamentos públicos escapam da padronização dos prédios residenciais;
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