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ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 1 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO Anatomia do olho e das pálpebras O OLHO é o órgão responsavel pela visão, formado pelo bulbo do olho e pelo nervo optico, e está contido em uma estrutura óssea denominada órbita, juntamente com estruturas acessórias da visão. A REGIAO ORBITAL é a area da face sobre a orbita e o bulbo do olho que inclui as pálpebras superior e inferior, além do aparelho lacrimal Bulbo do olho + órgãos anexos (movimentam o olho) - músculos do olho saem do tendão comum - tendão de zinn, que fica inserida ao longo da fenda esfenoidal ou da fissura orbitaria ÓRBITAS As orbitas são cavidades ósseas no esqueleto da face, formadas por 7 ossos, e se assemelham a pirâmides quadrangulares ocas. Função: o Proteção dos bulbos dos olhos o Proteção das estruturas acessórias da visão (pálpebras, musculos extrínsecos do bulbo do olho, nervos e vasos no trajeto, fáscia orbital, túnica mucosa conjuntiva) Todo espaço da orbita que não é preenchida pelas estruturas acima, é preenchida pelo corpo adiposo da orbita Figura 8.44 Órbitas e posição dos bulbos dos olhos em seu interior. A. Observe a disposição das órbitas em relação uma à outra e aos eixos ópticos (linha do olhar). As órbitas são separadas por células etmoidais e pela cavidade nasal superior e septo nasal. B. Paredes ósseas da órbita. Esta vista anterolateral mostra a órbita e o ápice, situados no plano sagital, e não bem observados em uma vista anterior. A base da órbita é delimitada pela margem orbital que circunda o ádito orbital. O osso que forma a margem orbital é reforçado para proporcionar proteção ao conteúdo da órbita e oferece fixação para o septo orbital, uma membrana fibrosa que se estende até as pálpebras. A parede superior (teto) é formada principalmente pela parte orbital do osso frontal, que separa a cavidade orbital da fossa anterior do crânio. Perto do ápice da órbita, a parede superior é formada pela asa menor do esfenoide. Na parte anterolateral, uma depressão superficial na parte orbital do frontal, denominada fossa lacrimal, acomoda a glândula lacrimal. As paredes mediais das órbitas contralaterais são quase paralelas e são formadas principalmente pela lâmina orbital do etmoide, juntamente com contribuições do processo frontal da maxila lacrimal e esfenoide. Anteriormente, a parede medial é entalhada pelo sulco lacrimal e pela fossa do saco lacrimal; a tróclea para o tendão de um dos músculos extrínsecos do bulbo do olho está localizada superiormente. A parede inferior (assoalho da órbita) é formada principalmente pela maxila e, em parte, pelo zigomático e pelo palatino. A parede inferior fina é compartilhada pela órbita e pelo seio maxilar. A parede lateral é formada pelo processo frontal do zigomático e pela asa maior do esfenoide. Esta é a parede mais forte e mais espessa, o que é importante porque é mais exposta e vulnerável ao traumatismo direto. A parte posterior separa a órbita do temporal e da fossa média do crânio. O ápice da órbita situa-se no canal óptico na asa menor do esfenoide imediatamente medial à fissura orbital superior. Os ossos que formam a órbita são revestidos pela periórbita, o periósteo da órbita. PÁLPEBRAS São pregas moveis cobertas externamente por pele fina e internamente por túnica mucosa transparente (túnica conjuntiva da pálpebra), a qual fica refletida sobre o bulbo do olho, onde é contínua com a túnica conjuntiva do bulbo. ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 2 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO ELEMENTOS DE SUSTENTAÇÃO Os TARSOS superior e inferior são densas faixas de tecido conectivo (fibras elásticas) que fortalecem as pálpebras superior e inferior, eles formam o ‘esqueleto’ das pálpebras. o Tarsos recebem ligamentos e aponeuroses o Nos tarsos estao inseridas as glandulas tarsais produzem secreção lipídica que lubrifica as margens das pálpebras e impede sua adesão quando se fecham. CÍLIOS estao nas margens das pálpebras, juntamente com as glandulas sebáceas ciliares. As JUNÇÕES DAS PÁLPEBRAS superior e inferior formam as comissuras medial e lateral das pálpebras, que definem os ângulos medial e lateral do olho. Entre o nariz e o ângulo medial do olho está o LIGAMENTO PALPEBRAL MEDIAL, que une os tarsos à margem medial da órbita. Fixação da pálpebra. Um LIGAMENTO PALPEBRAL LATERAL semelhante fixa o tarso à margem lateral da órbita. O SEPTO ORBITAL é uma membrana fibrosa (mais rígida) que se estende dos tarsos até as margens da órbita, onde se torna contínuo com o periósteo. Ela funciona como tampão, isola estruturas mais profundas das orbitas. ANATOMIA DA PÁLPEBRA MUSCULATURA PERIORBITÁRIA MUSCULO CORRUGADOR DO SUPERCILIO: movimento de juntar a sobrancelha na porção central (cara de brava) MUSCULO ORBICULAR DO OLHO: *mais importante dessa regiao. Permite o fechamento dos olhos. Possui 2 porções: porção palpebral (fica dentro da pálpebra) e porção orbicular (ao redor da parte óssea). Ele evita que tenha lesao ocular e mantem a lubrificação (piscar). Ao piscar, se usa mais a porção palpebral e ao fechar os olhos com força a porção orbicular. APARELHO LACRIMAL Consiste em: o Glandula lacrimal o Dutos excretores da glandula lacrimal o Canalículos lacrimais o Ducto lacrimonasal ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 3 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO Glandula lacrimal, 2 porções, parte lateral e medial. Porção superior e lateral da orbita. Produz lagrima que desce de superior para inferior e de lateral para medial e vai ser drenado através dos puntos (2 em cada olho), vao drenar através de canalículos lacrimais, que vao dar no saco lacrimal, de lá vao descer pelo ducto lacrimonasal, que vai drenar para o meato nasal inferior, que é abaixo da concha nasal inferior. GLÂNDULA LACRIMAL Situa-se na fossa da glândula lacrimal na parte súperolateral de cada orbita É dividida em partes superior orbital e inferior palpebral pela expansão lateral do tendão do musculo levantador da pálpebra superior Pode haver glandulas lacrimais acessórias, as vezes na parte média da pálpebra ou ao longo dos fórnices superior ou inferior da conjuntiva BULBO DO OLHO Contém o aparelho óptico do sistema visual Ocupa a maior parte da porção anterior da orbita, suspenso por seis musculos extrínsecos que controlam seu movimento e por um aparelho suspensor da fáscia Tem diâmetro aproximado de 25 mm PAREDES OU TÚNICAS Bulbo do olho possui 3 camadas: ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 4 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO 1. TÚNICA FIBROSA EXTERNA -> ESCLERÓTICA (BRANCO DO OLHO) Formada pela esclera e córnea, é o esqueleto fibroso externo, que garante a forma e a resistência. As duas camadas diferem principalmente em termos da regularidade da organização das fibras colágenas que as compõem e do grau de hidratação de cada uma. Enquanto a esclera é relativamente avascular, a córnea é totalmente avascular e nutrida por leitos capilares periféricos, pelo líquido lacrimal e humor aquoso. A córnea é muito sensível ao toque, sua inervação é realizada pelo nervo oftálmico (NC V1) e sua nutrição provém dos leitos capilares em sua periferia, o humor aquoso e o líquido lacrimal. Túnica resistente de tecido fibroso e elástico que envolve externamente o olho (globo ocular) A maior parte da esclerótica é opaca e chama-se esclera, onde estão inseridos os músculos extraoculares que movem os globos oculares, dirigindo-os a seu objetivo visual. A parte anterior da esclerótica chama-se córnea. É transparente e atua como uma lente convergente. A CÓRNEA possui 5 camadas: o Epitélioo Membrana de Bowman o Estroma (cerca de 90% da camada da córnea) o Membrana de Descement o Endotélio Endotélio: trocas hidroeletrolíticas e pela retirada do excesso de agua Consiste em uma única camada de células hexagonais, aproximadamente 1 a 2 % da espessura. O endotélio corneano possui grande sensibilidade a agentes físicos, químicos, diminuição de oxigênio e alterações do pH. Suas principais funções são habilidade de transportar nutrientes do humor aquoso e a manutenção de um estado de turgescência necessário para a transparência da córnea. Humor aquoso: faz a nutrição, juntamente com a lagrima e o ar atmosférico O epitélio corneano possui uma rede de fibras nervosa, que quando sofrem algum trauma e ficam expostas causam uma forte dor, sensação de corpo estranho e fotofobia 2. TÚNICA INTERMÉDIA VASCULAR PIGMENTADA: Também denominada úvea, é formada pela coroide, corpo ciliar e íris. o Coroide: uma camada marrom-avermelhada escura situada entre a esclera e a retina, forma a maior parte da túnica vascular do bulbo do olho e reveste a maior parte da esclera. Está situada abaixo da esclerótica e é intensamente pigmentada. Esses pigmentos absorvem a luz que chega à retina, evitando sua reflexão. Acha-se intensamente vascularizada e tem a função de nutrir a retina. o O corpo ciliar: é o local de fixação da lente. A contração e o relaxamento do músculo liso circular do corpo ciliar controlam a espessura e, portanto, o foco da lente. ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 5 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO o O humor aquoso: ocupa o segmento anterior do bulbo do olho, o interior do bulbo anterior à lente, ligamento suspensor e corpo ciliar. o A íris: que está sobre a face anterior da lente, é um diafragma contrátil fino com uma abertura central, a pupila, para dar passagem à luz. o Dois músculos involuntários controlam o tamanho da pupila: o músculo esfíncter da pupila circular, estimulado pelo sistema parassimpático, diminui seu diâmetro, e o músculo dilatador da pupila, estimulado pelo sistema simpático, aumenta seu diâmetro. 3. TÚNICA INTERNA, QUE É A RETINA: É formada pela retina, é a camada neural sensitiva do bulbo do olho. Macroscopicamente, a retina é formada por duas partes funcionais com localizações distintas: uma parte óptica e uma parte cega. o A parte óptica da retina: é sensível aos raios luminosos visuais e tem dois estratos: um estrato nervoso e um estrato pigmentoso. O estrato nervoso é sensível à luz. O estrato pigmentoso é formado por uma única camada de células, que reforça a propriedade de absorção da luz pela corioide para reduzir a dispersão da luz no bulbo do olho. o Parte ‘’cega’’: A retina do fundo inclui uma área circular bem definida chamada disco do nervo óptico (papila óptica), onde as fibras sensitivas e os vasos conduzidos pelo nervo óptico (NC II) entram no bulbo do olho. Como não contém fotorreceptores, o disco do nervo óptico é insensível à luz, por isto costuma ser chamada de ponto cego. Imediatamente lateral ao disco do nervo óptico está a MÁCULA LÚTEA, uma pequena área oval da retina com cones fotorreceptores especiais especializados para acuidade visual. No centro da mácula há uma depressão, a FÓVEA CENTRAL, a área de maior acuidade visual. MEIOS TRANSPARENTES Córnea: porção transparente da túnica externa (esclerótica) Humor aquoso: fluido aquoso que se situa entre a córnea e o cristalino, preenchendo a câmara anterior do olho. Cristalino: lente biconvexa coberta por uma membrana transparente. Situa-se atrás da pupila e e orienta a passagem da luz até a retina. Humor vítreo: fluido mais viscoso e gelatinoso que se situa entre o cristalino e a retina. ANEXOS Pálpebra: meio de proteção do olho. Espalha lagrima Cílios: defesa. Também evita que partículas atinjam globo ocular Sobrancelha: evita que suor atinjam globo ocular. Faz com que escorra pela parte lateral da face Musculatura: movimentação do olho Glândulas lacrimais: 2. Uma na órbita do lado direito (fossa lacrimal) MUSCULATURA EXTRÍNSE CA DO BULBO DO OLHO LEVANTADOR DA PÁLPEBRA SUPERIOR O músculo levantador da pálpebra superior expande-se e forma uma aponeurose bilaminar larga à medida que se aproxima de suas fixações distais. A lâmina superficial se fixa à pele da pálpebra superior e a lâmina profunda, ao tarso superior. A lâmina profunda da parte distal (palpebral) do músculo contém fibras musculares lisas, o músculo tarsal superior, responsável pelo alargamento adicional da rima das pálpebras, sobretudo durante uma resposta simpática (p. ex., medo). MÚSCULOS RETOS E OBLÍQUOS Os quatro músculos retos seguem em sentido anterior até o bulbo do olho e originam-se de uma bainha fibrosa, o anel tendíneo comum, que circunda o canal óptico e parte da fissura orbital superior. São nomeados de acordo com suas posições individuais em relação ao bulbo do olho e produzem as ações de elevação, abaixamento, adução e abdução. O musculo obliquo inferior (OI) é o único a se originar da parte anterior da orbita. O musculo obliquo superior (OS) origina-se da regiao do ápice, como os musculos retos, ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 6 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO entretanto, o tendão atravessa a tróclea logo no interior da margem orbital supero medial, redirecionando a linha de tração. O OI é o principal rotador lateral e o musculo OS é o principal rotador medial do bulbo do olho. NERVOS DA ÓRBITA Os grandes nervos ópticos conduzem nervos puramente sensitivos, que transmitem impulsos gerados por estímulos ópticos. Os nervos ópticos começam na lâmina cribriforme da esclera, onde as fibras nervosas amielínicas perfuram a esclera e tornam-se mielínicas, posteriormente ao disco óptico. Eles saem das órbitas através dos canais ópticos. Em todo o trajeto na órbita, os nervos ópticos são circundados por extensões das meninges cranianas e pelo espaço subaracnóideo, sendo este último ocupado por uma fina camada de LCS. As extensões intraorbitais da dura-máter e aracnoide cranianas constituem a bainha do nervo óptico, que se torna contínua anteriormente com a bainha do bulbo e a esclera. Uma lâmina de pia-máter cobre a superfície do nervo óptico dentro da bainha. Nervos: o Optico (II) o Oculomotor (III) – a divisão superior inerva o RS e levantador da pálpebra superior. A divisão inferior inerva o RM, RI e OI, além de conduzir fibras parassimpáticas pré ganglionares até o ganglio ciliar. o Troclear (IV) – segue diretamente até o músculo suprido por ele, o obliquo superior o Abducente (VI) – segue diretamente até o músculo suprido por ele, o reto lateral Os movimentos são estimulados pelos nervos oculomotor, troclear e abducente, a partir da posição primária nas órbitas direita e esquerda, produzindo a visão binocular. Os três ramos terminais do nervo oftálmico, NC V1, atravessam a fissura orbital superior e suprem estruturas relacionadas com a parte anterior da órbita, face e couro cabeludo. Os nervos etmoidais posterior e anterior, ramos do nervo nasociliar que se origina na órbita, saem através de aberturas na parede ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 7 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO medial da órbita para suprir a túnica mucosa dos seios esfenoidal e etmoidal e as cavidades nasais, bem como a duramáter da fossa anterior do crânio. VASCULATURA DA ÓRBITA ARTÉRIAS Provém principalmente da artéria oftálmica (um ramo da artéria carótida interna). Artéria infraorbital (ramo da artéria carótida externa) estruturas relacionadas com o assoalho da órbita. Artéria central da retina (um ramo da artéria oftálmica) que se originainferiormente ao nervo óptico, perfura a bainha do nervo óptico e segue dentro do nervo até o bulbo do olho, emergindo no disco óptico. Seus ramos distribuem-se sobre a face interna da retina. Artérias da órbita: VEIAS Veias oftálmicas superior e inferior atravessam a fissura orbital superior e entram no seio cavernoso. Veia central da retina entra diretamente no seio cavernoso, mas pode se unir a uma das veias oftálmicas. Vórtice, ou veias vorticosas da túnica vascular do bulbo do olho drena para a veia oftálmica inferior. Seio venoso da esclera uma estrutura vascular que circunda a câmara anterior do bulbo do olho e através da qual o humor aquoso retorna à circulação sanguínea. Veias da órbita: ANATOMIA DO OLHO Córnea: membrana que reveste a íris. Íris: tem musculatura, funciona como se fosse um diafragma. o Permite maior passagem quando ela abre (pupila dilata), e menor quando diminui. o Porção colorida do olho. o Divide o olho em câmera anterior (fica entre a córnea e a íris) e posterior (fica entre a íris e o cristalino. Pupila: orifício, que permite passagem de menos ou mais luz, controlada pela íris. Cristalino: lente que permite a passagem da imagem e sua projeção na retina. o Controlada pelo corpo ciliar e m. ciliar (alongamento e estreitamento) Camadas do olho de fora para dentro: o Esclera: revestida por conjuntiva o Corióide o Retina o Corpo vítreo (substancia que permite a passagem da imagem até a retina) o Nervo optico: faz captação da imagem e interpretação e leva estimulo para o lobo occipital do cerebro para fazer a interpretação ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 8 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO FUNDOSCOPIA Região central da retina ANATOMIA CLÍNICA FRATURAS DA ÓRBITA Geralmente ocorrem nas três suturas entre os ossos que formam a margem orbital Um golpe no olho pode causar fratura das paredes orbitais enquanto a margem permanece intacta fratura em “explosão”. Por conta da pequena espessuras das paredes medial e inferior da órbita. Um objeto cortante pode penetrar na parede superior e atingir o lobo frontal do encefalo Muitas vezes as fraturas da órbita resultam em hemorragia intraorbital, que exerce pressão sobre o bulbo do olho, causando exoftalmia (protrusão do bulbo do olho). Qualquer traumatismo do olho pode afetar estruturas adjacente TUMORES DA ÓRBITA Em face da proximidade entre o nervo óptico e o seio esfenoidal e as células etmoidais posteriores, um tumor maligno nesses seios pode causar erosão das finas paredes ósseas da órbita e comprimir o nervo óptico e o conteúdo da órbita. Os tumores na órbita provocam exoftalmia (protrusão do bulbo do olho). LESÃO DOS NERVOS QUE SUPREM AS PÁLPEBRAS Como o nervo oculomotor supre o músculo levantador da pálpebra superior, sua lesão causa paralisia desse músculo e queda da pálpebra superior (ptose). A lesão do nervo facial causa paralisia do músculo orbicular do olho, impedindo o fechamento completo das pálpebras. Também há perda do reflexo normal de piscar rápido que protege o olho. A perda de tônus do músculo na pálpebra inferior causa queda (eversão) da pálpebra em relação à superfície do bulbo do olho, levando ao ressecamento da córnea. Isso deixa o bulbo do olho desprotegido contra a poeira e pequenas partículas. Assim, a irritação do bulbo do olho desprotegido resulta em lacrimejamento excessivo, porém ineficiente (formação de lágrimas). Também há acúmulo de líquido lacrimal em excesso quando o aparelho de drenagem lacrimal é obstruído, impedindo, assim, que o líquido chegue à parte inferior do bulbo do olho. Em geral, as pessoas esfregam os olhos constantemente para secar as lágrimas, o que agrava a irritação. INFLAMAÇÃO DAS GLÂNDULAS PALPEBRAIS Qualquer uma das glândulas na pálpebra pode apresentar inflamação e edema causados por infecção ou obstrução de seus ductos. Em caso de obstrução dos ductos das glândulas ciliares, surge na pálpebra um edema supurativo (produtor de pus) vermelho e doloroso, um hordéolo. Também podem se formar cistos das glândulas sebáceas da pálpebra, ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 9 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO denominados calázios. A obstrução de uma glândula tarsal causa inflamação, um calázio do tarso, que se projeta em direção ao bulbo do olho, havendo atrito contra ele quando as pálpebras se fecham. HIPEREMIA DA CONJUNTIVA A conjuntiva é incolor, exceto quando há dilatação e congestão dos vasos. A hiperemia da conjuntiva é causada por irritação local (p. ex., por poeira, cloro ou fumaça). A inflamação da conjuntiva, conjuntivite, é uma infecção contagiosa comum do olho. Hemorragias subconjuntivas: o As hemorragias subconjuntivais são comuns e apresentam-se como manchas de cor vermelho-vivo ou vermelho-escura situadas profundamente à túnica conjuntiva do bulbo e no seu interior. As hemorragias podem ser causadas por lesão ou inflamação. Um golpe no olho, assoar o nariz com força excessiva e paroxismos de tosse ou espirros violentos podem causar hemorragias em razão da ruptura de pequenos capilares subconjuntivais. DESENVOLVIMENTO DA RETINA A retina e o nervo óptico desenvolvem-se a partir do cálice óptico, uma depressão caliciforme oriunda do prosencéfalo embrionário, a vesícula óptica (Figura B8.24A). Quando evagina do prosencéfalo (Figura B8.24B), a vesícula óptica leva consigo as meninges em desenvolvimento. Portanto, o nervo óptico é revestido por meninges cranianas e uma extensão do espaço subaracnóideo (Figura B8.24C). Artéria e veia centrais da retina cruzam o espaço subaracnóideo e seguem na parte distal do nervo óptico. O estrato pigmentoso da retina desenvolve-se a partir da camada externa do cálice óptico, e o estrato nervoso desenvolve-se a partir da camada interna do cálice (Moore et al., 2016). DESCOLAMENTO DA RETINA As camadas da retina em desenvolvimento são separadas no embrião por um espaço intrarretiniano (Figura B8.24B). Durante o período fetal inicial, as camadas se fundem, fechando esse espaço. Embora o estrato pigmentoso se torne firmemente fixado à corioide, sua inserção no estrato nervoso não é firme. Logo, pode haver descolamento da retina após um golpe no olho (Figura B8.25). O descolamento da retina geralmente resulta da entrada de líquido entre os estratos nervoso e pigmentoso da retina, talvez dias ou até mesmo semanas após o traumatismo do olho. As pessoas com descolamento da retina podem se queixar de flashes luminosos ou pontos flutuando na frente do olho. REFLEXO PUPILAR À LUZ O reflexo pupilar à luz é testado usando-se uma pequena lanterna durante o exame neurológico. O reflexo, do qual participam o NC II (ramo aferente) e o NC III (ramo eferente), é a rápida constrição da pupila em resposta à luz. Quando a luz penetra em um olho, as duas pupilas se contraem porque cada retina envia fibras para os tratos ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 10 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO ópticos dos dois lados. O músculo esfíncter da pupila é inervado por fibras parassimpáticas. Consequentemente, a interrupção dessas fibras causa dilatação da pupila devido à ação sem oposição do músculo dilatador da pupila inervado pelo sistema simpático. O primeiro sinal de compressão do nervo oculomotor é a lentidão ipsilateral da resposta pupilar à luz. UVEÍTE A uveíte, inflamação da túnica vascular do bulbo do olho (também conhecida como úvea), pode evoluir para comprometimento visual grave e cegueira se a inflamação não for tratada por um oftalmologista. OFTALMOSCOPIA Os médicos usam um oftalmoscópio (fundoscópio) para ver o fundo (parte posterior) do olho (Figura 8.52).As artérias e veias da retina irradiam-se sobre o fundo a partir do disco óptico. O disco oval e pálido aparece na face medial com os vasos retinianos irradiando-se de seu centro. Em geral, a pulsação das artérias da retina é visível. Na região central, no polo posterior do bulbo do olho, a mácula parece mais escura do que o tom avermelhado das áreas adjacentes da retina, porque o pigmento melanina negro na corioide e no estrato pigmentoso não é permeado por sangue capilar. PAPILEDEMA O aumento da pressão do LCS alentece o retorno venoso da retina, o que causa edema (acúmulo de líquido) da retina. Durante a oftalmoscopia é observada a tumefação do disco óptico, denominada papiledema. Normalmente, o disco óptico é plano e não forma uma papila. O papiledema resulta do aumento da pressão intracraniana e da pressão do LCS na extensão do espaço subaracnóideo ao redor do nervo óptico (Figura 8.50A). PRESBIOPIA E CATARATA À medida que as pessoas envelhecem, as lentes enrijecem e tornam-se mais achatadas. Essas alterações reduzem gradualmente a capacidade de focalização das lentes, um distúrbio conhecido como presbiopia. Algumas pessoas também apresentam perda de transparência da lente por áreas de opacidade (catarata). A extração da catarata associada a um implante de lente intraocular tornou-se uma cirurgia comum. A extração de catarata extracapsular consiste na retirada da lente, preservando sua cápsula para receber uma lente intraocular sintética (Figura B8.26A e B). A extração da lente intracapsular consiste na retirada da lente e da cápsula, com implantação de uma lente intraocular sintética na câmara anterior (Figura B8.26C). COLOBOMA DA ÍRIS A ausência de uma parte da íris (Figura B8.27) pode ser consequência de um defeito congênito, no qual a fissura da corioide não se fecha adequadamente (Figura B8.24B), de lesões perfurantes ou não perfurantes do bulbo do olho, ou de uma iridectomia cirúrgica. Quando a íris é lesada desse modo, a fissura da íris não cicatriza. GLAUCOMA A velocidade da saída de humor aquoso através do seio venoso da esclera para a circulação sanguínea deve ser ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 11 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO igual à velocidade de produção do humor aquoso. Caso haja diminuição acentuada da drenagem em razão de obstrução da via de saída (Figura B8.28), a pressão aumenta nas câmaras anterior e posterior do olho, um distúrbio chamado de glaucoma. A compressão da túnica interna do bulbo do olho (retina) e das artérias da retina pode causar cegueira se a produção de humor aquoso não for reduzida para manter a pressão intraocular normal. HEMORRAGIA DA CÂMARA ANTERIOR A hemorragia na câmara anterior do bulbo do olho (hifema) geralmente é causada por traumatismo não penetrante do bulbo do olho (p. ex., no jogo de squash ou raquetebol ou por um taco de hóquei) (Figura B8.29). Inicialmente, a câmara anterior é tingida de vermelho, mas logo há acúmulo de sangue nessa câmara. Em geral, a hemorragia inicial cessa em alguns dias e a recuperação é boa. PRÓTESE OCULAR A bainha do bulbo forma uma cavidade para uma prótese ocular quando o bulbo do olho é removido (enucleação). Depois dessa operação, os músculos do bulbo do olho não conseguem se retrair muito porque as fáscias permanecem inseridas na bainha do bulbo. Assim, é possível realizar algum movimento coordenado com uma prótese bem adaptada. Como o ligamento suspensor sustenta o bulbo do olho (Figura 8.62), é preservado na remoção cirúrgica do assoalho ósseo da órbita (p. ex., durante a retirada de um tumor). Figura B8.29 Hifema (seta). REFLEXO COREANO No exame neurológico, o examinador toca a córnea com um fiapo de algodão (Figura B8.14). A resposta normal (positiva) é piscar. A ausência dessa resposta sugere uma lesão do NC V1; uma lesão do NC VII (o nervo motor para o músculo orbicular do olho) também pode comprometer esse reflexo. O examinador tem de tocar a córnea (não apenas a esclera) para provocar o reflexo. A lente de contato reduz ou abole a capacidade de provocar esse reflexo. ESCOREAÇÕES E LESÕES DA CÓRNEA Objetos estranhos como areia ou limalha (partículas) de metal produzem escoriações da córnea, que causam ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRAS ROBERTA FERRREIRA 12 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO dor súbita e intensa no bulbo do olho e lacrimejamento. A abertura e o fechamento das pálpebras também são dolorosos. As lacerações da córnea são causadas por objetos cortantes como galho de árvore, unhas ou o ângulo da página de um livro. ÚLCERAS E TRANSPLANTES DA CÓRNEA O comprometimento da inervação sensitiva da córnea pelo NC V1 deixa a córnea vulnerável à lesão por partículas estranhas. Pessoas com lesões na córnea (córneas fibróticas ou opacas) podem receber transplantes de córneas de doadores e implantes de córneas de material plástico não reativo. SÍNDROME DE HORNER A síndrome de Horner é causada pela interrupção de um tronco simpático cervical e se manifesta pela ausência de funções estimuladas pelo sistema simpático no mesmo lado da cabeça. A síndrome inclui os seguintes sinais: constrição da pupila (miose), queda da pálpebra superior (ptose), vermelhidão e aumento da temperatura da pele (vasodilatação) e ausência de sudorese (anidrose). A constrição da pupila ocorre porque não há oposição ao músculo esfíncter da pupila estimulado pelo sistema parassimpático. A ptose é uma consequência da paralisia das fibras musculares lisas interdigitadas com a aponeurose do músculo levantador da pálpebra superior, que coletivamente formam o músculo tarsal superior, suprido por fibras simpáticas. PARALISIA DOS MÚSCULOS EXTRÍNSECOS DO BULBO DO OLHO | PARALISIAS DOS NERVOS ORBITAIS Um ou mais músculos extrínsecos do bulbo do olho podem ser paralisados por doença no tronco encefálico ou por traumatismo craniano, resultando em diplopia (visão dupla). A paralisia de um músculo é observada pela limitação de movimento do bulbo do olho no campo de ação do músculo e pela produção de imagem dupla quando se tenta usar o músculo. Paralisia do nervo oculomotor: o A paralisia completa do nervo oculomotor afeta a maioria dos músculos extrínsecos do bulbo do olho, o músculo levantador da pálpebra superior e o músculo esfíncter da pupila. A pálpebra superior cai e não pode ser levantada voluntariamente em face da atividade sem oposição do músculo orbicular do olho (suprido pelo nervo facial) (Figura B8.30A). Também há dilatação completa e ausência de reação da pupila por causa da ação, sem oposição, do músculo dilatador da pupila. Há abdução completa e abaixamento da pupila (“para fora e para baixo”) devido à atividade, sem oposição, dos músculos reto lateral e oblíquo superior, respectivamente. Paralisia do nervo abducente: o Quando o nervo abducente (NC VI), que supre apenas o músculo reto lateral, é paralisado, não é possível a abdução voluntária da pupila do lado acometido (paresia ou paralisia do nervo). A pupila está totalmente aduzida em decorrência da tração irrestrita do músculo reto medial (Figura B8.30B). OBSTRUÇÃO DA ARTÉRIA CENTRAL DA RETINA Como os ramos terminais da artéria central da retina são artérias terminais, a obstrução deles por um êmbolo resulta em cegueira imediata e total. Em geral, a obstrução da artéria é unilateral e ocorre em pessoas idosas. OBSTRUÇÃO DA VEIA CENTRAL DA RETINA Como a veia central da retina entra no seio cavernoso, a tromboflebite desse seio pode resultar na passagem de um trombo para a veia central da retina e obstrução das pequenas veias da retina. A oclusão de um ramo da veia central da retina geralmente acarreta perda lenta e indolor da visão. ANATOMIA DO OLHO E DAS PÁLPEBRASROBERTA FERRREIRA 13 BTC 4 – anatomia da VISÃO/OLHO REFERÊNCIAS Neurociência Básica – anatomia e Fisiologia – Arthur C. Guytn - – Ed. Guanabara Koogan – 2ª. Ed Neuroanatomia funcional – ngelo Machando – Ed. Atheneu – 2ª. Ed. 2004 Neuroanatomia Clínica para estudantes de medicina – SNELL, RICHARD . Ed. Guanabara Koogan – 5ª. Ed. 2006 Atlas de Anatomia Humana – Netter, Frank – Ed. Elsevier – 4ª. Ed. Atlas de Anatomia – PROMETEUS – Michael Schunke – Ed. Guanabara Koogan – 4ª. Ed. Atlas de Fisiologia Humana de Netter – John T. Hansen – Ed. Artmed . 1ª. Ed. 2006
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