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PAPALIA, D. E.; & FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Psicossocial na Vida Adulta Intermediária. In:___. Desenvolvimento Humano. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. cap. 16, p. 540-569. Glauber Mello Cavalcante¹ Resenha O capítulo “Desenvolvimento Psicossocial na Vida Adulta Intermediária” do livro “Desenvolvimento Humano”, de Papalia e Feldman, analisa várias questões relativas ao tema proposto. A estrutura do capítulo é subdividida em oito indicadores, o primeiro e o segundo indicador nos introduz ao assunto mostrando como os cientistas abordam e analisam essa questão do desenvolvimento psicossocial da meia idade, tanto objetivamente como subjetivamente, além de nos mostrar como a geração, o gênero, a etnia, a cultura e o nível socioeconômico podem influenciar o curso da vida e a questão do desenvolvimento psicossocial na meia idade. Algumas abordagens teóricas acerca da mudança psicossocial nessa etapa da vida são apresentadas, como a pesquisa do modelo de traços de Costa e McCrae, que descrevem cinco traços (neuroticismo, extroversão, abertura para o novo, conscienciosidade e amabilidade) e em como elas estão presentes na meia idade. Além desse, há também os modelos do estágio normativo, o primeiro foi desenvolvido por Carl G. Jung, que relaciona o desenvolvimento saudável na meia idade à individuação e a transcendência. Já o segundo teórico, Erik Erikson, enxergava a meia-idade como um movimento para o exterior, apresentando o conceito de generatividade, expressando-se por meio da parentalidade e no tornar-se avô, derivando do envolvimento em múltiplos papéis, sendo associado a bem-estar e a satisfação na meia-idade. Ainda é trazida a questão do relógio social, onde os autores nos lembram que a meia-idade traz uma reestruturação de papéis sociais. Porém, com a diversificação dos estilos de vida e a desterritorialização das fronteiras da vida adulta intermediária, as antigas definições acerca deste “relógio social” foram apagadas. Os autores abordam ainda temas como as mudanças no que se refere aos padrões de vida como a aposentadoria e o significado do trabalho. O terceiro indicador nos guia sobre as questões identitárias que surgem nessa etapa da vida. Frequentemente ouve-se falar da “crise da meia-idade”, onde mudanças na personalidade e na vida das pessoas ocorreriam devido ao estresse causado pela revisão e reavaliação da própria vida. No entanto, isso é atualmente considerado no mínimo impreciso e não condizente com a realidade, pois não são todas as pessoas que passam por crises, o que ocorre na verdade é que muitas pessoas acham que estão no auge de suas vidas, ou nem um nem outro, estão entre a crise e o auge. Pois, como afirmam os autores, o fato de um momento decisivo se tornar uma crise pode depender mais das circunstâncias na vida pessoal da pessoa do que por questões relacionadas à idade. Assim, a meia idade não é uma fase de crise, lógico que pode apresentar momentos críticos, mas em si ela é uma fase de transição psicológica que se mostra decisiva. Erikson é novamente citado, o qual afirma que a identidade continua a se desenvolver durante a meia-idade, e retomando o conceito de generatividade, designando-o como um fator de importância no que se refere a formação da identidade. Outra perspectiva trazida é a da psicologia narrativa, que toma a identidade como uma história de vida, visto que na meia-idade geralmente há uma revisão da própria ontogênese. Erikson ainda traz a questão da relação da identidade a papéis e compromissos sociais e papéis de gênero, que sofreu mutação ao longo do tempo e consequentemente influenciou na formação da identidade das pessoas. O autor fala também acerca do bem-estar, e em como a emotividade, a personalidade, a idade, a saúde física se afetam. Em relação a satisfação com a vida e idade, estudos revelam que ela é afetada fortemente pela saúde física, pela capacidade de aproveitar a vida e ter sentimentos positivos sobre si mesmo. Essa satisfação com a vida pode ser consequência da imersão de desejos antes reprimidos, e que se realizam agora nessa fase da vida. O indicador quatro aborda os relacionamentos e em como eles se revelam muito importantes para as pessoas de meia-idade, se tornando até uma das chaves mais importantes para o bem-estar, fonte de saúde e satisfação. Os autores apresentam a teoria do comboio social, que foi proposta por Kahn e Antonucci, que dizem que durante a vida relacionamentos íntimos circunscrevem a vida do indivíduo circularmente, em busca de assistência, bem-estar e apoio social. Além da teoria da seletividade emocional que basicamente diz que as pessoas de meia idade buscam se relacionar com pessoas que as façam se sentir bem. O autores ainda perpassam, no quinto indicador, por questões relativas a relacionamentos consensuais como o casamento, a coabitação, o divórcio, e em como o estado-civil pode influenciar na saúde e no bem-estar. Também é abordada a temática dos relacionamentos homossexuais e suas implicações, além da importância da amizade. A temática dos relacionamentos ainda é o foco do indicador seis, só que dessa vez entre pais e filhos e como eles mudam ao longo do tempo, e as consequências desse relacionamento na vida de ambos. Perpassando por questões como filhos adolescentes, filhos que saem de casa e a questão do ninho vazio, ou o ninho atravancado, e as relações dos filhos já adultos com seus pais e suas implicações no casamento. Então, chega-se ao indicador sete que trata de outras relações de parentesco: o relacionamento com pais e irmãos. Relacionamentos com os pais podem ter mudanças dramáticas devido a responsabilidade dos filhos de cuidarem dos seus pais idosos, porém nessa fase da vida os relacionamentos geralmente ocorrem com contato e apoio mútuo, porém é importante levar em consideração as complexidades que as relações podem ter. No que se refere ao relacionamento com os irmãos, o autor constata que esse são os de maior duração na vida, sendo que os relacionamentos entre irmãos que permanecem em contato podem se tornar centrais ao bem-estar psicológico na meia-idade. Por fim, é tratada a temática do tornar-se avô/avó, o que segundo pesquisas ocorre geralmente por volta dos 45 anos, descrevendo o papel dos avós e suas mudanças ao longo do tempo, e trazendo a questão do afeto dos avós para com seus netos. Além disso, é muito presente na sociedade avós que são os principais cuidadores ou criam os netos sozinhos, o que pode trazer esgotamento físico e psicológico para eles. Enfim, os avós podem ter uma simbologia de continuidade familiar, se vinculando ao passado e além disso, são fontes de orientação e companhia, expressando a generatividade e desejo investindo nas vidas das futuras gerações como uma forma de ainda se manterem vivos mesmo após a morte. ¹ Acadêmico do curso de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão .