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T1 - Prática Trabalhista - Contestação - JOÃO PEDRO VANACÔR DA COSTA 1 T1 - Prática Trabalhista - Contestação - JOÃO PEDRO VANACÔR DA COSTA Class Day Lembretes Material Revisão PRÁTICA DE PROCESSO DO T. S. (60H) - TURMA 459 - 2021/2 - PROF. MARTHA MACEDO SITTONI PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Em 30 de abril de 2017, Hamilton ajuizou reclamação trabalhista em face da sociedade empresária Loteria Alfa Ltda., distribuída para a 50ª Vara de João Pessoa, sob o número 1234. Hamilton afirma que trabalhou na empresa de 13 de janeiro de 2010 a 25 de março de 2017, quando foi dispensado sem justa causa. Afirma, ainda, que trabalhava de 2ª a 6ª feira, das 7h às 14h, com intervalo de uma hora para refeição. Ele relata que sempre foi cumpridor de suas tarefas e prestativo para com os prepostos da empresa, e que, duas semanas após receber o aviso prévio, decidiu inscrever-se numa chapa como candidato a presidente do sindicato dos empregados em lotéricas, para lutar por melhorias para a sua categoria. Hamilton afirma que, além de processar os jogos feitos pelos clientes, também realizava atividade bancária referente a saques de até R$ 100,00 e o pagamento de contas de serviços públicos (água, luz, gás e telefone), bem como de boletos bancários de até R$ 200,00. Ele confirma que, dentre os clientes do empregador, estava uma companhia de energia elétrica da cidade, daí porque, uma vez por semana, tinha que ir até essa empresa para pegar, de uma só vez, as apostas de todos os seus empregados, o que fidelizava esses clientes; contudo, nesse dia, ele permanecia em área de risco (subestação de energia) por 10 minutos. Hamilton relata que, durante o período em que trabalhou na Loteria Alfa, faltou algumas vezes ao serviço e que teve essas faltas descontadas; diz, ainda, que substituiu o gerente da loteria, quando este se afastou por auxílio-doença, pelo período de três meses, mas que não teve qualquer alteração de salário. Ele afirma que existe o benefício de ticket-alimentação, previsto em acordo coletivo assinado pela sociedade empresária Beta Ltda., mas que jamais recebeu esse benefício durante todo o contrato. O empregado em questão informa que adquiriu empréstimo bancário, consignado em folha de pagamento, e que por três meses, quando houve sensível diminuição do movimento em razão da crise econômica, realizou serviço do seu próprio domicílio (home office), conferindo as planilhas de jogos, mas que não recebeu vale- transporte; ainda informa que não trabalhava nos feriados e que recebia vale-cultura do empregador no valor de R$ 30,00 mensais. Na reclamação trabalhista, Hamilton requer adicional de periculosidade, vantagens previstas na norma coletiva dos bancários, reintegração ao emprego, horas extras, horas de sobreaviso, ticket previsto na norma T1 - Prática Trabalhista - Contestação - JOÃO PEDRO VANACÔR DA COSTA 2 coletiva, vale transporte pelo período em que trabalhou em home office e integração do vale-cultura ao seu salário. Foram juntados os contracheques, cópia da CTPS, comprovante de residência, acordo coletivo assinado pela sociedade empresária Loteria Beta Ltda. e norma coletiva dos bancários de 2010 a 2017. Contratado(a) pela sociedade empresária Loteria Alfa Ltda., você deve apresentar a peça judicial adequada aosinteresses da ré. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 50ª VARA DO TRABALHO DE JOÃO PESSOA/PB (uma linha de espaço) Processo nº. 1234 LOTERIA ALFA LTDA., ora Reclamada, qualificação e endereço completos, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço completo onde recebe intimações e notificações, com fundamento nos artigos 847, CLT c/c artigo 336, CPC, apresentar sua CONTESTAÇÃO à presente Reclamação Trabalhista em epígrafe que lhe move HAMILTON, ora Reclamante, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I – Preliminar de Mérito I.1 – Inépcia do pedido de horas de sobreaviso O reclamante afirma que trabalhava na empresa de 13 de janeiro de 2010 a 25 de março de 2017, quando foi dispensado sem justa causa. Afirma, ainda, que trabalhava de 2ª a 6ª feira, das 7h às 14h, com intervalo de uma hora para refeição. Ele relata que sempre foi cumpridor de suas tarefas e prestativo para com os prepostos da empresa. Contudo, destaca-se dos pedidos feitos pelo reclamante o intuito de receber adicional de sobreaviso, sem, contudo, demonstrar minimamente o fundamento para tal pedido, em flagrante inépcia parcial, posto que caracterizada a previsão contida no artigo 330 , parágrafo 1.º, inciso I, do CPC , o que exige a imediata extinção deste pedido, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485 , inciso I, do Código de Processo Civil. Diante o exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos dos art. 485, I e art. 330, § 1º, I do CPC, quanto ao pedido de sobreaviso. II – Prejudicial de Mérito II.1 – Da Prescrição Quinquenal Excelência, o presente feito foi ajuizado somente em 30 de abril de 2017. Ora, o reclamante trabalhou na empresa de 13 de janeiro de 2010 a 25 de março de 2017; assim, considerando o disposto nos artigos 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal, e 11, da CLT, temos que as pretensões anteriores a 30 de abril de 2012 estão fulminadas pela prescrição quinquenal, que se conta, como cediço, retroativamente, da data do ajuizamento da Reclamatória, com base na Súmula 308, I, do TST. T1 - Prática Trabalhista - Contestação - JOÃO PEDRO VANACÔR DA COSTA 3 Assim, requer-se a extinção com julgamento de mérito, com base no art. 487, inciso II do CPC, no que tange às verbas pleiteadas anteriores aos últimos 5 anos contados da data do ajuizamento da ação, ou seja, que sejam anteriores a 30 de abril de 2012. III – Do Mérito III. 1 – Da Periculosidade O reclamante pleiteia o pagamento de adicional de periculosidade, sustentando, para tanto, que uma vez por semana, se dirigia até uma companhia de energia elétrica da cidade, para pegar, de uma vez só, as apostas de todos os seus empregados; nesse dia, permanecia em área de risco (subestação de energia) por 10 minutos. Entretanto, a Súmula 364, inciso I, do Egrégio TST, define que só tem direito à percepção do adicional de periculosidade o trabalhador que fica exposto às condições de risco de forma permanente. Nesse sentido, a periculosidade é indevida porque o tempo que o empregado passava em situação de risco de morte era extremamente reduzido (10 minutos a cada semana), o que não lhe assegura direito ao adicional almejado, conforme Súmula 364, I, do TST, a ensejar a improcedência do pedido. III.2 – Da equiparação a Bancário O reclamante alega ainda que (...) realizava atividade bancária referente a saques de até R$ 100,00 e o pagamento de contas de serviços públicos, bem como de boletos bancários de até R$ 200,00 (...). Por isso, requereu vantagens previstas na norma coletiva dos bancários. Todavia, à luz do artigo 511, da CLT, temos que o autor não é bancário porque o seu empregador não explora atividade condizente, mas sim de loteria, daí não fazer jus aos benefícios desta categoria. Afinal, as casas lotéricas não exercem as atividades privativas de uma instituição financeira, mas apenas os seus serviços básicos. Ademais, além da categoria profissional diferenciada, o critério a ser utilizado na análise é o da atividade preponderante da empresa, e não a exercida pelo empregado. Diante o exposto, portanto, requer a improcedência do pedido de vantagens previstas na norma coletivas dos bancários. III.3 – Da Reintegração ao Emprego O reclamante pretende ver cotejado a sua reintegração ao empregado, sob fundamento de que somente após duas semanas do recebimento do aviso prévio,candidatou-se a presidente do sindicados dos empregados em lotéricas, entendo, assim, pela garantia de estabilidade. Também não existe razão nesse pleito, pois a vergastada candidatura ocorreu no decorrer do aviso prévio e conforme dispõe na Súmula 369, inciso V, do TST, o registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da CLT. Diante o exposto, requer a improcedência do pedido de reintegração. III.4 – Das Horas Extras No que interessa do pedidos do recebimento de horas extras, o labor do reclamante era de 2ª a 6ª feira, das 7h às 14h, com intervalo de uma hora para refeição. Dessa maneira, não havendo excessos as previsões constitucionais (oito horas diárias e quarenta e quatro semanais), não há falar na procedência das horas extras postuladas, vide os artigos 7º, inciso XIII, da CF e T1 - Prática Trabalhista - Contestação - JOÃO PEDRO VANACÔR DA COSTA 4 58 da CLT. Visto isso, requer a improcedência deste pedido. III.5 – Do benefício do ticket-alimentação Afirma o reclamante fazer jus ao recebimento de tickect-alimentação, previsto em acordo coletivo assinado pela sociedade empresária "BETA LTDA", mas que jamais recebeu esse benefício durante toda vigência contratual. Contudo, o pleito resta improcedente, na medida em que o acordo coletivo juntado não foi assinado pelo reclamante, não se prestando a obrigar a reclamada a cumpri-lo, conforme delineado no artigo 611, § 1º da CLT. III.6 – Do vale-transporte Na vigência do desempenho laboral do reclamante, na modalidade "home office", alega que não lhe foi pago o devido vale-transporte, o que requer, agora, em Juízo. Ora, perfeito trabalho em sede domiciliar, o empregado não depreende quaisquer gastos com transporte público, daí porque não faz jus a esse direito – sendo a improcedência a única sorte do vergastado pedido –, não existindo preenchimento aos requisitos previstos no artigo 1º da Lei nº 7.418/85 e no artigo 2º do Decreto nº 95.247/87. Diante o exposto, requer a improcedência do pedido de vale-transporte no período em que ele trabalhou em "home office". III.7 – Da integração do vale-cultura recebido Finalmente o reclamante aduz que recebia vale-cultura do reclamado no valor de R$ 30,00 (trinta reais) mensais e que, assim, deve-se haver uma integração deste valor ao seu salário. Entretanto, a integração do vale cultura é indevida por disposição legal expressa, conforme artigo 458, § 2º, inciso VIII, da CLT, não havendo falar na possibilidade de procedência deste pedido. IV – Requerimentos Finais Por todo exposto, requer a reclamada que Vossa Excelência se digne a: i. reconhecer o acolhimento da preliminar de inépcia do pedido com julgamento sem resolução do mérito; ii. reconhecer da prescrição quinquenal que atinge todas as pretensões anteriores a cinco anos, contados retroativamente a partir do ajuizamento desta demanda; iii. no mérito, julgar pela total improcedência dos pedidos formulados pelo autor, condenando-o ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 791-A da CLT, e garantindo a produção de todos os meios de provas em direito admitidos inclusive o depoimento pessoal do reclamante, sob a consequência de confissão. Nestes termos, Pede deferimento. Local e Data. Advogado (a)OAB nº ...
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