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Disciplina: Risco e Estrutura de Capital Módulo 4 Profº Marcelo Cambria A Fronteira Eficiente Objetivo de Aprendizagem: ao término desta unidade, é esperado que os discentes compreendam a construção de carteira de investimentos, os efeitos e as análises decorrentes desta construção e como esta técnica colabora com a análise da relação risco-retorno. 1. Introdução às Carteiras de Investimentos e ao Título Livre de Risco (Risk Free) É possível generalizar o problema de construção de carteira com vários títulos de risco e um ativo isento ou livre de risco. Há teorias que sugerem a construção de carteiras ou fundos de investimentos bem como a aplicação prática desta construção, com a verificação mercadológica se a carteira de investimentos performa a contento quanto a geração de retorno, como este retorno é formado e se as melhores decisões de investimentos foram adotadas. Neste contexto, é possível organizar carteiras em que haja: - Somente ativos com risco, por exemplo, ações; - Ativos com risco e sem risco (risk free); e - Somente ativos sem risco. Um ativo dito livre de risco é conhecido como um ativo que tem baixa variação de preço e, por conseguinte, variância baixa e, portanto, maior previsibilidade de preço. Este tipo de título é nomeado risk free devido à alta capacidade de pagamento (crédito), como o são os títulos públicos de países sadios financeiramente ou mesmo os títulos de empresas privadas cujo grau de risco atestado pelas agências de classificação é alto ou altíssimo e com taxas com baixa volatilidade, como títulos indexados à taxa DI, no caso do Brasil. A terminologia “livre de risco” é oriunda dos títulos públicos americanos. Historicamente, estes títulos nunca inadimpliram as suas obrigações de pagamentos em séculos, o que gerou esta alcunha. No Brasil, este conceito foi adotado e difundido devido a influência das bibliografias anglo-saxônicas sobre administração financeira. É necessário frisar que, na prática, não há títulos que sejam 100% livres de risco pois a capacidade de pagamento de qualquer emissor de título não é garantida. Entretanto, há alguns emissores que são mais confiáveis quanto à capacidade de pagamento do que outros emissores. 2. Modelo de Otimização de Carteira Quando os ativos são reunidos em uma carteira de investimentos, um ativo influencia e sofre influência do risco e retorno de outro ativo. Esta influência tem três partes: - Primeiro, deve-se identificar as combinações de risco-retorno disponíveis com os ativos de risco; - Em seguida, deve ser identificada a carteira de ativos de risco ótima, encontrando os pesos da carteira que geram a linha de alocação de capital mais inclinada; e - Por último, deve ser escolhida a carteira completa apropriada, maximizando o ativo isento de risco com a carteira de risco ótima. A escolha de títulos tem como primeiro passo a determinação das oportunidades de risco-retorno disponíveis ao investidor. Estas oportunidades são resumidas pela fronteira de variância mínima dos ativos de risco. Essa fronteira é o gráfico da variância de carteira mais baixa possível que pode ser alcançada para um determinado retorno esperado da carteira. Com base nos dados fornecidos de retorno esperado, variância e covariância, sendo possível calcular a carteira de variância mínima para qualquer retorno esperado pretendido. A seguir é apresentada uma representação da Fronteira Eficiente (linha em vermelho). O gráfico tem como abscissa (eixo X) o desvio-padrão e como ordenada (eixo Y) o retorno esperado: Fonte: “Investimentos”, Bodie, Kane & Marcus. Fronteira Eficiente. Observe que todos os ativos individuais ficam à direita da fronteira. Isso indica que as carteiras de risco que contêm apenas um ativo são ineficientes pois a diversificação de investimentos possibilita carteiras com retornos esperados mais altos e desvios-padrão mais baixos. Todas as carteiras que ficam na fronteira de variância mínima em relação à carteira de variância mínima global e acima oferecem as melhores combinações de risco-retorno e, portanto, são candidatas à carteira ótima. Vale ressaltar que a carteira ótima é uma carteira teórica que visa o maior retorno possível com um conjunto de ativos e com o menor risco possível. Considerando que os preços são dinâmicos, pressupor que um investidor altamente qualificado conseguirá montar e manter uma carteira ótima por toda a sua vida de investidor é demasiadamente presunçoso. A parte da fronteira que fica acima da carteira de variância mínima global é chamada de fronteira eficiente de ativos de risco. Considerando a ilustração, para qualquer carteira na parte inferior da fronteira de variância mínima, existe uma carteira com o mesmo desvio-padrão e um retorno esperado mais alto posicionada imediatamente acima dela. Portanto, a parte inferior da fronteira de variância mínima é ineficiente. Agora, será considerada mais detalhadamente cada parte do problema de construção de carteira. Na parte da análise de risco-retorno, o gestor da carteira, que é quem decide os investimentos, precisa de uma série de estimativas do retorno esperado de cada título e de um conjunto de estimativas da matriz de covariância. A covariância é a medida estatística que denota qual é o risco combinado entre ativos e que, portanto, interferem no perfil de risco e retorno de uma carteira. Assim que estas estimativas são compiladas, o retorno esperado e a variância de qualquer carteira de risco com pesos em cada título podem ser calculados com base na matriz de covariância fronteiriça. Isto será apresentado no próximo book, que abordará o tema da diversificação por meio das ideias de Henry Markowitz e do modelo que leva seu nome: Modelo de Markowitz.
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