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CURSO: PSICOLOGIA DISCIPLINA: TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS - ABORDAGEM FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL DISCENTE: GLAUBER MELLO CAVALCANTE MALLMANN, Loivo José; BALESTRIN, Nádia Luzia. Fenomenologia e Psicoterapia Humanista. Razão e Fé, v. 13, n. 2, p. 5-20, 2011. MOREIRA, Virginia. A Gestalt-Terapia e a Abordagem Centrada na Pessoa São Enfoques Fenomenológicos?. Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies, v. 15, n. 1, p. 3-12, 2009. RESENHA O artigo “A Gestalt-Terapia e a Abordagem Centrada na Pessoa São Enfoques Fenomenológicos?, de Virginia Moreira, aborda sobre o questionamento sobre serem ou não as referidas abordagens, enfoques fenomenológicos. Para isto, ela traz as reflexões de Luis Claudio Figueiredo no livro “Matrizes do Pensamento Psicológico”, de 1991. Assim, é trazida a questão da divisão do pensamento psicológico em duas matrizes, que se subdividem em outras submatrizes. Existiriam as escolas e os movimentos psicológicos que tem sua origem em matrizes de pensamento cientificista, e outras escolas e movimentos psicológicos derivadas de matrizes românticas e pós-românticas, sendo que nesta última está inserida a matriz vitalista e naturista, da qual fazem parte a ACP e a GT, e as matrizes compreensivas, onde se inserem as fenomenológicas existenciais. A Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers e a Gestalt-terapia de Frederick Perls e colaboradores está dentro da matriz vitalista, que está relacionada ao qualitativo, ao criativo, e ao espiritual. Enquanto a fenomenologia está dentro da matriz compreensiva, sendo uma tentativa de superação do cientificismo e do historicismo, além de crítica à legitimação do naturalismo do conhecimento, dessa forma, também a relacionada ao Iluminismo, sendo um antirromantismo, se diferenciando das matrizes românticas que mantém a separação sujeito-objeto característica das matrizes cientificistas. A autora discute sobre a Gestalt-Terapia (GT), trazendo o histórico e alguns conceitos e princípios básicos. Coloca ainda que as suas bases são provenientes da abordagem fenomenológica de campo, presente na Psicologia da Gestalt, a qual se inspira na fenomenologia de Husserl. Então, destaca as possíveis influências existenciais e fenomenológicas na GT, que seriam a crença na subjetividade, a incorporação da noção de intencionalidade, a concepção de dasein, a ideia de homem como responsável por suas escolhas, o conceito de limite de contato, entre outras. Também merece destaque a crítica à cisão sujeito-objeto que Perls faz, indo de encontro ao que pensa Figueiredo (1991). Perls, em sua obra mais amadurecida, se posicionou radicalmente contra esta cisão, sendo possível afirmar, segundo a autora, que ele criticava uma visão dualista na Psicologia, porém ainda se mantinha preso ao dualismo consciente versus inconsciente. Então, a autora põe em xeque a afirmação de Figueiredo de que a GT tem uma visão dualista do ser humano. Critica Figueiredo também no sentido de que ele talvez faça isso um tanto quanto preconceituosamente, quando sugere que a GT poderia ser uma “seita”. Outro aspecto analisado pela autora no que se refere a obra de Figueiredo foi a crítica que ele faz sobre a ideia de autoatualização, que seria própria das matrizes vitalistas e naturistas. Moreira traz que nesse quesito, o autor parece ter razão, estando o vitalismo e o naturismo fortemente presentes na Gestalt-terapia, a partir da ideia de vida enquanto um fluxo contínuo. Já no que se refere a questão do homem como responsável por suas escolhas, a autora coloca que na Gestalt-terapia, isso teria uma conotação existencial, inserindo a GT mais na matriz compreensiva pós-romântica do que na matriz vitalista e naturista. A autora reforça que a base fenomenológica da Gestalt-terapia, mesmo que não tenha sido explicitada em Perls, está presente na produção teórica do Brasil, por meio do diálogo com vários pensadores fenomenológicos e existenciais, com Loffredo (1994), por exemplo, que explicita características do método fenomenológico presentes na GT a partir da Psicologia da Gestalt. Também é discutida a relação entre a Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers, com a fenomenologia. Para isso, a autora traz brevemente o seu histórico e algumas fases e características. Retoma Figueiredo para situar essa abordagem dentro da matriz vitalista e naturista, pontuando que não é possível afirmar que ela faça parte da matriz compreensiva fenomenológica descrita por ele. No que se refere a visão dualista dessa matriz, ela é evidenciada na obra rogeriana. A autora critica ainda o fato de Figueiredo ter associado a imagem de Rogers à figura de um guru, pontuando que ele tinha sim um compromisso com a ciência. Por fim, apesar de a autora destacar que parece ser possível buscar afinidades entre as bases filosóficas fenomenológicas e existenciais e o pensamento rogeriano, não deve-se pensar que tais filósofos tenham influenciado a teoria rogeriana original. É importante trazer também as reflexões feitas por Mallmann e Balestrin (2011) sobre esta temática. Para isso, contextualizam historicamente, e apresentam as principais características da fenomenologia e alguns conceitos. Então, destacam a relação entre a fenomenologia e a psicologia, visto que as mesmas podem estudar os mesmos temas. No entanto, apresentam a diferença de que enquanto a psicologia clássica reflete a relação do homem com o mundo de forma dualista, separando sujeito e objeto, a fenomenologia aborda a natureza da relação entre homem e mundo. Os autores afirmam que uma das escolas psicológicas que mais se aproximou dos ideais propostos por Husserl foi a Gestalt, que buscava relacionar a experimentação com a interpretação fenomenológica. Então, postulam que a inspiração e o uso do método fenomenológico se manifesta na chamada psicologia humanista. Apresentam, dessa forma, pressupostos teóricos dela, para depois analisarem as psicoterapias de inspiração fenomenológica. Assim, trazem a Gestalt-terapia, citando Sampaio (2004), para postular que ela pode ser considerada uma aplicação da fenomenologia. Já no que diz respeito a Psicoterapia existencial humanista norte americana, os autores trazem alguns de seus aspectos essenciais, no entanto, não se aprofundam em como se daria esta relação dela com a fenomenologia.
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