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Caren Andressa 2020.2 INTOXICAÇAO POR MEDICAMENTO PROBLEMA 3 CONCEITUAR INTOXICAÇAO E INTERAÇAO MEDICAMENTOSA Intoxicação refere-se ao desenvolvimento de efeitos adversos associados à exposição a determinadas doses de substâncias químicas, fármacos ou outros xenobióticos. A intoxicação é um efeito medicamentoso dose-dependente, variável com a predisposição individual do usuário e com as várias interações enzimáticas de indução ou inibição do metabolismo da droga. A intoxicação pode ser local (por exemplo, em pele e mucosas) ou pode ser sistêmica, dependendo das propriedades físico-químicas do tóxico, do seu mecanismo de ação e da via de exposição. Interação medicamentosa Interações fármacosas são modificações dos efeitos de um fármaco decorrentes do uso recente ou concomitante de outro fármaco ou fármacos (interações farmacológicas) ingestão de alimentos (interações fármaco-nutriente ou ingestão de suplementos alimentares (interações suplemento- fármaco). A interação fármaco-fármaco pode aumentar ou diminuir os efeitos de um ou ambos os fármacos. As interações clinicamente significativas são frequentemente previsíveis e, em geral, indesejáveis. Nas interações farmacodinâmicas, um fármaco modifica a sensibilidade ou a resposta dos tecidos a outro fármaco, por ter o mesmo efeito (agonista) ou efeito bloqueador (antagonista). Habitualmente, esses efeitos ocorrem no nível do receptor, mas podem ocorrer no nível intracelular. Sinergismo : é um tipo de resposta farmacológica obtida a partir da associação de dois ou mais medicamentos, cuja resultante é maior do que simples soma dos efeitos isolados de cada um deles. O sinergismo pode ocorrer com medicamentos que possuem os mesmos mecanismos de ação (aditivo); que agem por diferentes modos (somação) ou com aqueles que atuam em diferentes receptores farmacológicos (potencialização). Das associações sinérgicas podem surgir efeitos terapêuticos ou tóxicos. Estes últimos são freqüentes nas combinações de medicamentos com toxicidade nos mesmos orgãos, por exemplo, aminoglicosídeo e vancomicina (nefrotoxicidade) ou corticosteróides e antiinfla-matórios nãoesteroidais (ulceração gástrica). Antagonismo: No antagonismo a resposta farmacológica de um medicamento é suprimida ou reduzida na presença de outro, muitas vezes pela competição destes pelo mesmo sítio receptor. São tipos de interações que podem gerar respostas benéficas, por exemplo, no caso da utilização do naloxone (antagonista opióide) nos quadros de depressão respiratória causados pela morfina, ou acarretar ineficácia do tratamento, por exemplo, no caso da associação indevida entre o propranolol (bloqueador de receptores b) e do salbutamol (agonistas de receptores b) Nas interações farmacocinéticas, em geral, um fármaco modifica a absorção, a distribuição, a ligação às proteínas, a biotransformação ou a excreção de outro fármaco. Assim, ocorre a modificação da quantidade e a persistência do fármaco disponível nos locais dos receptores. As interações farmacocinéticas alteram a magnitude e a duração do efeito, porém não o tipo do efeito. Esse tipo de interação é, com frequência, previsível com base no conhecimento dos fármacos individuais ou detectado pelo monitoramento das concentrações dos fármacos ou dos sinais clínicos. Absorçao : é o processo de transferência do medicamento do local de administração para a corrente sangüínea. Fatores como o fluxo sangüíneo do trato gastrointestinal (TGI), pH, motilidade, dieta e presença de outras substâncias e o tipo de formulação farmacêutica interferem nesse evento Medicamentos com ações anticolinérgicas como a atropina e seus derivados, os antidepressivos, analgésicos opioides tendem a inibir a motilidade do TGI e reduzem a absorção dos agentes Caren Andressa 2020.2 cooadiministrados. Por outro lado, os laxativos, os antagonistas dopaminérgicos como a metoclopramida, a domperidona e o haloperidol tendem a aumentar a absorção de outros medicamentos, porque aceleram o trânsito do TGI Distribuição: evento de deslocamento do medicamento da circulação sistêmica para os tecidos. Esta fase depende do Volume de distribuição aparente (Vd) e da fração de ligação dos medicamentos às proteínas plasmáticas. Medicamentos que possuem grande afinidade pelas proteínas plasmáticas quando associados com outros, podem agir como deslocadores e aumentar a concentração sérica (livre) do segundo, acarretando manifestações clínicas nem sempre benéficas. Biotransformaçao : No processo de metabolização os medicamentos são transformados pelas enzimas microssomais hepáticas em frações menores, hidrossolúveis. As interações que ocorrem nesta fase são precipitadas por medicamentos com capacidade de inibirem ou induzirem o sistema enzimático. A inibição enzimática de sistemas como, por exemplo, do citocromo P450, das colinesterases e monoaminoxidases (MAO), acarreta lentificação da biotransformação do próprio medicamento e de outros que tenham sido administrados simultaneamente. A conseqüência desse atraso é um maior tempo de ação farmacológica do (s) agente(s), situação às vezes indesejada, especialmente em doentes com distúrbio hepático ou renal. Excreção: A maioria dos medicamentos é eliminada quase que totalmente pelos rins. Desta forma, a taxa de excreção de vários agentes pode ser modificada através de interações ao longo do néfron. As alterações do pH urinário interferem no grau de ionização de bases e ácidos fracos afetando as respostas farmacológicas, por exemplo, o bicarbonato de sódio é utilizado para aumentar a excreção de ácidos fracos em casos de intoxicação por barbitúricos. A competição de medicamentos no túbulo proximal pela secreção tubular é outro mecanismo utilizado, como estratégia farmacológica, para prolongar o tempo de ação dos medicamentos, isto acontece com a probenecida e a penicilina, quando a primeira inibe a secreção da segunda e eleva o tempo de ação do antibiótico. METRANIDAZOL: medicamento para tratamento de giadiase,tricomaniase, vaginites ,amebíase , apresenta atividade antimicrobiana e atividade antiparasitária. Possui acao de 1 a 2 horas. Interações medicamentosas: Não devem ser ingeridos com álcool e no mínimo um dia após o uso do medicamento , devido a possibilidade do efeito antabuse com aparecimento de rubor, vômitos e taquicardia. Alem disso,o medicamento dissulfiram também não pode ser utilizado , pois foi relatado reações psicóticas em paciente com uso concomitante dos dois medicamentos. Interaçao com anticoagulante oral ( varfarina): potencialização do efeito anticoagulante e aumento do risco hemorrágico, causado pela diminuição do catabolismo hepático. Em caso de administração concomitante, deve-se monitorizar o tempo de protrombina com maior frequência e realizar ajuste posológico da terapia anticoagulante durante o tratamento com metronidazol. Lítio: os níveis plasmáticos de lítio podem ser aumentados pelo metronidazol. Deve-se, portanto, monitorizar as concentrações plasmáticas de lítio, creatinina e eletrólitos de paciente com tratamento comcomitante. Ciclosporina: risco de aumento dos níveis plasmáticos de ciclosporina. Os níveis plasmáticos de ciclosporina e creatinina devem ser rigorosamente monitorizados quando a administração concomitante é necessária. Caren Andressa 2020.2 Fenitoína ou fenobarbital: aumento da eliminação de metronidazol, resultando em níveis plasmáticos reduzidos. 5-fluorouracil: diminuição do clearance do 5- fluorouracil, resultando em aumento da toxicidade do mesmo. Bussulfano: os níveis plasmáticos de bussulfano podem ser aumentados pelo metronidazol, o que pode levar a uma severa toxicidade do bussulfano. Reações adversas: Distúrbios gastrintestinais:dor epigástrica, náusea, vômito, diarreia, mucosite oral, alterações no paladar incluindo gosto metálico, anorexia, casos reversíveis de pancreatite, descoloração da língua/sensação de língua áspera (devido ao crescimento de fungos, por exemplo). Distúrbios do sistema Imunológico: angioedema, choque anafilático. Distúrbios do sistema nervoso: neuropatia sensorial periférica, cefaléia, convulsões, vertigem, relatos de encefalopatia (por exemplo confusão) e síndrome cerebelar subaguda (por exemplo ataxia, disartria, alteração da marcha, nistagmo e tremor), que podem ser resolvidos com a descontinuação do medicamento, meningite asséptica. Distúrbios psiquiátricos: alterações psicóticas incluindo confusão e alucinações, humor depressivo. Distúrbios visuais: alterações visuais transitórias como diplopia e miopia, visão borrada, diminuição da acuidade visual e alteração da visualização das cores, neuropatia óptica /neurite. Distúrbios no sangue e no sistema linfático: foram relatados casos de agranulocitose, neutropenia e trombocitopenia. Distúrbios hepatobiliares: foram relatados casos de aumento das enzimas hepáticas (AST. ALT, fosfatase alcalina), hepatite colestática ou mista e lesão hepatocelular, algumas vezes com icterícia. - Foram relatados casos de falência hepática necessitando de transplante hepático em pacientes tratados com metronidazol em associação com outras drogas antibióticas. Distúrbios na pele e tecido cutâneo: rash, prurido, rubor, urticária, erupções pustulosas, síndrome de Stevens- Johnson, necrólise epidérmica tóxica. Distúrbios gerais: febre. CIMETIDINA Indicada no tratamento de distúrbios gastrointestinais; A cimetidina tem o potencial de afetar a absorção, o metabolismo ou a excreção renal de outras drogas, o que é particularmente importante quando drogas com uma faixa terapêutica estreita são administradas simultaneamente. 1) Inibição de certas enzimas do citocromo P450 (incluindo CYP1A2, CYP2C9, CYP2D6 e CYP3A3/A4, e CYP2C19). A inibição dessas enzimas pode resultar em aumento dos níveis plasmáticos de certas drogas, incluindo anticoagulantes cumarínicos (por exemplo, varfarina), antidepressivos tricíclicos (como amitriptilina), antiarrítmicos classe I (por exemplo, lidocaína, quinidina), bloqueadores de canais de cálcio (como diltiazem), sulfonilureias (por exemplo, glipizida), fenitoína, teofilina, metoprolol, ciclosporina, tacrolimus e diazepam. 2) Inibição da secreção tubular renal, via transporte catiônico orgânico (TCO) de proteínas. Isso pode resultar em aumento dos níveis plasmáticos de certas drogas, incluindo procainamida, quinidina, metformina e dofetilida). 3) Alteração do pH gástrico. A biodisponibilidade de certas drogas pode ser afetada. Isso pode resultar em aumento da absorção (por exemplo, de atazanavir), ou na diminuição da absorção (por exemplo, de alguns antifúngicos imidazólicos, como cetoconazol, itraconazol ou posaconazol). 4) Mecanismos desconhecidos. A cimetidina pode potencializar os efeitos mielossupressores (por exemplo, neutropenia, agranulocitose) de agentes quimioterápicos como carmustina, fluoruracila, epirubicina ou de terapias, como radiação. Foram relatados casos isolados de interações clínicas Caren Andressa 2020.2 relevantes com analgésicos narcóticos (por exemplo, morfina) Reaçoes adversas: Reações comuns (>1/100 e <1/10): - Cefaleia, tontura - Diarreia - Mialgia - Cansaço - Erupções cutâneas Reações incomuns (>1/1.000 e <1/100): - Leucopenia - Depressão, estados de confusão, alucinações. Estados de confusão, reversíveis dentro de alguns dias após a retirada da cimetidina, foram relatados geralmente em pacientes idosos ou doentes. - Taquicardia - Hepatite, que regrediu com a suspensão do fármaco - Aumento na creatinina plasmática. Pequenos aumentos na creatinina plasmática foram relatados. Esses aumentos são devido à inibição da secreção tubular renal da creatinina e não estão associados a alterações na taxa de filtragem glomerular. O aumento não progride com a continuação do tratamento e desaparece no final do mesmo. - Ginecomastia e impotência reversíveis. A ginecomastia é geralmente reversível com a descontinuação do tratamento com cimetidina. A impotência reversível foi relatada particularmente nos pacientes que recebem doses altas (por exemplo, na síndrome de Zollinger-Ellison). No entanto, na dosagem regular, a incidência é semelhante à da população geral AMINOFILINA A aminofilina está indicada para o alívio sintomático da asma brônquica aguda e para o tratamento do broncoespasmo reversível associado com bronquite crônica e enfisema. Adrenocorticoides, glicocorticoides e mineralocorticoides: o uso simultâneo com a aminofilina e injeção de cloreto de sódio pode resultar em hipernatremia. Fenitoína, primidona ou rifampicina: o uso simultâneo pode estimular o metabolismo hepático, aumentando a depuração da teofilina. O uso simultâneo da fenitoína com as xantinas pode inibir a absorção da fenitoína, resultando em concentrações séricas menores de fenitoína; as concentrações séricas dessas substâncias devem ser determinadas durante a terapia, podendo ser necessários ajustes na posologia, tanto dafenitoína como da teofilina. Betabloqueadores: o uso simultâneo pode resultar em inibição mútua dos efeitos terapêuticos; além disso, pode haver diminuição da depuração da teofilina, especialmente em fumantes. Cimetidina, eritromicina, ranitidina ou troleandomicina: o uso simultâneo com as xantinas pode diminuir a depuração hepática da teofilina, resultando em concentrações séricas aumentadas de teofilina e/ou toxicidade. Fumo: a cessação do hábito de fumar pode aumentar os efeitos terapêuticos das xantinas, diminuindo o metabolismo e consequentemente, aumentar a concentração sérica; a normalização da farmacocinética da teofilina pode demorar de 3 meses a 2 anos para ocorrer, podendo ser necessários ajustes da posologia. O uso das xantinas em fumantes resulta em depuração aumentada da teofilina e concentrações séricas diminuídas de teofilina, sendo que os fumantes podem requerer uma posologia 50 a 100% maior. VARFARINA deve-se ter cuidado no uso concomitante de qualquer droga em pacientes recebendo tratamento anticoagulante oral. A atividade da varfarina pode ser potencializada por esteróides anabólicos (por exemplo: etilestranol, metandrostenolona, noretrandolona), amiodarona, amitriptilina/nortriptilina, azapropazona, aztreonam, benzafibrato, cefamandol, cloranfenicol, hidrato de coral, cimetidina, ciprofloxacino, clofibrato, cotrimoxazol, danazol, destropropoxifeno, Caren Andressa 2020.2 destrotiroxina, dipiridamol, eritromicina, neomicina, feprazona, fluconazol,glucagon, metronidazol, miconazol, oxifenilbutazona, fenformina, fenilbutazona, feniramidol, quinidina, salicilatos, tolbutamida, sulfonamidas (ex.: sulfafenazol, sulfinpirazona), tamoxifeno e triclofos. A potencialização pode também ocorrer com as seguintes drogas: diflunisal, flurbiprofeno, indometacina, ácido mefenâmico, piroxicam, sulindaco e possivelmente outros analgésicos antiinflamatórios, cetoconazol, ácido nalidíxico, norfloxacino, tetraciclinas e outros antibióticos de largo espectro. A atividade anticoagulante pode ser aumentada por alopurinol, dissulfiram, metilfenidato, paracetamol, drogas da tireóide e qualquer droga potencialmente hepatotóxica. Tanto a potencialização quanto a inibição do efeito anticoagulante têm sido relatadas com fenitoína, ACTH e corticosteróides. A atividade anticoagulante pode também ser aumentada com grandes quantidades ou ingestão crônica de álcool, particularmente em pacientes com insuficiência hepática. A colestiramina e o sulcralfato acarretam insuficiência da absorção e diminuição daatividade da varfarina. A colestiramina pode também diminuir a absorção de vitamina K, sem, no entanto, aumentar a atividade anticoagulante da varfarina. O efeito anticoagulante pode ser diminuído pela administração de vitamina K (por ex.: como constituinte de alguns alimentos, como saladas verdes). A atividade anticoagulante da varfarina pode ser inibida por drogas que induzem as enzimas hepáticas, tais como: aminoglutetimida, barbiturato, carbamazepina, etclorvinol, glutatimida, griseofulvina, dicloralfenazona, primidona, rifampicina e contraceptivos orais. Mulheres em uso de varfarina devem consultar o médico antes do uso concomitante de creme vaginal ou supositório de miconazol, pois pode haver potencialização do efeito anticoagulante OMEPRAZOL Anticoagulantes, cumarina ou derivados da indandiona; diazepam, fenitoína e varfarina (medicamentos metabolizados por oxidação hepática) podem ter sua eliminação retardada pelo omeprazol; benzodiazepínicos, ciclosporinas ou dissulfiram; depressores da medula óssea (a administração concomitante pode aumentar os efeitos leucopênicos e/ou trombocitopênicos de ambas as medicações, se necessário o uso concomitante, devem ser considerados os efeitos tóxicos); estudos de interação de omeprazol com outros fármacos indicaram que não há influência sobre: cafeína, fenacetina, teofilina, piroxicam, diclofenaco, naproxeno, propranolol, metoprolol, ciclosporina, lidocaína, quinidina, estradiol, eritromicina e budesonida; durante o tratamento concomitante de omeprazol e claritomicina, foi observado aumento nas concentrações plasmáticas de ambas as substâncias, mas não houve interação com o metronidazol ou a amoxicilina. As combinações que contêm algumas das seguintes medicações, dependendo das quantidades presentes, podem causar alterações devido ao aumento do pH gastrintestinal pelo omeprazol, podendo resultar na redução da absorção dos seguintes fármacos: ésteres de ampicilinas; sais de ferro; itraconazol e cetoconazol. Não foram observadas interações na administração concomitante de omeprazol com antiácidos. Estudos de interação de omeprazol indicaram que não há influência sobre etanol. Caren Andressa 2020.2 Não foram observadas interações na administração concomitante de omeprazol com alimentos. DESCREVER O MECANISMO DE AÇAO DOS ANTITERMICOS E ANALGESICOS ( PARACETAMOL E DIPIRONA) PARACETAMOL O paracetamol (acetaminofeno) é um fármaco que possui propriedades analgésicas (alivia a dor) e propriedades antipiréticas eliminando ou prevenindo a febre em adultos e crianças, diminuindo a temperatura corporal quando esta for superior a 37°C. Tal como os AINEs, e ao contrário dos analgésicos opióides, o paracetamol não provoca euforia ou alterações no humor. Possui a vantagem de ser completamente livre de problemas de dependência, tolerância, abstinência ou efeito depressor sobre a respiração, e pode ser usado por si só ou em combinação com pseudoefedrina, dextrometorfano, clorfeniramina, difenidramina, doxilamina, codeína, hidrocodona ou oxicodona no tratamento da dor. O paracetamol não possui atividade anti- inflamatória clinicamente significativa e por consequência é ineficaz, a não ser como analgésico, no alívio dos sintomas da artrite reumatóide e de outras inflamações. Absorção: Rapidamente absorvido pelo intestino, pico plasmático : 30 a 45 minutos; Metabolismo: hepático. Eliminação: renal MECANISMO DE AÇÃO: Sua ação farmacológica primária está relacionada com sua habilidade compartilhada de inibir a enzima COX de ácidos graxos, inibindo desse modo a produção de prostaglandinas e tromboxanos. Na ocorrência de febre, os pirogénios endógenos produzidos pelos leucócitos provocam um aumento de prostaglandinas E no líquido cefalorraquidiano. O paracetamol reduz a febre, bloqueando a formação e a libertação de prostaglandinas no sistema nervos central (SNC) e inibe a ação de pirogénios endógenos nos recetores N-metil-d-aspartato do hipotálamo, resultando em vasodilatação periférica, sudorese e dissipação de calor. Os seus efeitos analgésicos decorrem de se tratar de um potente inibidor da síntese de prostaglandinas, por diminuírem os níveis de PGE2 do sistema nervoso central (SNC) a partir da ciclooxigenase, e por atuar perifericamente bloqueando a geração de impulsos nos quimiorrecetores sensíveis à bradicinina, responsáveis pela ação dos impulsos nocicetivos. O seu efeito analgésico também é provocado por ser um antagonista do recetor N- metil-D-aspartato (NMDA) e da substância P da espinal medula (neurotransmissor responsável pela modulação da dor), e por ter uma ação inibitória sobre os mecanismos do óxido nítrico espinal. Porém, este não é o único mecanismo envolvido nos efeitos analgésicos do paracetamol. O paracetamol possui um efeito analgésico mediado pela ativação das vias serotoninérgicas. Ainda existe um debate sobre o seu principal local de ação ser a partir da inibição da síntese de prostaglandinas ou através de um metabolito que influencia os recetores canabinóides. Estudos recentes revelam que o paracetamol inibe a síntese de prostaglandinas a partir do ácido araquidónico sob condições específicas, designadamente quando a concentração de peróxidos em células isoladas é baixa. a COX-2 é a principal isoenzima da COX envolvida na síntese de prostaglandinas quando as concentrações de ácido araquidónico são baixas. Caren Andressa 2020.2 Quando a concentração de ácido araquidónico é elevada, a síntese de prostaglandinas é mediada pela COX-1, concluindo-se que o paracetamol pode ser um inibidor seletivo da COX-2. Contudo, o paracetamol também pode inibir a COX-1 se os níveis de peróxidos forem reduzidos. Em resumo, o paracetamol mostra, frequentemente, seletividade para a COX-2 mas também pode inibir a COX-1, dependendo da síntese de prostaglandinas na presença de níveis baixos de ácido araquidónico. Esta teoria pode explicar porque é que o paracetamol é eficaz no sistema nervoso central e em células endoteliais, onde as concentrações de peróxidos são baixas, e ineficaz em plaquetas e células do sistema imunitário como, por exemplo, nos leucócitos, pois exibem níveis elevados de peróxidos. Por isso, ao contrário dos AINEs (inibidores da COX-1 e COX-2), o paracetamol não possui ação anticoagulante e antiinflamatoria. MECANISMO TOXICO/BIOTRANSFORMAÇAO : Após ser absorvido, o paracetamol sofre reações de biotransformação no fígado nomeadamente de Fase I e de Fase II do metabolismo. O metabolismo do paracetamol ocorre essencialmente por três vias): conjugação com o ion sulfato através das fenolsulfotransferases; conjugação com o ácido glucurónico por ação das UDP-glucuronosiltransferases (UGTs) do fígado por via de reações de fase II, oxidação por microssomas hepáticos do citocromo P450 podendo ocorrer a formação de pequenas quantidades de metabolitos tóxicos: paminofenol e N- acetil-p-benzoquinonoimina (NAPQI) que é um intermediário extremamente reativo, formado por via de reações de fase I. As reações de fase I constituem cerca de 5 a 15% do metabolismo do paracetamol enquanto as reações de fase II constituem aproximadamente 90%. As reações de Fase II, como a de Glucuronidação e a de Sulfatação, são predominantes no metabolismo do paracetamol. As reações de Fase I são normalmente mediadas pelo sistema enzimático denominado Citocromo P450. Desta família de enzimas, a isoenzima CYP2E1 é a que tem uma ação mais notória na biotransformação do paracetamol, mediando a formação do metabolito tóxico, uma imina, a N-acetil-pbenzoquinona imina (NAPQI). Em doses terapêuticas, a formação da NAPQI ocorre em baixa percentagem, sendo este conjugado pelocaptador de radicais livres, a Glutationa (GSH). O NAPQI liga-se ao grupo tiol da GSH, formando-se ácido mercaptúrico ou um conjugado de cisteína, que sofrem excreção renal. Em casos de ingestão de doses elevadas de paracetamol, ocorre uma saturação das reações de fase II e um esgotamento das reservas de GSH. Assim, o NAPQI acumula-se em grande quantidade no fígado, alterando a homeostase celular Na overdose, as vias de glucuronização e sulfatação tornam-se saturadas e o metabolismo via citocromo P450 (principalmente pela enzima CYP2E1) aumenta. Desta forma aumenta a produção do NAPQI que rapidamente esgota a glutationa celular. Quando cerca de 70% da glutationa está esgotada, o NAPQI liga-se covalentemente com as macromoléculas de proteínas nos hepatócitos, causando alteração de membrana, morte celular e degeneração do fígado; Caren Andressa 2020.2 Toxicidade Nos adultos, a hepatotoxicidade pode ocorrer após a ingestão de uma dose única de 10 a 15 g (aproximadamente 150 a 250 mg/kg) de paracetamol. No entanto, doses entre 20 a 25 g, ou superiores são potencialmente fatais. No fígado, a maioria do metabolismo oxidativo é concentrado na zona III centrolobular devido à maior prevalência do citocromo P450 neste local. Em casos mais graves estende-se para as zonas I e II podendo destruir todo o parênquima hepático. O rim é o segundo órgão alvo da toxicidade do paracetamol; a disfunção renal ocorre em cerca de 25% dos casos de hepatotoxicidade significativa e em mais de 50% dos casos em que ocorre insuficiência hepática. MANIFESTAÇOES CLINICAS Dividido em 4 fases; Fase 1: ate 24 horas, assintomático ou com sintomas gastrointestinais como náusea e vômitos. Fase 2: de 24 a 72 horas, assintomático , ocorre o aparecimento de lesões no fígado, dor no quadrante superior direito do abdómenporem apresenta alterações hepáticas ( TGO,TGP,INR,TP), aumento de alanina transaminase e aspartato transaminase, acidose metabólica, insuficiência renal aguda. Fase 3: 72 a 96 horas, necrose hepática,icterícia, náuseas distubios de coagulação,IRA, miocardiopatia, encefalopatia,coma, óbito. ocorre a hepatotoxicidade máxima podendo ocorrer insuficiência hepática fulminante, hemorragia, septicémia, edema cerebral síndrome da angústia respiratória, incluindo a falência de múltiplos órgãos e morte; Fase 4 : 4 dias a 2 semanas, recuperação hepática com fibrose residual, pacientes que sobrevivem a fase 3 geralmente recuperam sem outras sequelas. DIAGNOSTICO Depende da historia do paciente e nível sérico; Nível sérico: Obter um nível plasmático com pelo menos 4 horas após a ingestão. Níveis obtidos anteriormentenpodem não refletir a absorção completa e não devem ser usados para prever a toxicidade ou a necessidade de NAC. Os níveis de paracetamol obtidos entre 4 e 16 horas após a ingestão são os mais preditivos do potencial hepatotóxico. * O resultado do nível sérico deve ser lançado no nomograma de Rumack-Matthew que correlaciona a concentração plasmática de paracetamol livre com o tempo em que ela foi obtida entre 4 a 24 horas após uma ingestão aguda única e determina a necessidade de terapia com antídoto específico; * Níveis obtidos antes de 4 horas ou após 24 horas não podem ser interpretados, nem os níveis obtidos após a ingestão crônica ou repetida. º Laboratorial geral □ Hemograma, glicemia, eletrólitos; □ TGO, TGP, TAP/TTPA, INR; □ Bilirrubinas total e frações; □ Função renal. ALT E AST; Diagnostico diferencial: Outras intoxicações º Tetracloreto de carbono, cogumelos hepatotóxicos, halotano, reações idiossincráticas, óleo de poejo, ferro, ácido valproico e outras medicações hepatotóxicas. • Outras condições º Hepatites virais e Insuficiência hepática Caren Andressa 2020.2 TRATAMENTO Medidas de suporte º Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementarmquando necessário; º Monitorizar sinais vitais; º Obter acesso venoso calibroso e coletar amostras biológicas para exames de rotina e toxicológicos; º Hidratação adequada. Descontaminaçao: Considerar a realização de lavagem gástrica e a administraçãomde carvão ativado após uma ingestão potencialmente tóxica. É mais eficaz quando realizados no prazo de 1 hora após a ingestão. Antidoto: N- acetilcisteina (NAC) □ Deve ser administrado a qualquer paciente com risco de lesão hepática: * Nível sérico de paracetamol acima da linha de possível toxicidade no Normograma RumackMatthew; * História de ingestão de doses tóxicas e concentração não disponível ou tempo de ingestão desconhecido; * Iniciar NAC dentro das 8 primeiras horas após ingestão em pacientes com qualquer possível risco de hepatotoxicidade; * Os pacientes com mais de 24 horas após a ingestão que têm níveis mensuráveis de paracetamol ou evidências bioquímicas de hepatotoxicidade devem receber terapêutica com NAC até melhora da função hepática, mantendo a última fase do protocolo por dias, se necessário. O NAPQI é geralmente destoxificado pela conjugação irreversível com a glutationa, mas em casos de sobredosagem, grandes quantidades de NAPQI são produzidas, esgotando as reservas de glutationa, que resulta em lesão hepatocelular. O antídoto N-acetilcisteína é hidrolisado no organismo em cisteína e reabastece os níveis de glutationa, ligando-se covalentemente ao NAPQI numa proporção de 1:1 para prevenir o dano hepatocelular Sintomáticos º Em intoxicações leves, protetores de mucosa e antieméticos são suficientes; º Transplante hepático: pode aumentar a sobrevivência nos casos de insuficiência hepática fulminante. DIPIRONA Nomes comerciais: Nomes Comerciais mais comuns dentre uma centena de produtos (genérico e similar) que têm por base a dipirona, em grande parte associada a outras substâncias analgésicas: Algirona; Anador; Analgesil; Analgex, Analgin, Analverin; Anfebril; Apiron; Baralgin M; Baralgin composto Conmel; Debela Difebril; Dip-Ima; Dipimax; Dipiran; Dipirol, Dipirogen;Dipirona,Dipironati; Dipiron; Dipironax; Dipirosil; Dipirosim; Diusmed; Doralex; Doran, Doratyl; Dorilan; Dornal; Dorona; Dorostil; Dorpinon; DS500; Dyprin; Findor; FURP-Dipirona; Lomdor; Magnopyrol; Maxiliv; Multiralgim; Nalginin Nevalgina, Novagreen; Novalex; Novalgex; Novalgina®; Pirogina; Salindor; Termonal; Termoprin. FARMACOCINETICA Após administração oral, a dipirona é completamente hidrolisada em sua porção ativa, 4- Netilaminoantipirina (MAA). A biodisponibilidade absoluta da MAA é de aproximadamente 90%, sendo um pouco maior após administração oral quando comparada à administração intravenosa. A farmacocinética da MAA não se altera em qualquer extensão quando a dipirona é administrada concomitantemente a alimentos. Principalmente a MAA, mas também a 4- aminoantipirina (AA), contribuem para o efeito Caren Andressa 2020.2 clínico. Os valores de AUC para AA constituem aproximadamente 25% do valor de AUC para MAA. A biotransformação com alguns metabólitos ativos é hepática e a excreção renal. Dentre os 4 metabólitos hepáticos da dipirona, destacam-se 4-metil-amino-antipirina (4-MAA) mais potente do que a dipirona, 4-amino-antipirina (4-AA) ativo, 4-acetil-amino-antipirina (AAA) e 4-formil- amino-antipirina (FAA) pouco ativos. Nenhum desses metabólitos liga-se extensivamente às proteínas plasmáticas,sendo predominantemente excretados pelo rim. Os efeitos analgésicos correlacionam-se com as concentrações dos metabólitos ativos (MAA e AA). A propriedade antiinflamatória da dipirona ocorre sobre a cascata do ácido aracdônico, pois os metabólitos 4- MAA e 4-AA inibem a síntese de prostaglandinas a nível das COXs, efeito comparável ao ácido acetilsalicílico; os outros dois metabólitos(AAA, FAA) mostraram-se praticamente inativos. Os metabólitos 4-MAA e 4-AA são os principais responsáveis pelo efeito analgésico. FARMACODINAMICA A dipirona é um derivado pirazolônico não narcótico com efeitos analgésico, antipirético e espasmolítico. A dipirona é uma pró-droga cuja metabolização gera a formação de vários metabólitos entre os quais há 2 com propriedades analgésicas: 4-metil- aminoantipirna (4-MAA) e o 4-amino-antipirina (4- AA). A analgesia da dipirona depende de efeito periférico (PGs e NO) e central por seu sinergismo peptidérgico (k), serotoninérgico (5HT1) e antagonismo glutaminérgico (NMDA). Analgesia - A dipirona controla a hiperalgesia decorrente da lesão tecidual, por ativação dos canais de K+ sensíveis ao ATP e por inibição da ativação da adenilciclase por substâncias hiperalgésicas como por bloqueio direto do influxo de cálcio no nociceptor;(22) (21) também contribui a interferência de uma via arginina-óxido nítrico/GMPc/proteino quinaseG/ canais de K+ ATP sensíveis ao ATP (bloqueio da enzima NO-sintase); B) Antiinflamatório: (altas concentrações) - bloqueio das COX 1-2 (doses elevadas) reduz síntese de PGs e da NO-sintase interfere na produção de citocinas pro-inflamatórias (IL,FNT); redução de radicais superóxidos 2. Efeito Antinociceptivo Central A) Antipirético - a potente propriedade antipirética decorre da capacidade de inibição da COX3 na síntese de prostaglandina E no sistema nervoso central (SNC), notadamente no hipotálamo. Notadamente pelos seus dois metabólitos: 4-metil- amino-antipirina (4-MAA) e 4-aminoantipirina (4- AA) B)Ação analgésica também é exercida pelos dois metabólitos ativos 4-MAA e 4- AA que são capazes de inibir as COX 1,2 e 3 e atuar em vários níveis sinergicamente com o sistema petidérgico (endorfina e encefalinas) e serotonina. DESCREVER O PROCESSO DE BIOTRANSFORMAÇAO HEPATICA Após absorção e distribuição no organismo humano, inicia-se um duplo trabalho que consiste, por um lado, nas acções que o medicamento vai desencadear nos efectores e, por outro, na metabolização que o organismo realiza para eliminação das substâncias. A farmacocinética – trabalho metabólico de eliminação - de um determinado DCI é um trabalho fundamentalmente hepático e que envolve duas fases: Fase I de exposição do grupo funcional terapêutico e que determina, em geral, a perda de actividade, exceptuando-se as pró-drogas; pode ser de redu ção ou de oxidação; Caren Andressa 2020.2 Fase II de conjugação que se da pela ligação a veículos de eliminação para o exterior do organismo, tornando os compostos solúveis em água quer por conjugação com glutatião, açúcar ou grupo sulfúrico. As reações de fase I são realizadas por enzimas do citocromo P450. Citocromo refere-se à coloração do tecido hepático, que se torna avermelhado devido ao conteúdo em ferro e «450» advém da característica absorção do comprimento do onda 450 da luz ultravioleta quando expostos ao monóxido de carbono. É constituído por um conjunto de proteínas contendo um grupo heme que se localiza na parede do sistema reticular endoplásmico, responsável pela fase final da oxidação, transferindo elétrons do oxigénio molecular para os medicamentos oxidados. Com transmissão autosómica recessiva, estas enzimas estão acopladas a um NADPH-citocromo P450 reducatse, na proporção de 10 P450 para 1 citocromo P450 reductase. As reações de fase I consistem em reações de hidrólise, redução e oxidação, reações que introduzem – ou expõem – um grupo funcional quimicamente reativo (-OH, -NH2, -SH ou -COOH) na molécula do xenobiótico. Estas reações, que normalmente resultam apenas em aumento discreto da hidrossolubilidade em relação à molécula original do xenobiótico, fornecem os grupos funcionais que possibilitam as reações de fase II de conjugação. Metabólitos podem ficar ativos (não necessariamente ativação das propriedades terapêuticas da droga) e irem para o sangue ou inativos (porém com composição alterada) e irem para a fase 2; As reações de fase II, que podem ser precedidas ou não pelas reações de fase I, incluem glicuronidação, sulfatação, acetilação, metilação, conjugação com glutationa, aminoácidos e ácidos graxos. Nestas reações, o xenobiótico, ou o metabólito oriundo da fase I, é ligado covalentemente a uma macromolécula endógena (ácido glicurônico, glutationa, sulfatos inorgânicos e aminoácidos), dando origem a um conjugado hidrossolúvel que pode ser eliminado pelas vias renal e biliar (Embora a sequência típica seja a fase II sucedendo a fase I, caso o xenobiótico possua grupos funcionais adequados, a conjugação pode ocorrer sem ser precedida pela fase I e, em alguns casos excepcionais, produtos conjugados de fase II podem ser substratos para reações catalisadas pelas enzimas de fase I
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