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Sangramentos uterinos anormais • O sangramento uterino anormal (SUA) é uma queixa ginecológica comum; • Afeta até 40% das mulheres; • SUA: todo e qualquer tipo de alteração usual do ciclo menstrual; perda menstrual excessiva com repercussões na qualidade de vida da mulher; • Causa mais frequente de procura aos serviços de Ginecologia; CONCEITOS • Duração do ciclo: média de 28 dias – de 24 a 38 dias; • Duração do fluxo: 4,5 a 8 dias; o Prolongado: > 8 dias; o Curto: <4 dias; • Volume de sangramento a cada menstruação: 5 a 80mL; • Hipomenorreia: duração curta; <4,5 dias; • Hipermenorreia: duração prolongada; > 8 dias; • Polimenorreia: menstruações frequentes; ciclos muito curtos e intervalo muito pequeno entre uma menstruação e outra (<24 dias); • Oligomenorreia: menstruações infrequentes; ciclos e intervalos muito longos (>38 dias); • Menorragia: fluxo intenso; aumento do volume menstrual (acima de 80 mL); ETIPATOGENIA Principais causas: • Gravidez; patologia uterina estrutural (miomas, pólipos endometriais, adenomiose); disfunção ovulatória; neoplasia; tireodeopatias; utilização contracepção hormonal ou um dispositivo intrauterino (DIU); doença renal e hepática; • Hiperplasia endometrial: estimulação estrogênica crônica do endométrio sem a oposição da progesterona; comum em ciclos anovulatóios crônicos; o Hiperplasia simples: glândulas dilatadas sem ramificações ou ramificações ocasionais; o Hiperplasia complexa: glândulas endometriais mais próximas entre si, com menos estroma interposto, com ramificações; suas células podem ou não exibir mitoses; o Lesões sem atipia: formas excessivas de endométrio proliferativo; regridem espontaneamente, após curetagem ou uso de progestogênios; ▪ Tratamento: progestogênios – acetato de medroxiprogesterona 5 ou 10 mg/dia, por 14 dias por mês, por 3 a 6 meses; ou noretindrona 5 mg no mesmo esquema; DIU de levonorgestrel; o Lesões atípicas: não regridem espontaneamente e podem ser resistentes a curetagens repetidas ou aos progestogênios; risco elevado de progressão para adenocarcinoma; ▪ Tratamento: histerectomia; para mulheres que desejam manter a fertilidade: progestogênio em altas doses – acetato de megestrol 80 mg, 2x/dia, por 6 a 9 meses; DIU de levonorgestrel; • Pólipos endometriais: maioria benignos; polipectomia histeroscópica para: o Sintomáticas; o Assintomáticas com fatores de risco para malignidade: ▪ Pós-menopausa; ▪ > 60 anos; ▪ Pólipo > 1,5 cm; ▪ Uso de tamoxifeno; • Doença tireoidiana: o Hipertireoidismo: hipomenorreia/amenorreia; o Hipotireoidismo: anovulação, amenorreia e defeito de hemostasia; • Coagulopatias: distúrbios hemorrágicos (doença de von Willebrand), são comuns em pacientes em idade reprodutiva ➝ suspeitar de distúrbio se a menstruação intensa ou prolongada tiver começado na menarca ou estiver associada a uma história familiar de coagulopatia ou outros sinais de diátese hemorrágica (hematomas fáceis ou sangramento prolongado das superfícies mucosas); Infância: • SUA anterior à menarca é anormal; • Nessa faixa etária, a fonte de sangramento é a vagina e não o útero; • Causas: vulvovaginites, condições dermatológicas; crescimento neoplásico; trauma por acidente; abuso sexual; corpo estranho; Adolescência: • SUA resulta de anovulação (principal causa) ou de defeiros na coagulação sangúinea; • Gestação, ISTs e abuso sexual; Idade reprodutiva: • Gravidez e alterações anatômicas do útero (leiomiomatose, adenomiose e pólipos endometriais); Perimenopausa: • Ciclos anovulatórios; Pós-menopausa: • Atrofia do endométrio e vagina (por ausência de estrogênio); Pólipos endometriais; Carcinoma endometrial; Tumor ovariano produtor de estrogênio; Neoplasias ulcerativas vulvas, vaginal e cervical; SANGRAMENTO DE ESCAPE • Qualquer sangramento genital fora do período menstrual; • Menor volume do que o sangramento menstrual; • pode apresentar uma cor diferenciada da menstruação com sangue vivo; • Causa mais comum: mulheres em uso de anticoncepcionais hormonais orais como sangramento esporádico; SINAIS E SINTOMAS • Padrões de sangramentos anormais típicos: menstruações regulares que são abundantes ou prolongadas, sangramento intermenstrual, sangramento irregular (associado à disfunção ovulatória) e amenorreia; • Sangramento crônico pode causar anemia ferropriva; • Sangramento intenso e agudo pode gerar quadro hemorrágico grave; DIAGNÓSTICO • Abordagem inicial de pacientes não grávidas em idade reprodutiva: o Confirmar se a origem do sangramento é o útero; o Excluir a gravidez; o Confirmar se a paciente está na pré- menopausa; • Anamnese: ficar atento ➝ sangramento intermenstrual e pós-coito, dor pélvica associada e idade superior a 45 anos constituem indicadores de risco para câncer endometrial ou doenças estruturais nas mulheres em idade reprodutiva; • Exame físico: completo; por meio de palpação abdominal, exame especular e toque bimanual; • Hemograma completo: solicitado para todas as mulheres com SUA para avaliar anemia ferropriva; • Teste de gravidez: solicitado para pacientes em idade fértil; • Testes de coagulação: solicitados nos casos de antecedentes de sangramento menstrual aumentado desde a menarca ou antecedentes pessoais e/ou familiares de sangramento anormal; • Dosagem de hormônios tireoidianos: para casos de suspeita clínica de tireoidopatia; • Ultrassonografia transvaginal (USTV): primeira linha para identificação de anomalias estruturais; • Histeroscopia com biópsia dirigida: indicada nos casos de USTV inconclusivos; • Biópsia endometrial: sangramento intermenstrual persistente, falha do tratamento clínico e em mulheres com idade superior a 45 anos; TRATAMENTO • Terapêutica medicamentosa ou cirúrgica ➝ depende da intensidade do sangramento e da característica aguda ou crônica da anormalidade; SUA aguda: • Depende da faixa etária, do estado geral da paciente e do volume de sangramento; • Terapia hormonal: primeira linha de tratamento para SUA aguda; • Contraceptivos orais combinados (ACOs) e progestagênios orais; • Em caso de hipovolemia: o Paciente jovem: altas doses de estrogênio; o Paciente com fatores de risco para câncer de endométrio: curetagem; • Ácido tranexamico 500 mg a cada oito horas, nos dias de maior sangramento, não excedendo cinco dias; SUA crônico: • Determinar se há ou não desejo de gravidez ➝ se houver: realizar abordagem da anovulação e/ou infertilidade porventura existentes; o Terapêutica: medicações não hormonais - AINES e ácido tranexâmico (TXA); o Diagnóstico e tratamento de condições subjacentes (hipotireoidismo e anemia) devem ser implementados; • Casos de o sangramento irregular ou prolongado: tratamento hormonal; o Progestágenos - DIU de levonorgestrel;
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