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Indaial – 2021 Fisioterapia na saúde da Criança Profª. Juliana Rosa Nascimento 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Profª. Juliana Rosa Nascimento Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: N244f Nascimento, Juliana Rosa Fisioterapia na saúde da criança. / Juliana Rosa Nascimento. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 204 p.; il. ISBN 978-65-5663-390-9 ISBN Digital 978-65-5663-391-6 1. Desenvolvimento infantil. - Brasil. 2. Fisioterapia. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 615 apresentação Seja bem-vindo à disciplina de Fisioterapia na Saúde da Criança. Nesta disciplina, dividiremos o nosso estudo em três unidades. Na Unidade 1, serão abordadas as fases do desenvolvimento infantil, com seus marcos motores, reflexos primitivos e patológicos, bem como os fatores que podem alterar o processo do desenvolvimento normal. Além disso, aprenderemos também, como realizar uma adequada avaliação fisioterapêutica de infantes e neonatos. Na Unidade 2, discutiremos as principais patologias que acometem as crianças, sendo estas de origem neurológica, respiratória, ortopédica, reumatológica, entre outras. Estudaremos também as condutas do fisioterapeuta frente a essas patologias, pois é fundamental a escolha correta da conduta a ser utilizada pelo profissional de saúde no tratamento de pacientes pediátricos. Por fim, a Unidade 3 refere-se às terapias complementares e assistência humanizada na saúde da criança. Nesta etapa, aprenderemos algumas terapias complementares muito utilizadas atualmente na reabilitação de pacientes pediátricos, tais como a equoterapia, hidroterapia, musicoterapia, técnicas de integração sensorial etc. Além disso, discutiremos também o papel do fisioterapeuta no processo do aleitamento materno, a saúde da criança nos três níveis de atenção à saúde e a relação da fisioterapia com a equipe multiprofissional na atenção à saúde da criança. Portanto, o foco da nossa disciplina será capacitar o aluno para a compreensão da atuação do fisioterapeuta no tratamento de infantes e neonatos com patologias pediátricas, nos diversos níveis de atenção à saúde. Desejamos a você um ótimo estudo. Aliás, lembre-se sempre: “O sucesso é o acúmulo de pequenos esforços, repetidos dia a dia”. Robert Collier Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA ................................................................... 1 TÓPICO 1 — CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ............................................................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 DESENVOLVIMENTO MOTOR ..................................................................................................... 5 2.1 FASES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR ............................................................................. 6 2.2 FATORES PRÉ-NATAIS QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO ..................................... 11 2.3 FATORES PÓS-NATAIS QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO .................................... 13 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16 TÓPICO 2 — DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO .......................................................................................................... 17 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 17 2 DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL............................................................................................. 18 2.1 PREMATURIDADE VERSUS DESENVOLVIMENTO ........................................................... 18 3 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA ...................... 19 3.1 REFLEXOS PRIMITIVOS E POSTURAIS ................................................................................. 19 3.2 CARACTERÍSTICAS DO LACTENTE ..................................................................................... 31 3.2.1 O neonato de 0 a 10 dias .................................................................................................... 31 3.2.2 Primeiro mês ........................................................................................................................ 32 3.2.3 Segundo mês ........................................................................................................................ 32 3.2.4 Terceiro mês ......................................................................................................................... 33 3.2.5 Quarto mês .......................................................................................................................... 34 3.2.6 Quinto mês ........................................................................................................................... 34 3.2.7 Sexto mês .............................................................................................................................. 36 3.2.9 Sétimo mês ............................................................................................................................ 37 3.2.10 Oitavomês .......................................................................................................................... 38 3.2.11 Nono mês ............................................................................................................................ 39 3.2.12 Décimo mês ........................................................................................................................ 40 3.2.13 Décimo primeiro e décimo segundo mês ....................................................................... 40 4 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA PRIMEIRA E SEGUNDA INFÂNCIA.......... 42 4.1. PRIMEIRA INFÂNCIA (1 A 6 ANOS) ..................................................................................... 42 4.2 SEGUNDA INFÂNCIA (seis A 12 ANOS) ................................................................................ 43 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 44 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 45 TÓPICO 3 — SEMIOLOGIA E PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM PEDIATRIA E NEONATOLOGIA .................................................................... 47 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 47 2 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ............................................................. 48 2.1 AVALIAÇÃO DA MOTRICIDADE ........................................................................................... 48 2.2 AVALIAÇÃO DO TÔNUS MUSCULAR ................................................................................... 48 2.3 AVALIAÇÃO DAS REAÇÕES E REFLEXOS PRIMITIVOS .................................................. 49 2.4 AVALIAÇÃO DOS MARCOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR ................................... 50 2.5 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR ........................ 52 2.6 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E DE LINGUAGEM .................................................. 54 2.7 AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA ................................................................................................... 54 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 57 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 62 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 63 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 65 UNIDADE 2 — INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NAS PRINCIPAIS AFECÇÕES PEDIÁTRICAS E NEONATAIS ..................................................... 69 TÓPICO 1 — FISIOTERAPIA APLICADA ÀS AFECÇÕES NEUROLÓGICAS ..................... 71 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 71 2 PATOLOGIAS NEUROLÓGICAS NA INFÂNCIA ................................................................... 71 2.1 PARALISIA CEREBRAL .............................................................................................................. 72 2.2 PARALISIA CEREBRAL ESPÁSTICA OU PIRAMIDAL ....................................................... 73 2.3 PARALISIA CEREBRAL DISCINÉTICA OU ATETOIDE ...................................................... 74 2.4 PARALISIA CEREBRAL ATÁXICA OU CEREBELOSA ........................................................ 75 3 DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE ................................................................................ 78 4 SÍNDROME DE DOWN................................................................................................................... 81 5 ESPINHA BÍFIDA ............................................................................................................................. 84 5.1 MIELOMENINGOCELE ............................................................................................................. 85 5.2 HIDROCEFALIA ........................................................................................................................... 89 5.3 MICROCEFALIA ......................................................................................................................... 92 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 94 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 95 TÓPICO 2 — FISIOTERAPIA APLICADA ÀS AFECÇÕES ORTOPÉDICAS ......................... 99 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99 2 PRINCIPAIS PATOLOGIAS ORTOPÉDICAS PEDIÁTRICAS .............................................. 99 2.1 LUXAÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL OU DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL ..................................................................................... 99 2.2 TORCICOLO CONGÊNITO ..................................................................................................... 103 2.3 PÉ TORTO CONGÊNITO .......................................................................................................... 104 2.4 PARALISIA OBSTÉTRICA ........................................................................................................ 107 2.5ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL ........................................................................................... 108 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 111 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 112 TÓPICO 3 — FISIOTERAPIA APLICADA ÀS AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS E CARDIOVASCULARES........................................................................................ 115 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 115 2 PRINCIPAIS PATOLOGIAS RESPIRATÓRIAS E CARDIOVASCULARES ...................... 115 2.1 BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA (BVA) ............................................................................... 115 2.2 DISPLASIA BRONCOPULMONAR ....................................................................................... 117 2.3 CARDIOPATIAS CONGÊNITAS (CC) .................................................................................... 118 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 120 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 125 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 126 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 128 UNIDADE 3 — TERAPIAS COMPLEMENTARES E ASSISTÊNCIA HUMANIZADA NA SAÚDE DA CRIANÇA ................................................. 135 TÓPICO 1 — RELAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA EQUIPE DE ATENDIMENTO À CRIANÇA NOS DIVERSOS NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE ................ 137 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................137 2 FISIOTERAPIA NOS DIVERSOS NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE................................. 137 2.1 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO NÍVEL PRIMÁRIO .............................................. 138 2.2 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA EM NÍVEL SECUNDÁRIO E TERCIÁRIO ............ 139 2.2.1 Método mãe-canguru ........................................................................................................ 140 2.2.2 Fisioterapia pediátrica hospitalar .................................................................................... 142 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 144 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 145 TÓPICO 2 — TERAPIAS COMPLEMENTARES EM PEDIATRIA .......................................... 147 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147 2 TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS ..................................................................................... 148 2.1 EQUOTERAPIA ......................................................................................................................... 150 3 MUSICOTERAPIA ......................................................................................................................... 153 4 PEDIASUIT ....................................................................................................................................... 156 5 CONCEITO NEUROEVOLUTIVO BOBATH ........................................................................... 160 6 MÉTODO PADOVAN .................................................................................................................... 167 7 INTEGRAÇÃO SENSORIAL ...................................................................................................... 171 7.1 DISFUNÇÃO DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL ................................................................... 171 7.1.1 Intervenção ......................................................................................................................... 172 7.1.2 Materiais ............................................................................................................................. 173 8 HIDROTERAPIA ............................................................................................................................ 174 8.1 PROPRIEDADES FÍSICAS DA ÁGUA .................................................................................... 174 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 179 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 180 TÓPICO 3 — ALEITAMENTO MATERNO .................................................................................. 183 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 183 2 BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO ....................................................................... 184 3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO ........................................................................ 185 4 POSTURA NA AMAMENTAÇÃO .............................................................................................. 186 5 TÉCNICA DA ORDENHA MANUAL ....................................................................................... 188 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 191 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 196 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 197 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 199 1 UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender as fases do desenvolvimento embrionário fetal e desenvolvimento intrauterino de órgãos e sistemas corporais; • identificar os reflexos primitivos, adquiridos e patológicos no primeiro ano de vida; • identificar os principais marcos do desenvolvimento motor durante o primeiro ano de vida e na primeira e segunda infância; • conhecer os principais fatores pré-natais e pós-natais que alteram o processo normal do desenvolvimento infantil; • entender as fases do desenvolvimento motor que ocorrem durante a lactância, primeira e segunda infância; • realizar uma adequada avaliação pediátrica e neonatológica através da realização de um exame físico; • realizar uma adequada avaliação pediátrica e neonatológica através da utilização dos principais instrumentos e escalas de avaliação pediátricas e neonatológicas. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA TÓPICO 2 – DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO TÓPICO 3 – SEMIOLOGIA E PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM PEDIATRIA E NEONATOLOGIA 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 1 INTRODUÇÃO Olá, acadêmico! Estamos iniciando uma nova disciplina e com ela novos conhecimentos e aprendizados. Neste primeiro tópico, trataremos de como ocorre o processo de crescimento e desenvolvimento dos seres humanos, porque, geralmente, associamos os termos “crescimento” e “desenvolvimento”. Realmente, os dois acontecem ao mesmo tempo, entretanto, embora indissociáveis, são processos distintos. O crescimento físico refere-se ao aumento do tamanho do corpo (por exemplo, peso e altura) ou de partes específicas do corpo (exemplo: crescimento de órgãos internos). Conforme as crianças crescem, o corpo delas aumenta de tamanho e volume. Essas alterações são decorrentes de três processos, sendo eles: 1) Hiperplasia: corresponde ao aumento do número de células, resultante da divisão celular denominada mitose. 2) Hipertrofia: corresponde ao aumento do tamanho das células, em decorrência do aumento de proteínas e células no seu interior. 3) Agregação: corresponde ao aumento ou acréscimo de substâncias dentro das células, como colágeno e elastina, que agrupam as células em redes complexas (exemplo: fibras musculares). Dessa forma, o estudo do crescimento envolve a observação e avaliação de aspectos como o tamanho atingido em estatura, tamanho da muscular e corporal, porcentagem de gordura, entre outros (BACIL; SILVA; MAZZARDO, 2020). O crescimento não ocorre na mesma velocidade nos diferentes tecidos cor- porais. Alguns sistemas, como o respiratório, muscular, esquelético e digestório apresentam um rápido crescimento no início da infância (0 a 6 anos), com estag- nação do crescimento após a adolescência. No entanto, as características sexuais primárias (mulheres: ovários, tubas uterinas, útero e vagina; homens: testículos, vesícula seminal, próstata e pênis) e secundárias, como seios e pelos pubianos, apresentam um crescimento pequeno até a pré-adolescência, com crescimento rápido a partir dos 12-14 anos de idade (BACIL; SILVA; MAZZARDO, 2020). UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTILE SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA 4 O estudo do desenvolvimento trata do que acontece no organismo huma- no durante sua jornada, e também o modo como isso acontece. O desenvolvimen- to é um processo contínuo, que abrange todas as dimensões inter-relacionadas de nossa existência. Os elementos da maturação e da experiência desempenham papéis-chave no processo de desenvolvimento (GALLAHUE; OSMUN; GOO- DWAY, 2013). O desenvolvimento é um processo contínuo que inicia com a concepção e termina apenas com a morte. ATENCAO A maturação é caracterizada por uma ordem de progressão fixa, em que o ritmo pode variar, mas a sequência de surgimento das características, em geral, não varia. Por exemplo, a progressão e a idade aproximada em que um bebê começa a sentar, a ficar de pé e a caminhar são muito influenciadas pela maturação. A sequência de surgimento dessas capacidades de movimento geralmente é fixa e resistente a mudanças, sendo que apenas o ritmo do surgimento se altera em função de influências ambientais, como o aprendizado e a experiência. A maturação refere-se a mudanças que permitem a progressão até níveis mais elevados de funcionamento, é primordialmente inata; ou seja, é determinada geneticamente e resistente a influências externas ou ambientais (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). Já a experiência, refere-se a fatores externos do ambiente que podem alterar o aparecimento de várias características do desenvolvimento ao longo do processo de aprendizado. Refere-se, então, ao que foi vivenciado pela criança e que pode afetar o aparecimento de certos padrões de comportamento. Dessa forma, as diferentes oportunidades e os estímulos internos e externos que a criança vivencia contribuirão para sua melhor capacidade de aprendizagem de determinada situação. Segundo Hayhood e Getchell (2016), o desenvolvimento: • é um processo contínuo de mudanças na capacidade funcional; • está relacionado com a idade, porém não depende dela, ou seja, ocorre à medida que a idade avança, mas não estaciona em determinada idade e continua ao longo da vida; • envolve mudanças ordenadas e sequenciais, que são resultados entre as características do indivíduo e do ambiente. TÓPICO 1 — CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 5 De acordo com Gallahue, Osmun e Goodway (2013) existem três domínios do comportamento humano, sendo eles: domínio psicomotor (comportamento motor), cognitivo (comportamento intelectual) e afetivo (comportamento socioemocional). Devemos ter sempre em vista a natureza inter-relacionada do desenvolvimento e dos três domínios do comportamento humano. O domínio psicomotor inclui os processos de mudança, estabilização e regressão na estrutura física e no funcionamento neuromuscular. Este domínio envolve todas as mudanças físicas e fisiológicas ocorridas ao longo da vida. O domínio cognitivo, aplicado ao estudo do comportamento motor, envolve a relação funcional entre a mente e o corpo. Por último, o domínio afetivo, está relacionado ao estudo do movimento humano, envolve sentimentos e emoções aplicadas ao próprio indivíduo e aos outros por meio do movimento (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). 2 DESENVOLVIMENTO MOTOR O desenvolvimento motor pode ser caracterizado como a mudança contínua no comportamento motor ao longo do ciclo da vida. O estudo do desenvolvimento motor perpassa os campos da fisiologia do exercício, biomecânica, aprendizado e controle motor, assim como os campos da psicologia do desenvolvimento e da psicologia social. Compreender como adquirimos o controle motor e a coordenação dos movimentos é fundamental para compreendermos como vivemos. Quando entendemos o processo de desenvolvimento de um indivíduo típico, assimilamos orientações fundamentais para a eficácia do ensino-aprendizagem. Para indivíduos com deficiências de desenvolvimento, a compreensão do desenvolvimento motor fornece uma base sólida de intervenção, terapia e medicação (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). Para Haywood e Getchell (2016), o desenvolvimento motor pode ser definido como as alterações de desenvolvimento no movimento contínuo relacionadas à idade, bem como os fatores responsáveis por essa mudança. Segundo Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), o desenvolvimento motor refere- se à alteração ao longo da vida do comportamento motor. Essas modificações no comportamento motor resultam da interação entre as características do indivíduo (hereditárias, físicas e mentais), as influências do ambiente (fatores de experiência e aprendizagem vivenciados) e as tarefas ou atividades motoras que induzem essas mudanças. Os comportamentos das crianças são geralmente classificados em escalas de tempo aproximadas. A confiança no aparecimento de determinados comportamentos em um dado período de tempo não leva em consideração a individualidade biológica do indivíduo (BACIL; SILVA; MAZZARDO, 2020). UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA 6 Caro acadêmico, como citado anteriormente, o desenvolvimento motor está relacionado à idade. Todavia, não ocorre de forma igual para todas as pessoas, sendo caracterizado como um processo dinâmico, ou seja, cada indivíduo possui seu período de tempo para desenvolver as habilidades. Faixas etárias típicas de desenvolvimento somente representam escalas de tempo aproximadas, nas quais certos comportamentos podem ser observados. Dessa forma, o desenvolvimento depende da interação de algumas características da criança, como suas habilidades físicas e mentais, a exigência da tarefa e o ambiente no qual está inserida (BACIL; SILVA; MAZZARDO, 2020). Há consenso de que o desenvolvimento da criança depende de outros fatores além da maturação do sistema nervoso central (SNC), tais como fatores biológicos, afetivos, contextuais e ambientais. Pode-se dizer, então, que a aquisição de marcos de desenvolvimento pelas crianças depende do funcionamento do SNC e de outras dimensões do funcionamento orgânico, bem como da carga e da qualidade dos estímulos e das relações que a criança vivencia. Naturalmente, fatores endógenos e exógenos que perturbem o desenvolvimento podem provocar, com maior ou menor intensidade, transtornos nesse processo (BACIL; SILVA; MAZZARDO, 2020). De acordo com Barros e Victora (2008), a criança deve atravessar cada estágio seguindo uma sequência regular, ou seja, os estágios de desenvolvimento são sequenciais. Afinal, o desenvolvimento infantil se dá à medida que a criança vai crescendo e vai se desenvolvendo de acordo com os meios onde vive e os estímulos deles recebido. Em vista disso, é de suma importância o estudo e compreensão dos marcos e processos de desenvolvimento em cada etapa da vida. 2.1 FASES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR O processo de desenvolvimento motor é apresentado por Gallahue e Oz- mun (2005) em uma forma de ampulheta. Os autores apresentam faixas etárias que representam escalas de tempo nas quais são observados alguns comporta- mentos. Certa cautela deve ser utilizada ao assumir tais escalas de tempo, pois assumir faixas etárias como fixas negaria os conceitos de continuidade, especifici- dade e individualidade no processo de desenvolvimento. “Entretanto, a descrição proposta apresenta-se confiável e reflete a trajetória de movimentos realizados pela maioria absoluta de crianças e adolescentes” (GALLAHUE; OZMUN, 2005). TÓPICO 1 — CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 7 FIGURA 1 – MODELO DA AMPULHETA DE DESENVOLVIMENTO MOTOR OS ESTÁGIOS DE FONTE: Gallahue e Ozmun (2005, p. 69) A ampulheta é preenchida com areia, que simboliza a vida. A areia vem de dois recipientes, um que apresenta a hereditariedade, e outro que representa o ambiente. O recipiente dahereditariedade representa que a estrutura genética do indivíduo é determinada no momento da concepção e não pode ser modificada nem aumentada com o tempo. Já o recipiente do ambiente simboliza a experiência e fatores externos que influenciam o movimento humano. Assim, a vida é decorrente tanto de fatores internos (hereditariedade), quanto externos (fatores ambientais). Analisando o modelo da ampulheta heurística, podemos observar que o desenvolvimento é um processo ordenado e contínuo. No entanto, um indivíduo pode estar em estágios diferentes dependendo da habilidade e encontra-se em estágios diferentes de desenvolvimento da mesma habilidade. Por exemplo, na habilidade de correr, uma criança pode estar em um estágio maduro e, na habi- lidade de saltar, em um estágio elementar (BACIL; SILVA; MAZZARDO, 2020). O modelo da ampulheta busca analisar e explicar a progressão da aquisi- ção de habilidades motoras pelo indivíduo por meio de fases e estágios. Entretan- to, as faixas etárias indicadas para cada fase de desenvolvimento motor devem ser consideradas como orientações gerais e servem apenas como forma ilustra- tiva. Cada criança deve ser analisada individualmente e de forma progressiva (BACIL; SILVA; MAZZARDO, 2020). UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA 8 Assim, é possível refletirmos como o avanço da idade cronológica, a maturação dos sistemas biológicos, os fatores motivacionais e as dificuldades das tarefas podem influenciar na superação das fases e dos estágios do desenvolvimento. 1) Fase motora reflexiva: A primeira fase é denominada como fase dos movimentos reflexos e dura até aproximadamente um ano de idade. São involuntários por serem realizados sem a consciência do indivíduo. São controlados subcorticalmente e formam a base das fases do desenvolvimento motor. Por meio da atividade reflexa, o bebê consegue informações sobre o ambiente imediato. As reações do bebê a toques, luz, sons e mudanças de pressão disparam a atividade do movimento involuntário. Esses movimentos, combinados com a crescente sofisticação cortical nos primeiros meses da vida pós-natal, desempenham papel um importante no processo de aprendizagem do próprio corpo e o mundo externo da criança. Existem dois tipos de reflexos: reflexos primitivos de sobrevivência, que estão intimamente associados à obtenção de alimento e proteção do bebê; e reflexos primitivos posturais que fornecem para o indivíduo a manutenção de uma posição ereta com relação ao seu ambiente, além de estarem associados ao comportamento motor voluntário posterior (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Os reflexos são as primeiras formas do movimento humano e, por não serem aprendidos, são considerados como “capacidades” e não como “habilidades”. IMPORTANT E 2) Fase de movimentos rudimentares: As primeiras formas do movimento voluntário são as rudimentares. A referência cronológica para fase do movimento rudimentar estende-se de um a dois anos de idade. Esses movimentos se caracterizam pela inibição dos movimentos reflexos e pelo o aparecimento de movimentos voluntários, porém ainda descontrolados e grosseiros. Com aproximadamente um ano de idade, as crianças começam a realizar seus movimentos com certa precisão e controle, aprendendo a manter o equilíbrio, a manipular objetos e a locomover-se (GALLAHUE; OZMUN, 2005). TÓPICO 1 — CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 9 Os principais marcos motores dessa fase demonstram as capacidades de lidar contra a força da gravidade, de permitir o deslocamento pelo ambiente e de manipular objetos. Nessa fase, são adquiridas habilidades estabilizadoras (como o controle de tronco e da cabeça, ficar em pé), locomotoras (arrastar-se, ficar em pé e caminhar) e manipulativas (alcançar, segurar e soltar etc.). Nessa fase, as crianças realizam atividades motoras de forma grosseira, por isso, a estimulação incentiva e acelera o processo do desenvolvimento de habilidades motoras. Devemos ficar atentos a quantas possibilidades de interação com o mundo são criadas para as crianças quando elas conseguem superar os marcos do desenvolvimento, como equilibrar-se sentadas, rastejar, ficar em pé e, finalmente, caminhar (BACIL; SILVA; MAZZARDO, 2020). 3) Fase de movimentos fundamentais: O período da infância se estende até 12 anos de idade e pode ser dividido em período inicial da infância (primeira infância – até seis anos de idade) e período posterior da infância (segunda infância – de seis a 12 anos). A terceira etapa é denominada “fase dos movimentos fundamentais”. Esta estende-se dos dois aos sete anos idade e é a continuidade da fase dos movimentos rudimentares. Esse é um período em que as crianças experimentam, exploram e descobrem as reações do corpo durante o movimentar-se. A ampulheta heurística de Gallahue e Ozmun (2005) apresenta uma subdivisão em três níveis qualitativos: os estágios inicial, elementar e proficiente. O estágio inicial representa as primeiras tentativas de realizar movimen- tos mais complexos. Os movimentos são caracterizados por serem exagerados e pouco eficazes (dois a três anos). Os estágios elementares emergentes envolvem a aquisição de maior controle motor e coordenação rítmica das habilidades do movimento fundamental, por volta dos três a cinco anos. A sincronização dos elementos temporais e espaciais do movimento melhora, mas os padrões do movimento durante esses estágios ainda são, em geral, restritos ou exagerados, apesar de melhor coordenados. A evolução superior em diferentes domínios de habilidades motoras é, normalmente, fruto das experiências das crianças nos anos iniciais do desenvolvimento (GALLAHUE; OZMUN, 2005). O estágio proficiente, na fase do movimento fundamental, caracteriza- se por performances mecanicamente eficientes, coordenadas e controladas. As habilidades do movimento fundamental proficiente são maduras nesses três aspectos do processo (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Para atingir o estágio proficiente de desenvolvimento (entre cinco e sete anos), é necessária uma combinação de fatores, como prática, encorajamento, motivação e instrução de qualidade. O estágio proficiente em habilidades UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA 10 locomotoras e manipulativas pode ser atingido quando são superadas barreiras individuais, como a maturação de sistemas sensório-motores, principalmente aqueles relacionados ao acompanhamento visual e a interceptação de objetos. Em uma situação favorável, as crianças atingem o nível de exigência da fase do movimento especializado quando as restrições do ambiente e do indivíduo permitem um desenvolvimento integral. A seguir estão descritas as principais características e estágios dessa fase (GALLAHUE; OZMUN, 2005). 4) Fase de movimentos especializados: A quarta e última fase é denominada fase dos movimentos especializados, que acontece a partir dos sete anos em diante. Essa fase é consequência da fase de movimentos fundamentais. E, para que ocorra progresso, é necessário principalmente o desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais maduras, além de fatores relacionados à tarefa, indivíduo e ambiente. Gallahue e Ozmun (2005) citam esse período como “um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais devem ser refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes”. Os movimentos especializados também são divididos em três estágios: transição, aplicação e utilização para a vida diária. No estágio transitório (entre sete e oito anos), começam a ser observadas nas atividades das crianças a combinação e a aplicação dos padrões de movimentos fundamentais, com melhorasna forma, na precisão e no controle. No estágio de aplicação (aproximadamente dos 11 aos 13 anos), as crianças começam a buscar a participação em atividades em que vão obter sucesso, fundamentadas em suas condições, as tarefas e aos ambientes. São enfatizados forma, habilidade, precisão e aspectos quantitativos do desenvolvimento motor. “Esta é a época para refinar e usar habilidades mais complexas em jogos avançados, atividades de liderança e em esportes escolhidos” (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Por fim, o estágio de utilização ao longo da vida da fase especializada do desenvolvimento motor começa em torno dos 14 anos e continua por toda a vida adulta. Esse estágio representa o ápice do processo do desenvolvimento motor e é caracterizado pelo uso do repertório de movimento adquirido pelo indivíduo ao longo da vida. Esse estágio é marcado pelas oportunidades, pela motivação e melhora das capacidades físicas do indivíduo. As relações entre crescimento, maturação e desenvolvimento se intensificam (GALLAHUE; OZMUN, 2005). TÓPICO 1 — CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 11 2.2 FATORES PRÉ-NATAIS QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento e o refinamento dos padrões e das habilidades de movimento são influenciados de modo complexo, podendo ser afetados por diversos fatores e/ou condições. Este comprometimento pode ocorrer tanto no período pré-natal quanto pós-natal e são oriundos de fatores internos e externos. Uma série de fatores pré-natais, muitos dos quais podem ser controlados, afetam o desenvolvimento motor do bebê e sua vida futura. Entre os fatores internos podemos destacar as condições maternas durante o pré-natal e as influências genéticas. Já entre os fatores externos, alguns hábitos como a alimentação, o álcool, o tabagismo e as drogas ganham destaque, pois sabe- se que, embora o feto esteja protegido pela placenta, certas substâncias podem penetrá-la e causar reações negativas como deformidades físicas e disfunções comportamentais (GABBARD, 2000). Um agente causador de deformidades físicas ou, até mesmo, a morte de um feto é denominada teratógeno (GABBARD, 2000). Para Gallahue e Ozmun (2001), teratógenos são quaisquer substâncias que possam fazer o bebê desenvolver-se de maneira anormal. Entre os fatores teratogênicos estão: as drogas e medicações, as doenças maternas e a nutrição. Os maiores riscos para o desenvolvimento pré- natal ocorrem entre a terceira e a oitava semana de gestação, uma vez que este período é considerado como o momento em que o embrião está mais suscetível a possíveis danos causados por fatores teratogênicos. O desenvolvimento e crescimento humano podem, também, ser afetados por fatores chamados erros genéticos. Entre estes, estão a desordem cromossômica, desordem cromossômica sexual e a desordem genética. Além dos fatores teratogênicos e dos erros genéticos, outros fatores, tais como: (1) a idade da mãe, (2) paridade, (3) nutrição, (4) incompatibilidade de Rh, (5) anormalidades genéticas, (6) posição fetal, (7) estresse materno, (8) ocupação da mãe também podem afetar o desenvolvimento humano (GABBARD, 2000). A idade materna apresenta também uma relação com o desenvolvimento humano. De acordo com Gabbard (2000), mulheres acima dos 35 anos apresentam um risco maior de darem à luz a crianças com Síndrome de Down ou crianças com problemas para desenvolver suas habilidades motoras finas. Isto pode estar relacionado com os órgãos reprodutores, uma vez que estes possam estar afetados pela ação de envelhecimento ou pela exposição a agentes químicos danosos, drogas e outros fatores. Já em mulheres com menos de 18 anos, o sistema reprodutivo pode não estar suficientemente maduro, implicando partos longos e prematuros e os bebês, na maioria das vezes, nascem abaixo do peso normal. Segundo Gabbard (2000), a melhor época para a mulher ter um bebê é entre vinte e dois e vinte e nove anos. UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA 12 A incompatibilidade de Rh também é um fator que deve ser considerado no desenvolvimento humano. Embora o sangue da mãe não se misture em excesso com o do feto, existe a possibilidade de surgir problemas de incompatibilidade de Rh quando mãe e pai apresentam os mesmos grupos Rh. Outra forma de ocorrer incompatibilidade é quando a mãe e o bebê apresentam fator Rh diferenciados (incompatíveis), pois, no processo de nascimento, os sangues de ambos se misturam. Neste caso, o corpo da mãe pode reagir ao fator Rh estranho do bebê, criando anticorpos. Estes, em uma próxima gravidez, se o bebê apresentar novamente o mesmo fator Rh, podem atravessar a placenta causando danos ao feto (GABBARD, 2000). Além dos fatores intrínsecos já citados, a nutrição da mãe também desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do feto, já que ela é única fonte alimentar que ele recebe. Tudo o que a mãe gestante ingere afeta a criança em gestação de alguma forma. A má nutrição pré-natal é causa comum de dificuldades futuras no desenvolvimento, em todo o mundo. A má nutrição materna está associada com inadequações na ingestão nutricional da mãe durante a gestação, assim como com o seu nível geral de nutrição. Uma dieta balanceada e nutritiva é absolutamente essencial para a saúde da mãe e da criança em gestação. A mãe deve receber orientações nutricionais adequadas, pois uma má nutrição pode trazer consequências graves, como prematuridade, crescimento lento de estruturas como o esqueleto, funcionamento mental pobre e até mesmo óbito fetal (GABBARD, 2000). Para Gallahue e Ozmun (2001), além da má nutrição maternal, outros dois fatores também devem ser levados em consideração com relação à nutrição: (1) a má nutrição placentária, que significa problemas associados com o fornecimento e com o transporte de nutrientes da placenta para o feto, e (2) a má nutrição fetal, que significa a dificuldade ou inabilidade do feto em utilizar os nutrientes que estão disponíveis para ele. No mundo inteiro, a má nutrição placentária, fetal e materna afeta de forma negativa o desenvolvimento humano. Com relação aos fatores externos, Gabbard (2000) e Gallahue e Ozmun (2001), consideram que as infecções e doenças, bem como as drogas e as substâncias químicas como os fatores mais prejudiciais ao desenvolvimento. A parede da placenta é porosa, e as substâncias químicas podem penetrar por ela, provocando trágicos resultados para a criança em gestação. Os autores destacam o fumo e o álcool como os maiores agentes externos causadores de deformidades no feto. Mães fumantes apresentam maior risco de dar à luz a bebês prematuros e com baixo peso. Além disso, o uso do cigarro pode causar ao feto problemas de memória e aprendizado mais tarde (pós-natal), aborto, má formação do coração e outros órgãos e um aumentado risco de defeitos ao nascimento. Já em relação ao álcool, estes autores deixam claro que este composto pode afetar diretamente o desenvolvimento infantil, pois pode atravessar a placenta e, como o fígado do feto ainda está imaturo, o álcool permanece por muito tempo no seu sistema. Este fato vem demonstrando grandes anormalidades no desenvolvimento. Esta mesma reação é observada para as mães usuárias de drogas. TÓPICO 1 — CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 13 O uso de drogas ilícitas pela gestante pode causar danos devastadores na criança em gestação. Estudos indicam que os bebês expostos à cocaína correm maior risco de mortalidade, morbidade e problemas de desenvolvimento e comportamento a longo prazo. Esses problemas incluem peso de nascimento baixo, sintomas de abstinência, hipertensão, incapacitação mental, paralisia cerebral e malformação do trato urinário (MOD, 2010). Entre as infecções e doenças estão a citomegalovírus (que pode causar o nascimento deum feto morto, aborto, baixo peso e irregularidade no sistema ner- voso), microcefalia (cabeça excessivamente pequena, e baço e fígado maiores que o normal), diabetes (que aumentam em 50% a probabilidade de morte do feto), sífilis (que ataca o sistema nervoso do feto). HIV/aids é a mais mortal entre as vá- rias doenças sexualmente transmissíveis. As mães com HIV/aids correm risco de transmitir o vírus durante a gravidez, o nascimento ou a amamentação. Por fim, a mãe que foi infectada com rubéola durante o primeiro trimestre de gravidez pode ter um bebê surdo, cego ou apresentar retardo mental devido à interferência no desenvolvimento sensorial e/ou cognitivo durante o período embrionário ou o início do período fetal (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). 2.3 FATORES PÓS-NATAIS QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento motor dos bebês e crianças pode ser influenciado pela cognição e ambiente em que ela está inserida. O desenvolvimento motor não é um processo estático, mas um produto de fatores biológicos e ambientais. Ao longo dos últimos anos, muitas pesquisas têm focado nos efeitos dos comportamentos dos pais sobre o bebê e a criança no início da infância, e como isso influencia o funcionamento subsequente dela, já que condições extremas de carência ambiental podem romper tanto a sequência como o ritmo da aquisição das habilidades de movimento (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). Um estudo realizado por Pereira, Saccani e Valentini (2016) mostrou resultados que apontam para uma tendência que já vem sendo observada na literatura: um ambiente rico em estímulos é capaz de minimizar os efeitos da vulnerabilidade biológica, bem como ambientes com oportunidades restritas podem potencializar riscos de atrasos no desenvolvimento. Dentre os fatores ambientais, o estudo chama atenção para alguns aspectos que afetam o desenvolvimento, tais como o espaço do domicílio, fatores como o nível de escolaridade dos pais, renda familiar e aleitamento materno, sendo que bebês aleitados por mais tempo apresentaram superioridade no desenvolvimento cognitivo e motor. Além disso, os autores relataram que os bebês que frequentaram creches/escola apresentaram desenvolvimento superior aos que não a frequentaram. Este achado se justifica pelo fato de que a escola infantil pode propiciar vivências de tarefas mais variadas que o domicílio, estimulando a motricidade das crianças (PEREIRA; SACCANI; VALENTINI, 2016). UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA 14 Além dos fatores citados no estudo, Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) citam o nascimento prematuro, transtornos alimentares (como a anorexia e bulimia), obesidade, níveis de aptidão física e fatores biomecânicos, entre outros fatores que influenciam no desenvolvimento da criança. 15 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • O crescimento está relacionado com o aumento do tamanho do corpo e o desenvolvimento é o processo de um organismo crescer e se modificar ao longo da vida. • O desenvolvimento motor é a alteração do comportamento motor com o decorrer do tempo em virtude das influências do ambiente, da tarefa e do indivíduo. • A maturação é o processo de tornar-se maduro, e a experiência é o que foi vivenciado pela criança e os fatores que podem afetar o aparecimento de características do comportamento motor de um indivíduo. • Existem maneiras de classificar o desenvolvimento motor, que levam em consideração o processo de desenvolvimento biológico do indivíduo, como o modelo teórico da ampulheta heurística de Gallahue, que descreve a sequência do desenvolvimento motor em fases (reflexiva, fase de movimentos rudimentares, fase de movimentos fundamentais e fase de movimentos especializados). • Existe uma ampla variedade de fatores pré-natais e pós-natais que possuem impacto sobre o desenvolvimento posterior em geral e o desenvolvimento motor em particular. 16 1 O crescimento diz respeito às alterações no tamanho do corpo ou de partes específicas do corpo da criança, tornando-as mais pesadas e altas devido ao aumento dos órgãos e dos tecidos corporais. Este crescimento é decorrente de três processos. Um desses processos é caracterizado como o aumento do número de células decorrente da mitose celular. Sobre como este é chamado, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Acréscimo. b) ( ) Agregação. c) ( ) Hipertrofia. d) ( ) Hiperplasia. e) ( ) Aumento. 2 A chamada Ampulheta do Desenvolvimento Motor – ou Ampulheta da Vida (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013) – objetiva ilustrar as fases de desenvolvimento que adquirimos ao longo da vida (e até a morte). Os autores comparam cada idade as suas esperadas características. Com base neste assunto, a ampulheta heurística de Gallahue explica o desenvolvimento motor majoritariamente fundamentado em: a) ( ) Fases e nos estágios de desenvolvimento. b) ( ) Mudanças de funcionamento dos processos neurológicos/cognitivos. c) ( ) Interação entre as pessoas e o meio em que vivem. d) ( ) Maturação biológica. e) ( ) Idade cronológica. 3 Há uma fase característica de desenvolvimento em que as habilidades manipulativas, locomotoras e de estabilização são combinadas com movimentos complexos. Sobre como esta fase é chamada, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Reflexiva. b) ( ) Rudimentar. c) ( ) Fundamental. d) ( ) Especializada. e) ( ) Aplicação permanente. AUTOATIVIDADE 17 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico! No Tópico 1, nós estudamos as fases do desenvolvimento e os fatores que o influenciam. Neste tópico, abordaremos detalhadamente as características do desenvolvimento normal e patológico, bem como os marcos e habilidades esperadas para cada fase. Preparados? Então vamos lá! Em geral, considera-se que o período neonatal abrange as primeiras duas a quartas semanas da vida pós-natal. O bebê típico, nascido no prazo normal, tem 48 a 53 cm de comprimento, e a cabeça corresponde por um quarto dessa medida. O tamanho proporcionalmente grande da cabeça dificulta a aquisição e manutenção do equilíbrio. O comprimento restante do corpo obedece à proporção de quatro terços do tronco em relação aos membros inferiores. Os olhos representam cerca de metade do tamanho quando adulto, e o corpo, a cerca de um vinte avos da futura dimensão adulta. O peso normal de um recém-nascido está entre 2.000g e os 2.800-4.000g, segundo a idade gestacional. O peso de nascimento dos meninos é cerca de 4% maior do que o das meninas. Outras classificações quanto ao peso ao nascer são: Extremo baixo peso (EBP) < 1.000g; Muito baixo peso (MBP) < 1.500g e Baixo peso (BP) < 2.500g. Durante o primeiro ano da criança, há ganhos rápidos tanto de peso como de comprimento. A vigilância do desenvolvimento infantil é fundamental pois o conhecimento do desenvolvimento normal da criança possibilita a identificação de atrasos, desvios e transtornos que permeiam esse processo biopsicossocial (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). Na primeira etapa de vida, a avaliação deve ser feita mês a mês, e falhas persistentes em alcançar os marcos do desenvolvimento, podem indicar a necessidade de encaminhar o lactente para serviços de maior complexidade, que visam à estimulação precoce neuropsicomotora, essencial para um prognóstico favorável (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). 18 UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA 2 DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL De acordo com os embriologistas, o período pré-natal pode ser dividido em três períodos, sendo eles o período pré-embrionário (fecundação até terceira semana de desenvolvimento), períodoembrionário (quarta à oitava semana) e fetal (terceiro mês até o final da gestação). O período pré-embrionário corresponde ao tempo que se inicia no momento da fertilização e termina com a nidificação da blástula na mucosa uterina. A segunda fase designa-se fase embrionária e engloba o primeiro trimestre de desenvolvimento, período ao longo do qual todos os órgãos do corpo vão sendo formados. A suscetibilidade para malformações induzidas por teratógenos é maior durante a formação dos órgãos. Durante esta fase, o novo ser é denominado embrião (ZANINI et al., 2002). A terceira, mais prolongada e última fase é caracterizada como fase fetal, compreendendo o tempo que resta até o momento do nascimento. Corresponde ao período de amadurecimento, ao longo do qual os órgãos, já formados na etapa anterior, acabam de adquirir a sua estrutura definitiva, alcançando a sua plena atividade, fatores essenciais para possibilitar uma vida independente fora do organismo materno. Ao longo desta fase, o produto da fertilização deve ser denominado feto (ZANINI et al., 2002). Segundo Zanini et al. (2002), a partir da 28ª semana de idade gestacional, há uma maior aceleração do processo de mielinização das grandes vias subcorticais durante o desenvolvimento fetal, o que resulta em uma maior movimentação contra as paredes elásticas do útero encontrando nelas certo grau de resistência, o que contribui para desenvolver sua força muscular, principalmente dos membros inferiores. Além disso, ocorre nesta fase o desenvolvimento funcional da maioria dos órgãos e sistemas; características que justificam a crucial importância das últimas doze semanas no desenvolvimento global de um bebê. 2.1 PREMATURIDADE VERSUS DESENVOLVIMENTO Prematuridade ou pré-termo é um conceito utilizado para denominar crianças nascidas antes das 37ª semanas completas de idade gestacional. Esses recém-nascidos (RN) podem ser classificados em três grupos: prematuridade limítrofe com gestação de 35 a 37 semanas, prematuridade moderada com gestação de 31 a 34 semanas e prematuridade extrema com gestação inferior a 30 semanas (MARCONDES et al., 2003). As causas da prematuridade são muitas, e os principais fatores de risco incluem uma assistência pré-natal inadequada, pré-eclâmpsia, baixo nível socioeconômico, anemia e doenças maternas, gestação múltipla, infecções, complicações durante o parto, hemorragias e sofrimento fetal (CASTRO, 2004). TÓPICO 2 — DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO 19 O desenvolvimento do SNC tem início no período embrionário, continuando esse processo após o nascimento. O bebê prematuro pode apresentar imaturidade nos sistemas corporais, por não ter tido um completo desenvolvimento intrauterino. Com isso, torna-se mais susceptível ao aparecimento de complicações e deficiências físicas, neurológicas e cognitivas podendo acarretar sequelas e atraso em sua evolução. O RN pré-termo pode ser acometido por alterações pós-natais, apresentando sofrimentos clínicos, dentre eles, podem-se citar: hemorragia intra e periventricular, doenças respiratórias e cardíacas, infecções, distúrbios metabólicos, hematológicos, gastrintestinais, dificuldade na manutenção da temperatura corpórea e asfixia perinatal (GARCIA; FREITAS; FORMIGA, 2005). Essas alterações podem prejudicar significativamente o desenvolvimento neuropsicomotor da criança, levando a distúrbios como retardo mental, paralisia cerebral, perda visual e auditiva, problemas neurológicos mais leves e distúrbios da coordenação motora, tendo assim uma evolução desigual em relação a uma criança nascida a termo (GARCIA et al., 2005). 3 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA No primeiro ano de vida ocorrem inúmeras modificações estruturais e anatômicas neste novo ser que está em formação. Estudaremos a partir de agora essas características de forma detalhada, a fim de proporcionar a você, caro acadêmico, uma completa compreensão deste conteúdo tão importante para área da fisioterapia pediátrica. 3.1 REFLEXOS PRIMITIVOS E POSTURAIS Os reflexos primitivos são chamados dessa forma porque são controlados pelas partes mais primitivas do cérebro, e servem como fonte primária de informa- ções, as quais se armazenam no córtex em desenvolvimento. Possuem um padrão muito imaturo de caráter automático e refletem a maturação do sistema nervoso central (SNC), que é quando as estruturas neurológicas mais recentes vão se tor- nando funcionais à medida que há o processo de mielinização, arborização e for- mação de novas sinapses. Os reflexos são precursores de movimentos voluntários, e muitos estão relacionados ao instinto de sobrevivência, como veremos a seguir. Os reflexos estão presentes ao nascimento, mas devem ser inibidos nos primeiros meses de vida, quando surgem os reflexos posturais (voluntários), ou seja, o bebê passa a apresentar respostas controladas corticalmente em vez de respostas reflexas do tronco encefálico. Desse modo, a presença desses reflexos demonstra integridade do sistema nervoso central; entretanto, sua persistência poderá indicar prejuízos/distúrbios neurológicos (COLE; COLE, 2004). 20 UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA Os reflexos são a primeira forma de movimento humano e fornecem dicas interessantes sobre o processo de desenvolvimento motor. IMPORTANT E Nos primeiros meses de vida, a intensidade e simetria desses reflexos podem ser usadas para avaliar a integridade do sistema nervoso central e para detectar anormalidades periféricas, como alterações musculoesqueléticas congênitas ou lesões nervosas. Se algum reflexo estiver ausente ou irregular suspeita-se de disfunção neurológica. A ausência de movimentos reflexos normais ou da continuação prolongada de vários reflexos além dos seus períodos normais faz os profissionais da saúde suspeitarem de algum comprometimento ou dano neurológico na criança. É possível então, suspeitar de disfunção neurológica quando algumas condições surgem, tais como a ausência completa de um reflexo que deveria aparecer no determinado período, respostas muito fortes ou muito fracas, respostas assimétricas nos lados do corpo e a permanência de um reflexo além do tempo em que já deveria ser integrado (COLE; COLE, 2004). A avaliação dos reflexos primitivos em neonatos compreende um fator primordial na luta contra a mortalidade neonatal, tendo em vista que a ausência de algum deles pode caracterizar anormalidades que podem levar à morte da criança. Os reflexos podem, conforme sua evolução, ser divididos em três grupos: • manifestações normais durante algum tempo e que desaparecem com a evolução, somente reaparecendo em condições patológicas: reflexo tônico cervical e de retificação corporal, ambos desaparecendo com um ou dois meses de idade; reflexo de Moro, que desaparece em torno de quatro a seis meses; e o sinal de Babinski que, quando bilateral, pode ser normal até 18 meses; • reflexos que existem normalmente, desaparecem com a evolução e reaparecem como atividades voluntárias: reflexo de preensão, sucção e marcha, por exemplo; • manifestações que persistem por toda a vida: os vários reflexos profundos e os reflexos cutâneos abdominais (COLE; COLE, 2004). Tipos mais comuns de reflexos primitivos e posturais: • Reflexo de preensão palmar: examinador coloca o dedo index na palma da mão da criança, obtendo como resposta a flexão dos dedos. Deve desaparecer entre quatro e seis meses, quando se torna um movimento voluntário de preensão (CORIAT, 2001). TÓPICO 2 — DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO 21 FIGURA 2 – REFLEXO DE PREENSÃO PALMAR FONTE: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2016/page/mao.jpg>.Acesso em: 28 set. 2020. • Reflexo de preensão plantar: o examinador pressiona o polegar contra a sola do pé da criança, logo abaixo dos artelhos. Observa-se a flexão dos dedos. Deve desaparecer com 15 meses de vida. FIGURA 3 – REFLEXO DE PREENSÃO PLANTAR FONTE: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2016/page/pe.jpg>. Acesso em: 28 set. 2020. • Reflexo cutâneo-plantar ou Sinal de Babinski: o examinador aplica um estímulo tátil (que não deve chegar a ser doloroso, nem causar desconforto ou lesão na pele) à sola lateral do pé. Com isso, existem três respostas possíveis: 1) Flexão: os dedos do pé curvam-se para baixo. Esta é a resposta normal observada em adultos hígidos. 2) Indiferente: não há resposta ou difícil de classificar. 3) Extensão: o hálux realiza uma extensão para cima. A esta resposta, atribui-se o nome de sinal de Babinski. 22 UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA A extensão do hálux é uma reação considerada normal em crianças de até dois anos, pois o trato corticoespinhal não está completamente mielinizado, então o reflexo não é inibido pelo córtex cerebral. Já a presença do reflexo em adultos, indica lesão neurológica (CORIAT, 2001). FIGURA 4 – SINAL DE BABINSKI NEGATIVO FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/2MzGzAb>. Acesso em: 28 set. 2020. FIGURA 5 – SINAL DE BABINSKI POSITIVO FONTE: <https://bit.ly/394513Y>. Acesso em: 28 set. 2020. • Reflexo da procura ou voracidade: para avaliar esse reflexo, o qual também é chamado de reflexo dos pontos cardeais ou da busca, o examinador deve tocar a região perioral da criança, o que fará com que ela vire a cabeça em direção ao estímulo, abrindo a boca e realizando uma tentativa de sucção com protrusão da língua. Deve desaparecer por volta dos quatro meses de vida. TÓPICO 2 — DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO 23 FIGURA 6 – REFLEXO DE BUSCA: RESPOSTA BUCAL E ROTAÇÃO CEFÁLICA FONTE: Coriat (2001, p. 56) • Reflexo de sucção: é desencadeado pela estimulação dos lábios. Observa-se sucção vigorosa. Sua ausência é sinal de disfunção neurológica grave. FIGURA 7 – REFLEXO DE SUCÇÃO FONTE: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2016/page/succao.jpg>. Acesso em: 28 set. 2020. • Reflexo de conexão entre as mãos e a boca: consiste na rotação da cabeça para a linha média, acompanhada da abertura da boca como resposta à pressão exercida pelos polegares do observador sobre as palmas das mãos do lactente. O reflexo se atenua progressivamente no decorrer do terceiro mês, para desaparecer no quarto. Nesta fase se estabelece a coordenação sensório-motora entre as mãos, olhos e a boca. Crianças, desde o 3º mês, levam à boca todos os objetos que apanham com suas mãos, para obter maior conhecimento de sua consistência, textura (CORIAT, 2001). 24 UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA Os reflexos de sucção e deglutição alterados são sinais inespecíficos e podem estar associados a uma variedade de distúrbios. Esses reflexos são muito importantes para a amamentação. IMPORTANT E • Reflexo de Moro: este reflexo deve estar presente em recém-nascidos e deve ser integrado por volta do quinto mês de vida. Pode estar diminuído ou aumentado devido a distúrbios no SNC. Além disso, a assimetria desse reflexo quando comparamos os dois lados pode ocorrer em bebês com patologias como lesão de plexo braquial e trauma de clavícula e ombro. Como avaliar? Colocamos a criança em posição supina, suspendemos a cabeça da criança. Em um movimento súbito, soltamos a criança, simulando uma queda e presenciando o reflexo de Moro em condições normais, mas logo em seguida já sustenta a cabeça da criança novamente. Observa-se movimentos de extensão e abdução dos membros superiores com abertura das mãos, seguidas de adução e flexão dos membros superiores (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). FIGURA 8 – REFLEXO DE MORO FONTE: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2016/page/moro.jpg>. Acesso em: 28 set. 2020. • Reflexo Tônico-Cervical Assimétrico: esse reflexo primitivo, também conhecido como reflexo do esgrimista ou reação de Magnus-Kleijn é desencadeado por rotação da cabeça do bebê em posição supina enquanto a outra mão do examinador estabiliza o tronco do recém-nascido. O reflexo será perceptivo pela extensão ipsilateral (à rotação) dos membros superior e inferior e flexão contralateral do membro superior e inferior (MAFRA; PEREIRA, 2007). TÓPICO 2 — DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO 25 • Esse reflexo deve ser integrado até o terceiro mês de vida, podendo indicar algum comprometimento neural caso se torne persistente. • Esse reflexo é uma resposta ligada a atividades extensoras da cervical e cintura escapular, portanto, sua persistência pode dificultar o uso das mãos na linha média, entre outras dificuldades de movimentação, sendo comum em pacientes neuropatas, hipertônicos e de tônus flutuante (MAFRA; PEREIRA, 2007). • A persistência de atitude de esgrimista, rígida e estereotipada, mesmo na idade em que sua presença é fisiológica, sugere patologia, geralmente lesão cerebral; ao contrário, sua ausência se observa em alterações congênitas do sistema nervoso, como na maioria dos lactentes afetados pela síndrome de Down (CORIAT, 2001). FIGURA 9 – REFLEXO TÔNICO CERVICAL ASSIMÉTRICO (RTCA) FONTE: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2016/page/cervicalassim.jpg>. Acesso em: 28 set. 2020. FIGURA 10 – RTCA INVERSO EM DECÚBITO VENTRAL FONTE: Coriat (2001, p. 41) • Reflexo tônico-cervical simétrico (RTCS): o reflexo tônico simétrico do pescoço pode ser provocado na posição sentada, com apoio. A extensão da cabeça e do pescoço produz a extensão dos braços e a flexão das pernas (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). 26 UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA FIGURA 11 – REFLEXO TÔNICO-CERVICAL SIMÉTRICO FONTE: Gallahue, Osmun e Goodway (2013, p. 129) • Reflexo de marcha: o avaliador deve segurar e suspender a criança pelo tronco, mas permitindo que ela toque os pés em uma superfície. Observa-se cruzamento das pernas, uma à frente da outra. Esse reflexo está presente já nos primeiros dias de vida, desaparecendo por volta dos dois meses de idade (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). FIGURA 12 – REFLEXO DE MARCHA FONTE: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2016/page/marchareflexa.jpg>. Acesso em: 28 set. 2020. • Reflexo de Galant (encurvamento do corpo): para avaliação desse reflexo, a criança deve estar em decúbito ventral, suspensa pelo examinador. É desen- cadeado por um estímulo tátil na região dorsolateral. Como resposta, tanto o quadril quanto o tronco se direcionarão para o lado no qual ocorreu o estímulo, ou seja, será observado um encurtamento do tronco ipsilateral. Deve ser inte- grado até os dois meses de vida (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). TÓPICO 2 — DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO 27 FIGURA 13 – REFLEXO DE ENCURVAMENTO DO CORPO (GALANT) FONTE: <https://bit.ly/3ol7L3x>. Acesso em: 28 set. 2020. • Reflexo de colocação ou placing: posição de teste: criança suspensa verticalmente pelo examinador. Estimulação: tocar o dorso do pé da criança na borda da mesa. Observa-se elevação do pé como se estivesse subindo um degrau de escada. É o único reflexo primitivo com integração cortical (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). FIGURA 14 – REFLEXO DE COLOCAÇÃO OU “PLACING” FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/357foDd>. Acesso em: 28 set. 2020. 28 UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA • Reflexo tônico-labiríntico (RTL): pode ser testado nas posturas prona ou supina. Com a criança em supino sobre as mãos do examinador, busca-se observar presença de aumento da atividadeextensora, fletindo os membros superiores e inferiores, observando-se a resistência a esses movimentos e à flexão passiva da cabeça. Na postura supina, analisa-se o aumento da atividade flexora, observando a resistência à extensão da cabeça e de membros. Caso o reflexo esteja presente com hipertonia, é sempre patológico (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). FIGURA 15 – REFLEXO TÔNICO LABIRÍNTICO FONTE: Flehmig (2002, p. 24) • Reflexo de Landau: é desencadeado com a criança em suspensão ventral (posição prona). Quando o examinador eleva a cabeça do bebê acima do tronco é observada a retificação e extensão das pernas. Quando o examinador flete a cabeça, as pernas se fletem. Esta reação é uma combinação das reações de retificação e dos reflexos tônicos. Corresponde a um reflexo postural fundamental para sentar e andar. Está presente a partir de quatro ou cinco meses de idade (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). FIGURA 16 – REFLEXO DE LANDAU FONTE: <https://bit.ly/3hL6NuU>. Acesso em: 28 set. 2020. TÓPICO 2 — DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO 29 • Apoio lateral: é desencadeado lateralizando-se o tronco do bebê sentado. Observa-se extensão do braço ipsilateral ao lado da queda, com apoio da palma da mão na maca. Está presente a partir de seis ou oito meses de idade (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). FIGURA 17 – APOIO LATERAL FONTE: <https://bit.ly/3rVNZxJ>. Acesso em: 28 set. 2020. • Reflexo de colocação das mãos ou “paraquedas”: é desencadeado colocando a criança suspensa pelo examinador. Observa-se a extensão dos braços para frente, como se para amparar a queda. É o último reflexo postural a aparecer. Está presente a partir de oito a nove meses de idade. Deve estar obrigatoriamente presente aos 12 meses (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). FIGURA 18 – REFLEXO DO PARAQUEDISTA FONTE: <https://bit.ly/3hK9IE5>. Acesso em: 28 set. 2020. Reação de retificação Atribuímos a estas reações a capacidade que possui o lactente de manter a cabeça e o corpo em relação ao espaço, bem como de conservar as relações das diferentes partes do corpo entre si (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). 30 UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA • Reação cervical de endireitamento: pode ser testada com o bebê em supino, segurando-o delicadamente pelo occipital e rodando sua cabeça para o lado. O restante do corpo move-se reflexivamente na mesma posição da cabeça; primei- ro, os quadris e pernas alinham-se, seguidos pelo tronco. Com faixa de normali- dade do quarto ao sexto mês de vida, é a única reação que desaparecerá, dando lugar à reação corpo sobre corpo (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). FIGURA 20 – REAÇÃO POSTURAL CERVICAL FONTE: Flehmig (2002, p. 23) • Reação labiríntica e óptica de retificação: ambas as reações são testadas nas posturas prona, supina e decúbito lateral, com a criança suspensa na postura desejada e com olhos vendados. Na reação labiríntica, a partir do estímulo dos canais semicirculares, ela busca, com sua maturação, a verticalização da cabeça. Na reação óptica, ela é orientada por algum objeto de seu interesse. Em ambas, a faixa de normalidade é a partir do primeiro mês, em prono, e aproximadamente entre o quinto e o sexto mês, em supino e decúbito lateral. • Reação de anfíbio: com a criança na postura prona, essa reação é testada levan- tando-se um lado da cintura pélvica. Como resposta, haverá flexão de tronco e do membro inferior do mesmo lado. Essa reação permite o desenvolvimento do arrastar e do engatinhar, sendo normal a partir do sexto mês. • Reações protetoras: são movimentos protetores dos membros na direção da força que se desloca, como reação a uma súbita força deslocadora ou quando o equilíbrio não pode mais ser mantido. Pode ser testada nas posturas prona, prona para os lados, supina e sentada. Na postura prona, o bebê é posicionado 35 com os braços para frente, respondendo com apoio de mãos e elevação da cabeça; reação normal a partir do terceiro mês. O teste da reação em supino, normal a partir do sexto mês, é realizado posicionando-se a criança sobre o rolo e deslocando-a para um dos lados; como resposta ao estímulo, ela realizará apoio do membro superior do lado do deslocamento e tentará a verticalização da cabeça. Com a criança sentada, o examinador a desloca anterior, posterior e lateralmente; a resposta, normal do sexto ao nono mês, será sempre o apoio dos braços e mãos espalmadas protegendo o corpo e livrando a face com a verticalização da cabeça. TÓPICO 2 — DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR NORMAL E PATOLÓGICO 31 • Reação de equilíbrio: testada da mesma forma que a reação anterior, nessa reação, busca-se observar a procura da criança pela verticalização e aumento da base, através do afastamento. Sua faixa de normalidade é do sétimo ao décimo oitavo mês, nas posturas prona, supina, sentada, gatas, de joelhos e de pé (GALLAHUE; OSMUN; GOODWAY, 2013). 3.2 CARACTERÍSTICAS DO LACTENTE O primeiro ano de vida de uma criança é fortemente marcado por mudan- ças fisiológicas, metabólicas e psíquicas. O crescimento é acelerado, as capacida- des psicomotoras e neurológicas são rápidas e desse modo, torna-se imprescin- dível um estudo detalhado, a fim de relatar os avanços que elas apresentam em cada fase. 3.2.1 O neonato de 0 a 10 dias O bebê que nasce entre 38 a 42 semanas de gestação é considerado a termo. O recém-nascido a termo é altamente influenciado pela gravidade, apresenta muitos movimentos ocasionais, mas pouco controle independente de qualquer parte do corpo. A postura é dominada pela flexão das extremidades, resultado da maturação do sistema nervoso central durante a vida intrauterina. O recém-nato não é passivo. Ao acordar, ele se move casualmente com grande arco de movimento, às vezes, bastante vigoroso. Estes movimentos se observam, inicialmente, mais na postura supina. Além dos movimentos esporádicos, existem outros mais complexos, geralmente gerados por alguma atividade reflexa, que são a base de movimentos mais elaborados adiante (FLEHMIG, 2002). Em supino, o recém-nato demonstra a flexão fisiológica, principalmente nas extremidades. Ainda não tem uma flexão ativa e graduada do pescoço e não é capaz de manter a cabeça na linha mediana. A cabeça virada para o lado facilita o contato da mão à boca. A mão se apresenta em flexão com os dedos aduzidos. Há presença do reflexo de preensão palmar. Os membros inferiores se encontram em flexão, abdução, e rotação externa (FLEHMIG, 2002). Quando levantado para a posição sentada, o bebê tenta iniciar o movimento de flexão da cabeça, mas perde o controle e a cabeça cai para trás, devido ainda à ausência do controle do tronco. Na posição prona, a postura é bem fletida. A pelve está em retroversão, e os joelhos estão dobrados e geralmente próximos ao abdômen. Esta atitude faz com que o peso corpóreo seja deslocado para a face. O bebê consegue liberar as vias aéreas levantando a cabeça, virando-a para a direita e esquerda, promovendo uma forte estimulação proprioceptiva (FLEHMIG, 2002). 32 UNIDADE 1 — DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL E SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA E NEONATOLÓGICA 3.2.2 Primeiro mês Muitas mudanças ocorrem durante o primeiro mês de vida do lactente, está mais alerta, e começa a responder e se adaptar mais ao ambiente. A melhora da acuidade visual estimula o lactente a olhar mais para os lados fazendo com que aumente a mobilidade da cabeça e coluna cervical. O tônus proximal dos ombros e quadris diminui o suficiente para permitir que os ombros rodem externamente e os quadris estendam. Permanecem os reflexos de Moro, busca, sucção e deglutição; Reação Cervical de Retificação; Reflexo de Galant; Reflexo de preensão palmar e plantar. O RTCA pode aparecer, mas ainda é mais comum durante o segundo mês. Na posição
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