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. Centro Universitário Leonardo Da Vinci ENEAD – Núcleo de Ensino a distância cional Leonardo Da Vinci JOHN LENO FERNANDES MORAES ELENIZY TAVARES SOLTO LEF (0239/1) PAPER CAMETÁ/ PARÁ 2020 2 OS DESAFIOS DA INCLUSÃO DE ALUNOS DEFICIENTE FÍSICOS NAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Acadêmicos1 John Leno Fernandes Moraes Elenizy Tavares Souto Tutor externo2 Wander Caldas de Souza RESUMO Este estudo abordou sobre os desafios da inclusão de alunos deficientes físicos nas aulas de Educação Física, uma vez que, acredita-se que as ações dos professores neste caminho são também reflexos de suas percepções acerca da inclusão. Assim, o objetivo geral da pesquisa é demonstrar a necessidade do professor de Educação Física pensar em uma prática pedagógica inclusiva. A necessidade de pesquisar sobre a temática deve-se ao fato de se observar que nos ambientes escolares há muitas dificuldades em lidar com o assunto, tanto nas disciplinas curriculares, eventos acadêmicos, concepções pedagógicas, quanto em práticas, oficinas, estágios curriculares, programas, aulas, entre outros. A metodologia utilizada consiste na abordagem qualitativa, na qual os estudos teóricos de diversos materiais contribuíram para o desenvolvimento do tema. Os resultados do estudo evidenciaram que, o que vai dar qualidade e promover cada processo de inclusão é o esforço coletivo em refletir bastante e profundamente, propor e apoiar ideias inclusivas e ter coragem de colocá-las em prática, assumindo os riscos de errar, mas tendo sempre a disposição de aprender com os erros, e a partir daí criar novas práticas. Palavras Chaves: Deficiente Físico. Inclusão. Educação Física. 1. INTRODUÇÃO Este estudo abordou sobre os desafios da inclusão de alunos deficientes físicos nas aulas de Educação Física, uma vez que, acredita-se que as ações dos professores neste caminho são também reflexos de suas percepções acerca da inclusão. Estudar sobre o tema torna-se relevante, por se entender que, a temática da inclusão escolar de crianças com deficiência vem sendo frequentemente debatida em diversas áreas de conhecimento, por meio de diferentes abordagens metodológicas, com o intuito gerar mudanças referente a visão que a sociedade possui em relação ao assunto. A partir da consciência das leis que asseguram o direito da criança com deficiência em aprender, no mesmo local, e ao mesmo tempo em que as crianças sem deficiência, sabendo da 1 John Leno Fernandes Moraes Elenizy Tavares Solto 2 Wander Caldas de Sousa Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Licenciatura em Educação Física (LEF0239/1) – Prática Interdisciplinar VII – 24/07/2020 3 necessidade dos professores em teorias, conhecimentos e experiências práticas referentes ao assunto e a importância de atitudes positivas para impulsionar o processo de inclusão, despertou-se o interesse de responder a seguinte questão: De que maneira o professor de Educação Física pode contribuir com a inclusão de alunos deficientes físicos nas aulas de Educação Física? A necessidade de pesquisar sobre a temática deve-se ao fato de se observar que nos ambientes escolares há muitas dificuldades em lidar com o assunto, tanto nas disciplinas curriculares, eventos acadêmicos, concepções pedagógicas, quanto em práticas, oficinas, estágios curriculares, programas, aulas, entre outros. Assim, o objetivo geral da pesquisa é demonstrar a necessidade do professor de Educação Física pensar em uma prática pedagógica inclusiva. Especificamente objetiva-se apresentar um aparato teórico sobre deficiência física, analisar como ocorre a inclusão de alunos deficientes físicos na Educação Física, e por fim, discutir sobre as dificuldades do professor no processo de inclusão. O texto estruturou-se da seguinte maneira, inicialmente apresenta-se o conceito de deficiência física, em seguida discute-se sobre a inclusão de alunos deficientes físicos nas aulas de educação física, mas adiante apresentou-se os materiais e métodos seguidos da discussão dos resultados, encerrando com as conclusões da pesquisa. 2. DEFICIÊNCIA FÍSICA Antes de se falar especificamente sobre inclusão de alunos com deficiência física nas aulas de Educação Física, entende-se ser necessário ter a compreensão do que seja deficiência. Discutir um conceito não é apenas uma questão de tornar comum, em um âmbito de investigação científica, uma terminologia. Para além do esclarecimento do significado da palavra deficiência, está a necessidade de expor a carga de preconceito que pode ser acrescentada ao seu uso para nomear uma pessoa com necessidades especiais. A deficiência é um termo que designa todo e qualquer comprometimento que afeta a integridade da pessoa e traz prejuízos para a fala, compreensão de informações, orientação espacial, locomoção, coordenação de movimento, percepção ambiental e contato com outras pessoas. A deficiência acarreta em dificuldades ou impossibilidades de execução de atividades comuns às outras pessoas. Nesse estudo pretendeu-se abarcar de forma privilegiada a deficiência física entendendo esta como todo comprometimento da mobilidade, da coordenação motora geral, causado por lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas bem como por má formação congênita ou adquirida. Para Mader (1997), existe um repertório muito amplo e variado de deficiências físicas que têm como traço incomum a diminuição permanente ou progressiva da movimentação do corpo. Essa 4 dificuldade pode ser adquirida, principalmente, a partir de um trauma na medula espinhal, de uma doença degenerativa dos músculos ou do sistema nervoso ou de uma lesão no cérebro. Essa dificuldade pode também ser genética ou oriunda de má formação intra-uterina. Entende-se que, quando a deficiência física acompanha o sujeito desde o nascimento ou nos primeiros meses de vida este tem diminuídas suas possibilidades de agir sobre o meio, de fazer descobertas, de construir conceitos espaciais, temporais, corporais e de avaliar o impacto de suas ações sobre o meio. As pessoas com deficiência física apresentam uma significativa ausência de coordenação dos membros o que dificulta a execução de uma série de movimentos como comer, vestir, andar, correr, saltar, pegar/soltar e tirar/colocar. Isso porque esse tipo de deficiência acarreta em importantes alterações no tônus muscular. Normalmente os músculos, ainda que relaxados, conservam certa firmeza que nos permite movimentar membros, sustentar o corpo e executar movimentos de forma harmônica e coordenada. A pessoa com deficiência física pode ter a musculatura muito flácida (hipotônica) ou muito rígida (hipertônica), ou pode, ainda, ter um tônus que oscile entre a hipotonia e a hipertonia, o que faz com que seus movimentos sejam pouco harmônicos (MADER, 1994). Entende-se que o diagnóstico precoce e a inclusão da criança em ambientes e programas estimuladores são de suma importância para a estimulação do movimento e do posicionamento adequados, estimulação das aquisições motoras básicas, da participação em jogos, brincadeiras e tarefas de autocuidado (MADER, 1994, p.23). Ainda nesse sentido, não devemos ignorar que a adaptação de materiais e de atividades para as necessidades da criança é imprescindível para que ela passe a ser mais ativa em suas ações motoras sobre os objetos. Entendemos, então, que a introdução gradativa da criança com deficiência física no mundo do movimento é essencial para o seu desenvolvimento motor e cognitivo. No âmbito da cognição, devemos acrescentar que a deficiência física não está vinculada à deficiênciamental. Quando indicamos déficits cognitivos em crianças com esse tipo de deficiência, não devemos perder de vista que, na maioria dos casos, esse déficit está relacionado à falta de estimulação adequada ou inadequação do ambiente para o desenvolvimento da criança. Sendo assim, o pleno desenvolvimento da criança com deficiência física prevê a atuação de equipe interdisciplinar voltada para o trabalho de reabilitação e de educação como fisioterapeutas, oftalmologistas, pedagogos e profissionais de educação física. Numa viagem pela história, podemos perceber que a pessoa deficiente tem sido sistematicamente excluída do sistema escolar regular. No Brasil, as primeiras possibilidades de educação formal foram oferecidas através de um sistema educacional segregativo. Atualmente 5 existe um movimento em torno da inclusão desses alunos nas escolas regulares de ensino (Mazzotta, 1982). 3. INCLUSÃO DE ALUNOS DEFICIENTES FÍSICOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Sabe-se que, a inclusão significa que todas as crianças e jovens em idade escolar têm o direito de frequentar a escola regular que deverá estar organizada para atender às necessidades educativas de todos os alunos seja qual for a sua condição social, econômica, física ou psíquica. Desta forma, falar de educação inclusiva significa falar da garantia de que também os alunos com deficiência tenham acesso à escola regular. De acordo com Aguiar e Duarte (2005), o paradigma da escola inclusiva pressupõe uma educação apropriada e de qualidade dada conjuntamente para todos os alunos, em escola regular, onde deve ser desenvolvido um trabalho pedagógico que sirva a todos os alunos, indiscriminadamente. Sendo assim, o ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos, independente de seu talento, deficiência (sensorial, física ou cognitiva), origem socioeconômica, étnica ou cultural. A escola inclusiva precisa estabelecer uma nova infraestrutura de serviços, onde ela gradativamente irá criando uma rede de suporte para a superação das maiores dificuldades do deficiente. Para isto, ela precisa também de um ambiente educacional flexível, que vise o processo de aprendizagem das pessoas com deficiências. A autora não deixa de frisar a importância da parceria da escola inclusiva com os pais, uma vez que os considera parceiros essenciais no processo de inclusão da criança na escola. Para Merch, é preciso que sejam realizadas modificações na estrutura física da escola que receberá alunos que necessitam de atenção e cuidados especiais, de forma a tornar mais fácil seu acesso. Também deve ser considerado o oferecimento de cursos preparatórios para os funcionários dessa escola, de maneira a prepará-los para trabalhar com esses alunos. Toda grande transformação no âmbito educacional, exige reavaliações profundas de todos os professores. Com os professores de educação física não é diferente. A inclusão tem sido discutida a mais de uma década e exige um reposicionamento destes frente a uma nova realidade. Ao tratarmos da deficiência física fica ainda mais evidente essa necessidade. Segundo Aguiar e Duarte (2005), culturalmente, a formação pedagógica do professor de Educação Física vem sendo colocada em plano secundário, prevalecendo os conteúdos das disciplinas de cunho técnico- desportivo, corporal e biológico, em detrimento das disciplinas pedagógicas. Sendo assim, a formação vem privilegiando o desenvolvimento de capacidades e 6 habilidades físicas, que tem por prioridade o desempenho físico, técnico e o corpo enquanto objeto de consumo. Tendo essa visão como base, focada na cultura desportiva e competitiva, entendemos que as resistências com relação à inclusão de pessoas vistas como menos capazes fisicamente são históricas. Muitas das proposições de atividades feitas em Educação Física, realizadas na base da cultura competitiva, podem ser observadas nas escolas. A prática desportiva, quando usada sem os princípios da inclusão, é uma atividade que não favorece a cooperação, que não valoriza a diversidade e que pode gerar sentimentos de satisfação e de frustração. Essa cultura competitiva constitui uma fonte de exclusão e pode se consistir numa barreira à educação inclusiva. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), documento que subsidia a atuação dos profissionais da área de educação, a proposta curricular é incluir os temas transversais nas aulas de educação física como ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual, pluralidade cultural e orientação para trabalho e consumo. Nesse sentido, cabe também ao professor de educação física estimular processos reflexivos contribuindo para uma visão crítica do meio social trazendo um novo objetivo para essa disciplina: a formação de cidadãos. A educação deve romper com o tratamento tradicional dos conteúdos que favorece os alunos que já têm aptidões, adotando como eixo estrutural da ação pedagógica o princípio da inclusão, apontando para uma perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem que busca o desenvolvimento da autonomia, da cooperação, da participação social e da afirmação de valores e princípios democráticos. Nesse sentido, deve buscar garantir a todos a possibilidade de usufruir de jogos, esportes, danças, lutas e ginástica em benefício do exercício crítico da cidadania (RIBEIRO, 1987, p.40).. A bibliografia consultada enfatiza que cabe ao professor de Educação física, desenvolver as potencialidades de todos os seus alunos atentando-se para a não exclusão de nenhum deles. Porém, no geral, a escola opta por dispensar determinados alunos dessas atividades, principalmente os alunos com deficiências, alegando que o professor não está preparado para desenvolver habilidades nessas crianças. Algumas escolas designam essas crianças para realizar atividades externas, como por exemplo, a cronometragem de tempo. Porém, não devemos perder de vista os objetivos da educação física. Segundo Ribeiro (1987, p. 45), a educação física deve favorecer a qualquer criança, incluindo as com deficiências, o pleno desenvolvimento tendo como parâmetro a capacidade de cada um. Sendo assim o aluno deficiente deve ser incluído também nas aulas de educação física por apresentar necessidade de desenvolvimento motor. Afinal não devemos perder de vista que é uma das principais funções dessas aulas favorecerem o desenvolvimento social e afetivo do qual nenhuma criança pode ser privada. Para a implementação de uma escola inclusiva, ainda que consideremos apenas a Educação Física enquanto unidade curricular há que se considerar múltiplos aspectos. O primeiro 7 deles consiste no oferecimento de cursos de reciclagem para capacitação de docentes. Outro aspecto diz respeito à importância da existência de um corpo técnico especializado composto por psicólogo, fonoaudiólogo e psicopedagogo. E, por último, porém não menos importante, o apoio da família do aluno com necessidades especiais, além de outros fatores como o número de alunos na classe, a eliminação de barreiras arquitetônicas, a revisão pela sociedade civil da concepção sobre a pessoa com necessidades especiais, o apoio da sociedade política, a destinação de verbas, a adequação de currículos, metodologias de ensino, recursos didáticos e materiais e sistemas de avaliação. De acordo com o princípio da Inclusão, a Educação Física escolar deve ter como eixo fundamental o aluno e deve se voltar para o desenvolvimento das competências de todos os alunos e proporcionar condições de acesso aos conteúdos a partir de estratégias adequadas. A promoção da inclusão nas aulas de Educação Física está associada, na opinião de Chicon (2008), com aspectos atitudinais e procedimentais, sendo o primeiro relacionado à concepção de homem que se quer formar, à atitude de aceitação e promoção da diversidade humana. E o segundo, relacionado às metodologias de ensino, dos procedimentosdidáticos e dos conhecimentos teóricos adotados. Duchane e French (1998) afirmam que atitudes positivas vindas dos professores são uma potente variável no ensino, e essenciais para a inclusão de alunos com deficiências. Pinheiro (2001) reforça a importância da atitude como um dos principais aspectos para atingir o sucesso da temática em questão. Alega que, a partir do momento que temos conhecimento do ato ou da fala de alguém, frente à determinadas situações ou comportamentos de acordo com a relação com o meio físico e cultural em que vive, podemos entender o a conduta do indivíduo perante a um objeto social. 4. MATERIAIS E MÉTODOS O caminho metodológico desta pesquisa pautou-se na pesquisa do tipo bibliográfica, na qual neste tipo de pesquisa está incluído na gama de pesquisas documentais, mas se caracteriza, principalmente por ser desenvolvida a partir de material já elaborado como livros, e artigos científicos. Após o levantamento bibliográfico, o material foi estudado por meio da realização de fichamentos, que objetivavam abranger todas as informações relevantes para o estudo da educação física para deficientes físicos e suas relações com a inclusão escolar desses alunos bem como sínteses das principais ideias de cada texto pesquisado. A elaboração dos fichamentos com as principais ideias de cada texto objetivou uma posterior correlação entre os diversos autores. O cruzamento dos resultados e conclusões apresentados por cada estudo possibilitou uma visão sobre os caminhos que as pesquisas sobre o tema vêm seguindo. 8 Dessa forma, a base desta pesquisa consistiu no estudo de livros, de artigos especializados, de dissertações e de teses, o que possibilitou o acesso e a manipulação de informações relevantes para a reflexão sobre as relações entre inclusão, deficiência física e Educação Física escolar. O levantamento bibliográfico foi realizado em bases de dados disponíveis via internet. As pesquisas bibliográficas acompanhadas de imagens sobre a inclusão demonstram que várias escolas no país estão adaptando as aulas de educação física para atender alunos com deficiências físicas. Veja nas imagens a seguir: Imagens de alunos deficientes físicos nas aulas de Educação Física Fonte: G1. globo.com/Notícias 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após uma análise e discussões sobre diversos estudos de inclusão na área da Educação Física, pode-se observar que os professores da disciplina em média apresentam uma atitude ligeiramente favorável sobre o fator inclusão. Pois, os estudos teóricos ressaltam que, a educação se encontra em um processo de evolução em que o docente é uma das peças principais para o sucesso da mesma. Alvarado-Prada (2010) tem uma visão de que a profissão docente ainda é vista pela sociedade e pela universidade como sendo ‘fácil’, como algo que pode ser apresentado intuitivamente, dispensando uma formação de qualidade, bons materiais, boa estrutura e bons professores. Fato que torna ainda mais difícil alcançar os objetivos da inclusão educacional das pessoas com deficiência. Mas, as dificuldades não advêm apenas da área de conhecimento e da formação acadêmica. O ambiente escolar, segundo algumas pesquisas, possui ainda características administrativas e físicas que dificultam a inclusão. Em termos administrativos, dificuldades quanto a falta de apoio da 9 Direção, o número total de alunos em cada turma, o número de aulas de Educação Física, a falta de horário, dentro da jornada de trabalho, para elaborar aulas adequadas à inclusão, a ausência de um assistente. Quanto ao espaço físico, a dificuldade que se observa é em relação à inadequação dos ambientes. As pesquisas teóricas indicaram que as dificuldades para incluir poderiam estar além das condições de trabalho, mais exatamente na indisponibilidade de parte dos docentes em aceitar mudanças, refletir e modificar sua conduta, assim como, o desinteresse em estudar e dialogar com os pares acerca de possibilidades e novas ideias. A insegurança dos professores de Educação Física também pode ser um fator que dificulta a inclusão do aluno com deficiência. Não se pode negar que o professor de Educação Física é um dos participantes envolvidos na inclusão educacional. Os alunos com e sem deficiência também fazem parte do processo e, na visão dos professores, podem apresentar atitudes e características que dificultam a inclusão. Além disso, atitudes dos alunos sem deficiência dificultam a inclusão dos alunos com deficiência, por que eles, excluem o aluno com deficiência por atrapalhar o jogo (FIORINI, 2011); 2) são resistentes em participar de atividades para incluir o aluno com deficiência (FALKENBACH; LOPES, 2010). Uma preocupação de alguns professores de Educação Física, refere-se ao prejuízo que os alunos sem deficiência poderiam sofrer devido à presença de alunos com deficiência, pois, a “atenção dispensada” ao aluno com deficiência prejudicaria a aula e os demais alunos e, em alguns casos, “desestruturaria a forma de trabalhar”, e por isso precisariam diminuir a complexidade das atividades e o ritmo das aulas. Vale lembrar que a família também é muito importante no processo de inclusão, isso porque a super proteção ou a negação da deficiência pode dificultar a adaptação deste aluno no ambiente escolar. Além da família, não se pode esquecer da falta de materiais adequados ou específicos para cada tipo de deficiência. Fica evidente que existem consideráveis informações sobre as dificuldades dos professores de Educação Física para incluir alunos com deficiência nas aulas de Educação Física. No entanto, é necessário buscar caminhos para sanar tais dificuldades, uma vez que elas persistam. O conhecimento de quais são essas dificuldades é imprescindível e torna-se um subsídio para as ações futuras. Dessa forma, o primeiro passo é identificar, com a população específica, quais têm sido as dificuldades, considerando a dinâmica vivida pelos professores, a realidade cultural e o contexto que configura o ambiente escolar (MARTINS, 2012; MENDES, 2008). Sem sombra de dúvida, existe uma série de barreiras que devem ser suplantadas para o alcance de propostas de inclusão na área da educação física. Talvez não seja possível aplicar um modelo único e que sirva de receita para todos os contextos de atuação, mas sim, realizar uma 10 análise de alguns projetos que não alcançaram seus objetivos e avaliar o que os mesmos deixaram de fazer. Ao mesmo tempo, cabe destacar a existência de alguns caminhos que podem ser percorridos para o desenvolvimento de políticas de inclusão na área da educação física e do esporte. Algumas dessas propostas implicam necessariamente em mudanças na esfera macro, como a das próprias políticas públicas na área da educação. Essas iniciativas passam, até mesmo, por investimentos maiores na área da educação e, mais especificamente, no segmento da educação especial. Desse modo, seria possível que essas mudanças de caráter macro resultassem na aquisição de equipamentos especializados, na estruturação de ambientes e na qualificação de profissionais. Tais mudanças estão sendo possíveis através de um Programa do Governo Federal que se chama Acessibilidade, na qual seu objetivo é adequar o espaço escolar para alunos deficientes e também comprar materiais que possam ajudar no processo de inclusão. Apesar das inúmeras dificuldades é possível sonhar por uma escola inclusiva para todos, onde não haja diferenças de aprendizagem e nem segregação de alunos. 6. CONCLUSÕES A partir do exposto, pode-se afirmar que, a educação física muito tem a contribuir no processo de inclusão, rompendo as barreiras do preconceito, promovendo a integração e oportunizando o acesso à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer e acima de tudo à atividade física. Mas é fundamental quea comunidade escolar esteja convencida do importante papel da educação física nesse processo, para que, ao desenvolver o projeto político-pedagógico da escola ela seja parte do compromisso que toda a escola está assumindo. O professor de educação física tem que acreditar na inclusão, acreditar que é peça fundamental no processo e ser o defensor dessa proposta na elaboração do projeto político- pedagógico. Por enquanto, isso parece caminhar a passos bem lentos em grande parte do nosso país. É possível perceber o longo caminho que ainda precisamos percorrer no processo de inclusão. Há ainda preconceitos a quebrar, em todas as frentes de trabalho. Na escola regular, na escola especializada, no sistema educacional e na sociedade de uma maneira geral. As escolas ainda não perceberam a importância do projeto político-pedagógico dentro do contexto sócio-político da escola. Falta um envolvimento maior, tanto da comunidade interna como da externa à escola. Uma falta de fé na capacidade da comunidade escolar de participar de um planejamento coletivo em todas à suas fases. Também a educação física ainda não conseguiu se estabelecer como disciplina importante na escola. Ainda não se compreende o seu verdadeiro papel no processo de educação e especialmente da educação inclusiva. 11 É importante também compreender que a Inclusão é um processo que envolve pessoas. Por isso nunca se pode afirmar que existe um modelo de inclusão que vai ser o ideal para todas as pessoas em todos os lugares. É fundamental entender que o que vai dar qualidade e promover cada processo de inclusão é o esforço coletivo em refletir bastante e profundamente, propor e apoiar ideias inclusivas e ter coragem de colocá-las em prática, assumindo os riscos de errar, mas tendo sempre a disposição de aprender com os erros, e a partir daí criar novas práticas. REFERÊNCIAS ALVARADO-PRADA, L. E; FREITAS, T. C; FREITAS, C. A. Formação continuada de professores: alguns conceitos, interesses, necessidades e propostas. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 10, n. 30, p. 367-387, 2010. AGUIAR, João Serapião de; DUARTE, Édison. Educação inclusiva: um estudo na área da educação física. Rev. bras. educ. espec., Marília, v. 11, n. 2, 2005. CARDOSO, C. S. Aspectos Históricos da Educação Especial: da exclusão a inclusão uma longa caminhada. Educação, n. 49, p. 137-144, 2003. FIORINI, M. L. S; MANZINI, E. J. Inclusão de alunos com deficiência na aula de educação física: identificando dificuldades, ações e conteúdo para prover a formação do professor. Revista Brasileira de Educação Especial, p. 387-404, 2014. MADER, G. A integração da pessoa portadora de deficiência: a vivência de um novo paradigma. São Paulo: Memmon, 1997. MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. Fundamentos da Educação Especial. São Paulo: Pioneira, 1982. ___________ Educação Escolar: comum ou especial? São Paulo, Pioneira, 1987. MRECH, Leny Magalhães. O que é educação inclusiva. Faculdade de Educação do Estado de São Paulo. Disponível em: http://www.educacaoonline.pro.br/art_o_que_educacao_inclusiva.asp?f_id_artigo=60. Acesso em: 05 jul. 2020. RIBEIRO, J.Q. Ensaios de uma teoria de administração escolar. São Paulo: Saraiva, 1987. SILVA, Elizabeth N. Educação Física na escola. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
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