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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ES 
 
 
SUMÁRIO 
1 SOCIOLOGIA: O QUE É? .................................................................................... 6 
1.1 Antecedentes históricos ................................................................................. 6 
2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ................................................................................. 8 
2.1 Divisão de classes. ........................................................................................ 8 
2.2 As mudanças no mundo do trabalho .............................................................. 9 
2.3 O sentido do trabalho ................................................................................... 10 
3 HOMEM E NATUREZA ...................................................................................... 12 
3.1 Os Séculos XVIII e XIX: Novo caráter do trabalho e suas relações no filme 
Tempos Modernos ................................................................................................. 13 
4 IMAGENS DE INADEQUAÇÃO PARA O TRABALHO NO FILME ..................... 15 
5 O PAPEL POLÍTICO DA GREVE ....................................................................... 17 
5.1 Revolução Francesa .................................................................................... 19 
5.2 Direitos civis ................................................................................................. 20 
6 AUGUSTO COMTE: SURGE A CIÊNCIA DA SOCIEDADE............................... 21 
6.1 Positivismo ou cientificismo .......................................................................... 21 
7 O POSITIVISMO ................................................................................................. 23 
7.1 A lei dos três estados ................................................................................... 24 
8 A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE ........................................................................ 25 
8.1 Ciência e senso comum ............................................................................... 26 
9 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO .................................................................... 28 
10 ENTENDENDO O CONCEITO ........................................................................ 29 
10.1 Como Durkheim concebe a sociedade ........................................................ 30 
11 SOCIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA ........................................................ 31 
12 POSITIVISMO E EDUCAÇÃO ........................................................................ 32 
 
13 O POSITIVISMO E A ESCOLA ....................................................................... 33 
13.1 A Influência do Positivismo no Brasil ........................................................... 35 
14 MARX WEBER: O SOCIÓLOGO DA BUROCRACIA E DA 
RACIONALIDADE........... .......................................................................................... 36 
15 AÇÃO SOCIAL ................................................................................................ 38 
15.1 Outro conceito importante de Weber: Os tipos ideais .................................. 42 
16 RACIONALIZAÇÃO DO MUNDO SOCIAL ...................................................... 43 
16.1 Karl Marx: A Sociologia da luta de classes .................................................. 44 
17 CRÍTICA DE MARX AO CAPITALISMO .......................................................... 46 
17.1 Continua a crítica de Marx ao capitalismo.................................................... 47 
17.2 A atividade humana: A prática ..................................................................... 47 
17.3 Atenção no Conceito Importante de Marx .................................................... 48 
17.4 O que importava para Marx então? .............................................................. 48 
17.5 Ideologia para Marx significa de acordo com o sociólogo Michael Lowy: .... 49 
18 A LUTA DE CLASSES ..................................................................................... 50 
18.1 Propriedade privada dos meios de produção capitalista .............................. 51 
19 A CRÍTICA AO CAPITALISMO NA ARTE ....................................................... 52 
20 A INFLUÊNCIA DA TEORIA MARXISTA ........................................................ 55 
21 MARX E A EXPANSÃO DO CAPITALISMO ................................................... 57 
21.1 O que dizer do proletariado na teoria Marxista? .......................................... 58 
22 O ESTADO NA TEORIA MARXISTA .............................................................. 60 
22.1 Como o proletário adquire a consciência de classe? ................................... 61 
23 REIFICAÇÃO, O QUE É? ................................................................................ 63 
23.1 Conhecimento de Marx aplicados à Educação ............................................ 63 
24 A TEORIA DE DURKHEIM NA EDUCAÇÃO ................................................... 65 
25 O PAI DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: DURKHEIM ................................. 65 
26 WEBER E A EDUCAÇÃO ............................................................................... 68 
 
27 OS GRANDES SOCIÓLOGOS DO BRASIL ................................................... 69 
27.1 a) Florestan Fernandes ................................................................................ 70 
27.2 O pai da sociologia brasileira ....................................................................... 71 
28 DARCY RIBEIRO: O BRASIL COMO MISSÃO ............................................... 73 
28.1 Gilberto Freyre: autor de Casa Grande & Senzala ....................................... 74 
28.2 Você sabe o que é patrimônio imaterial? ..................................................... 75 
28.3 Sergio Buarque de Holanda ......................................................................... 76 
29 HOMEM CORDIAL: A IDENTIDADE BRASILEIRA NA VISÃO DE SÉRGIO 
BUARQUE. ................................................................................................................ 76 
29.1 Caio Prado Junior. ....................................................................................... 77 
30 FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ............................................................. 79 
30.1 No que consiste a teoria do desenvolvimento de Fernando Henrique 
Cardoso? ................................................................................................................ 79 
31 SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO ....................................................................... 80 
32 CONCEITO DE EDUCAÇÃO .......................................................................... 84 
33 CAMPO DA SOCIOLOGIA .............................................................................. 87 
34 DESCOBERTA DA INFÂNCIA ........................................................................ 90 
35 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA .................................................................. 93 
36 REFLETINDO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO ......................... 96 
37 REPRODUÇÃO NA ESCOLA ......................................................................... 99 
37.1 Pierre Bourdieu .......................................................................................... 100 
38 ESCOLA: DESIGUALDADE LEGÍTIMA? ...................................................... 102 
39 A TRANSMISSÃO DO CAPITAL CULTURAL ............................................... 103 
40 RENDA E CULTURA: ATRIBUTOS FAMILIAR ............................................. 104 
41 A ESCOLHA DO DESTINO E A QUESTÃO DO ETHOS FAMILIAR ............ 106 
42 COMO A ESCOLA CUMPRE A FUNÇÃO DE CONSERVAR AS 
DESIGUALDADES SOCIAIS? ................................................................................109 
43 VIOLÊNCIA SIMBÓLICA ............................................................................... 112 
 
44 BOURDIEU E A EDUCAÇÃO ....................................................................... 113 
45 CAPITAL CULTURAL .................................................................................... 114 
46 A SOCIOLOGIA NA ESCOLA ....................................................................... 116 
47 PAULO FREIRE: A IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO EDUCACIONAL 
BRASILEIRO. .......................................................................................................... 118 
48 FREIRE E BOURDIEU .................................................................................. 121 
49 ESCOLA: UM AMBIENTE POLÍTICO ........................................................... 124 
50 ENSINAR É TRANSFORMAR....................................................................... 126 
51 A SOCIEDADE NA VISÃO DE FREIRE ........................................................ 129 
52 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA PARA OS PIONEIROS DA ESCOLA 
NOVA.............. ........................................................................................................ 131 
53 ENTENDENDO A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO .............................................. 134 
54 PARA ENTENDER A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL .............. 137 
55 ESCOLA TECNICISTA .................................................................................. 138 
56 E COMO FICA A FORMAÇÃO? .................................................................... 142 
57 PENSANDO NA AVALIAÇÃO ....................................................................... 144 
58 FORMAÇÃO DOCENTE ............................................................................... 145 
59 RETRATO DA EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA ........................ 147 
60 PARA VOCÊ ENTENDER O QUE SIGNIFICA CAPITAL HUMANO: ............ 150 
61 CRÍTICA À TEORIA DO CAPITAL HUMANO ............................................... 152 
61.1 Retrospectiva a partir dos clássicos: .......................................................... 153 
62 OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA .............................................................. 156 
63 FECHANDO COM CHAVE DE OURO .......................................................... 158 
64 MORIN E A EDUCAÇÃO .............................................................................. 160 
65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ............................................................. 164 
 
 
6 
 
1 SOCIOLOGIA: O QUE É? 
 
Fonte: educacaodialogica.blogspot.com.br 
 
A sociologia é antes de tudo uma ciência. Uma ciência social. Neste sentido 
você deve compreender que esta disciplina não pode ser identificada como 
simplesmente estudo da sociedade como é comumente definida pelo senso comum. 
Deve-se, perguntar, portanto: que estudo e para qual sociedade? Significa dizer que 
por ser ciência ela possui um método de investigação. Mas antes de saber sobre os 
métodos de investigação e o paradigma do conhecimento da sociologia, é necessário 
reconhecer o universo histórico do seu surgimento. 
1.1 Antecedentes históricos 
A sociologia é parte integrante das ciências sociais juntamente com a 
antropologia e a ciência política. Isto significa que estes três disciplinas tem em 
comum tanto o paradigma de sua construção e constituição quanto sua metodologia. 
A busca do entendimento sobre a sociedade é possível imaginar, é um exercício que 
sempre esteve presente na vida das relações humanas, vimos que mesmo na 
http://educacaodialogica.blogspot.com.br/2013/04/o-que-e-sociologia-resenha-do-livro.html
 
7 
 
Grécia, com os Sofistas, chamados também de pedagogos já se discutiam fatos 
sociais, políticas e economia. Pode-se dizer, então, que já existia a sociologia como 
ciência? 
 
 
 
 
Fonte: pedagogia2015-anhanguera.blogspot.com.br 
 
A sociologia como disciplina científica vai surgir no início do século XIX, como 
uma resposta acadêmica para o novo desafio da modernidade: o mundo estava se 
tornando cada vez menor e mais integrado, a consciência das pessoas sobre o 
mundo estava aumentando e dispersando. Os sociólogos não só esperavam 
entender o que mantinha os grupos sociais unidos, mas desenvolver um “antídoto” 
para a desintegração social. 
O termo sociologia foi criado pelo Francês Auguste Comte, que associou a 
palavra sócio do latin socius (associação) e o grego lógus (estudo). Ele pretendia 
juntar todos os estudos sobre a humanidade, incluindo história, economia e 
psicologia. 
Dois eventos foram marcantes para o início desta ciência: A revolução 
Industrial e a Revolução Francesa. 
 
http://pedagogia2015-anhanguera.blogspot.com.br/2015/04/teoria-ou-concepcao-essencialista.html
 
8 
 
2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
 
Fonte:lingua-bocaberta.blogspot.com.br 
 
A Revolução Industrial ocorrida na Europa (principalmente na Inglaterra) no 
século XVIII, mudou radicalmente a estrutura da sociedade. Homens passaram a ser 
substituídos por máquinas, que produziam mais e custavam muito menos. Isto fez 
com que os problemas sociais aumentassem, pois muitas pessoas que antes 
trabalhavam de forma artesanal, ficaram sem emprego. Eram acostumadas a uma 
forma mais lenta de vida, no meio rural, trabalhando apenas para sobreviver da 
terra. Agora passariam a trabalhar muitommais para os empresários, ganhando às 
vezes menos do que estavam ganhando antes. 
2.1 Divisão de classes. 
A sociedade se dividiu em Burgueses, os que detinham as fábricas e 
controlavam a economia, e os Proletariados, que tinham a força de trabalho. 
O capitalismo se fortaleceu quem produzisse mais, estava acima dos outros. 
 
http://lingua-bocaberta.blogspot.com.br/2013/05/revolucao-industrial-pioneirismo-ingles.html
http://www.infoescola.com/historia/capitalismo/
 
9 
 
 
Fonte: www.cinevest.com.br 
2.2 As mudanças no mundo do trabalho 
 
Fonte: kdfrases.com 
A revolução industrial mudou a forma e a estrutura do trabalho e das relações 
de produção. Da manufatura ao trabalho nas fábricas e nas indústrias. Este ponto é 
de fundamental importância para o seu entendimento das consequências que esta 
revolução trouxe para a humanidade de forma geral, mesmo que ainda no seus 
primórdios é possível visualizar em longo prazo fortes transformações sentidas até 
hoje na estrutura de produção e reprodução social. 
http://www.cinevest.com.br/materias/Tempos-Modernos-trabalho-alienado-na-Revolucao-Industrial-Entenda-melhor-o-filme%2C2%2C28
http://kdfrases.com/frase/97315
 
10 
 
2.3 O sentido do trabalho 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium, 
instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos 
fugidios. O sentido da palavra trabalho atribuído há séculos passados é 
responsável por inúmeros preconceitos e padrão relacionados à atividade que 
tem atribuído uma separação hierárquica de funções, que irá se refletir 
posteriormente em desigualdades sociais. 
A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium, 
instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos 
fugidios. Assim, em sua própria terminologia, o trabalho carrega uma carga de 
esforço e desprazer, o que é extremamente compreensível em sociedades onde 
predominavam o trabalho forçado e que atividades produtivas eram desprezadas e 
executadas tão somente por escravos como na Grécia e Roma antigas, cabendo aos 
homens livres a execução de atividades intelectuais ligadas às ciências e às artes. 
Pode-se afirmar que o trabalho é o ato que o homem executa visando 
transformar conscientemente a natureza, é uma ação em que o homem media, 
regula e controla seu metabolismo com a natureza. 
 
http://pt.slideshare.net/leticiajahn/sociologia-o-que-trabalho
 
11 
 
 
Fonte: kdfrases.com 
A origem do trabalho encontra-se nanecessidade de a humanidade satisfazer 
suas necessidades básicas, evoluindo para outros tipos de necessidades, mesmo 
supérfluas. Assim, trabalhar é produzir riqueza, o que é necessário em todos os 
modos de produção, seja no comunal primitivo, no escravista, no feudal, no 
capitalista, e mesmo nas experiências socialistas. O que muda é a forma de produzir, 
a tecnologia utilizada, e a relação entre o sujeito que produziu e o que se apropria do 
que foi produzido, que varia de acordo com a forma de organização da sociedade. 
Uma sociedade não vive sem o trabalho, na verdade, pode-se dizer que o 
homem evoluiu de sua condição animal até sua condição atual devido ao seu 
trabalho. Engels (s/d, p. 270) afirma que o homem modifica sua relação com a 
natureza devido ao trabalho. Se na condição animal ele tinha de submeter-se às leis 
da natureza, através do trabalho ele busca dominar a natureza, transforma- a em 
proveito próprio. Passa de ser dominado a ser dominante devido ao 
desenvolvimento do trabalho. 
http://kdfrases.com/frase/105389
 
12 
 
3 HOMEM E NATUREZA 
 
 
 
O próprio desenvolvimento do seu corpo, do cérebro, da fala, e da relação 
entre os homens origina-se do trabalho. Desta forma, Engels afirma que o trabalho 
criou o homem e o homem criou o trabalho, sendo esta uma ação exclusivamente 
humana, pois assume uma forma consciente, não intuitiva, pois antes de produzir 
um objeto é necessário ao trabalhador elaborálo inicialmente em seu cérebro para 
só então partir para a execução. Já as atividades que os animais executam (a 
aranha e sua teia, o joão-de-barro e sua casa) são meramente intuitivas, daí trabalho 
ser uma atividade exclusiva da espécie humana. 
Para Marx, o único bem que o trabalhador possui devido a não ser 
proprietário de meios de produção é a sua força de trabalho, a sua capacidade de 
trabalhar, sendo por isso que o trabalhador é obrigado a vender sua força de 
trabalho ao capital. Ao contrário de sociedades pré-capitalistas como o feudalismo e 
a escravidão, no capitalismo o trabalhador entrega sua capacidade de trabalhar por 
um tempo determinado através de um contrato de trabalho. 
Além do estabelecimento de um contrato de assalariamento que regula as 
relações capital-trabalho, algumas diferenças podem ser encontradas no trabalho 
sob o modo de produção capitalista em comparação com sociedades pré-
capitalistas. Como já visto, o trabalho era desprezado na Grécia e Roma antigas, 
fazendo com que a socialização dos indivíduos ocorresse fora do trabalho, enquanto 
 
13 
 
na sociedade capitalista a socialização dos indivíduos ocorre exatamente nas 
relações de trabalho. 
Percebe como o sentido atribuído ao trabalho vai sofrer alterações ao longo 
da história? Para você entender, principalmente o pensamento de Karl Marx, que é o 
sociólogo do conflito e da luta de classes, é imprescindível que você compreende 
antes como este autor considerava o trabalho. Para ele o elemento chave para a 
compreensão da dinâmica da sociedade capitalista. Neste sentido, sugiro que você 
faça anotação no seu caderno da disciplina porque esta conhecimento lhe será útil 
mais tarde, tanto para a realização das suas atividades, quanto para entender a 
sociologia da educação dos autores pós Marx. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
3.1 Os Séculos XVIII e XIX: Novo caráter do trabalho e suas relações no filme 
Tempos Modernos 
A revolução industrial dos séculos XVIII e XIX teve um peso determinante, com 
a formação de exércitos de trabalhadores que desprovidos de qualquer propriedade 
são obrigados a abandonar a vida do campo, sendo jogados nas cidades em busca 
de empregos assalariados junto às nascentes indústrias. 
 
14 
 
O trabalho então assumiria um novo caráter, de atividade indigna no passado, 
passam a ser vistos como indignos aqueles que não trabalham, taxados como 
vagabundos os que não se submetem a trabalhar para o capital, mesmo que o 
próprio capital não tenha interesse 
em absorver todo o trabalho posto à sua disposição. Assim, os capitalistas 
sempre encontram um grupo de trabalhadores à margem do processo produtivo, 
mas sempre ávidos por incorporar-se a ele, a estes trabalhadores Marx denominou de 
“exército industrial de reserva”. 
Em “Tempos modernos” (“Modern times”), filme de Charles Chaplin de 
1936, o diretor mostra com maestria os efeitos que o desenvolvimento 
capitalista e seu processo de industrialização trouxeram à classe trabalhadora. 
Como diz o texto de introdução do filme, “Tempos modernos” é uma história 
sobre a indústria, a iniciativa privada e a humanidade em busca da felicidade. 
A temática de “Tempos modernos” custou a Chaplin uma série de 
perseguições por parte da CIA, juntamente com a acusação de simpatias 
comunistas. Além disso, havia recusado naturalizar-se norte-americano 
argumentando ser um “cidadão do mundo” o que agrava ainda mais sua situação. 
Chaplin passa a constar na “lista negra” de Hollywood durante a perseguição 
macarthista, o que torna sua situação de trabalho nos EUA insustentável (seus 
filmes eram proibidos), levando-o a abandonar definitivamente os EUA em 1952. 
 
 
Fonte: mansaodocinefilo.blogspot.com.br 
http://mansaodocinefilo.blogspot/
 
15 
 
No filme “Tempos Modernos”, o vagabundo Carlitos, ironicamente, encontra-
se na condição de operário. É ao auge do predomínio do padrão de acumulação 
taylorista-fordista, em que os trabalhadores têm suas habilidades substituídas por 
um trabalho rotineiro e alienado. É o predomínio da esteira rolante de Ford, do 
cronômetro de Taylor, do operário-massa. 
 
4 IMAGENS DE INADEQUAÇÃO PARA O TRABALHO NO FILME 
A inadequação de Carlitos com o trabalho alienado perpassa o tempo todo do 
filme. Na condição de operário ele tenta se adaptar, se esforça para inserir- se 
naquele novo mundo de produção em massa, máquinas gigantescas, exploração do 
trabalho, mas também de greves e de organização sindical. Esta inadequação fica 
presente logo no início do filme, quando um bando de ovelhas brancas é mostrado e 
apenas uma delas tem a cor preta, certamente está representa o próprio Carlitos. A 
cena do bando de ovelhas é misturada com a cena dos operários entrando na 
fábrica, como se fossem animais indo para o abate, só que, na verdade, vão para a 
produção na fábrica. 
Como operário da fábrica, Carlitos se depara com a esteira de produção 
fordista que aumenta o ritmo de produção a todo instante, tornando a relação 
homem-máquina extremamente conflituosa, até o ponto em que o próprio Carlitos é 
engolido pela máquina, saindo de lá em uma condição de insanidade, momento em 
que ele abandona a condição de quase um autômato (repetindo um gesto mecânico 
mesmo quando não está trabalhando, fruto da alienação do trabalho) para uma 
situação de confronto direto em que ele sabota a produção, insurge-se contra o 
patrão e é internado como louco. 
 
 
16 
 
 
Fonte: historiaeciajg.blogspot.com.br 
 
Em outras passagens, a inadequação de Carlitos com o trabalho alienado fica 
presente nas tantas tentativas de trabalhar que o personagem enfrenta. Quando 
arranja trabalho no caís após sair do hospício, consegue em um simples gesto lançar 
um navio ao mar. Quando o personagem vira vigia na loja de departamentos, além, 
de não conseguir impedir um assalto, consome produtos da loja, leva a amiga para o 
interior da loja, e dorme no serviço. Trabalhando como auxiliar de mecânico, Carlitos 
demonstra a todo instante sua inadequação com a simples tarefa de ajudar o 
mecânico chefe, fazendo com que este seja também engolido pela máquina. 
Quando assume o papel de garçom, também é nítida a sua incapacidade de servir 
uma mesa. 
Na verdade, Carlitos só consegue mostrar sua identificação com atividades 
nada alienantes e que fogem ao domínio da máquina sobre o trabalho. Quando ele 
está na loja de departamentos e mostra uma grande habilidade em patinar, e quando 
está no restaurantetrabalhando como garçom e que improvisa um número musical 
cômico. Neste momento percebe-se que em ao menos em uma atividade ele é bom, 
em um tipo de trabalho que requeira criatividade e não uma mera execução de 
tarefas formulada por terceiros. Só então, ele é aplaudido por todos e inclusive, 
parabenizado pelo patrão. 
A voz de Carlitos é ouvida pela primeira vez no cinema quando ele canta. 
Chaplin opunha-se ao cinema falado, achando que este não duraria muito tempo. Na 
verdade, seu temor era com seu próprio personagem, adequado muito mais ao 
gestual do que a fala. Somente depois de 10 anos de existência, é que em “Tempos 
 
17 
 
modernos”, Chaplin faria sua primeira experiência com o cinema falado, ou no seu 
caso, “semi-falado”. Ouve-se o ruído das máquinas, o som mecânico da “máquina de 
comer”, do alto-falante em que o patrão dirige-se aos funcionários, mas em nenhum 
momento um personagem fala, que não seja através de uma máquina. 
Mesmo quando Carlitos canta ele expressa uma crítica ao cinema falado, 
quando esquece a letra, sua amiga grita a ele: “Cante! Dane-se a letra!”, e é o que 
ele faz, mostra que mesmo sem palavras, ou no caso, usando palavras sem sentido, 
mas caprichando no gestual, faz com que todos consigam compreender uma história. 
Outro aspecto que chama atenção no filme é o predomínio completo do 
trabalho abstrato sobre o trabalho concreto, ou seja, ao capital não interessa a forma 
como está sendo produzido ou que está sendo produzido, somente importa é que 
está sendo criado valor. Daí não sabermos exatamente qual a mercadoria que 
Carlitos produz, e certamente, nem mesmo os operários da fábrica o sabem. Assim, 
não existe qualquer identificação do trabalhador com seu trabalho, nem com a 
mercadoria produzida por ele. 
 
5 O PAPEL POLÍTICO DA GREVE 
 
Fonte: www.youtube.com 
 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=zOZUKEebvEU
 
18 
 
Mesmo com toda a crítica social que é feita, a reação do personagem Carlitos 
ao sistema é feita de maneira individual e não coletiva. Quando eclode a Grande 
Depressão de 1929, que coincide com a saída do personagem do hospício, é levado 
à prisão acusado de ser líder comunista por empunhar uma 
bandeira (pretensamente vermelha) em frente a um grupo de trabalhadores 
que fazia uma passeata na rua. Carlitos é visto como o cidadão comum, não 
politizado, mas que pelo simples gesto de buscar devolver a bandeira que tinha 
caído do caminhão é acusado de líder da revolta operária. Em outro momento, 
quando eclode uma greve na fábrica em que trabalha, também por acidente é 
acusado de agressão a um policial que viria reprimir a greve. 
No final do filme, quando sua amiga indignada com a situação de 
perseguição, miséria e desemprego pergunta: “para que tudo isso?” ele responde: 
“levante a cabeça, nunca abandone a luta”. No entanto, a reação dos dois não é o 
enfrentamento contra o capital, é retirar-se da cidade, indo em direção ao campo. 
Ao som da belíssima “Smile”, de autoria de Chaplin, Carlitos dá as costas 
para a para produção em massa, para as gigantescas máquinas que desempregam 
trabalhadores, para as suntuosas lojas com suas escadas rolantes, para o trabalho 
alienado. Seria o último filme mudo de Chaplin e também a despedida do 
personagem Carlitos, que havia se tornado obsoleto em um momento em que o 
cinema falado tomava conta dos cinemas do mundo todo. Era o sinal dos tempos. Os 
tais “tempos modernos”. O que representa o tempo da urbanização e do advento dos 
problemas sociais. 
O que conhecemos hoje como modernidade foi exatamente marcado por 
acontecimentos que fundaram e consolidaram o sistema capitalista de produção, ou 
seja: a relação capital X trabalho, o trabalho assalariado, a propriedade privada dos 
meios de produção, o consumo, o investimento em tecnologia, enfim, fatos 
relacionados â revolução científica e industrial. 
São as consequências destes acontecimentos sobre a sociedade como 
desemprego, desigualdades, injustiças, prostituição, mendicância, etc, que vai fazer 
com que Auguste Comte decida por criar a disciplina sociologia. 
Sugiro que se você ainda não viu o filme, que veja, ou veja novamente com 
um novo olhar a partir do que lido. 
 
19 
 
5.1 Revolução Francesa 
A Revolução francesa é o outro evento que junto à Revolução Industrial 
representa um marco histórico importante para o surgimento da sociologia. 
A Revolução Industrial é um marco em termos econômicos e tecnológicos, e 
a Revolução Francesa é importante no aspecto político, com a queda da bastilha 
inaugurou a passagem de uma sociedade de privilégios para uma sociedade de 
direitos, sobretudo na dimensão formal, representada pelo documento produzido e 
bastante significativo que é a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
Usualmente observa esta declaração ser apenas citada sem conhecer a fundo 
o seu teor e a sua importância para o que estamos estudando nestas primeiras aulas 
que é as consequências dos acontecimentos dos Séculos XVIII e XIX para o 
surgimento da sociologia. Na revista Nova Escola é possível encontrar uma reflexão 
acerca deste documento, conforme segue abaixo: 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi anunciada ao público 
em 26 de agosto de 1789, na França. "Ela está intimamente relacionada com a 
Revolução Francesa. Para ter uma ideia da importância que os revolucionários 
atribuíam ao tema dos direitos, basta constatar que os deputados passaram cerca de 
10 dias reunidos na Assembleia Nacional francesa debatendo os artigos que 
aís ainda a ferro e a fogo após a tomada da Bastilha em 14 de julho do mesmo 
ano", explica o professor Bruno Konder Comparato, professor no Departamento de 
Ciências Políticas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade da 
Cidadania Zumbi dos Palmares. 
Havia urgência em divulgar a declaração para legitimar o governo que se 
iniciava com o afastamento do rei Luís XVI, que seria decapitado quatro anos depois, 
em 21 de janeiro de 1793. "Era preciso fundamentar o exercício do poder, não mais 
na suposta ligação dos monarcas com Deus, mas em princípios que justificassem e 
guiassem legisladores e governantes", diz o professor. 
 
20 
 
5.2 Direitos civis 
A primeira geração de direitos humanos diz respeito à conquista por direitos 
individuais e inaugura o marco histórico da sociedade fundada em direitos contra o 
privilégio. 
Você pode observar que se trata de direitos de primeira geração, ou seja, 
direitos civis, que diz respeito ao indivíduo, à pessoa. 
A importância desse documento nos dias de hoje é ter sido a primeira 
declaração de direitos e fonte de inspiração para outras que vieram posteriormente, 
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela ONU 
(Organização das Nações Unidas), em 1948. Prova disso é a comparação dos 
primeiros artigos de ambas: 
O Artigo 1º da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, 
como visto acima, diz: Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. 
As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum. 
O Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948: 
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de 
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade. 
 
Foi também na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que o lema 
da República Francesa se inspirou: liberdade, igualdade, fraternidade. Dos três, a 
igualdade era o mais importante para os revolucionários. 
 
 
Fonte: novaescola.org.br 
 
 
 
 
http://novaescola.org.br/historia/fundamentos/como-surgiu-declaracao-direitos-homem-cidadao-494338.shtml
 
21 
 
 
6 AUGUSTO COMTE: SURGE A CIÊNCIA DA SOCIEDADE 
Nas aulas anteriores você viu o contexto do surgimento da sociologia, agora 
você irá conhecer os métodos sociológicos. Atenção, vamos tentar entender de 
forma sistemática. Não se esqueçade registrar no seu caderno. 
6.1 Positivismo ou cientificismo 
 
Fonte:articulo.mercadolibre.com.ar 
 
Filósofo do Século XIX, Comte tinha na base na sua filosofia uma visão 
evolucionista, ou seja, acredita que a história evolui para o progresso, que a 
humanidade caminha para a perfeição. Contudo, como você viu na segunda vídeo 
aula o horizonte desta perspectiva era a Europa, demonstrando assim uma visão um 
tanto quanto etnocêntrica. E o que é o etnocentrismo? 
 
http://articulo.mercadolibre.com.ar/MLA-613260260-curso-de-filosofia-positiva-auguste-comte-nuevo-_JM
 
22 
 
 
Fonte: www.youtube.com 
 
 
Etnocentrismo é a atitude de enxergar o mundo com os parâmetros da sua 
própria cultura. 
O objetivo de Comte era reorganizar o conhecimento humano a partir da ideia 
de ordem e progresso. Como você pode perceber ele teve grande influência na 
sociologia brasileira, não é por acaso que os dizeres da bandeira nacional são: 
ordem e progresso. 
Comte fez uma releitura, digamos assim da realidade da época na França, num 
período turbulento de revoluções e mudanças como visto. Esta formulação parte do 
princípio que é possível aplicar as leis naturais ao estudo da sociedade. Hoje esta 
ideia é rebatida por muitos estudiosos, inclusive pelo próprio Karl Marx, considerado 
também um clássico da sociologia, No entanto, é fundamento do positivismo é a 
ideia de que tudo o que se refere ao s a b e r h umano pode ser sistematizado 
segundo os princípios adotados como critério de verdade para as ciências exatas e 
biológicas. 
Este conjunto de ideias descritas acima se refere ao método que Comte irá 
propor e que mais tarde será aprofundado por Emile Durkheim. Como dito, as leis 
naturais se aplicaria também aos fenômenos sociais, que deveriam ser reduzidos a 
leis gerais como as da física. Para Comte, a análise científica aplicada à sociedade é 
o cerne da sociologia, cujo objetivo seria o planejamento da organização social e 
política. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=D6CHJ79jyAg
 
23 
 
7 O POSITIVISMO 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
O método da ciência de Comte consiste em observar os fenômenos por meio 
da experiência sensível, e como você viu, este é o único, de acordo com o autor, 
capaz de produzir estados concretos e científicos, tomando como base o mundo 
físico ou material. 
Para Augusto Comte, o desígnio único da história é o progresso do espírito 
humano. Se este dá unidade ao conjunto do passado social, é porque a mesma 
maneira de pensar deve se impor em todos os domínios. Auguste Comte conclui que 
o método positivo, baseado na observação, na experimentação e na formulação de 
leis, deve ser estendido aos domínios que são deixados às explicações por meio de 
seres transcendentais ou entidades ou ainda as causas últimas dos fenômenos. Para 
ele há um modo de pensar, o positivo, que tem validade universal, tanto em política 
como em astronomia. 
http://slideplayer.com.br/slide/47446/
 
24 
 
7.1 A lei dos três estados 
O estágio final da inteligência humana é o estágio positivo. 
Observe: 
1. No primeiro estado, o teológico tudo se explica pela ação dos deuses, 
mitos, enfim, de forma não científica; 
2. No segundo, já começa a curiosidade e a pergunta sobre os fatos; 
3. E, por fim, o último estado é aquele em que a explicação acontece. 
Tem-se a verdade sobre os fatos, se tem a ciência e seu método. 
Nesse sentido a humanidade atravessa várias etapas até atingir a etapa final. 
E o que o positivismo faz é descobrir as leis que agem por traz dos fatos e estas 
podem ser apreendidas da mesma forma que se apreende o conhecimento de um 
evento natural. 
A queda de um corpo, por exemplo, pode ser explicada espontaneamente de 
forma positiva. Mas a filosofia da observação, da experimentação, da análise e do 
determinismo, não podia se fundamentar na explicação autenticamente cientifica 
desses poucos fenômenos. 
No referido curso de Comte, ele afirma que, em seu conjunto a história é, na 
essência, o dever da inteligência humana. Assim, o progresso necessário do espírito 
é o aspecto essencial da história da humanidade. Ou seja, o progresso é uma 
realidade. 
Na dinâmica da sociedade quando se passa de uma etapa para outra ocorre 
uma força que move a contradição entre os diferentes elementos da sociedade. As 
grandes fases históricas da humanidade são dadas pela forma de pensar; a etapa 
final é a do positivismo universal, e a impulsão última do dever e nesse sentido o 
positivismo faz a crítica às sínteses provisórias do da teologia e da metafísica. 
A história humana é compreendida numa dimensão única. E isto se dá o 
nome de visão evolucionista. Ou seja, a evolução vai ocorrer fatalmente e todas as 
sociedades passam pelos mesmos caminhos até o progresso. 
Auguste Comte justifica essa diversidade enumerando três fatores de 
variação: a raça, o clima e a ação política. Ele interpretou a diversidade das raças 
atribuindo a cada uma a predominância de certas disposições. Assim, segundo ele, 
a raça negra deveria caracterizar-se, sobretudo, pela propensão à afetividade. As 
 
25 
 
diferentes partes da humanidade não evoluíram do mesmo modo porque, no ponto 
de partida, não tinham os mesmo dons. Mas é evidente que essa diversidade se 
desenvolve tendo como pano de fundo uma natureza comum. 
 
8 A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
A evolução da sociedade em sua diversidade é explicada em relação ao clima 
da seguinte forma: o conjunto das condições naturais em que se encontra cada parte 
da humanidade. Cada sociedade conheceu circunstâncias geográficas mais ou 
menos favoráveis, o que permite explicar, até certo ponto, a diversidade da sua 
evolução. 
Estática e dinâmica são as duas categorias centrais da sociologia de Auguste 
Comte. Uma sociedade se assemelha a um organismo vivo. E aqui, querido aluno e 
querida aluna você deve parar um pouco e reter o seguinte: 
Para este autor a sociedade deve ser vista como um organismo e é por isso 
que ele é também conhecido como sociólogo organicista. Ou seja, a sociedade 
http://slideplayer.com.br/slide/1251700/
 
26 
 
composta por elementos interdependentes formando uma totalidade. Assim como é 
impossível estudar o funcionamento de um órgão sem situá- 
lo no conjunto do ser vivo, é impossível estudar a política e o Estado sem 
situá- los no conjunto da sociedade. Mais tarde Emile Durkheim irá retomar 
estes conceitos de Comte, e sob a forte influência desta Durkheim será reconhecido 
também como sociólogo das instituições. Isto quer dizer que as instituições 
cumprindo cada um sua função contribui para a harmonia social. 
Compreendendo melhor este ponto acima citado, a sociedade para os autores 
positivistas tende à harmonia social, ao equilíbrio. Como ocorre então a mudança 
social? 
De acordo com Aron (2008), para Comte, 
 
8.1 Ciência e senso comum 
Neste ponto das aulas é esperado que você já compreenda que para Comte, 
havia uma grande diferenciação entre o conhecimento científico e o conhecimento 
do senso comum. Segundo ele, o conhecimento científico representava um estágio 
mais elevado do desenvolvimento da sociedade. 
Assim para ele a evolução da ciência, ou seja, do conhecimento, é uma 
sucessão de estágios, é assim a mente humana se desenvolve se libertando do 
senso comum. Este é o denominado Sistema de Filosofia Positiva. O estágio positivo 
da sociedade seria o mais evoluído o pensamento científico e está baseado na 
observação e na experiência. 
 
27 
 
Iniciando informando que Comte para o desenvolvimento de suas ideias 
recebe influências de filósofos. Vamos a eles: Condercet (1666-1790), que defendia 
a ideia de que toda e qualquer ciência da sociedade precisa se identificar com o que 
ele chamava de matemática social, isto é, precisa realizar 
um estudo preciso, rigoroso, numérico dos fenômenos sociais. Percebe a 
origem do pensamento de Comte?Veja: Segundo Condorcet, a ciência estava 
sendo controlada e submetida aos interesses de senhores feudais, à aristocracia e 
ao clero e carecia de objetividade. A intenção era libertar a ciência de subjetividades e 
interesses políticos e individuais. Portanto, de acordo com Condorcet, era necessário 
tirar o controle das ciências destas classes para que uma ciência natural pudesse se 
impor. 
Outra influência foi a de Saint-Simon (1760-1852), este o primeiro a usar o 
termo positivo na ciência. Então observe que Comte usou o nome sociologia pela 
primeira vez, mas não foi o primeiro a usar o termo positivo. Para SaintSimon, o 
raciocínio deveria se basear nos fatos observados e discutidos. “Uma vez que nosso 
conhecimento está uniformemente fundado em observações, a direção de nossos 
interesses espirituais deve ser entregue ao poder da ciência positiva” (COMTE In: 
MESQUIDA, 20001, p.27). 
Saint- Simon também defendeu a sociedade industrial, dizendo que o que é 
favorável à indústria também o será para o homem. Portanto, acreditava na visão de 
progresso trazido pela indústria e a sociedade capitalista. 
O século XIX recebe então, a formalização do pensamento positivista. É o 
século de surgimento da ciência positiva, a sociologia. 
Sintetizando assim e concluindo as características do positivismo podemos 
citar que: 
 As sociedades, melhor, a sociedade, é considerada um fenômeno 
natural, podendo ser analisada através dos métodos das ciências 
naturais. 
 A compreensão da realidade só é possível pela objetividade que é 
alcançada através do rigor empírico e da coerência teórica. Trata-se de 
um avanço na capacidade de pensar, da razão. 
 A ação da ciência, ou seja, o conhecimento, é evolutivo e caminha para 
o progresso. 
 
28 
 
 
Desta forma se descobre as leis gerais e diante disso o ser humano pode 
prever ações futuras. 
 
9 A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
O pensamento positivista teve grande influência na formação científica de 
muitos autores que buscavam analisar as transformações da sociedade e a 
emergência do capitalismo nos séculos XIX e XX. Como já foi citado, Durkheim é um 
desses autores que foi profundamente influenciado por todo o ambiente intelectual e 
social de sua época. Embora tenha sido influenciado pelas ideias de Comte, 
Durkheim, diferentemente de Comte, aprofundou seus estudos na análise da 
sociedade a partir dos fatos sociais. Procurou explicar o funcionamento da sociedade 
emergente no século XIX, com base no estudo dos fenômenos sociais vistos de 
maneira isolada do seu contexto históricocultural. 
Durkheim foi um dos primeiros a teorizar sobre a sociologia da educação. A 
ideia central de Durkheim, ao propor a sociologia no campo da educação, era 
http://slideplayer.com.br/slide/1249087/
 
29 
 
preparar as novas gerações para uma nova civilização. A educação, para ele, 
significava o mesmo que socialização e tinha por objetivo formar o ser social. 
A sua teoria, embora atualmente bastante contestada pelas teorias críticas da 
sociedade, serviu de base para o Funcionalismo, corrente de pensamento bastante 
desenvolvida e valorizada no Século XX. Veja abaixo a influência de Augusto Comte: 
A teoria Funcionalista de Durkheim 
Esta é a concepção de funcionalismo de Durkheim. A diversificação de 
funções vai gerar a solidariedade entre os seres humanos, e a especialidade 
atribuída a cada um ele vai dar o nome de Divisão social do trabalho social. E aqui 
podemos conhecer dois conceitos essências em Durkheim: Solidariedade mecânica 
e solidariedade orgânica. 
 
10 ENTENDENDO O CONCEITO 
A solidariedade orgânica é, portanto, uma das características da sociedade 
capitalista, industriais e a divisão do trabalho é que promove a coletividade, este elo 
perdido com a fragmentação e o individualismo. Coletividade existente nas 
sociedades primitivas. 
Nestas aulas você está conhecendo a base conceitual de cada um dos 
chamados clássicos da sociologia. Posteriormente você terá estes conhecimentos 
aplicados à análise das questões da educação, ou seja, como a sociologia pode 
contribuir para a compreensão dos problemas educacionais. 
Pois bem, sigamos um pouco mais com Durkheim: 
Émile Durkheim, nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família 
de rabinos. Iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal de Paris, indo depois 
para a Alemanha. Lecionou Sociologia em Bourdieu primeira cátedra desta ciência 
na França. 
Durkheim é conhecido como um dos primeiros teóricos da Sociologia, 
conferindo a esta o estatuto de ciência. Portanto, um clássico, o que quer dizer que o 
seu trabalho é sempre uma referência no estudo da sociedade. Foi também o primeiro 
filósofo a sugerir a Sociologia como uma disciplina autônoma, caracterizada pelo 
método científico. Com base nos ideais positivistas, que tem como princípio 
 
30 
 
fundamental a realidade objetiva dos fatos, dando pouca importância aos fatores 
históricos e ao papel do indivíduo e dasubjetividade desses na organização social, 
Durkheim desenvolveu seus estudos tendo como objeto de pesquisa a investigação 
dos fatos sociais. Mas o que são os fatos sociais? 
Fique Atento: 
 
1. O que significa que são coercitivos. Independentemente de sua 
vontade o fato irá exercer uma força sobre o indivíduo. 
2. São exteriores porque dizem respeito à cultura, ou seja, como o 
indivíduo nasce o fato está lá. 
3. Gerais porque não diz respeito a um indivíduo apenas mas a uma 
comunidade. 
Os estudos de Durkheim tinham como foco principal descobrir as leis de 
funcionamento da sociedade. E isto você já viu também em Comte, não é mesmo? 
Nesse sentido, é considerado um dos sistematizadores do funcionalismo, uma 
corrente de pensamento muito presente até os dias de hoje não apenas nas 
diferentes ciências sociais, mas também nas teorias educacionais e organizacionais. 
Você entendeu o que é o funcionalismo? 
10.1 Como Durkheim concebe a sociedade 
Você já deve ter entendido, mas não é demais rever que a sociedade, para 
Durkheim, é um organismo exterior e superior aos indivíduos e constituída por um 
conjunto de normas, leis e regras que são responsáveis pela formação moral e 
social dos indivíduos. Ou seja, ela mesma um fato social, por excelência, da 
sociologia. Regida por normas, leis e regras que irão determinar a maneira de ser e 
de agir dos indivíduos, bem como, a formação das instituições sociais. 
Em seu livro: A Divisão do Trabalho Social, Durkheim descreve o processo de 
transformação da sociedade primitiva para a sociedade moderna através da divisão 
social do trabalho, na qual estabelece a passagem de um tipo de organização social 
com base na solidariedade mecânica (pré-capitalista) para a solidariedade orgânica 
(capitalista). 
Por que esta obra é importante? Uma de suas preocupações, nessa obra, é 
perceber como se dá a relação entre indivíduo e a sociedade. Isso porque, para o 
 
31 
 
autor, o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade que é 
conseguida por meio do consenso social. Está fazendo os links possíveis para 
entender o pensamento de Durkheim? Viu que ele fala da harmonia social que 
ocorre por meios do consenso entre os indivíduos e é garantido por meio das regras 
e leis que controlam as ações. 
Quando você viu os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica 
entendeu que se trata de um processo de mudança: de sociedade simples para mais 
complexas. Você pode perceber como a questão do consenso é tratada pelo autor, a 
partir da análise da mudança nas formas de organização social das sociedades 
"primitivas" para as sociedades modernas. 
 
11 SOCIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA 
Vamos revisar um pouco: 
Na solidariedade mecânica a consciência coletiva forte, existe a ideia de 
coletividade, típica de sociedades primitivas, pré-capitalistas. Pense, por exemplo, 
numa comunidade indígena. Os integrantes destascomunidades, identificados por 
laços familiares, tradição, religião, costumes seguiam as regras sociais cegamente, 
de forma mecânica, ou seja, não existe obrigatoriedade nem burocracia, não tem 
documento e, no entanto, podiam se manter autônomos e independentes em relação 
aos outros grupos. A divisão social do trabalho não precisava ir além da sua 
propriedade e existia para assegurar a subsistência familiar. O consenso se 
manifesta na semelhança entre os indivíduos. 
Contudo, na Solidariedade orgânica o que se percebe é a diminuição da 
consciência coletiva, e o aumento da fragmentação e do distanciamento típicos das 
sociedades capitalistas. A divisão social do trabalho é obtida por outros meios, 
espalhada pelos setores econômicos da sociedade, como fábricas, agricultura, 
comércio, indústrias. E por que o laço não se rompe? De acordo com Durkheim, a 
solidariedade é assegurada pela interdependência dos indivíduos, mantendo, assim, 
os laços sociais. O indivíduo escolhe seguir as regras, pois percebe que as mesmas 
são boas para ele. O consenso se manifesta na diferenciação dos indivíduos. 
 
32 
 
Entendeu a noção de consenso, ou seja, há um acordo entre nós de que seguir as 
regras e as leis é um bem para o todo, para o coletivo. 
Você poderia perguntar: mas e quanto há um romper com as regras? 
Um não respeito às leis? 
Para Durkheim, a existência de valores e laços morais entre as pessoas era 
fundamental para a manutenção da harmonia social e da consciência coletiva. 
Quando uma sociedade não consegue manter esse estado de harmonia, significa 
que a sociedade está ‘doente’. E para isso Durkheim tem o termo: anomia. 
Anomia é exatamente quando o consenso se rompe e não há mais 
possibilidade de manter a ordem e o respeito às instituições. Anomia, neste caso, 
seria o contrário de harmonia. 
Pois bem, Augusto Comte e Durkheim são autores expressivos do positivismo 
e antes de dar início a mais duas vertentes clássicas da sociologia é importante que 
você compreenda a relação entre o positivismo e a educação. Vamos lá? 
 
12 POSITIVISMO E EDUCAÇÃO 
A corrente positivista influenciou consideravelmente a sociedade nos 
séculos XIX e XX. Aqui você poderá se lembrar da disciplina história da 
educação e o próprio surgimento da escola formal. 
 
 
 
Fonte: multigolb.wordpress.com 
 
33 
 
O positivismo esteve presente de forma marcante no ideário das escolas e na 
luta a favor do ensino leigo das ciências e contra a escola tradicional humanista 
religiosa. O currículo multidisciplinar – fragmentado – é fruto da influência positivista. 
Certamente você se lembrará. 
No Brasil esta influência aparece no início da República e na década de 70, 
com a escola tecnicista. Muitos historiadores ressaltam o pensamento positivista no 
movimento pela proclamação da república e da elaboração da constituição de 1891. 
O movimento republicano apoiou-se em ideias positivistas para formular sua 
ideologia da ordem e do progresso, graças particularmente à atuação de Benjamim 
Constant (1836-1891). 
 
13 O POSITIVISMO E A ESCOLA 
 
fonte: pht.slideshare.net 
 
Pode-se inclusive entender que ainda hoje a ênfase nos conteúdos 
sequenciais, a valorização do pensamento cognitivo, o distanciamento das 
características emocionais e estéticas do aluno e do processo de aprendizagem tem 
http://pt.slideshare.net/Paulinha2011/sobre-positivismo-auguste-comte-8468594
 
34 
 
um viés positivista. A ideia de que o aluno se desenvolve de forma linear à medida 
que vai se apropriando do raciocínio lógico. 
Assim apenas o que é observável interessa ao positivismo. O real, 
inquestionável, aquilo que se fundamenta na experiência. Deste modo, a escola 
deve privilegiar a busca do que é prático, útil, objetivo, direto e claro. Os positivistas 
se empenharam em combater a escola humanista, religiosa, para favorecer a 
ascensão das ciências exatas. Compreenda que o positivismo influenciou a prática 
pedagógica na área das ciências exatas, influenciando a prática pedagógica na 
área de ensino de ciências sustentadas pela aplicação do método científico: seleção, 
hierarquização, observação, controle, eficácia e previsão. Observe. Não é difícil de 
entender: 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
 
Reflita: 
Hoje é comum a prática da avaliação baseada nestes princípios. A própria 
escola em sua prática seleciona, hierarquiza, observa, controla, busca a eficiência e 
busca a previsão. É neste sentido que no Módulo II você irá conhecer autores 
críticos do positivismo que apresenta uma perspectiva mais voltada para a sociologia 
marxista, que se verá nas próximas aulas. 
Espera-se que você tenha entendido que esta postura dá uma ênfase nas 
ciências exatas em detrimento das humanas, e a sociologia estaria no ápice da 
http://slideplayer.com.br/slide/4136919/
 
35 
 
classificação de Comte, que seria: Por meio da fundamentação e classificação das 
Ciências (Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia e Sociologia). 
13.1 A Influência do Positivismo no Brasil 
Foi em meados do século XIX que o positivismo de Comte chega ao Brasil. E 
foi entre os oficiais do exército que estas ideias ganharam força. O currículo voltado 
para as ciências exatas e para a engenharia denota um distanciamento da tradição 
humanista e acadêmica, havendo certa aceitação das formas de disciplina típicas do 
positivismo. Você irá se lembrar da influência do humanismo do século XVI na 
origem do capitalismo. Contudo, as palavras “ordem e progresso” que fazem parte 
da bandeira brasileira indicam claramente a influência positivista. 
No ano de 1870, a escola tecnicista teve uma presença marcante. A 
valorização da ciência como forma de conhecimento objetivo, passível de verificação 
rigorosa por meio da observação e da experimentação, foi importante para a 
fundamentação da escola tecnicista no Brasil. Para esta escola o elemento 
primordial é a tecnologia. 
De acordo com Saviani (1993), na escola tecnicista, professores e alunos 
ocupam papel secundário dando lugar à organização racional dos meios. 
Professores e alunos relegados à condição de executores de um processo cuja 
concepção, planejamento, coordenação e controle, ficam a cargo de especialista 
supostamente habilitados, neutros, objetivos, imparciais. Esta objetividade do 
positivismo vai gerar a noção de que a ciência e a educação devem ser neutras, ou 
seja, livre de qualquer pré-noção ou posicionamento político. Portanto, pode-se 
perceber pelas palavras de Saviani que neutralidade e objetividade são típicas do 
positivismo. 
Concluindo pode-se dizer que a necessidade de estabelecer uma relação de 
aproximação entre a ciência e a técnica em nome do progresso foi um grande marco 
nos primórdios do pensamento social e das políticas de educação que se 
concretizou de maneira significativa por gerações. De forma racional e não critica. 
Se você estiver atento/a a discussão hoje no Brasil, inclusive com manifestações de 
intelectuais e professores, vai observar que tramita uma discussão no congresso 
nacional que desautoriza o professor ensinar de forma reflexiva e crítica. 
 
36 
 
Se você entendeu até aqui o contexto do surgimento da sociologia e as ideias 
e os ideais positivistas vá até o fórum da graduação e chame seus colegas para uma 
roda de conversa virtual, isto irá ajudar você a reconhecer os conteúdos de uma 
forma mais prática. Não tenha a noção de que está recebendo um conhecimento, 
mas reflita que o conhecimento é uma produção humana e é nesta dimensão que 
ele pode ser questionado. 
 
14 MARX WEBER: O SOCIÓLOGO DA BUROCRACIA E
 DA RACIONALIDADE 
Max Weber é considerado um dos grandes intelectuais do Século XIX e a sua 
influência atravessa o Século XX. Na verdade, ele figura na transição do século XIX 
para o século XX. A sociedade da época de Weber gestava um conhecimento que 
foi sistematizado de forma brilhante por este autor. Especialista em história,direitos 
e economia. Não falava de si como sociólogo e isso faz dele um autor diferente tanto 
de Comte quanto de Marx, isso porque ele não acreditava na força da sociedade 
sobre o indivíduo. A sociedade por si só não determina as ações humanas, o 
caminho dele foi outro. Contudo, como Durkheim ele era professor de sociologia, 
contribuindo para o avanço desta disciplina. 
 
 
Fonte:pt.slideshare.net 
http://pt.slideshare.net/IvoneBezerra3/max-weber-48235792
 
37 
 
Entre Weber e Durkheim há uma diferença, quase oposta. Durkheim é o 
pensador social que está imbuído, no seu universo de estudo, da presença de um 
Estado nacional e de uma sociedade constituída. Weber vivia numa nação 
problemática, desafiadora. O grande desafio era pensar a inserção da Alemanha na 
Europa. Na virada do século já unificada, a Alemanha tinha atravessado um 
processo rápido de modernização e industrialização com marcar profundas no nível 
estrutural. As turbulências políticas e econômicas da industrialização da Alemanha 
era a preocupação de Weber. 
 
Observa alguns fatores que contribuíram para o pensamento social de 
Max Weber: 
Leia buscando reconhecer a diferença entre Weber e Durkheim. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
Se você leu atentamente o quadro acima encontrou diferença entre o autor 
francês e Max Weber. Durkheim visava a totalidade, o fato social, enquanto Weber 
vai se debruçar sobre as motivações humanas para o agir. É neste sentido que ele 
se aproxima de uma perspectiva cultural. 
Na época a Alemanha organizou o maior movimento operário do mundo, o 
partido social democrata. Para weber a constante é a forma de organização da 
http://slideplayer.com.br/slide/4136919/
 
38 
 
sociedade e a consolidação política. Está preocupado com o tema da política: quais 
são as dificuldades para o surgimento de sujeito histórico, grupos capazes de 
organizar um projeto de sociedade, assim como o era também de Marx. Este você 
conhecerá posteriormente. Vale adiantar que enquanto Marx considerava as classes 
sociais, a luta entre as classes, Weber visualizava que grupo será este. E a primeira 
resposta de Weber é a constatação de que não existe na Alemanha nenhum grupo 
que saberá dar um rumo à nação como Estado com projeção internacional. 
O que propõe então Max Weber? A reflexão de Weber não mostra 
preocupação com grandes estruturas já montadas. A preocupação deste sociólogo 
está na ação social. Ou seja, quem age e como age, o que move a ação dos sujeitos 
e para onde estas ações conduzem na prática e como as ações promovem as 
mudanças no social. 
Weber é o autor da burocracia e da razão instrumental. Na sociedade 
capitalista a organização ocorre de maneira rotineira e repetitiva, mas administração 
não é a questão política, esta é de outra ordem. 
Portanto, o pensamento de Weber está entre o corpo administrativo que faz 
funcionar a sociedade e a questão política que escapa à administração. 
 
15 AÇÃO SOCIAL 
Formular projetos e objetivos para a sociedade. Weber aposta na capacidade 
política e neste sentido o seu pensamento é fundamentalmente político. A eficiência 
e a direção, a orientação da conduta. Quem age? Estas são as questões teóricas de 
Weber. Diante disso ele formula uma teoria da ação. Assim o conceito de ação 
social é a unidade básica da sociologia weberiana. Vejamos o conceito 
 
 
39 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
Teoria da ação 
Ação social, a atividade orientada para um objetivo que dá sentido a ação. As 
múltiplas linhas de ação são complexas e tecem o social. Cada ação busca uma 
meta, ou metas que se cruzam, as ações se cruzam e podem ser ou não 
significativas uma para outras. 
Este autor, por exemplo, explicou como a ação do protestante levou (indícios 
da salvação, está ou não salvo, o protestante se orienta pelo trabalho para a obra no 
mundo capaz de mostrar resultados), ao surgimento do espírito do capitalismo. O 
modo de comportamento na área religiosa influenciou a área econômica. Está 
confuso isso? Continue lendo... 
Para Weber não existe uma ação que determina a sociedade. O sentido a 
ação religiosa concedeu importância à ação econômica. Não é uma relação direta, 
mas a questão é o sentido que é dado pela ação. O que isso quer dizer? Você já 
ouviu falar no livro clássico de Weber: A ética protestante e o espírito do 
capitalismo? Ele faz uma interessante análise de como o comportamento de um 
destes influencia o outro. 
Veja no esquema abaixo: 
 
http://slideplayer.com.br/slide/353415/
 
40 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
A ética protestante é diferente da ética católica. Por isso, na visão weberiana, 
o capitalismo no Brasil é chamado por alguns sociólogos de Capitalismo tardio. 
A ideia de rede, de ações sociais, e a busca de significados que as ações têm 
para o agente, é isso que vai construindo a teia social. Observe novamente o 
esquema acima e certifique-se de que entendeu. Se ainda não compreendeu chamo 
seus colegas lá no fórum e levanta esta discussão. 
Max Weber é o único dos três clássicos (Durkheim e Marx), que considera a 
ação individual é um elemento de análise importante, e que responde a questão 
fundamental para Weber: o que pode responder pela continuidade da sociedade. A 
ação individual não é vista sozinha, isto seria caótico. Como você analisou, ela 
aparece numa teia de relações que se cruzam. 
Weber traz uma nova reflexão sobre ciência e a sociedade. Vimos que para 
Durkheim e Comte a sociedade deve ser estudada de forma objetiva. Weber admite 
que a neutralidade/objetividade total é impossível tendo em vista que o próprio 
pesquisador está inserido na sociedade. No entanto, a ciência não pode se submeter 
a interesses particulares e político. Existe fronteira entre a ciência e a política, 
rigorosa. 
http://slideplayer.com.br/slide/391006/
 
41 
 
O papel do sociólogo é compreender a sociedade e suas múltiplas 
possibilidades de entendimentos. 
Para Weber não existe uma causa para um fenômeno social, existe uma 
pluricausalidades e estas dadas pela ação social. As ideias condicionam o momento 
histórico, e são essenciais para entender o pensamento de Weber. 
Vamos fazer uma síntese do que foi visto até aqui. Lembrando que a intenção 
aqui é que você entenda a base do pensamento dos clássicos, tendo em vista que o 
pedagogo está habilitado para dar aulas de sociologia no ensino médio e estas 
noções precisão ser bem compreendidas. Sigamos: 
 
PARA ENTENDER UMA SÍNTESE 
 
a) O conceito de ação social para Max Weber 
O conceito de “ação social” foi concebido por Weber como qualquer ação 
realizada por um sujeito em um meio social que possua um sentido determinado por 
seu autor. O processo de comunicação estaria, portanto, intimamente ligado ao 
conceito de ação social. A manifestação do sujeito que deseja uma resposta é feita 
em função dessa resposta. Em outras palavras, uma ação social constitui-se como 
ação que parte da intenção de seu autor em relação à resposta que deseja de seu 
interlocutor. 
 
b) Weber estipulou quatro tipos ideais de ações sociais: 
1. A ação racional com relação a fins, 
2. A ação racional com relação a valores, 
3. A ação afetiva e, 
4. A ação tradicional. 
 
Percebe-se, portanto, que Weber afastou-se dos determinismos sócio 
históricos de Karl Marx (A história da produção econômica determina a realidade 
social), e do fatalismo da noção de um sistema externo e independente do indivíduo 
que Emile Durkheim propôs, elaborando, assim, a noção de um ser humano livre 
para agir, pensar e construir sua realidade. 
 
42 
 
Para Weber, as estruturas sociais estavam em contato direto com o poder de 
ação dos indivíduos, o que significa que os sujeitos, seus valores e ideias possuem 
força de ação direta sobre essas estruturas. A tarefa da Sociologia seria então, 
segundo o teórico, apreender os significados que norteiam essas ações. 
Interessante, não acha?Esta perspectiva é muito utilizada nas pesquisas atualmente 
tanto no campo social, como econômico e político. O que move a ação individual? 
Weber demonstrou esse princípio em seus estudos comparativos sobre as 
distinções entre religiões Ocidentais e Orientais. Em seu livro, “A ética protestante e 
o espírito do capitalismo”, conforme já foi mencionado acima, o autor buscou 
esclarecer como a lógica cristã foi responsável pelo desenvolvimento do sistema de 
produção capitalista. Nisso estaria inserido o contexto cultural e valorativo das 
sociedades cristãs, e não apenas seu modelo ou situação econômica. 
15.1 Outro conceito importante de Weber: Os tipos ideais 
Outro ponto importante da teoria weberiana é a busca pela construção dos 
tipos ideais no processo de construção do conhecimento teórico. O estabelecimento 
de tipos ideais não busca construir tipologias fixas nem mesmo busca classificar de 
maneira inflexível o objeto em questão. Eles servem como parâmetro de 
observação, um “boneco” com características delineadas que serve apenas como 
ponto de comparação entre o observado e sua obra teórica. Trata-se de modelos 
conceituais que nem sempre, ou quase nunca, existem. Apenas alguns aspectos ou 
atributos são observáveis. 
 
 
43 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
Esta construção do tipo ideal faz parte da metodologia de Weber. Observa 
que neste modelo está inserido também o sentido da ação de cada pessoa. 
 
16 RACIONALIZAÇÃO DO MUNDO SOCIAL 
Max Weber faz referência a um fenômeno de grande importância do mundo 
moderno e que está relacionado com as mudanças estruturais, culturais e sociais 
que as sociedades modernas passaram no decorrer do tempo: “a racionalização do 
mundo social”. Um dos conceitos essenciais de Weber é o de racionalização. E isso 
você já sabe. 
Esse fenômeno refere-se a mudanças profundas, como a gradual 
construção do capitalismo e a monstruosa explosão do crescimento dos meios 
urbanos, que se tornaram as bases da reordenação das organizações tradicionais 
http://slideplayer.com.br/slide/387060/
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/capitalismo.htm
 
44 
 
que predominavam até então. Pode-se dizer que o processo de consolidação do 
capitalismo é sim um processo de racionalização da vida e da sociedade. 
 
 
 
Ampliando nossa explicação, devemos dizer que a preocupação de Weber 
estava em tentar apreender os processos pelos quais o pensamento racional, ou a 
racionalidade, impactou as instituições modernas, como o Estado, os governos e, 
ainda, o âmbito cultural, social e individual do sujeito moderno. Em sua denominação 
das diversas formas de racionalidade, Weber fez distinção de quatro principais 
formas: a racionalidade formal, a racionalidade substantiva, a racionalidade meio 
finalística e a racionalidade quanto aos valores. A obra de Max Weber é 
incrivelmente diversa e amplamente utilizada em esforços de compreensão dos 
fenômenos sociais contemporâneos. Como já foi dito, a sociologia weberiana 
influenciou e ainda influencia grandes teóricos, que enxergam na visão de Weber 
uma ferramenta para desvendar os mistérios das relações humanas. 
16.1 Karl Marx: A Sociologia da luta de classes 
Talvez o mais popular entre os clássicos sejam o alemão Karl Marx e isto se 
deve ao fato de terem as suas ideias não só influenciados gerações mas, sobretudo, 
fundou as bases para as lutas dos movimentos sociais, especialmente o movimento 
operário, além de fundamentar as grandes revoluções socialistas do século XX, 
como a revolução soviética e cubana. 
 
 
45 
 
 
Fonte: www.portalconscienciapolitica.com.br 
 
No quadro acima é importante que você reconheça a diferença entre o 
sistema capitalista e o socialista. Assim, você poderá entender as propostas de Marx 
e também todos os movimentos sociais, partido políticos, enfim, todo o movimento 
que surgir em torno desta teoria marxista. 
Na investigação da relação de Marx com a sociologia, não há como 
subestimar a importância do movimento crítico. E esta palavra é chave para você 
compreender a influência de Marx, sobretudo na educação. Ele é, digamos o pai do 
pensamento crítico. 
 
Percebeu? 
Este é de fato o autor que inaugurou o pensamento crítico e o que você verá 
nesta disciplina é que grandes sociólogos da educação pautaram suas reflexões 
neste pensamento. 
 
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/economia-politica/socialismo/
 
46 
 
17 CRÍTICA DE MARX AO CAPITALISMO 
 
Marx é sem dúvida o que influenciou uma geração de estudiosos da 
educação, especialmente a maior referência em educação no Brasil, o filósofo Paulo 
Freire. As reflexões que se seguem foram extraídas do artigo do professor Ricardo 
Musse, do Departamento de Sociologia da USP. 
Ao longo de toda sua obra, o exame das diversas teorias sociais 
prevalecentes desemboca, com base no exercício de uma crítica ao mesmo tempo 
imanente e transcendente, na delimitação de um território próprio denominado pela 
posteridade de “materialismo histórico”, “sociologia marxista” ou mesmo “sociologia 
ou teoria crítica”. 
Durante o inverno de 1845-1846, refugiados em Bruxelas, Marx e Engels 
redigiram A Ideologia Alemã. O texto, no entanto, por uma série de motivos, não foi 
editado e permaneceu assim durante o período em que eles viveram. Numa breve 
apresentação de sua trajetória intelectual, no Prefácio ao livro Para a Crítica da 
Economia Política (1859), Marx comenta o manuscrito, destacando que: 
 
 
 
As ideias apresentadas no artigo, e que se tornaram uma espécie de resumo 
oficial da teoria marxista da história, retomam quase que literalmente o texto do 
manuscrito de 1845-1846. 
Marx é alemão, crítica que ele fez à racionalidade filosófica o fez declarar: 
 
 
47 
 
 
 
17.1 Continua a crítica de Marx ao capitalismo 
A Ideologia Alemã tornou-se desde então um texto essencial do corpus 
marxista. Nela delineia-se pela primeira vez de forma nítida o que pode ser 
considerado o programa do materialismo histórico, gestado por meio de uma crítica 
incisiva dirigida simultaneamente à filosofia, à teoria política, à historiografia, à 
economia política, à teoria social etc. Você deve considerar então, que Marx é o 
sociólogo da crítica ao capitalismo. Para ele a política, economia, cultura, enfim, são 
na verdade a superestrutura criada para sustentar o capitalismo, a classe burguesa. 
Até o Estado para ele, é o braço direito da burguesia. 
17.2 A atividade humana: A prática 
A auto compreensão à qual Marx se refere surgiu, em grande medida, de um 
acerto de contas com filósofo chamado Ludwig Feuerbach, o mais destacado dos 
filósofos pós-hegelianos. Nos 11 parágrafos das famosas “Teses sobre Feuerbach”, 
escritas provavelmente em maio ou junho de 1845. 
Portanto, alguns meses antes do início da redação de A Ideologia Alemã –, 
Marx, que havia muito já não era idealista, ao contestar o caráter passivo, abstrato e 
não histórico do materialismo (incluindo o de Feuerbach), destaca que a 
sensibilidade, a história e a vida social resultam da atividade prática humana. Não se 
preocupe com os conceitos filosóficos até aqui, o mais importante é que você 
retenha que Marx criticava uma postura que considera o pensamento o início da 
reflexão social. Para ele o pensamento nasce na prática, ou seja: Não somos o que 
pensamos, mas pensamos do jeito que somos, que produzimos e nos inserimos 
enquanto uma classe social. 
 
48 
 
Um ponto decisivo da divergência de Marx ante Feuerbach consiste na 
determinação do conceito de “alienação”. Esta palavra se tornou popular hoje em 
dia, embora o seu sentido muitas vezes tenha se perdido. 
 
17.3 Atenção no Conceito Importante de Marx 
Viu? O homem no sistema capitalista se distanciou dos seus meios de 
produção e ficou alienado do seu próprio trabalho. Aliás, não existe mais trabalho 
próprio, porque agora se trabalha para um patrão.Marx afirma: “a auto alienação religiosa, o desdobramento do mundo em um 
mundo religioso e um mundo mundano (…) só pode se explicar pela auto 
dilaceração e pela autocontradição desse fundamento mundano”. Desse modo, a 
questão da alienação, e assim da própria situação do homem, é deslocada de “um 
reino autônomo nas nuvens” ou da compreensão do indivíduo singular para a vida 
efetiva, que se desenrola como um nexo de relações sociais. É dele a frase: a 
religião é o ópio do povo. Ópio no sentido de uma droga que entorpece o ser e o 
impede de enxergar a sua verdadeira posição. 
17.4 O que importava para Marx então? 
Era a tarefa de delinear uma nova concepção, materialista, da história e da 
sociedade. Teoria essa que, não custa repetir, nasceu da convivência com e da 
crítica à filosofia pós-hegeliana (pode entender aqui pós-idealista), mas que, de certo 
modo, pode ser estendida a grande parte da tradição cultural e intelectual burguesa. 
Não mais no mundo das ideias, mas no mundo das condições concretas, materiais, 
no mundo do trabalho e de suas relações que onde ocorre o processo de produção e 
reprodução humana. 
 
 
 
 
49 
 
A estratégia de Marx e Engels para submeter à crítica os jovens hegelianos, 
evitando o risco de recair no jogo especular de uma crítica da “filosofia crítica”, passa 
pela remodelação do conceito de “ideologia” – concebido como um descompasso 
entre o que os indivíduos, grupos e sociedades imaginam ser e o que efetivamente 
são. 
1. A teoria social alemã, tal como configurada no idealismo alemão e no 
movimento dos jovens hegelianos; 
2. A teoria social inglesa, consubstanciada na economia política; 
3. E as vertentes da sociologia francesa iniciadas por Saint-Simon, 
com seus desdobramentos no socialismo utópico de Fourier e 
Proudhon. 
17.5 Ideologia para Marx significa de acordo com o sociólogo Michael Lowy: 
O levantamento das principais determinações da sociedade capitalista tornou-
se imprescindível durante a redação do Manifesto do Partido Comunista (1848). 
Para compreender o momento histórico, Marx expõe a história da gênese e do 
desenvolvimento do mercado mundial, assim como dos conflitos sociais e das 
oposições de classe que moldam esse cenário, delineando os principais pontos da 
sociologia marxista, numa exposição concisa das coordenadas econômicas, sociais, 
políticas e culturais do mundo moderno. 
Esteja certo de que: 
 
 
 
O manifesto comunista de Marx 
Se tiver curiosidade de conhecer mais um pouco sobre o que Marx escreveu 
no manifesto Comunista, busque, leia resenhas, ou melhor, leia o texto na íntegra. 
 
50 
 
Não é um texto difícil, talvez seja um dos mais fáceis de apreender o sentido. Veja o 
que diz o texto abaixo: 
 
O Manifesto Comunista e a teoria de Marx 
O Manifesto pode ser lido então como uma demonstração da contradição 
entre o movimento do desenvolvimento das forças produtivas e a estática inerente 
às relações de produção, que reproduzem a cada momento as formas desiguais de 
apropriação da riqueza e de dominação social. Ou seja, em outras palavras, a 
relação ente capital e trabalho. 
Marx apresenta o Manifesto como uma auto exposição do comunismo. 
Conjugado a essa tentativa de exposição teórica das premissas de um movimento 
político que mal entrara em cena e já invocava para si o papel de protagonista, Marx 
compôs um diagnóstico da modernidade que esquematiza, em linhas gerais, tópicos 
que só serão desenvolvidos detalhadamente em obras posteriores, particularmente 
no conjunto de textos projetados pelo próprio Marx como uma “crítica da economia 
política” e cuja formulação mais acabada consiste em O Capital. 
Este livro influenciou os partidos de esquerda que se espalharam pela Europa 
e em todo o mundo, sobretudo no pós guerra. Na América Latina, inclusive, no 
Brasil, influenciou as lutas pelo fim de ditadura militar e a criação dos partidos. 
 
18 A LUTA DE CLASSES 
Diante de tudo o que você leu até agora já deve estar compreendendo o que 
é a luta de classes e que classes são estas. A burguesia e o proletariado, ou seja, o 
dono dos meios de produção e o dono da força de trabalho. 
Marx tomou como pressuposto no Manifesto apenas um esquema mínimo, a 
tese de que “a história de todas as sociedades até o presente é a história das 
lutas de classes”. Observe que em toda a história esta foi a conclusão a que 
chegou Marx. Trata-se, portanto, de trazer para o centro do relato da história 
humana o conflito, a “luta ininterrupta, ora dissimulada, ora aberta”, entre oprimidos e 
opressores. 
 
51 
 
 
 
 
Em uma comunidade primitiva ou indígena não existe Estado, nem trabalho 
assalariado e, acima de tudo não existe propriedade privada, que é o núcleo da 
crítica de Marx ao capitalismo. 
Apesar do tom panfletário, inerente a seus objetivos práticos, políticos e 
pedagógicos (afinal foi lendo o Manifesto que as lideranças criaram os partidos), o 
Manifesto mantém a postura crítica em relação à filosofia da história de A Ideologia 
Alemã, como você viu acima. Em lugar de estabelecer uma teleologia para o 
desenvolvimento geral da espécie humana, Marx, fez uma analise em conjunto do 
destino da humanidade e do moderno, apenas aponta duas tendências, extraídas 
da observação do passado histórico, procurando evitar recair na ideia de uma 
necessidade inerente ao espírito ou em alguma forma de determinismo: “uma 
reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou uma derrocada comum 
das classes em luta”. 
 
18.1 Propriedade privada dos meios de produção capitalista 
Chamo a sua atenção aqui para a palavra chave do conceito no quadro 
acima: PROPRIEDADE PRIVADA. Esta é a razão de todo o processo. No momento 
em que se instaura a propriedade privada está se instalando o conflito entre as 
classes. É por isso que a proposta socialista e, o comunismo, tem na sua base a 
eliminação da propriedade privada, os bens não seriam individuais e sim coletivos. 
Querido aluno, querida aluna, observe bem que Marx associa o 
desenvolvimento histórico-social da burguesia, em especial sua constituição como 
força política, a uma série de acontecimentos que marcaram a gênese e os 
desdobramentos do mundo moderno. Desse modo, essa classe é apresentada como 
o produto de um longo processo, de uma série de revoluções nos meios de 
produção, transportes e comunicação, por meio do qual ela se desenvolve, 
 
52 
 
economicamente, multiplicando seus capitais e, politicamente, empurrando para 
segundo plano as demais classes opressoras. 
Marx adverte assim que, ainda que as demais classes opressoras não sejam 
suprimidas, doravante quem dá as cartas nos rumos do desenvolvimento histórico e 
na luta política é a burguesia. 
No Manifesto, o mundo burguês é compreendido como uma unidade 
contraditória entre fatores dinâmicos e invariância estática. O paradoxo de uma 
sociedade que não pode existir sem revolucionar continuamente os instrumentos de 
produção e, com eles, o conjunto das relações sociais é próprio do mundo moderno. 
Enquanto os antigos modos de produção assentavam-se, à maneira de uma 
tradição, na manutenção e conservação de relações fixas e cristalizadas, a 
sociedade burguesa se reproduz, mantendo-se idêntica somente ao preço de uma 
contínua transformação que, acarretando a obsolescência e uma incessante 
destruição de toda a estrutura de produção existente em determinado momento, 
subverte inclusive o cenário histórico e político. 
 
19 A CRÍTICA AO CAPITALISMO NA ARTE 
Para descontrair um pouco leia a música que Cazuza compôs e perceba 
também a crítica à sociedade burguesa. Analise a letra a partir do que você estudou 
até agora. 
 
Cazuza: Burguesia 
A burguesia fede 
 
A burguesia quer ficar rica 
Enquanto houver burguesia 
Não vai haver poesia 
 
A burguesia não tem charme nem é discreta 
Com suas perucas de cabelos de boneca 
 
53 
 
 
 
A burguesia quer ser sócia do CountryA burguesia quer ir a New York fazer compras 
 
Pobre de mim que vim do seio da burguesia 
Sou rico mas não sou mesquinho 
Eu também cheiro mal 
Eu também cheiro mal 
 
A burguesia tá acabando com a Barra 
Afunda barcos cheios de crianças 
E dormem tranqüilos 
E dormem tranquilos 
 
Os guardanapos estão sempre limpos 
As empregadas, uniformizadas 
São caboclos querendo ser ingleses 
São caboclos querendo ser ingleses 
 
A burguesia fede 
A burguesia quer ficar rica 
Enquanto houver burguesia 
Não vai haver poesia 
 
A burguesia não repara na dor 
Da vendedora de chicletes 
A burguesia só olha pra si 
A burguesia só olha pra si 
A burguesia é a direita, é a guerra 
 
A burguesia fede 
A burguesia quer ficar rica 
Enquanto houver burguesia 
 
54 
 
Não vai haver poesia 
 
As pessoas vão ver que estão sendo roubadas 
Vai haver uma revolução 
Ao contrário da de 64 
O Brasil é medroso 
Vamos pegar o dinheiro roubado da burguesia 
Vamos pra rua 
Vamos pra rua 
Vamos pra ruaVamos pra rua 
Pra rua, pra rua 
 
Vamos acabar com a burguesia 
Vamos dinamitar a burguesia 
Vamos pôr a burguesia na cadeia 
Numa fazenda de trabalhos forçados 
Eu sou burguês, mas eu sou artista 
Estou do lado do povo, do povo 
 
A burguesia fede - fede, fede, fede 
A burguesia quer ficar rica 
Enquanto houver burguesia 
Não vai haver poesia 
 
Porcos num chiqueiro 
São mais dignos que um burguês 
Mas também existe o bom burguês 
Que vive do seu trabalho honestamente 
Mas este quer construir um país 
E não abandoná-lo com uma pasta de dólares 
O bom burguês é como o operário 
É o médico que cobra menos pra quem não tem 
E se interessa por seu povo 
 
55 
 
Em seres humanos vivendo como bichos 
Tentando te enforcar na janela do carro 
No sinal, no sinal 
No sinal, no sinal 
 
A burguesia fede 
A burguesia quer ficar rica 
Enquanto houver burguesia 
Não vai haver poesia 
 
 
20 A INFLUÊNCIA DA TEORIA MARXISTA 
Marx é de fato o mais popular dos sociólogos exatamente por influenciar 
gerações e continuar influenciando. Você mesmo já deve ter usado os seus 
conceitos como alienação, ideologia, revolução. Embora seja o mais conhecido, as 
teorias de Max Weber e Emile Durkheim são teoria ainda vivas, o que justifica a 
posição que ocupam como clássicos dos estudos da sociedade. São cientistas 
sociais referências não apenas nas ciências sociais, em vários campos das ciências 
humanas. 
 
 
Fonte: eumarxista.blogspot.com.br 
 
http://eumarxista.blogspot.com.br/2013/12/o-que-sao-as-
 
56 
 
No manifesto comunista como você perceber, Marx mostra a dinâmica da, 
característica da modernidade, e apresenta sob a forma de um feixe de expansões 
que ocorrem simultaneamente, em direções e sobre domínios diferenciados. A 
descrição do papel “eminentemente revolucionário” desempenhado pela burguesia 
na história moderna pode ser concebida como uma história dos movimentos do 
agente histórico dessa expansão, o que explica, entre outras coisas, a forte carga 
irônica dessas passagens, muitas vezes interpretadas erroneamente como uma 
apologia da burguesia. 
Vamos lá: Está se falando que a Revolução Francesa é uma revolução 
burguesa e, de fato, foi uma grande transformação, na medida em que acabou com 
aquela sociedade dos senhores feudal, dos vassalos e suseranos e instaurou-se a 
sociedade capitalista, de trabalho assalariado. 
 
 
 
Marx descreve os movimentos segundo os quais o capitalismo extravasa o 
campo das relações puramente econômicas, espraiando-se para outras esferas da 
vida social. Esse processo caracteriza-se por uma inaudita mercantilização e 
reificação de todo o domínio social, atingindo inclusive o âmago da subjetividade. O 
que significa dizer que tudo no capitalismo se transforma em mercadoria. Até o 
próprio ser humano. Não vê o tráfico de pessoas ou de órgãos? 
 
57 
 
Contudo, ao mesmo tempo em que ressalta o domínio do mercado e da 
coisificação, reificação sobre o conjunto da vida social, Marx percebe outro 
movimento de expansão caracterizado pela colonização, ou melhor, pela penetração 
capitalista sobre áreas e regiões econômicas ainda não capitalistas – o que abrange 
desde áreas do mundo rural, situadas próximo do centro do capitalismo, até os 
territórios pré-capitalistas, situados nos confins do planeta. O que ele vai denominar 
de acumulação primitiva do capital. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
 
 
A queda do muro de Berlin significou uma queda do socialismo e a expansão 
do capitalismo em que a globalização é a maior referência, ou seja, o capitalismo se 
expandido para todos os cantos da sociedade ocidental. 
 
21 MARX E A EXPANSÃO DO CAPITALISMO 
Essa expansão, hoje denominada globalização, vincula-se de forma mais 
estreita, no Manifesto, com a fase do mercado mundial. Por “mercado mundial”, 
Marx designa tanto uma forma de concentração industrial como o domínio exclusivo 
do poder pela burguesia. 
http://slideplayer.com.br/slide/1640741/
 
58 
 
Essas duas “expansões” são assinaladas, ao mesmo tempo, como 
expedientes a que a burguesia recorre para tentar superar as crises do capitalismo. 
Marx indaga: “Por quais meios a burguesia supera as crises? Por um lado, pelo 
extermínio forçado de grande parte das forças produtivas; por outro lado, pela 
conquista de novos mercados e da exploração mais metódica dos antigos 
mercados”. 
A frase “exploração metódica dos antigos mercados”, outra vertente da 
expansão capitalista, fala da reformulação dos meios e das formas de produção, o 
que abrange desde a tecnologia empregada na produção até as formas de manejo 
da mão de obra no interior do processo produtivo. Esse processo, no entanto, não 
pode ser levado adiante sem a derrubada de obstáculos (jurídicos, culturais etc.) e 
sem uma intensificação da padronização específica da economia capitalista sobre as 
demais esferas do mundo social. 
21.1 O que dizer do proletariado na teoria Marxista? 
Todo aquele ou aquela que vende a sua força de trabalho, que não é dono/a 
dos meios de produção. A exposição do proletariado, no decorrer do manifesto, 
embora possa ser remetida ao quadro histórico-econômico próprio do mundo 
moderno, não privilegia as mediações econômicas, mas antes a história de sua 
formação política. De modo geral, Marx salienta que, na mesma medida em que a 
burguesia, ou melhor, o capital se desdobra, também o proletariado se desenvolve. 
A proposta de Marx é a tomada do poder político pelo proletariado. 
 
 
59 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
No livro O Manifesto Comunista, Marx determina, de modo genérico, o 
proletariado como aqueles que “só subsistem enquanto encontram trabalho e só 
encontram trabalho enquanto seu trabalho aumenta o capital”. Esse modo de 
compreender a inserção social do proletariado destaca a submissão do mundo do 
trabalho à lógica econômica do mercado: os “operários, que têm de vender- se um a 
um, são mercadorias como qualquer outro artigo de comércio e, por isso, igualmente 
expostos às vicissitudes da concorrência e às oscilações do mercado”. “A clássica 
frase: ‘trabalhadores de todos os países, une-vos” retrata a proposta de Marx de 
libertação. A liberdade só é possível coma revolução e a tomada do poder pelo 
proletariado. 
 
 
http://pt.slideshare.net/pedagogiauespi2014/seminrio-filosofia-marxista
 
60 
 
 
A dinâmica da expansão, própria do capitalismo, afeta o proletariado no 
âmago da sua inserção (e integração) social, como força de trabalho, consolidando-
se como um dos principais obstáculos à sua organização e formação política. Esse 
processo foi destacado por Marx como uma forma de reificação típica da situação do 
trabalho no capitalismo. E você já sabe o que significa a palavra reificação. 
Primeiro, o trabalhador perde sua autonomia, pela via da expansão da 
máquina e pela ampliação da divisão de trabalho no interior do processo de 
produção, tornando-sequase um mero acessório da máquina. Mas, sobretudo, ele 
encontra-se submetido, no interior da fábrica, ao “despotismo” do capital: 
 
 
22 O ESTADO NA TEORIA MARXISTA 
 
Observe que Marx tem uma visão do Estado atrelado aos interesses da 
burguesia. O Estado como diz Althusser, um teórico marxista é um aparelho 
ideológico. O que significa dizer que longe de atender aos interesses de todos o 
Estado existe para manter e proteger a propriedade privada dos meios de produção. 
 
61 
 
Isto não é difícil de entender. O que você deve fazer é ler estes conceitos não 
como uma atitude de alguém que está recebendo um conhecimento mas numa 
atitude de reflexão. O objetivo aqui é que você desenvolva a sua autonomia para 
pensar junto com Marx, concordando ou não com ele. 
 
 
Fonte: produto.mercadolivre.com.br 
 
22.1 Como o proletário adquire a consciência de classe? 
A formação política do proletariado é, portanto, uma alternativa de 
superação, seja da alienação própria ao mundo do trabalho, seja dos resultados da 
incessante concorrência entre os trabalhadores gerada pela recorrente reprodução 
da mão de obra. Nesse sentido, um dos pressupostos práticos do Manifesto, a tarefa 
de contribuir para a organização do proletariado em um partido político, não pode ser 
visto como um objetivo descolado da necessidade de superar esses obstáculos. 
É neste sentido que você irá compreender os muitos movimentos a favor da 
escola e sua transformação, e como já dito anteriormente, o próprio Paulo 
Freira adepto desta corrente de transformação. Em educação como prática de 
autonomia é possível visualizar estas ideias. Paulo Freire é considerado um dos, se 
não, o maior educador brasileiro. Isto também você irá ver no Módulo II. 
Pode-se considerar que a aposta de Marx, recorrente ao longo do Manifesto, 
atribui ao proletariado a possibilidade de desempenhar na história papel equivalente 
ao exercido pela burguesia. Vale dizer que, para Marx, a classe operária tem a 
possibilidade de posicionar-se como agente determinante do destino histórico do 
mundo moderno. 
 
 
 
 
62 
 
Assim criou-se partidos comunistas e movimentos revolucionários em várias 
partes do mundo. 
Por que é importante você se situar em relação ao papel revolucionário da 
classe trabalhadora? Exatamente porque será esta classe que irá para as escolas 
públicas e, neste sentido, é a partir dela que se desenvolverá os estudos sociológicos 
em educação. Para tornar este conteúdo um pouco mais prático, faça você mesmo 
um retrocesso na sua história de vida e avalie em que medida a sua identidade foi se 
constituindo a partir das condições materiais de existência da sua família. 
O que diz Karl Marx é que o povo está alienado, ou seja, não conhece e nem 
reconhece tais processos históricos. Neste ponto entre a escola como instituição 
capaz de praticar o exercício crítico e a conscientização do aluno enquanto um ser 
histórico. 
No entanto, como você também verá, a escola pode também e quase sempre 
o faz, reproduzir a situação de classes. Ou seja, a escola pode manter tudo como 
está atuando em uma educação desprovida do pensamento crítico o que levaria, de 
acordo com Marx, a um processo de reificação cada vez maior. 
Esse engajamento da classe operária em um projeto de transformação social 
não é apresentado como um resultado automático e necessário decorrente das 
condições econômicas e sociais da sociedade burguesa. Marx adverte que os 
incessantes esforços para organizar o proletariado em um movimento político são, a 
cada instante, contrariados pela concorrência entre os próprios operários, bem como 
pela reificação, condições inerentes a sua situação no capitalismo. 
O que se vê é que com o processo de globalização acelerado pelo impulso da 
internet e, sobretudo, pela nova forma de produção e as características do capital 
hoje, o trabalhador não é mais aquele da fábrica do século XVIII e XIX. Não há o 
predomínio do coletivo de trabalhadores em um só lugar, o que existe é uma 
pluralidade de formas de trabalho nem sempre assalariado. 
Assim a nova dinâmica social coloca em cheque as ideais de Marx, no sentido 
de que estas conduzirá inevitavelmente à ditadura do proletariado. A generalização 
da forma-mercadoria dificulta não só a afirmação do proletariado como sujeito 
histórico, mas a própria reflexão acerca dos problemas inscritos no cerne da 
sociedade capitalista, uma vez que a reificação, originariamente atuante no mundo 
do trabalho, estende-se para todos os setores da sociedade. 
 
63 
 
Se você ainda não entendeu o que significa o termo reificação, olha com 
atenção a citação abaixo. 
 
23 REIFICAÇÃO, O QUE É? 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
23.1 Conhecimento de Marx aplicados à Educação 
Vamos concluir o pensamento de Marx com uma parte da entrevista do 
sociólogo Michael Lowy já citado nas aulas anteriores, num trecho em que ele fala 
da relação do marxismo com a educação. 
Antes disso é preciso justificar porque um espaço maior aqui para a teoria 
marxista? O processo de luta pela democracia no Brasil e a luta pela escola pública, 
universal e gratuita ocorreu, em grande parte, sob as bases da teoria crítica de Marx. 
http://slideplayer.com.br/slide/5615425/
 
64 
 
E os principais teóricos da educação tem como referência esta teoria, a exemplo, já 
citado, de Paulo Freire. 
 
ASSISTA: Revista Histedbr On Line – Como as propostas marxistas podem 
contribuir para o desenvolvimento de um projeto educacional no Brasil? 
 
 
Fonte: jornalggn.com.br 
 
 
Michael Löwy – Do ponto de vista marxista, a educação é uma das prioridades 
de qualquer política social. Um primeiro passo seria, como em Cuba ou na Nicarágua, 
uma grande campanha de alfabetização, mobilizando a juventude escolar para ir a 
todos os recantos do país, utilizado a pedagogia ativa de Paulo Freire. 
Recursos enormes que hoje são desperdiçados com compra de armamentos 
inúteis – porta aviões! – ou na subvenção a banqueiros e usineiros, deveriam ser 
dedicados ao orçamento da educação, em todos os níveis, desde o primário ao 
universitário; é fundamental ampliar a rede de ensino público gratuito, e marginalizar 
as empresas privadas, enorme sistema parasitário que se desenvolveu explorando as 
falhas da educação pública. 
É preciso garantir o acesso ao ensino secundário e universitário ao conjunto 
dos jovens brasileiros. Isto permitirá não só criar centenas de milhares de postos de 
trabalho, mas contribuirá para elevar o nível cultural da população, aprimorar a 
qualificação profissional dos trabalhadores, ampliar substancialmente o público leitor 
e reduzir a criminalidade juvenil. Enfim, seria importante associar os professores e os 
http://jornalggn.com.br/noticia/curso-sociologia-marxista-da-religiao-de-michael-loewy
 
65 
 
alunos, assim como seus sindicatos e associações a uma reforma estrutural da 
educação, buscando superar a herança do elitismo, do autoritarismo e da exclusão 
social e/ou racial, e introduzindo métodos pedagógicos libertários. 
Viu? A proposta de educação está vinculada a uma proposta política de 
transformação social, então neste sentido, não existe uma escola neutra. O que 
significa dizer que a escola deve optar de que lado está. Ao lado da burguesia ou do 
lado do trabalhador. Sigamos em frente! 
 
24 A TEORIA DE DURKHEIM NA EDUCAÇÃO 
 
 
Émile Durkheim, nasceu em 1858, França, próximo à fronteira com a 
Alemanha. Era filho de judeus e optou por não seguir o caminho do rabinato, como 
era costume na sua família. Mais tarde declarou-se agnóstico. Depois de formar-se, 
lecionou pedagogia e ciências sociais na Faculdade de Letras de Bordeaux, de 1887 
a 1902. Durkheim foi o primeiro professor de sociologia da educação. A cátedra de 
ciências sociais foi a primeira em uma universidade francesa e foi concedida 
justamente àquele que criaria a Escola Sociológica Francesa. 
 
25 O PAI DA SOCIOLOGIADA EDUCAÇÃO: DURKHEIM 
Os alunos de Durkheim eram, sobretudo, professores do ensino primário. 
Durkheim abordou a educação como um fato social. Você já sabe o que é fato social 
e se não se lembra, sugiro que volte às aulas anteriores ou veja no seu caderno de 
anotações. 
Para ele a verdadeira natureza da educação era esse: o de considera-la um 
fato social. "Estou convicto de que não há método mais apropriado para pôr em 
evidência a verdadeira natureza da educação", declarou. Sua preocupação sempre 
 
66 
 
esteve ligada à questão da educação. Dentro da educação moral, psicologia da 
criança ou história das doutrinas pedagógicas, não há campos que ele não tenha 
explorado. Suas obras mais famosas são A Divisão do Trabalho Social e O Suicídio. 
Morreu em 1917, supostamente pela tristeza de ter perdido o filho na Primeira 
Guerra Mundial, no ano anterior. 
 
 
Em cada aluno há dois seres inseparáveis, porém distintos. Um deles seria o 
que Durkheim chamou de individual, formado pelo estado mental pessoal. A função 
da educação então seria o desenvolvimento deste ser individual, posição que 
predominou até o século XIX. Principalmente por meio da psicologia, entendida 
então como a ciência do indivíduo, os professores tentavam construir nos estudantes 
os valores e a moral. Lembra-se das aulas anteriores? 
O reconhecimento de Durkheim veio com a caracterização do segundo ser: 
 
 
 
 
 
A importância que Durkheim atribuía à educação reforça sua teoria: Segundo 
ele, "a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E 
quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade 
em que a escola esteja inserida. 
 
 
67 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
Na teoria funcionalista de Durkheim, as consciências individuais são formadas 
pela sociedade. Ela é oposta ao idealismo de acordo com o qual a sociedade é 
moldada pelo "espírito" ou pela consciência humana. Lembra que também Marx 
combateu o idealismo? "A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, 
é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios - sejam morais, 
religiosos, éticos ou de comportamento - que baliza a conduta do indivíduo num grupo. 
O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela” (DURKHEIM, 
1994). 
Essa teoria, além de caracterizar a educação como um bem social, a relacionou 
pela primeira vez às normas sociais e à cultura local, diminuindo o valor que as 
capacidades individuais têm na constituição de um desenvolvimento coletivo. Aqui 
você vê claramente a perspectiva sociológica que é o entendimento do ser e das 
ações coletivas. Embora com Weber você tenha vista o termo ação social, este é 
utilizado para compreender as ações no seio da sociedade. E por falar em Weber 
vamos ver um pouco com aplicar sua contribuição teórica é educação? 
 
http://slideplayer.com.br/slide/353492/
 
68 
 
26 WEBER E A EDUCAÇÃO 
Você já viu que os conceitos básicos de Weber são racionalidade e burocracia 
e é neste viés que você deve entender a visão de Weber sobre a educação. Veja 
abaixo: 
 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
A educação é um caminho de acesso a formas cada vez mais racionais e 
também uma forma de inserção social, de mudança de uma classe para outra. 
 
 
 
Estas conclusões não são literais de Weber, o tema da educação nunca foi 
exaustivamente desenvolvido pelo autor, como o foi em Durkheim. Todavia, no texto 
conhecido como “A religião da China”, quando Weber trata do papel dos letrados ou 
mandarins chineses naquela sociedade, encontramos uma explícita menção do 
pensador a diferentes tipos ideais de educação. Pode-se apresentar os tipos ideais 
de educação de Max Weber da seguinte forma: 
 
http://pt.slideshare.net/IvoneBezerra3/max-weber-48235792
 
69 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
a) Educação especializada: Aqui você pode observar o foco no 
treinamento do aluno para finalidades específicas, formando os estratos 
sociais. Atividades úteis à administração – na organização das 
autoridades públicas, escritórios, oficinas, laboratórios industriais, 
exércitos disciplinados. Para Weber qualquer pessoa pode ser treinada 
para qualquer função. 
b) Educação humanística: retomando os termos weberianos temos que 
a pedagogia do cultivo, finalmente procura educar um tipo de 
homem, cuja natureza depende do ideal de cultura da respectiva 
camada decisiva. E isto significa educar um homem para certo 
comportamento interior e exterior. 
 
 
 
27 OS GRANDES SOCIÓLOGOS DO BRASIL 
É muito comum nos cursos de graduação o estudo da sociologia voltado para 
os grandes clássicos, o que de fato é importante. Contudo é necessário conhecer o 
http://slideplayer.com.br/slide/9528962/
 
70 
 
processo de produção da sociologia brasileira, considerando a relação entre 
sociologia e os problemas sociais, você aluno/a poderá por meio deste 
reconhecimento compreender o Brasil em suas especificidades sócio cultuais. 
É por esta razão e, sobretudo, para contribuir com uma formação próxima da 
realidade brasileira é que vamos concluir o módulo I, com uma série de abordagens 
e reportagens sobre o papel que a sociologia brasileira exerceu no processo de 
construção do pensamento cientifico. Respire fundo e vamos lá! 
É em 1930 na Era Vargas teve início no Brasil a construção da ideia de nação 
e dos processos incipientes de industrialização. Foi também neste período que surge 
a discussão sobre a educação universal, pública e gratuita. 
 
27.1 a) Florestan Fernandes 
 
 
Sempre se mostrou extremamente comprometido com estudos de 
perspectivas teórico-metodológicas esforçando-se no âmbito da fundamentação 
da Sociologia enquanto ciência. Foi também crucial sua atuação no 
desenvolvimento e orientação de pesquisas do processo de industrialização e 
mudanças sociais no Brasil. 
 
 
71 
 
27.2 O pai da sociologia brasileira 
 
Fonte: nossapolitica.net 
 
A obra deixada por Florestan é ampla e variada, abrigando estudos sobre 
temas diversos. No entanto, seu constante esforço para entender a sociedade 
brasileira como um todo – sua formação marcada por conflitos, seu desenvolvimento 
único e suas perspectivas futuras – foi caracterizado por uma perspectiva única que 
questionava não só a forma de ser da realidade social, como o pensamento 
sociológico em si. É por esse motivo que Florestan é considerado o fundador da 
Sociologia crítica brasileira. 
Você pode compreender pela formação de Florestan Fernandes a sua filiação 
à teoria marxista. Este diálogo com os clássicos e, principalmente com o 
pensamento marxista, é um tema central nos escritos de Florestan, que procurou 
revisitar as principais correntes do passado e do presente, buscando o que existia de 
mais crítico em cada uma. A necessidade de interpretar uma sociedade como a 
brasileira – complexa e marcada por grandes desigualdades 
levantava muitos questionamentos a Sociologia como um todo (uma vez que 
a disciplina foi forjada principalmente em solo europeu). Algumas das obras onde 
Florestan reflete sobre o próprio saber sociológico são: Fundamentos empíricos da 
explicação sociológica, Ensaios de sociologia geral aplicada e A natureza 
Sociológica. 
http://nossapolitica.net/2015/07/ha-95-anos-nascia-florestan-fernandes/
 
72 
 
Outra fonte importante de Florestan foi o legado deixado por pensadores 
brasileiros que buscaram interpretar o país elevando a primeiro plano a luta de 
setores populares nacionais. Para Florestan, era preciso compreender o país a partir 
da perspectiva dos grupos e classes que formavam a maioria do povo. Por isso, 
durante alguns anos, dedicou-se a estudar a centralidade da presença dos negros 
na sociedade brasileira, sua trajetória de povo escravizado a trabalhador 
marginalizado. Sobre as lutas que marcaram o Brasil – desde a resistência ao 
colonialismo a conquista de direitos sociais – Florestan pública:A organização 
sociais dos Tupinambás, A integração do negro na sociedade de classes, O negro 
no mundo dos brancos e Mudanças sociais no Brasil. 
Pelos temas de estudos você já é capaz de ver a filiação teórica. 
A transformação social e as possibilidades revolucionárias de um dado tempo 
é também um tema recorrente na Sociologia de Florestan. Sobre esse ponto em 
específico, destacamos os livros: A sociologia numa era de revolução social, A 
revolução burguesa no Brasil e Da guerrilha ao socialismo: a Revolução Cubana. 
Florestan era um homem de ação, comprometido a compreender e colaborar 
com os desafios colocados pela época e pelo local onde vivia: um país periférico 
vivendo o pleno ápice de seu processo de urbanização. Para ele, o intelectual não 
deveria se esconder por detrás da máscara da neutralidade científica, uma vez que 
os movimentos e acontecimentos ao seu redor são grandes fontes que nutrem o 
pensamento crítico. 
 
 
73 
 
28 DARCY RIBEIRO: O BRASIL COMO MISSÃO 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
Darcy Ribeiro, antropólogo, escritor e político brasileiro, desenvolveu 
trabalhos importantes na educação, inclusive na LDB9394/96. 
Sua principal obra “O Povo Brasileiro” traz impressões de um 
importantíssimo estudioso que observou durante muito tempo as características de 
nosso povo pensando sua formação e sua organização social. 
Darcy é muito conhecido também por seus trabalhos desenvolvidos a partir 
das temáticas voltadas para os povos indígenas, com riquíssimas observações e 
relatos antropológicos. Foi o relator da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 
aprovada no governo Fernando Henrique (1996) 
 
http://pt.slideshare.net/blogpa/darcy-ribeiro
 
74 
 
28.1 Gilberto Freyre: autor de Casa Grande & Senzala 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
Gilberto Freyre é um dos mais reconhecidos nomes da Sociologia no Brasil. 
Você certamente conhece a sua obra Casa Grande & Senzala. A influência de 
Portugal, o mundo ibérico e a presença portuguesa nos trópicos frequentemente são 
temas de seus escritos, demostrando o papel desse povo na formação de 
civilizações modernas nos trópicos. Mais uma vez percebe-se o anseio da 
compreensão da formação da sociedade e do povo brasileiro, principal questão 
que move os estudos dos precursores da Sociologia em nosso país. 
Lembre-se: Neste momento está se pensando no país como uma nação, na 
construção de uma Nação. 
 
 
 
http://pt.slideshare.net/blogpa/darcy-ribeiro
 
75 
 
 
 
A análise da vida cotidiana é a grande contribuição de Freire. Teria sido ele, 
então, um dos primeiros a pensar em "patrimônio imaterial". Ele foi o precursor do 
conceito de patrimônio imaterial, conceito este que se concretizou com enorme 
sucesso. 
28.2 Você sabe o que é patrimônio imaterial? 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
De outra forma: Não é possível de ser tocado, como a dança, a música, a 
religião. Entendeu? Outra contribuição da obra de Freyre foi a tentativa de 
desmistificar a noção de determinação racial na formação de um povo, apontando a 
miscigenação conferida no país como elemento positivo. Em "Casa-Grande", o papel 
http://slideplayer.com.br/slide/337565/
 
76 
 
de índios e negros na formação do povo brasileiro é valorizado de forma 
praticamente inédita. 
28.3 Sergio Buarque de Holanda 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Com Sergio Buarque de Holanda veremos a influência da sociologia de Max 
Weber. No seu estudo sobre o homem cordial, ele mostrou as motivações das ações 
social e, sobretudo criou um tipo ideal para entender a característica do brasileiro. 
Mas o que quer dizer homem cordial? 
 
29 HOMEM CORDIAL: A IDENTIDADE BRASILEIRA NA VISÃO DE SÉRGIO 
BUARQUE. 
Vamos ver o diz o próprio sociólogo: 
 
http://slideplayer.com.br/slide/2571966/
 
77 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
Significa dizer que o brasileiro age mais pelas emoções do que pela razão. A 
forma de solucionar os problemas é ligada a vínculos familiares ou de amizade. Um de 
seus principais trabalhos, intitulado “Raízes do Brasil” aborda aspectos centrais da 
formação da cultura brasileira e do processo de formação da sociedade, que 
como vimos, é a preocupação mais recorrente dos grandes sociólogos do Brasil. 
Nesta obra, mais uma vez aparece em lugar de destaque, a importância do legado 
português no Brasil e a dinâmica de transferências culturais que se dava entre 
metrópole e colônia. 
 
29.1 Caio Prado Junior. 
Observe um pouco da biografia deste intelectual e responda qual é a sua 
influência teórica? 
 
Estudou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (1924-1928), 
formando-se bacharel em ciências jurídicas e sociais aos 21 anos. Na Faculdade de 
Direito iniciou sua preparação crítica no ensaio político e, logo depois de formado 
http://pt.slideshare.net/joseweldson/gilberto-freyre-e-srgio-buarque-de-hollanda
 
78 
 
exerceu a advocacia por alguns anos. Durante sua formação universitária e prática 
advocatícia, vivenciou toda a efervescência política, social e cultural no Brasil, 
durante as décadas de 20 e 30.Iniciou suas atividades políticas ingressando no 
Partido Democrático (1928). Participou ativamente da Revolução (1930) e filiou-se 
ao Partido Comunista Brasileiro. Fez uma viagem de estudos à União Soviética 
(1933) e publicou um livro de viagens, URSS, um novo mundo (1934). 
Assumiu a vice-presidência da Aliança Nacional Libertadora, motivo por que 
foi preso (1935) por dois anos. Exilou-se na Europa (1937-1939) e de volta ao Brasil 
(1940), lançou sua obra mais importante: Formação do Brasil Contemporâneo (1942) 
um clássico da historiografia brasileira, discorrendo sobre a formação histórica do 
Brasil. 
 
 
 
Com certeza você acertou. Ele foi um estudioso da realidade brasileira e 
se dedicou a esta temática tão cara à Sociologia Brasileira, publicando a clássica 
obra “Formação do Brasil Contemporâneo” que deveria ser parte de uma 
coletânea dedicada a pensar justamente a evolução histórica brasileira desde o 
período colonial, tendo mais uma vez como tema central a formação da sociedade 
e do povo brasileiro desde a chegada dos portugueses. 
 
79 
 
30 FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Este é sem dúvida o mais conhecido sociólogo brasileiro. Este é conhecido, 
foi o presidente da República do Brasil. É o mais reconhecido sociólogo brasileiro. 
 
 
30.1 No que consiste a teoria do desenvolvimento de Fernando Henrique 
Cardoso? 
A Teoria da Dependência surgiu no quadro histórico latino-americano do início 
dos anos 1960, como uma tentativa de explicar o desenvolvimento socioeconômico 
na região, em especial a partir de sua fase de industrialização, iniciada entre as 
décadas de 1930 e 1940. 
Em termos de corrente teórica, a Teoria da Dependência se propunha a tentar 
entender a reprodução do sistema capitalista de produção na periferia, enquanto um 
sistema que criava e ampliava diferenciações em termos políticos, econômicos e 
sociais entre países e regiões, de forma que a economia de alguns países era 
condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outras. 
 
 
80 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
Aqui é importante você compreender que embora os estudos sociológicos 
tenham surgidos entre os anos 1920 e 1930, sem dúvida, foi na década de 1960 que 
ganham maior fôlego. O Brasil está no momento de investir em grandes projetos 
industriais e a teoria da dependência busca apreender este momento histórico. 
Parabéns por ter concluído este módulo I. Se você fez as leituras com atenção 
certamente agora está capacitado a reconhecer os principais pontos da origem da 
sociologia como ciência e as ideias centrais dos clássicos desta disciplina. 
Esta capacitação básica tem por objetivo contribuir para a sua formação de 
pedagogo/a tendo em vista que a legislação o habilita para dar aulas de sociologia no 
ensino médio. Sendo assim é muito importante que saiba as bases conceituais desta 
ciênciasocial. 
 
31 SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
Nas aulas anteriores você conheceu os pontos centrais das teorias 
sociológicas dos clássicos Durkheim, Weber e Marx. Que tal pensá-los na relação 
com a escola? 
http://pt.slideshare.net/catetoferraz1/ciencias-sociais-iiantonio-inacio-ferraz-estudante-de-direito-na-unip-assis-sp
 
81 
 
Não esqueça de registrar no seu caderno de sociologia da educação o 
resultado de sua leitura. Não deixe passar nenhum conteúdo sem a sua 
compreensão. A qualquer momento pare, reflita, faço conexões, busque exemplo e, 
peça ajuda. O ensino à distância oferece um espaço importante de liberdade e 
autonomia para o estudo que, se não for bem aproveitado poderá trazer prejuízo 
para a sua formação. Então, encorajo você a criar metas e fazer um plano de 
estudo. 
Nestas aulas você irá ter contato com trabalho bastante significativo de 
autores que se dedicam à sociologia da educação: 
 Professora Marília Freitas de Campos Tozoni-Reis, professora Livre 
Docente do Departamento de Educação do Instituto de Biociências da 
UNESP- Botucatu. Trata-se do artigo A Contribuição da Sociologia da 
Educação para a Compreensão da Educação Escolar; 
 Pierre Bourdieu e a reprodução. Este importante sociólogo apresenta 
dois conceitos importantíssimos para entender a escola como 
reprodutora da sociedade. Os conceitos são: violência simbólica e 
capital cultural. Fique atento/a que você deverá, no final do módulo, 
compreender e aplicar bem estes conceitos; 
 A pedagogia de Paulo Freire. Este é o autor clássico da educação 
brasileira. As reflexões freirianas da relação entre escola e sociedade 
trarão grande contribuição para a sua formação acadêmica. 
 
Vamos lá? 
 
Primeiramente o artigo da professora Marília Freitas de Campos Tozoni- Reis 
A Contribuição da Sociologia da Educação para a Compreensão da Educação 
Escolar. 
Você já possui conhecimentos suficientes para fazer um diálogo com a autora 
na medida em que vai identificando e reconhecendo as perspectivas durkheimianas, 
weberianas e marxistas presente no artigo. 
 
 
82 
 
 
Fonte: www.scielo.br 
 
 
A imagem acima tem o objetivo de inspirar a sua leitura e motivar o seu 
estudo sempre direcionando a sua atenção na sua formação e, como já podemos 
concluir, uma formação que é essencialmente política, tendo em vista os interesses 
diversos que são colocados em jogo na complexidade do espaço, tanto da sala de 
aula quanto da sociedade global em que estamos todos envolvidos. Portanto, antes 
de seguir em frente, observe e registre no seu caderno as reflexões contidas na 
imagem. 
Não se preocupe se encontrar dificuldades no caminho, siga em frente. 
Leia com atenção as aulas a partir de agora. Estamos na reta final e o seu 
empenho fará uma grande diferença não só aqui mas em toda a sua vida 
acadêmica. 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222012000100008
 
83 
 
 
Fonte: albertovillas.com.br 
 
A origem da escola está no contexto do desenvolvimento da sociedade 
moderna, precisamente na sociedade capitalista. Não é difícil entender que no 
cenário brasileiro, a partir dos anos 20 e 30 do século XX, a escola surgirá ladeada 
de problemas sociais, sobretudo das desigualdades sociais. Qual é o papel da 
escola nesta sociedade emergente, moderna e capitalista? Este papel é permanente 
ou sofre mudanças com o tempo e as condições históricas? 
Pensar na relação entre educação, escola e sociedade é o primeiro exercício 
para se entender a contribuição da sociologia da educação. Antes de conhecer a 
citação convido você a pensar na sua própria definição de educação e depois 
verificar em que medida ela se aproxima ou se distancia do conceito de Demerval 
Saviani. 
O que é educação para você? Este é o princípio básica que irá definir a sua 
experiência, ou seja, a sua definição de educação irá ser a base para a sua prática. 
Por isso importante escolher como quais autores você quer caminhar. A partir das 
suas leitura e conhecimento com quais você mais se identifica. Tenha isso como 
meta ao caminhar na sua formação. 
 
84 
 
32 CONCEITO DE EDUCAÇÃO 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
Observou a relação entre o indivíduo e a sociedade? Pois bem, esta é a 
relação mais importante da sociologia. Temos na citação acima que o processo 
educativo é um processo de formação humana, isto é, um processo em que todos 
seres humanos - que nascem inacabados do ponto de vista de suas características 
humanas - são produzidos, construídos, como humanos. É um processo – histórico e 
social – de tornar humanos os seres humanos. Neste sentido, não nascemos 
humanos, este é um processo que se consolida nas práticas das relações sociais 
nos variados campos, seja político, social, econômico, cultural, etc. 
Para compreender melhor esta definição de educação como um processo 
histórico e social de formação humana, tomemos como referencial os escritos de Marx 
(1993) no mais importante de seus textos sobre a concepção de homem: os 
Manuscritos Econômicos e Filosóficos. 
 
http://slideplayer.com.br/slide/334187/
 
85 
 
 
Fonte: www.todocoleccion.net 
 
 
Neste livro, Marx desenvolveu uma concepção de homem como ser natural, 
universal, social e consciente. Isto é, embora ao nascer, ele conte com uma base 
biológica, natural, para se objetivar como gênero humano – para vir a ser humano – 
os homens, todos os homens, necessitam de um processo de humanização, que 
seja direto e intencional, um processo social e consciente. 
A finalidade imediata da educação (muitas vezes não cumprida) é a de tornar 
possível um maior grau de consciência, ou seja, de conhecimento, compreensão da 
realidade da qual nós, seres humanos, somos parte e na qual atuamos teórica e 
praticamente. 
Então, se a espécie humana necessita de um processo de humanização, 
histórico e social de formação humana – de educação –, a educação tem como 
objetivo realizar esta tarefa. Isso implica em um processo de conscientização que 
significa conhecer e interpretar a realidade social e atuar sobre ela, construindo-a. 
O primeiro processo de socialização, primária, ocorre na família. É neste 
ambiente que a criança desde o seu nascimento aprende por meio da interação com 
o meio e com a intervenção de um mediador adulto, as primeiras lições de vida. A 
noção do certo e do errado, a se comportar, a reconhecer as pessoas, os valores da 
família. 
http://www.todocoleccion.net/libros-segunda-mano-derecho-economia/manuscritos-economico-filosoficos-1844-
 
86 
 
No segundo processo, o secundário, que ocorre principalmente na escola, a 
criança começa a ter conhecimento do mundo que a envolve e a produção coletiva 
que forma a estrutura social do seu ambiente. 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
Neste processo de humanização, nós, seres humanos, produzimos cultura, e a 
cultura se expressa por meio de símbolos. Assim, podemos dizer que o ser humano 
é um produtor de símbolos. Em outras palavras, significamos a nossa existência. 
Assim, o processo educativo constrói, ao mesmo tempo, o ser humano como 
humano e a realidade na qual ele se objetiva como tal. Constrói, também, a 
humanidade do ponto de vista histórico e social. Se os seres humanos não trazem 
ao nascer os instrumentos necessários para compreender as leis da natureza e da 
cultura (das sociedades), e não podem contar com a possibilidade de que isso 
aconteça “naturalmente”, o processo de formação do ser humano tem que ser 
intencionalmente dirigido, pelos próprios seres humanos que se relacionam 
socialmente. Ocorre que, na história social da humanidade, diferentes e diversas 
instituições sociais se responsabilizaram por esse processo de formação humana, 
pelo processo educativo. 
http://pt.slideshare.net/joaobalbi/cap-14-homemanimal
 
87 
 
33 CAMPO DA SOCIOLOGIA 
Nas sociedades primitivas, por exemplo, vemos a importância dos ritos de 
iniciação realizadospor diferentes coletivos no processo educativo dos sujeitos mais 
jovens como expressão da organização do processo de formação humana para a 
convivência naquelas sociedades que tinham, como tal, características próprias. 
Muitos estudos no campo da sociologia – e da antropologia – mostram 
diferentes formas sociais de apropriação dos elementos da cultura nessas 
sociedades primitivas. Mas, o que temos em comum nesses estudos é o fato de que, 
mais ou menos sistematicamente, há um processo educativo expresso na vida social 
dessas sociedades. 
Nesse sentido, também merece destaque o processo de preparação para o 
trabalho a que eram submetidos os jovens aprendizes de ofícios nas sociedades 
pré-industriais. A família como principal instituição social responsável pelo processo 
de formação humana para convivência naquelas sociedades, em especial, como 
instituição responsável pela formação para o trabalho: além da família de origem, 
muitos jovens aprendizes eram encaminhados a outras famílias para a 
aprendizagem dos ofícios. 
 
 
Fonte: melhorcomsaude.com 
http://melhorcomsaude.com/aceite-mudancas-algo-aprender/
 
88 
 
Com esta referência, podemos buscar a tese de que a escola, tal como a 
conhecemos hoje, é uma instituição social nova, moderna. E como instituição é a 
principal responsável pela formação dos jovens para sua integração ao mundo social 
adulto na modernidade. 
 
 
Fonte: soparamaes.wordpress.com 
 
Se, em períodos históricos anteriores, a família foi a principal responsável 
pelo processo de formação dos sujeitos para a integração na sociedade, a 
modernidade – com suas profundas transformações – buscou uma nova instituição 
que se responsabilizasse pela formação humana para este novo modo de 
organização da vida social: a escola. 
Lembremos que as profundas modificações nas formas de organização das 
sociedades, no final da Idade Média, culminaram com as revoluções do século XVIII, 
caracterizadas pela ascensão da classe social denominada burguesia e a 
implantação na Europa de um novo modo de produção – base da organização social 
– o capitalismo. 
 
 
Fonte: blogdaebi.blogspot.com.br 
 
89 
 
 
Foi a partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, 
que o capitalismo consolidou-se. Do ponto de vista econômico, tem início um 
processo intenso e contínuo de exploração do trabalho em grandes 
proporções, geração de lucro e acumulação de capital. Aqui você pode se lembrar 
também da reflexão do filme Tempos Modernos, de Chaplin, visto no Módulo I. 
Do ponto de vista político e social, a aristocracia perde o poder político para a 
burguesia urbano-industrial, surgindo ainda uma outra classe: os trabalhadores (ou 
operários). Isso tudo implicou em profundas modificações nas práticas sociais, em 
especial, no modo de produção. 
Foi a preparação para essas novas relações sociais que modificou também a 
organização do processo de formação humana, elegendo a escola como principal 
instituição preparatória para a vida social. 
Se, desde a antiguidade, temos algumas manifestações de um processo 
educativo um pouco mais sistematizado, o qual nos acostumamos a chamar de 
escola, somente na modernidade, a escola assume o papel de uma instituição 
educativa significativa na sociedade para a organização do processo educativo 
socialmente representativo. 
Portanto, a escola é uma instituição da sociedade moderna, assim como a 
sua correlata: a infância, tal como a entendemos hoje. Você já sabia, não é mesmo? 
De acordo com o “sentimento da infância”, que “corresponde à consciência da 
particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança 
do adulto, mesmo jovem” (1981, p. 156). Na idade média, a infância se limitava ao 
período inicial da vida no qual a criança dependia do constante cuidado do adulto, 
mãe ou ama. 
 
 
90 
 
34 DESCOBERTA DA INFÂNCIA 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
A criança ingressava no mundo dos adultos não se distinguindo mais destes. 
A dilatação do período da infância foi correlata de uma transição da escola que 
durou do século XV ao século XVIII. 
A escola foi um meio de isolar cada vez mais as crianças durante um período 
de formação tanto moral quanto intelectual, de adestrá-las, graças a uma disciplina 
mais autoritária, e, desse modo, separa-la da sociedade dos adultos. 
Segundo este autor, na idade média, a escola era destinada a um pequeno 
número de clérigos de diferentes idades. 
http://pt.slideshare.net/ElieneDias/pnaic-2015-texto-01-concepo-de-infncia-criana-e-educao
 
91 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
A abertura da escola aos demais manteve a mistura de diferentes idades e a 
exclusão das mulheres. Mais tarde, criou-se a separação dos estudantes por classes 
(o que constituiu a primeira subdivisão no interior da população escolar), mas o 
critério para formação das classes foi o grau de capacidade, não a idade. A criação 
das classes por idade ocorreu somente no século XVIII. 
Observe como vai se construindo o processo de seleção dos estudantes. 
A regularização do ciclo anual das promoções, o hábito de impor a todos os 
alunos a série completa de classes, em lugar de limitá-la a alguns apenas e as 
necessidades de uma pedagogia nova adaptada a classes menos numerosas e mais 
homogêneas, resultaram, no início do século XIX, na fixação de uma 
correspondência cada vez mais numerosa entre a idade e a classe. 
 
http://slideplayer.com.br/slide/3659722/
 
92 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
Até o século XVIII, a distinção entre população escolarizada e não 
escolarizada não correspondia às condições sociais, embora o núcleo principal da 
escola fosse constituído de indivíduos oriundos das famílias burguesas de juristas e 
ligados ao clero. 
No século XIX, a escola única foi substituída por um sistema de ensino duplo, 
em que cada ramo correspondia não a uma idade, mas a uma condição social: o 
Liceu e o Colégio para os burgueses (o secundário) e a escola para o povo (o 
primário). 
Existe, portanto, um notável sincronismo entre a classe de idade moderna e a 
classe social: ambas nasceram ao mesmo tempo, no fim do século XVIII, e no 
mesmo meio: a burguesia. 
Se do ponto de vista sócio histórico a escola é uma instituição moderna, e 
aqui você já compreende o que significa o moderno, então, qual a função da escola 
no processo de formação humana nas sociedades atuais? 
Nas aulas de história da educação você viu que o surgimento da escola tal 
qual a conhecemos hoje coincide com o advento da sociedade capitalista em que 
a necessidade de ler e escrever atendia às necessidades emergente do universo 
comercial. 
 
http://pt.slideshare.net/rcgcbatista/reunio-com-coordenadoras-e-diretores
 
93 
 
35 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
A professora Tozoni-Reis (2010) pergunta em seu artigo: Se a educação é 
uma exigência humana – individual e coletiva – e a escola foi, historicamente, a 
instituição social “escolhida” pela humanidade para cumprir esta tarefa, como 
podemos considerar a função específica da escola atualmente? 
Lembremos que os estudos sobre o papel da escola, na sociedade moderna, 
apontam para o fato de que não existe uma função única, consensual, universal da 
escola. Se você recordar da sua vida escolar desde o início certamente irá 
reconhecer que a função da escola mudou. Se vivemos, na modernidade, em uma 
sociedade contraditória – uma sociedade de classes com interesses antagônicos e 
contraditórios – cada grupo social compreende este papel segundo seu próprio 
conjunto de valores e interesses sociais, culturais e políticos. 
 
http://slideplayer.com.br/slide/9664947/
 
94 
 
 
Fonte: www.inclusive.org.br 
 
A função da escola é vista de forma global, universal e também tem um 
caráter individual de acordo com o interesses daqueles que dela participa. Isso 
significa dizer que a escola não é umainstituição social neutra, uma instituição 
educativa a serviço de todos, igualmente. A forma como se realiza o processo de 
formação humana na sociedade moderna, portanto, a educação no interior da 
instituição social chamada escola, diz respeito aos valores, ideologias e intenções 
dos diferentes grupos sociais que disputam seu lugar na hierarquia social. 
Assim, os estudos da sociologia da educação apontam para a ideia de que a 
educação escolarizada nestas sociedades tem, em geral, algumas funções. Vejamos 
com atenção algumas destas funções. 
 
http://www.inclusive.org.br/arquivos/25570
 
95 
 
 
 (LUCKESI, 1990). 
 
Observe bem como estas funções acima citadas são vistas por Demerval 
Saviani. Para este autor a escola vive o antagonismo destas três funções. 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
O estudo empreendido por Saviani (2008) sobre as bases teóricas da 
educação, apresentado no conhecido Escola e Democracia com todas as polêmicas 
http://pt.slideshare.net/gens/o-papel-do-professor-nas-diferentes-concepes-de-escola-e-educao-escolar
 
96 
 
que ainda gera, analisa a impossibilidade teórica e prática das propostas educativas 
denominadas por ele como “teorias não-críticas da educação”. 
 
36 REFLETINDO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO 
 
 
Fonte: www.egov.ufsc.br 
 
Observe bem como Saviani conceitua as três funções da escola. Tozoni- Reis 
(2010) utiliza-se da categoria desigualdade social para analisar a função social da 
escola, especialmente para compreender as relações entre educação e sociedade. 
Assim a autora pergunta: Diante desta característica definidora da sociedade 
capitalista moderna, como sustentar a tese das teorias não críticas de que a 
educação escolarizada é um instrumento de equalização social? 
Teorias não críticas são aquelas que não consideram a escola na relação com 
a sociedade e seus conflitos. 
Em outras palavras, como conceber a escola como um instrumento de justiça 
social analisada por teorias que não fazem a crítica às relações conflituosas que 
existem na sociedade. Percebe? 
http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/direitos-e-garantias-fundamentais-uma-an%C3%A1lise-s%C3%B3cio-antropol%C3%B3gica-do-surgimento-e-implanta%C3%A7
 
97 
 
Neste sentido, “a sociedade é concebida como essencialmente harmoniosa, 
tendendo a integração de seus membros” (SAVIANI, 2008, p. 4). 
Lembra da teoria de Durkheim, em que a sociedade tende para a harmonia? 
Assim, de característica definidora da sociedade capitalista moderna, a desigualdade 
social – e, consequentemente, a marginalidade – é concebida como uma distorção 
que, pela educação, pode ser superada. Numa perspectiva durkheimiana a 
desigualdade social seria uma anomia social. 
Assim pensada a escola mostra o caráter “redentor” nas relações entre a 
educação e a sociedade: A marginalidade é, pois, um fenômeno acidental que afeta 
individualmente um número maior ou menor de seus membros, o que, no entanto, 
constitui um desvio, uma distorção que não só pode como deve ser corrigida. 
 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
A educação emerge aí como um instrumento de correção dessas distorções. 
Tozoni-Reis analisa esse papel de “redentora” da sociedade, de instrumento de 
equalização, de correção das distorções que, eventualmente, encontramos na 
sociedade moderna. Nesse sentido, a educação escolarizada tem o papel social de 
http://pt.slideshare.net/gens/o-papel-do-professor-nas-diferentes-concepes-de-escola-e-educao-escolar
 
98 
 
garantir a construção de sociedades igualitárias, de corrigir essas distorções 
eventuais. 
Perguntas: 
1. A educação e, particularmente, a escola, como instituição social, define, 
por si, a superação da desigualdade social? 
2. A desigualdade social não é uma das mais importantes características 
– definidora, fundante – da sociedade capitalista moderna? Nesta 
questão você consegue perceber a perspectiva marxista? 
 
 
Fonte: tempossafados.blogspot.com.br 
 
 
Tozoni-Reis não conclui que essa tarefa – de superação das desigualdades é 
impossível para a escola pela sua magnitude, mas compreende que a instituição 
escolar é uma instituição que emerge desta sociedade, que está a serviço dos 
interesses contraditórios que definem a constituição da sociedade capitalista 
moderna como sociedade desigual. 
Por outro lado, a educação, em particular a escolarizada, como instituição 
social principal responsável pela formação dos sujeitos sociais na modernidade tem 
assumido, segundo as análises sociológicas dedicadas ao seu estudo, a função de 
reproduzir a desigualdade social que caracteriza esta sociedade. 
 
http://tempossafados.blogspot.com.br/2012/05/bourdieu-pensando-o-sistema-de-ensino-e.html
 
99 
 
37 REPRODUÇÃO NA ESCOLA 
Reprodução: Isso significa dizer que a educação, como instituição social 
organicamente ligada a esta sociedade, contribui, no que diz respeito à formação 
dos sujeitos sociais, para reproduzir a contradição de classes inerente à sociedade 
capitalista moderna. 
 
 
Fonte: praticassocioeducativas.blogspot.com.br 
 
 
A maior contribuição dos sociólogos da educação foi denunciar o papel 
legitimador da desigualdade social que assume a escola em nossa sociedade. 
Você já deve ter percebido a perspectiva crítica e já deve ter identificada qual 
é a corrente teórica que a autora utiliza para compreender a escola na sua relação 
com a sociedade. 
Ou seja, é necessário compreender que a escola não tem apenas o papel de 
formação dos sujeitos sociais, uma formação descomprometida com as formas 
organizativas da sociedade, mas um papel comprometido com a dinâmica social 
dominante. 
http://praticassocioeducativas.blogspot.com.br/2014/09/reproducao-cultural-e-reproducao-social_29.html
 
100 
 
 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
Dessa forma, a escola, em sua tarefa de formar os sujeitos sociais, não é 
neutra, mas exerce um papel político nesta formação, no sentido de seu 
comprometimento – do ponto de vista da reprodução ideológica – na formação dos 
sujeitos. 
Como dito acima a principal referência nestes estudos é Bourdieu: 
Contrariando a ideia da escola enquanto espaço social democrático e emancipador, 
a Sociologia bourdieusiana buscava mostrar que essa instituição legitimava as 
práticas sociais das classes dominantes. 
Vamos conhecer um pouco este eminente sociólogo que dedicou boa parte do 
seu trabalho para entender a relação da escola com a sociedade. 
37.1 Pierre Bourdieu 
Destacado sociólogo francês do século XX. Nascido na cidade de Denguin, 
França, no dia primeiro de agosto de 1930, era proveniente de uma família 
campesina Sua publicação entre as décadas de 1960 e 1980 o caracteriza como 
importante sociólogo do século XX. A repercussão de suas reflexões o leva a 
lecionar em importantes universidades do mundo. 
http://pt.slideshare.net/maynaramarques/karl-marx
 
101 
 
Bourdieu faz uma análise das desigualdades escolares e sua relação com a 
estrutura das desigualdades sociais, revela o que ele chama de violência simbólica, 
ao mostrar como as desigualdades e dificuldades dos alunos podem ser 
compreendidas a partir da observação da estrutura social em que vivem e, o que é o 
mais importante, como a escola contribui para a reprodução destas desigualdades. 
No texto, A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à 
cultura, o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1966), desenvolve um de seus 
principais conceitos teóricos, o capital cultural; através do qual explica o atraso 
“educacional” das classes populares. Bourdieu (1966) faz uma crítica vigorosa à 
função desempenhada pelas instituições escolares francesas. Salvo às 
especificidades da realidade escolar da França, da pesquisa sociológica científica e 
da época em que Bourdieu escreve, acredito que, a partir de seu texto, podemos 
ainda pensar algumas questões à política e à educação contemporânea no Brasil. 
 
 
 
É provavelmente porum efeito de inércia cultural que continuamos tomando o 
sistema escolar como um fator de mobilidade social, segundo a ideologia da ‘escola 
libertadora’, quando, ao contrário, tudo tende a mostrar que ele é um dos fatores 
mais eficazes de conservação social, pois fornece a aparência de legitimidade as 
desigualdades sociais, e sanciona a herança cultural e o dom social tratado como 
dom natural. 
 
102 
 
38 ESCOLA: DESIGUALDADE LEGÍTIMA? 
Você pode perceber aqui que o autor chama a atenção para o fato de que a 
escola legitima a desigualdade social, na medida em que não questiona as relações 
de conflito que estão no seu interior. 
Por que a escola não é um fator de mobilidade social? Bom, para o autor, 
existe uma série de aspectos culturais que precisam ser levados em conta para 
explicar a mobilidade social (aquilo que pode fazer com que uma pessoa saia de uma 
classe social inferior para uma superior). Dentre os aspectos das relações sociais 
que levam ao êxito escolar e à ascensão social, são perceptíveis algumas formas 
grosseiras: 
a) Recomendações, quer dizer, o famoso “Quem Indica”. 
b) Ajuda no trabalho escolar ou ensino suplementar. Pais, familiares e 
outros que auxiliam os alunos nas tarefas escolares; e as atividades fora do âmbito 
da escola, como cursos de idiomas ou de disciplinas específicas como português e 
matemática (famoso Kumon) e de pré-vestibulares, no atual caso brasileiro. 
c) Informação sobre o sistema de ensino e perspectivas profissionais. Este 
ponto se refere ao conhecimento detalhado de profissões e de particularidades de 
estudos conforme as exigências de uma prova classificatória, como no vestibular ou 
ENEM. 
 
Porém, nenhuma dessas três formas consegue dar conta da sofisticação 
cultural relacionada à classe social do aluno, que podemos enumerar em dois tipos: 
1. Transmissão do capital cultural da família 
2. Do Ethos (como proceder) no agir ao capital cultural e à instituição 
social. Essas duas heranças culturais que diferem entre as classes 
sociais são responsáveis pela diferença inicial das crianças diante da 
experiência escolar e pelas suas taxas de êxito. Tento explicar 
minimamente a seguir os valores culturais sofisticados captados por 
Bourdieu, que estão implícitos na relação familiar – os modos de 
aprender e de agir, e as expectativas de futuro. 
 
 
103 
 
 
Fonte: eliperochasociologia.blogspot.com.br 
 
 
39 A TRANSMISSÃO DO CAPITAL CULTURAL 
As pesquisas do sociólogo Paul Clere mostram que a parcela de bons alunos 
em uma amostra de 5ª série cresce em função da renda de suas famílias. Entretanto 
percebe-se que aqueles alunos cujos pais possuem formação superior têm maior 
sucesso escolar. Você está entendendo a postura de Bourdieu? Ou seja, mesmo 
utilizando-se de alguns pressupostos marxistas, este autor dá uma ênfase especial 
ao aspecto cultural. Ainda assim os alunos de famílias que possuem diplomas iguais, 
muito pouco diferem entre si, mesmo que a renda de uma ou de outra família seja 
superior. Isto demonstra que dentro das heranças dois fatores são determinantes 
para o êxito escolar: a renda e o “conhecimento” dos familiares. 
 
http://feliperochasociologia.blogspot.com.br/2015/07/capital-cultural-de-pierre-bourdiu.html
 
104 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
Mas, acima de tudo, o conhecimento dos membros da família. Este está à 
frente da renda. O que significa que o sucesso da criança na escola está 
diretamente ligado à cultura. Esta tem um valor maior do que o financeiro, embora 
geralmente os dois apareçam atrelados. 
 
40 RENDA E CULTURA: ATRIBUTOS FAMILIAR 
Podemos dizer então que o capital cultural possui uma relação direta com 
os atributos familiares (cultura e renda), logo, com a rede sociocultural da qual a 
criança participa. A herança cultural deve levar em conta não somente o nível cultural 
do pai ou da mãe, mas também o dos demais componentes da família, 
especialmente, o dos avós. 
As localidades regionais onde se residiu para os estudos na adolescência e 
na juventude também precisam ser colocadas nesse cálculo. Pois em determinados 
lugares existe uma maior disponibilidade de bens simbólicos, como museus, teatros, 
parques culturais, cinemas, instituições escolares de melhor qualidade, centros de 
cultura e etc. Soma-se a estes dois aspectos o conjunto das características do 
http://pt.slideshare.net/camos72/reproduo-e-desigualdade
 
105 
 
passado escolar, como o tipo de curso secundário e o tipo de estabelecimento – se 
municipal, estadual, federal ou privado. Você está entendendo? Se não, volte à 
leitura e faça reflexão, ou pare um pouco de depois retorne. 
 
 
Fonte: marisaserikako.iibnn.com 
 
 
Para a pesquisa sociológica sobre as causas do êxito escolar, é necessário 
consequentemente, um modelo que leve em conta essas diferentes variáveis – e 
também as características demográficas do grupo familiar, como o tamanho da 
família – que permita fazer um cálculo muito preciso das esperanças de vida escolar. 
É perceptível que Bourdieu atribui um valor muito maior a família do que a 
escola. Ele conta que os filhos das classes populares com maior propensão a 
ingressar na faculdade têm famílias diferentes da média de sua categoria, seja por 
seu nível cultural global ou por seu tamanho. 
 
 
Fonte: wol.jw.org 
 
http://marisaserikako.iibnn.com/nao-esta-entendendo-quer-uma-reposta/
http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1102014399
 
106 
 
Contudo os níveis de instrução da família são apenas indicadores e não 
mostram quais conteúdos são transmitidos às crianças. Nisso as pesquisas 
demonstram que o capital cultural mais rentável para o sucesso escolar é constituído 
pelas informações e conhecimentos relacionados ao mundo universitário, à 
facilidade verbal e à cultura livre adquirida nas experiências extraescolares. 
Quer dizer que a transmissão cultural eficaz é a que não está separada da 
vida comum do aluno e que não se trata de uma tarefa específica que ele fará 
metodicamente, mas um eixo de relações culturais que participa de sua vida de 
maneira integral sem parecer forçosa. Neste sentido, os alunos de família rica e culta 
interagem numa cultura de gostos, de linguagens e de fazeres propícios 
 
ao que é cobrado nas instituições formais. Por conta de haver essas relações 
desde “berço” acredita-se, enganosamente, que as qualidades destas crianças, 
transmitidas quase por osmose, são dons naturais. Olha que interessante! 
Ao contrário desta crença, Bourdieu (p. 46) escreve que: “o êxito com os 
estudos literários está estreitamente ligado à aptidão para o manejo da língua 
escolar, que só é uma língua materna para as crianças oriundas das classes cultas”, 
enquanto as crianças das classes populares precisam se desdobrar para fugir do 
linguajar próprio ao seu cotidiano. 
Faz sentido para você, estas reflexões? 
 
41 A ESCOLHA DO DESTINO E A QUESTÃO DO ETHOS FAMILIAR 
Geralmente a atitude de pais e de crianças em relação à escola está 
relacionada às suas posições sociais. Esse caso é particularmente importante no 
âmbito do ensino francês estudado por Bourdieu. Os alunos após terminarem o nível 
básico precisavam mudar para outra escola. Entre as opções, as melhores “públicas” 
eram concorridas através de exames, de indicações e de regularidades de notas 
boas no ensino básico. 
O pai do aluno esperava que ele atingisse um bom desempenho nas séries 
iniciais, sobretudo, baseado num certo índice medido conforme os incentivos dos 
 
107 
 
professores, para que ele continuasse os estudos e/ou concorresse a uma vaga nas 
melhores escolas. 
As pesquisas de Bourdieu mostram que “a escolha da escola e das maneiras 
do ensino (técnico ou teórico) tem a ver com as lembranças das experiências direta e 
imediata pela estatística intuitiva das derrotas ou dos êxitos parciais das crianças de 
seu meio”. A desesperança, não raras vezes, tomam as classes popularese então 
dizem: “Isso não é para nós”. O que significa: “Não temos meios para isso”. 
 
 
Fonte: ambientalistamarcioluiz.blogspot.com.br 
 
As condições econômicas e culturais das classes médias também são 
diferentes das classes superiores, haja vista que a cada dois alunos das classes 
superiores que acessam a faculdade, somente um aluno das classes médias 
consegue. 
Pare um pouco agora e reflita sobre o seu capital cultural, este que você 
herdou da sua família. Que tipo de bagagem você trouxe para a escola? Em que 
medida o seu capital cultural ajudou ou dificultou a sua assimilação da cultura da 
escola? 
 
http://ambientalistamarcioluiz.blogspot.com.br/2012/09/o-vereador-da-educacao-em-niteroi.html
 
108 
 
 
 
O capital cultural e o ethos combinam-se na concorrência para definir as 
condutas escolares que excluirão os alunos das classes populares. A questão da 
desesperança e do ethos aparece de modo paradoxal para as crianças pobres, pois 
se espera que compensem suas carências de capital cultural através de um 
desempenho melhor que aqueles que possuem melhores condições econômicas e 
culturais. 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
Desta maneira, aponta Bourdieu (p. 50): “o princípio geral que conduz à 
superseleção das crianças das classes populares e médias estabelece-se assim: as 
crianças dessas classes sócias que, por falta de capital cultural, têm menos 
oportunidades que outras de demonstrar um êxito excepcional, devem, contudo, 
demonstrar um êxito excepcional para chegar ao ensino secundário”. 
 
http://slideplayer.com.br/slide/1263382/
 
109 
 
42 COMO A ESCOLA CUMPRE A FUNÇÃO DE CONSERVAR AS 
DESIGUALDADES SOCIAIS? 
Agora que você compreendeu o que significa capital cultural converse com os 
seus colegas no fórum ‘do aluno’ e amplie ainda mais o se conhecimento de forma 
interativa. Este é um ótimo exercício. 
E, agora? Como o capital cultural interfere no processo de aprendizagem? 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
As práticas e os métodos de ensino na escola são homogêneos, ou seja, o 
mesmo para todos os alunos, não se importando com a diversidade cultural entre eles, 
não atentam para as especificidades como as carências de cada pessoa associada 
a uma dada classe social. 
A escola trata todos “os educandos, por mais desiguais que sejam eles de 
fato, como iguais em direitos e deveres, assim, o sistema escolar é levado a dar sua 
sanção às desigualdades iniciais diante da cultura”. Pode-se afirmar que a escola 
nega o princípio de isonomia da justiça liberal (inclusive), pois não trata 
particularmente cada um de maneira adequada às suas necessidades. 
 
http://slideplayer.com.br/slide/10349854/
 
110 
 
 
Fonte: educaja.com.br 
 
Ou seja, há um tratamento igual (baseado no modelo da cultura formal das 
classes superiores) que reproduz as desigualdades já existentes tanto nas 
condições simbólicas (como a linguagem) quanto nas condições materiais 
(econômicas). 
Veja nas palavras do próprio Bourdieu: 
“Ao atribuir aos indivíduos esperanças de vida escolar estritamente 
dimensionadas pela sua posição na hierarquia social, e operando uma seleção que – 
sob as aparências da equidade formal – sanciona e consagra as desigualdades 
reais, a escola contribui para perpetuar uma sanção que se pretende neutra, e que é 
altamente reconhecida como tal, nas aptidões socialmente condicionadas que trata 
como desigualdades de ‘dons’ ou de mérito, ela transforma as desigualdades de fato 
em desigualdades de direito, as diferenças econômicas e sociais em ‘distinção de 
qualidade’, e legitima a transmissão da herança cultural.” 
http://educaja.com.br/2012/04/alunos-com-necessidades-especiais-na-escola-e-a-importancia-da-parceria-
 
111 
 
 
 
Segundo a lição de Bourdieu, não é possível haver igualdade diante das 
desigualdades pré-existentes. 
 
 
Como cobrar as mesmas coisas para pessoas com condições materiais e 
simbólicas totalmente diferentes? As estatísticas dos vestibulares da UFU mostram 
que em dez anos nenhum aluno da rede pública conseguiu ingressar no curso de 
medicina (o mais concorrido desta instituição). 
 
 
 
Seria porque nasceram burros? Porque estudaram pouco? Ou porque não 
estudaram nas mesmas instituições e cursinhos que os alunos aprovados? Ou 
porque não tiveram tempo ($) suficiente para aprenderem inglês no CCA e 
matemática no Kumon? Talvez seja porque seus professores da rede pública 
precisaram pegar 32 aulas por semana em 18 salas diferentes, com cerca de 40 
 
112 
 
alunos em cada (360 alunos ao todo), fazendo com que seu tempo fosse bastante 
pequeno para que pudessem preparar melhor as aulas. 
Aulas as quais a direção da escola e o governo não deram apoio nenhum 
além do livro didático de História escrito por um bacharel em Direito. Ou então talvez 
porque os alunos tiveram que trabalhar de atendente de telemarketing para ajudar 
nas despesas de casa. Vai saber! 
43 VIOLÊNCIA SIMBÓLICA 
Nas próximas aulas você continuará a ter contato com o conceito de capital 
cultural, entretanto, aliado a outro não menos importante conceito de Bourdieu: 
violência simbólica. 
 
Desigualdades sociais incorporadas na escola: A violência simbólica 
Importante iniciar aqui com a compreensão do termo violência simbólica. O 
adjetivo simbólico adverte que esta violência não é física nem aparente e, de certa 
forma, é invisível, na medida em que para compreendê-la será necessário 
desvendar alguns pontos presentes na prática pedagógicas. 
Examine as suas experiências tanto pessoal quanto o contato com outras 
pessoas, colega, vizinhos, família e identifique que tipos de violência simbólica é 
possível lembrar. 
Será que a violência existente na escola tem alguma relação com a violência 
simbólica nesta mesma escola? 
Como visto anteriormente, a escola tende a reproduzir a cultura dominante de 
forma homogenia sem considerar a diversidade de saberes que a compõe e, neste 
sentido, exclui alunos que não conseguem incorporar a estrutura dos valores 
dominantes, considerados legítimos. Contudo, a transmissão de conhecimento não 
forma pessoas críticas e com autonomia para pensar a partir de categorias que lhes 
são próximas, construindo sentidos para a aprendizagem. A reprodução das 
estruturas econômicas e sociais na escola e, consequentemente a exclusão dos 
alunos menos favorecidos promove a violência simbólica, na medida em que as 
dificuldades dos alunos são vistas como naturais e inerentes às suas capacidades 
 
113 
 
individuais, quando na prática devem ser compreendidas analisando a exclusão que 
a própria sociedade impõe. 
 
 
Fonte: nepfhe-educacaoeviolencia.blogspot.com.br 
 
 
44 BOURDIEU E A EDUCAÇÃO 
Uma contribuição importante de Bourdieu foi a noção de que o chamado 
fracasso escolar não é um resultado que depende exclusivamente do aluno, pois a 
escola não é um ambiente neutro. Existe influência dos agentes que participam das 
instituições de ensino no processo de desempenho educacional, interferindo 
diretamente no sucesso ou fracasso escolar. 
Bourdieu (1998) argumenta que os problemas na educação são de ordem 
social, que por meio de leis e projetos define quem serão os melhores e, assim, 
exclui a concorrência justa. 
Percebe que os problemas da escola estão ligados diretamente à estrutura 
social e não será com leis e regras internas ou usadas para resolver o problema da e 
na escola que irá acabar com as dificuldades enfrentadas. É preciso entender que a 
escola é fruto de uma sociedade e compreender como esta funciona, quais são suas 
http://nepfhe-educacaoeviolencia.blogspot.com.br/2010/10/estudo-mostra-que-apos-repetencia-aluno.html
 
114 
 
características, sua história, sua cultura, é essencial para pensar em uma educação 
transformadora, porque mudar a escola significa também operar mudanças no 
próprio ambiente escolar. 
 
 
Fonte: ccfjm.blogspot.com.br 
 
O termo violênciasimbólica, que na visão de Bourdieu (1998), consiste em 
uma ação arbitrária imposta por um grupo de poder dominante e imposto a todos 
como algo natural, é um instrumento importante para compreender a dinâmica da 
escola e a função do currículo nas práticas escolares. Para a apreensão mais efetiva 
o conceito de violência simbólica, vamos fazer uma breve revisão no conceito de 
capital cultural. É o que se apresenta a seguir: 
 
45 CAPITAL CULTURAL 
Revisando o conceito: O Capital Cultural é a tradução de toda experiência 
intelectual e cultural que o indivíduo adquire por meio das relações de socialização, 
sejam socialização primária, no contexto familiar, ou secundária, em outros 
ambientes de convivência. Este capital irá definir o sucesso ou o fracasso no 
contexto da meritocracia tanto escolar quanto profissional. Ou seja, por mérito 
alcançam-se determinados lugares. A discussão, portanto, está na palavra mérito. 
O termo capital que poderia ser entendido na sua relação econômica, ou seja, 
tem capital que possui dinheiro investido, ganha outro adjetivo. O que se pode 
adquirir com o dinheiro: livros, idas à biblioteca, cinema, enfim, o investimento feito 
http://ccfjm.blogspot.com.br/2009/02/exclusao-social.html
 
115 
 
pela elite econômica, gera uma relação entre os capitais que se traduz no capital 
simbólico (cultural) e tem relação de poder sobre os demais, sendo esta influência 
do capital simbólico chamada de poder simbólico. 
A relação de dominação do capital simbólico passa a ser vista como legítima 
e não como um tipo de violência que é imposta pelos valores, condutas e atitudes de 
uma determinada classe. 
O pertencimento a um determinado grupo é constituído a partir do capital 
cultural que cada indivíduo traz consigo. Quando mais capital cultural é assimilado 
maior é o poder e a visibilidade. 
 
 
Fonte: www.google.com.br 
 
Observe a imagem. O universo cultural dos alunos diante de um professor 
que transmite o conhecimento no lugar de problematiza-lo faz diferença no processo 
de aprendizagem. Para aqueles que não assimilam os códigos culturais dados pelo 
professor (Veja: literatura, música e artes plásticas), o ‘aprender’ transforma-se 
numa atividade angustiante. 
Agir de acordo com os interesses da classe dominante é o jogo de poder do 
qual fala Bourdieu, referindo-se ao poder simbólico que, na prática produz o que se 
viu acima, a violência simbólica. Sucesso para uns e fracasso para outros. Ao entrar 
http://www.google.com.br/search?q=capital%2Bcultural&espv=2&rlz=1C1ASUT_pt-
 
116 
 
para a escola o indivíduo traz consigo traços definidores da sua cultura e de seu 
desempenho. 
Na perspectiva de Bourdieu, os problemas educacionais não podem ser 
resolvidos sem antes resolver os problemas sociais para garantir condições de 
igualdade de oportunidades. Condições em que a escola deixa de ser uma 
instituição reprodutora da cultural dominante para ser uma instituição produtora do 
saber. 
 
46 A SOCIOLOGIA NA ESCOLA 
 
 
Essa análise sobre a escola, baseada em volumosas e importantes pesquisas 
com levantamento de dados empíricos sobre a realidade escolar, criou novos 
referenciais teóricos para a compreensão da educação escolar na sociedade 
capitalista dos anos sessenta do século XX. Até hoje, ela se constitui como um dos 
principais paradigmas para os estudos sociológicos da educação: A grande 
contribuição da Sociologia da Educação de Pierre Bourdieu foi, sem dúvida, a de ter 
fornecido as bases para um rompimento frontal com a ideologia do dom e com a 
noção moralmente carregada de mérito pessoal. 
 
 
117 
 
 
Fonte: alencarcaroline.wordpress.com 
 
A partir de Bourdieu, tornou-se praticamente impossível analisar as 
desigualdades escolares, simplesmente, como frutos das diferenças naturais entre 
os indivíduos. 
Se essa Sociologia denunciou o papel de legitimador das desigualdades 
sociais, trazemos também para análise a proposta transformadora da escola. Mais 
do que uma realidade existente – como a analisada e denunciada pela sociologia 
reprodutivista – a educação transformadora consiste em uma proposta que parte do 
desafio de construir uma escola que esteja, não a serviço dos grupos dominantes da 
sociedade no que diz respeito à preservação dos privilégios, mas comprometida com 
a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. 
O ponto de partida da educação transformadora, que tem caráter fortemente 
crítico, é a constatação de que a escola não transforma diretamente a sociedade, 
mas instrumentaliza os sujeitos que, na prática social, realizam o movimento de 
transformação. Isto é, a escola tem a especificidade de, do ponto de vista da 
formação humana, garantir a apropriação de elementos da cultura que se 
transformem, na prática social, em instrumentos de luta no enfrentamento da 
desigualdade social. Em uma perspectiva crítica, que concebe a educação como um 
processo de instrumentalização dos sujeitos para a prática social transformadora, 
Saviani define a função da escola como sendo a de uma instituição cujo papel 
consiste na socialização do saber sistematizado. 
 
 
118 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
Isso significa afirmar que a educação escolar tem como principal função 
promover a consciência dos educandos para a compreensão e transformação da 
realidade. 
Sobre a educação transformadora você aluno e aluna não podem deixar de 
conhecer mais de perto as grandes contribuições que o educador brasileiro, 
referência em todo o mundo, Paulo Freire trouxe para o pensamento educacional. 
Sugiro que registre em seu caderno de notas. Compreender Paulo Freire é 
aproximar da história de educação brasileira. 
 
47 PAULO FREIRE: A IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO EDUCACIONAL 
BRASILEIRO. 
A biografia de Paulo Freire revela momentos importantes da educação 
brasileira, como você verá a seguir: Paulo Régis Neves Freire, educador 
pernambucano, nasceu em 19/9/1921 na cidade do Recife. Foi alfabetizado pela mãe, 
que o ensina a escrever com pequenos galhos de árvore no quintal da casa da família. 
Com 10 anos de idade, a família mudou para a cidade de Jaboatão. 
Na adolescência começou a desenvolver um grande interesse pela língua 
portuguesa. Com 22 anos de idade, Paulo Freire começa a estudar Direito na 
http://pt.slideshare.net/wilfelix5/educao-transformadora
 
119 
 
Faculdade de Direito do Recife. Enquanto cursava a faculdade de direito, casou- se 
com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Com a esposa, tem teve cinco 
filhos e começou a lecionar no Colégio Oswaldo Cruz em Recife. 
No ano de 1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e 
cultura do Sesi, onde entra em contato com a alfabetização de adultos. Em 1958 
participa de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro. Neste 
congresso, apresenta um trabalho importante sobre educação e princípios de 
alfabetização. De acordo com suas ideias, a alfabetização de adultos deve estar 
diretamente relacionada ao cotidiano do trabalhador. Desta forma, o adulto deve 
conhecer sua realidade para poder inserir-se de forma crítica e atuante na vida 
social e política. 
 
 
Fonte: www.youtube.com 
No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para 
coordenar o Programa Nacional de Alfabetização. Logo após o golpe militar, o 
método de alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, 
pelos militares. Viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo 
conhecimento na área de educação. 
http://www.youtube.com/watch?v=WJryIAcbRRE
 
120 
 
Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, foi lançada em 1969. Nela, Paulo 
Freire detalha seu método de alfabetização de adultos. Retornou ao Brasil no ano de 
1979, após a Lei da Anistia 
Durante a prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de 
secretário municipal da Educação. Depois deste importante cargo, onde realizouum 
belo trabalho, começou a assessorar projetos culturais na América Latina e África. 
Morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 2/5/1997 
Atualidade de Freire está em colocar o ser humano, aquele que por muito 
tempo esteve invisível diante da cultura dominante, como uma categoria central da 
sua pedagogia. Se você observar bem verá que a concepção freirianas se insere 
nas teorias críticas e pós-críticas, primeiro por denunciar a desumanização e a 
opressão como estratégia fundamental para a libertação e transformação social. 
Uma Teoria da educação de inspiração freireana necessariamente deverá 
contemplar eixos centrais do pensamento de Paulo Freire, quais sejam: o que, 
como, para que, para quem, a favor de quem? 
 
 
Fonte: sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br 
 
http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br/2013/10/paulo-freire-educador-e-escritor.html
 
121 
 
Neste sentido os conteúdos e em termos gerais o conhecimento, são 
questões centrais que vem dominando as discussões curriculares tanto na ótica de 
algumas teorias quanto nas políticas públicas, e mesmo nas escolas: quais os 
conteúdos que são relevantes frente a contemporaneidade, aos desafios postos pela 
globalização. 
 
48 FREIRE E BOURDIEU 
Paulo Freire se aproxima de Bourdieu na medida em que os dois estão 
interessados em denunciar as relações de classe presente na escola e 
consequentemente, as desigualdades sociais. 
Para Freire, a escola ensina muito mais que conteúdos, ensina uma forma de 
ver o mundo. Neste sentido, o que ensinar não poder estar desvinculado de outras 
questões que precisam ser feitas no ato de educar: quem educa? Por que educa? O 
que ensina? Como ensina? A quem serve, contra quem e a favor de quem? 
As dimensões devem ser vistas em seu conjunto. 
 
 
Fonte: sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br 
 
http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br/2013/10/paulo-freire-educador-e-escritor.html
 
122 
 
A diversidade é reflexo da nova configuração social em que o acesso à 
educação fruto de lutas por direitos e do fortalecimento da democracia se constitui 
uma realidade que não pode ser negada. 
Para Freire a organização do conhecimento na escola não passa pelo viés 
dos conteúdos mas pelas relações que se possam estabelecer no entorno do ato 
educativo; a vida cotidiana da escola como um todo diz respeito ao ato educativo. 
Um campo vivo de possibilidades e incertezas. A vida cotidiana está no centro do 
currículo. 
Freire entende que não se muda a cara da escola por portaria, por pacotes 
pensados por uma dúzia de iluminados, para ser aplicado nas escolas. Aqui ele 
aponta para a noção do conhecimento como uma construção teórico/prática, sendo 
imprescindível a participação, a dialogicidade no processo de elaboração curricular. 
Freire compartilhou com Giroux a perspectiva de uma pedagogia radical, libertadora. 
Para ele, a linguagem da educação é contextual e deve ser compreendida em sua 
gênese e desenvolvimento como parte de uma rede mais ampla de tradições 
históricas e contemporâneas, de forma que possamos nos tornar autoconscientes 
dos princípios e práticas sociais que lhe dão significado. 
Tomando a linguagem como prática de significação, Giroux(1997) coloca a 
necessidade de se analisar as condições históricas de construção de um discurso. 
 
 
Para ele, nenhum projeto teórico está pronto, e cada ensaio tem que ser lido 
de novo pela compreensão que pode trazer ao momento presente. Neste sentido, 
tomando a educação como prática de significação, o pensamento de Paulo Freire 
 
123 
 
pode ajudar a escola a contribuir na construção de outras subjetividades, 
inconformistas, que pervertam os sentidos impostos pelo capitalismo sob a ótica de 
valorar a tudo por sua qualidade de troca. 
Sob a perspectiva freireana, a luta por significados é uma luta política, 
reafirmando-se portanto a urgente politicidade da educação. 
Em seu livro A pedagogia da autonomia, Freire (2002), pontua uma questão 
que nos interessa de perto e veremos a seguir. 
 
Ensinar exige respeito aos saberes do educando 
Ao professor cabe respeitar os saberes do educando e mais do que isto, 
reconhecer que tais saberes são parte de um processo social construído na prática 
comunitária e discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em 
relação com o ensino dos conteúdos. 
 
Nas palavras de Freire: 
Deve-se aproveitar a experiência que tem os alunos de viver em áreas da 
cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos 
riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem estar das populações, os lixões e 
os riscos que oferecem à saúde das gentes. 
Por que não há lixões no coração dos bairros rios e mesmo puramente 
remediados dos centros urbanos? Esta pergunta é considerada em si demagógica e 
reveladora da má vontade de quem a faz. 
É pergunta de subversivo, dizem certos defensores da democracia. Por que 
não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina 
cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a 
convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? 
Por que não estabelecer uma necessária "intimidade" entre os saberes 
curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como 
indivíduos? 
 
124 
 
49 ESCOLA: UM AMBIENTE POLÍTICO 
Por que não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso 
dos dominantes elas áreas pobres da cidade? A ética de classe embutida neste 
descaso? 
Por que, dirá um educador reaccionariamente pragmático, a escola não tem 
nada que ver com isso. A escola não é partido. Ela tem que ensinar os conteúdos, 
transferi-los aos alunos. Aprendidos, estes operam por si mesmos. 
Exatamente neste ponto há uma crítica à perspectiva freireana, a de enfatizar 
as relações políticas e sociais presentes na construção e elaboração do 
conhecimento. 
A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação 
Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo. Em 
meio a uma estrutura social que se constitui como classista e exploratória, 
diariamente moldando o pensar dos indivíduos, fazendo-os objeto dócil de 
dominação e negando a sua condição de humano, a emancipação político-social e 
educacional deve constituir-se como combustível que mova a esperança de 
libertação de uma opressão cruel e desumana imposta a uma determinada classe. 
Diante disso, a pergunta que deve ser feita, com base em uma práxis 
educativa e emancipadora é então, como transformá-la? 
Para Paulo Freire, uma educação que tenha como viés a conscientização dos 
educandos-educadores, o engajamento político, a denúncia das estruturas 
desumanizantes por parte dos oprimidos e a valorização de uma ética universal do 
ser humano que em seu bojo está a serviço do status quo vigente, são 
características indispensáveis para se ousar tal transformação, ou nas palavras de 
Paulo Freire ousar ser mais. 
Veja uma dica do mestre para você que irá se tornar um educador: 
 
 
125 
 
 
Fonte: images.slideplayer.com.br 
 
 
Nesse sentido a educação de que precisamos deve ser capaz de construir 
humanidade através da efetivação de um processo educacional libertador, crítico e 
subjetivo, permitindo o diálogo como forma de construção do conhecimento e 
valorização dos saberes individuais. Excluindo os variados modelos de educação 
que entende o processo de ensino aprendizagem como depósito e acúmulo de 
conhecimentos e o educando como recipiente vazio pronto para ser preenchido com 
conteúdo, regras e fórmulas. 
A partir dessa necessidade de humanização, afirma Freire: 
 
 
 
Contudo, tais saberes, bem tipicamente freiriano, devem ser concebidos na 
prática. Não existe um saber modelar em que como numa cartilha o educador se 
inspirará para realizar seu ofício. Não. A prática é a principalfonte formadora do 
educador. 
http://images.slideplayer.com.br/3/376523/slides/slide_2.jpg
 
126 
 
Esta prática produz um sujeito autônomo que se convence que ensinar não é 
transferir conhecimentos mas criar possibilidades para a sua construção. Formação 
do indivíduo que é uma característica e função da educação é vista por Freire não 
como uma ação que dá forma ou estilo a uma alma ou a um corpo indeciso e 
acomodado. 
O educador e o educando não são, apesar de suas diferenças, objetos um do 
outro. Quem ensina aprende ao ensinar. Por isso é que, do ponto de vista 
gramatical, o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto 
direto - alguma coisa - e um objeto indireto - a alguém. Do ponto de vista 
democrático, em que o autor declaradamente se situa, na compreensão do homem e 
da mulher como seres historicamente inacabados. 
 
50 ENSINAR É TRANSFORMAR 
A concepção do ensinar de Paulo Freire promove reflexões importantes sobre 
a dinâmica do currículo na medida em que como foi alertado nas aulas anteriores a 
dimensão de redes de significados estão presentes assumindo que conhecer é um 
ato dialógico e humanizador. 
A experiência que tive nos anos 90 na UFES como monitora e depois como 
coordenadora do Projeto de Extensão do Centro de Educação para Educação de 
Jovens e Adultos me ensinou que o diálogo é importante para mediar a aproximação 
com o mundo, e é a partir desta mediação que acontece a aproximação da cultura 
do educador e educando, produzindo novos sentidos e significados. Estas lições 
aprendi na prática tendo Paulo Freire como mestre. 
 
 
127 
 
 
Fonte: pensador.uol.com.br 
 
O educador brasileiro nos leva a refletir acerca da mudança deste quadro 
alienador e injusto, o qual se estabelece dentro da nossa sociedade atual, 
permitindo através de seu trabalho humano-pedagógico-político e social 
entender a necessidade do despertar de uma consciência crítica nas pessoas para o 
fato de que não somos seres determinados, mas seres de liberdade, assim Freire 
em sua busca incessante pela denúncia de uma estrutura social que desumaniza as 
pessoas, buscou anunciar a boniteza da vida e o inacabamento das pessoas 
rechaçando os vários discursos deterministas vinculados pela classe opressora, nos 
quais a ideia central é que a sociedade é assim mesmo e que não pode ser 
modificada. 
Freire insistiu veementemente em denunciar as estruturas desumanizantes 
existentes em nossa sociedade, por entender que os oprimidos ao despertarem de 
sua situação de opressão que é tida como condição dada e imóvel despertará para 
uma construção social perfeitamente superável, pois segundo ele é necessário que o 
oprimido libertando-se de sua situação de opressão liberte também o opressor, que 
não se percebe cativo da exploração promovida por ele e não tem nenhum interesse 
em perceber. Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 13 Ao observarmos 
ligeiramente as escolas brasileiras, é possível perceber um silêncio nos espaços 
https://pensador.uol.com.br/frase/NTI4NjQw/
 
128 
 
onde deveriam acontecer calorosas discussões, no entanto falar, em um sistema 
que oprime falar/questionar é um ato de rebeldia, sujeito a punições. 
Estaria certo então o educador Moacir Gadotti, ao afirmar que “A educação 
para a fala, para a formação do orador (no sentido daquele que defende seus 
direitos), seria um suicídio para a sociedade opressiva.” (GADOTTI, FREIRE e 
GUIMARÃES, 1995, p. 90). 
 
 
Fonte: www.blogdopedroeloi.com.br 
 
O processo de humanização das pessoas através da estrutura educacional 
perpassa pela conquista da conscientização dos alunos, através do qual estes 
envolvidos em um processo de alfabetização política como possibilidade de leitura 
de sua realidade tomam como base a sua experiência para o entendimento da 
sociedade e o domínio da palavra como instrumento de poder, nesta perspectiva 
afirma Freire, 
“Não há palavra verdadeira que não seja práxis”. 
http://www.blogdopedroeloi.com.br/2015_07_01_archive.html
 
129 
 
Daí dizer que a palavra verdadeira seja transformar o mundo” (FREIRE, 2005, 
p.89). Mas, o que Freire entendeu por palavra? Palavra é o ser humano 
transformando em diálogo, palavra é a comunhão com o outro como testemunho e 
doação e, consequentemente, como existência, porque existir “humanamente é 
pronunciar o mundo, é modificá-lo” (FREIRE, 2005, P.90) porque não é no silêncio 
que os homens se fazem e sim na ação reflexão. 
 
51 A SOCIEDADE NA VISÃO DE FREIRE 
Como visto a própria dimensão política é tocada tendo em vista que os 
lugares são ressignificados. O lugar do professor adquire importância histórica tanto 
quando o lugar do aluno e estes promovem um encontro cultural, ou melhor, 
multicultural em que aprende-se ensinando e ensina-se aprendendo. 
 
 
 
Na visão freireana de sociedade, esta constitui um espaço contraditório de 
relações sociais historicamente tecidas. “Fechada” – é como ele via a sociedade 
brasileira, nos anos 60. Não tardaria a enfrentar traços semelhantes, em outras 
sociedades latino-americanas. E para além delas, afinal o Capitalismo se estende 
pela maior parte das por onde, “andarilho da Utopia”, teve que peregrinar. Sociedade 
de contradições extremadas, terreno propício para a formação de situações de 
dualidade, algo como uma esquizofrenia individual e coletiva, a afetar opressores e 
oprimidos, estes, sobretudo, condicionados a uma situação. 
 
130 
 
Terreno fértil para a fermentação da diversidade de justificativas ideológicas 
introjetadas pelo opressor e alimentadas pelo oprimido coisificado. Apesar de toda a 
carga ideológica administrada aos oprimidos, estes, uma vez estimulados a 
recuperar sua identidade de sujeitos de sua história. Mediante debates, encontros, 
engajamento nas lutas, passam a se conscientizar, a descobrir a sociedade em que 
vivem. 
À medida que constroem ferramenta capaz de romper o véu ideológico em 
que se acham envoltos os mecanismos de opressão, vão descobrindo o caráter 
histórico, e portanto mutável, da sociedade. De meros integrantes acríticos de uma 
classe sofrida (“classe em si”), passam também a identificar-se criticamente 
enquanto membros de uma classe, sabendo a favor de quê e de quem e contra quê 
e contra quem são historicamente desafiados a lutar. 
E aqui, vão percebendo que sempre vale a pena dialogar com os iguais e com 
os diferentes, com quem vão aprendendo e se completando; nunca, porém, com os 
antagônicos: é trabalho perdido, além de ameaça de suicídio, é pretender o diálogo 
do pescoço com a guilhotina. 
Essa proposta pressupõe que a escola, para exercer sua função 
transformadora no sentido de contribuir para a democratização da sociedade, não 
pode abrir mão de sua responsabilidade específica que é a de garantir que os 
sujeitos sociais se apropriem – de forma crítica e reflexiva – do saber elaborado pela 
cultura a qual pertencem. 
Nesse sentido, é importante que o educador compreenda a complexidade da 
realidade social na qual ele atua. Não basta para isso conhecer a realidade, é 
preciso pensar sobre ela, tendo as diferentes teorias educacionais como referência. 
Escola pública e desigualdade social. 
A escola pública é a maior expressão da escola com instituição social, aquela 
que tem sua origem na modernidade, exigência do modo de produção capitalista 
moderno industrial. No Brasil, podemos considerar como marco histórico do 
surgimento da escola pública o Manifesto dos Pioneiros Pela Educação Nova por 
seu conteúdo escolanovista. 
 
 
131 
 
 
 
Esse Manifesto foi mais um documento de política educacional do que um 
documento didático-metodológico, como encontramos muitas vezes na literatura 
pedagógica. Sua proposta estava plenamente integrada ao contexto social, político e 
econômico da consolidação do capitalismo industrial no Brasil, cujo papel da escola 
estava voltado para a formação dos sujeitos sociaispara esse desenvolvimento. Isso 
explica porque o Manifesto trouxe a público da forma mais veemente na história da 
educação brasileira a defesa da escola para todos, um dos mais importantes 
princípios da educação burguesa. A escola para todos - pública - defendida no 
Manifesto em contraponto à escola da Reforma Francisco Campos, era a escola 
única (significando igualdade de oportunidades), laica (livre de doutrinas), gratuita 
(sob a total responsabilidade do Estado), obrigatória (até 18 anos) e para ambos os 
sexos. 
 
52 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA PARA OS PIONEIROS DA ESCOLA NOVA 
Nas próximas linhas você fará uma revisão do que viu em história da 
Educação, agora identificando pontos importantes para compreender a sociologia 
educacional. 
Você já sabe que para os Pioneiros, a função social da escola (campo 
específico da educação) explicitava-se pela sua organização como instituição social 
limitada na sua ação educativa pela pluralidade e diversidade das forças que 
concorrem ao movimento das sociedades, considerando que, entre todos os deveres 
do Estado, a educação é o maior. 
 
 
132 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
Saviani (2007) faz uma cuidadosa análise do Manifesto dos pioneiros 
considerando-o heterogêneo e contraditório, pois expressa princípios elitistas e, ao 
mesmo tempo, princípios igualitaristas. Como documento doutrinário da Escola 
Nova, o Manifesto traz uma proposta de política educacional em defesa da escola 
pública e de um sistema nacional de educação pública. No entanto, podemos 
encontrar nele a marca da dualidade: a escola teria função homogeneizadora dos 
indivíduos nos níveis primários e secundários de ensino e função diferenciadora no 
nível superior (universitário). Todos estes embates ocorreram, como você já sabe, no 
início dos anos trinta do século XX, e durante o Estado Novo (de 1937 a 1945) 
acirraram-se ainda mais, pois a Reforma Capanema regulamentou um sistema de 
ensino centralista, burocratizado, dualista (diferenciando fortemente o ensino 
secundário do profissional) e corporativista (criando no ensino profissional o ensino 
industrial, agrícola e comercial, além do curso normal para formação de 
professores). 
O pacto com a Igreja, que a Reforma Capanema manteve, tinha uma 
abordagem de “renovação conservadora”, isto é, nos aspectos pedagógicos 
defendia novos métodos – inspirados na Escola Nova –, mas nos sociopolíticos era 
extremamente conservador. 
http://slideplayer.com.br/slide/2751619/
 
133 
 
 
 
 
Com o fim do Estado Novo em 1945, as discussões em torno da Constituição 
de 1946 trouxeram de volta os Pioneiros e, com eles, as forças hegemônicas na 
comissão para elaboração da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional em 1961. É importante você entender este contexto da criação da primeira 
LDB. O principal conflito vivido entre Pioneiros e Católicos no processo de 
elaboração da LDBEN foi entre a escola pública e a escola privada. Centrada na 
figura de Anísio Teixeira, a defesa da escola pública, universal e gratuita foi 
fortemente atacada pelos católicos que, identificando-a com a proposta comunista 
de organização da educação, contrapunham a hierarquia da Família, Igreja e Estado 
na responsabilidade educacional. 
Em defesa da escola pública estavam três principais correntes do 
pensamento pedagógico brasileiro segundo Saviani (2007): liberal-idealista, liberal-
pragmatista e socialista. Por outro lado, esse conflito não ficou restrito aos 
educadores empolgando a opinião pública: a imprensa católica e a imprensa leiga 
fomentaram as discussões para o conjunto da população. A primeira LDB, a Lei n° 
4024/61 – LDBEN – definiu a construção do Plano Nacional de educação em 1962. 
 
 
134 
 
53 ENTENDENDO A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO 
 
Fonte: sociologiadaeducacaouff.blogspot.com.br 
 
É importante que à medida em que você revê estes conhecimentos você 
possa também fazer um link com o pensamento de Bourdieu e Freire, analisando o 
caráter neutro da escola, ou crítico. Para isto, veja a citação de Florestan Fernandes, 
que você conheceu um pouco no módulo I. 
Com a LDB, de 1961 e a criação do Plano Nacional de Educação em 1962, o 
investimento financeiro na educação subiu para 12% dos recursos da União, a 
política educacional a esse investimento articulada pretendeu enfrentar o grave 
problema do analfabetismo, da evasão escolar e do afunilamento do sistema de 
ensino. A estrutura criada foi a do ensino primário, ensino médio (ginasial e colegial) 
e ensino superior. Propunha também a valorização da formação de professores, a 
implantação do tempo integral nas 5a e 6a séries (artes industriais). 
Essas medidas legais, que consolidaram o ensino público, tomaram ainda 
mais importância no início dos anos sessenta, desde 1945, vinha vivendo um 
período de redemocratização, acompanhado pelo crescimento econômico do 
http://sociologiadaeducacaouff.blogspot.com.br/2014/09/forum-i-sociologos-brasileiros.html
 
135 
 
capitalismo industrial. O papel dos movimentos sociais sempre marcou uma 
diferença no pensamento educacional brasileiro. 
Muitos destes influenciados pelo pensamento do educador Paulo Freire que 
atuava frente aos Círculos de Cultura, com atenção especial à educação de jovens e 
adultos, na intenção de discutir a função da educação no sistema de reprodução das 
desigualdades e injustiças sociais. 
 
 
Fonte: resistenciaemarquivo.wordpress.com 
 
Os movimentos sociais populares do início dos anos sessenta trouxeram 
importantes discussões acerca da organização do ensino e dos processos 
educativos. As defesas da cultura popular e a da educação popular foram 
compreendidas como formas de garantir o processo de conscientização necessário 
para a organização igualitária da sociedade brasileira. 
Nesse momento, as discussões sobre a escola pública deram lugar a 
propostas de educação popular vinculadas aos grupos sociais populares. Esses 
movimentos tiveram também a participação de um novo setor da Igreja Católica, 
articulado em torno da Teologia da Libertação. 
 
 
136 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
Como já foi dito, um dos mais importantes representantes desse movimento de 
educação popular no início dos anos sessenta é Paulo Freire com a pedagogia 
libertadora. Tendo como referência a escola nova e teologia da libertação, 
principalmente no que diz respeito à ênfase da atividade sobre os conteúdos – na 
Pedagogia do Oprimido vemos a valorização da atividade para a conscientização 
política transformadora –, esses movimentos tiveram fim no golpe militar de 1964. 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
http://pt.slideshare.net/AfonsoMurad/10-teologia-da-libertao
http://pt.slideshare.net/NILLMELLINE/pedagogia-do-oprimido-15234385
 
137 
 
54 PARA ENTENDER A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
É importante que você compreenda o contexto que envolveu a criação e a 
consolidação da escola pública no Brasil para assim estabelecer critérios de análise 
da educação. 
Marcado pela contradição entre ideologia e economia, o período anterior ao 
golpe militar organizava-se sob a ideologia do nacionalismo desenvolvimentista e 
desnacionalização da economia. Essa contradição no conturbado governo João 
Goulart foi “resolvida” pelo governo militar que marcou uma ruptura política com 
continuidade socioeconômica, fundamentando-se na doutrina da interdependência. 
 
 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
Com a implantação do Regime militar após a derrubada de Jango do poder, o 
reflexo direto na educação, se expressou pelas reformas implantadas, em busca da 
“educação que nos convém”: a aprovação da Lei 5540- 69 da Reforma Universitária e 
da Lei 5692-71 que organizou o ensino básico em 1º e 2º graus. O pano de fundo 
das reformas foi a teoria do capital humano com seus princípios da racionalidade, 
http://slideplayer.com.br/slide/5603303/
 
138 
 
eficiência e produtividade, isto é,o máximo de resultados com o mínimo de esforços 
na formação humana (investimento) que interessava ao regime político e ao modelo 
econômico. 
Essas reformas, portanto, inspiraram-se na pedagogia tecnicista, articulando a 
organização racional (taylorista) do sistema de ensino brasileiro com o controle de 
comportamento nos processos de aprendizagem (behaviorismo). 
55 ESCOLA TECNICISTA 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
Durante a Ditadura Militar, a escola pública expandiu-se. Essa aparente 
contradição, por um lado, refere-se ao modelo econômico em desenvolvimento que 
exigia escolarização da população, e por outro, exigia o controle da escolarização, 
em especial no que diz respeito ao ingresso ao ensino superior, maior foco de 
resistência ao regime no interior da sociedade brasileira. 
O governo autoritário, então, equacionou essa aparente contradição pela 
expansão controlada, isto é, expandiu a rede pública de ensino, criando um 
http://pt.slideshare.net/claudineifrutuoso/escola-tradicional-e-escola-nova
 
139 
 
mecanismo interno de controle. Segundo Romanelli (2009), esse controle recaiu 
sobre a progressão no sistema e a qualidade da educação. A dualidade, então, cujos 
reflexos vivemos ainda hoje, expressou-se pela oposição quantidade- qualidade, ou 
seja, enquanto se expandia o atendimento à educação escolarizada pública
 pelo estado autoritário (quantidade), privatiza-se, gradualmente, a 
qualidade. 
 
 
 
Fonte: kdimagens.com 
 
A década de oitenta, com o fim da Ditadura Militar, foi um período muito 
fecundo nas discussões sobre a educação e a organização do ensino, em especial, 
sobre a escola pública na perspectiva crítica e transformadora. No entanto, essas 
posições críticas representavam um setor que, embora tivesse muita penetração 
entre os educadores, não se consolidou como hegemônico, conferindo uma linha 
político-pedagógica crítica e transformadora na organização do sistema de ensino. 
Podemos afirmar que a política oficial centrava-se na expansão do ensino e 
as forças contra-hegemônicas apontavam duas correntes distintas: 
1. A renovação dos processos de ensino propostos pela educação 
libertadora, principalmente no que diz respeito ao processo de 
conscientização dos sujeitos educandos e, 
http://kdimagens.com/imagem/quem-nao-entendeu-levante-a-mao-856
 
140 
 
2. A valorização da educação escolar das tendências marxistas em 
defesa da escola pública. 
No entanto, as forças hegemônicas neoliberais avançavam no campo das 
políticas púbicas da educação. 
 
 
 
Essa situação se expressa de forma muito clara no processo de elaboração da 
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – que, iniciado em 1988 
com a promulgação da Constituição Federal, consolidou-se na promulgação da Lei 
no 9394-96. 
De acordo com a professora Tozoni-Reis a Constituição Federal, elaborada por 
um Congresso Constituinte apoiado pela população entusiasmada com o fim da 
Ditadura e o início da redemocratização da sociedade, organizou o sistema de 
ensino no Capítulo da Educação, expressando algumas vitórias e muitas derrotas 
nas teses defendidas pela mobilização em defesa da escola pública. 
O Fórum em Defesa da Escola Pública na Constituinte atuou vigorosamente 
na elaboração deste capítulo da educação e seguiu mobilizado na difícil elaboração 
da LDB. O clima de entusiasmo pela redemocratização arrefeceu frente ao avanço 
da reforma do Estado inspirado na doutrina neoliberal. A nova LDB, instrumento 
político da organização da educação no Brasil, traz a marca do neoprodutivismo 
(SAVIANI, 2007), ou seja, a renovação neoliberal da teoria do capital humano. 
 
 
 
141 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
Essa abordagem fez com que a LDB aprovada (cuja organização popular 
sofreu um grande golpe no final de sua elaboração) se tornasse um instrumento para 
a política educacional marcada pela inclusão-excludente. Os avanços quantitativos 
necessários na inclusão da população em idade escolar na escola pública, não 
foram equivalentes à qualidade necessária. 
Temos que, pelo aprofundamento da crise de qualidade na escola pública, 
uma enorme parte da população é excluída do processo de apropriação da cultura 
como instrumento transformador na prática social. 
Entenda o que diz a professora Tozoni-Reis: 
 
http://slideplayer.com.br/slide/379078/
 
142 
 
56 E COMO FICA A FORMAÇÃO? 
Se por um lado, implica na preparação dos sujeitos sociais para esse modo 
de produção que tem dimensão social, política, econômica e cultural, caracterizando 
o que a Sociologia identificou como um papel reprodutor das desigualdades sociais, 
por outro, a educação escolar pode ser considerada como um processo que oferece 
aos sujeitos em formação um dos mais fundamentais instrumentos para o 
enfrentamento dessas desigualdades. 
Esse enfrentamento ocorre quando a escola se organiza de modo a 
sistematizar a transmissão crítica e reflexiva do saber elaborado historicamente pela 
humanidade. 
Isso significa dizer que a escola, como instituição social, tem o papel de 
garantir aos sujeitos com oportunidades contraditoriamente desiguais a apropriação 
de conhecimentos, a formação de valores sociais e culturais, a preparação para o 
mundo do trabalho e para o desenvolvimento da prática social. 
 
 
Fonte: www.ocoracaovermelho.com 
 
 
Esse é o sentido público da escola pública: servir aos interesses públicos, aos 
interesses da maioria da população, embora essa seja uma tarefa contraditória. 
Superando o senso comum em relação à escola pública e ao poder estatal, 
consideremos o importante papel que o Estado tem na formulação e realização da 
escola pública. Assegurar escolas que facultem o acesso a todas as crianças, jovens 
http://www.ocoracaovermelho.com/2015/03/05/228/
 
143 
 
e adultos, bem como sua permanência em igualdade de circunstâncias, 
independentemente das suas condições históricas, econômicas, políticas e sociais. 
 
 
 
Embora seja fundamental reconhecer a importância política e social do 
avanço quantitativo do ensino público – alguns dados indicam que, de 98% das 
crianças brasileiras em idade própria para o ensino fundamental, mais de 90% delas 
estão nas escolas públicas –, as escolhas neoliberais que no Brasil definem as 
políticas públicas de saúde, educação, moradia e transporte – além de outros “bens 
comuns” –, desde a última década do século XX, têm definido uma escola pública 
menos pública. 
Isso significa uma escola menos democrática, menos inclusiva, pois voltada 
principalmente para a certificação e o registro estatístico do sucesso quantitativo, em 
detrimento da socialização do saber sistematizado. Nesse sentido, a escola pública 
no Brasil, orientada pelas políticas neoliberais, está voltada mais para responder aos 
interesses dos grandes grupos políticos e economicamente hegemônicos do que aos 
interesses de formação plena do conjunto da população. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
http://slideplayer.com.br/slide/366631/
 
144 
 
É visível o progressivo “desinvestimento” na Educação, nem tanto diretamente 
pela aplicação de percentuais orçamentários obrigatórios, mas por uma série de 
outros mecanismos que Romanelli (2009) chamou de “mecanismos internos de 
controle”. O processo de privatização do ensino, que afirma sua dualidade, é tão sutil 
quanto eficiente e se expressa pelos mais diferentes indicadores: 
 
 
 
 
Os indicadores referentes à consolidação do ingresso da população na 
escola, encobrem os índices de abandono e fracasso. Embora estes índices, nas 
últimas décadas, tenham baixado significativamente, sendo dignos de 
comemoração pelo conjunto da sociedade, eles têm sido manipulados politicamente 
pelos Governos. 
 
57 PENSANDO NA AVALIAÇÃO 
Essa manipulação advém do objetivo de realizar uma avaliação 
essencialmente estatística. Com essa avaliação, posterga-se a urgente necessidade 
de alcançar níveisde aprendizagem e formação mais consistentes que garantam aos 
estudantes os instrumentos indispensáveis ao exercício de uma cidadania ativa. 
O investimento de recursos públicos na educação, cujos “gestores” insistem 
em se desobrigar do cuidado com a qualidade ao assumir como política pública o 
ingresso e a permanência das crianças na escola de ensino fundamental (na medida 
em que o ensino médio no Brasil ainda é quantitativamente insuficiente para atender 
 
145 
 
os jovens e adultos), significa, na prática, uma perda irreparável de dinheiro e uma 
oportunidade social mal aproveitada no sentido da formação dos sujeitos. 
 
58 FORMAÇÃO DOCENTE 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
Ao burocratizar o exercício da profissão docente, a formação e ação educativa 
dos professores pouco têm a contribuir para a melhoria da qualidade do ensino 
público. Essa burocratização provém do investimento em processos de formação e 
ação educativa com tendências a transformar os professores e educadores em 
profissionais acríticos e simples executores de tarefas pré- estabelecidas. 
 
 
 
http://slideplayer.com.br/slide/351824/
 
146 
 
De impacto muito negativo para a qualidade da escola pública é, também, o 
ataque neoliberal em curso contra os profissionais da Educação, docentes e não 
docentes, com a supressão de aspectos fundamentais das suas carreiras. Esse 
ataque consolida a instabilidade profissional, articulada a uma campanha pública de 
desvalorização social da sua imagem (para isso colaboram, por exemplo, as 
campanhas de substituição – direta e indireta – da ação docente na escola). 
Sugiro neste ponto que você acompanhe as propostas de reforma do Ensino 
Médio. 
Essa situação colabora também para o aumento da indisciplina e da violência 
nas escola. Então, se a escola pública no Brasil tem uma trajetória histórica marcada 
pela tardia implantação de um sistema nacional de ensino caracterizado, nos 
diferentes momentos históricos, como excludente e dual, que “lições” essa história 
nos traz? Lembremos que Lombardi, Saviani e Nascimento (2005) identificou na 
trajetória histórica da consolidação da escola pública no Brasil três projetos de 
desenvolvimento da sociedade brasileira em disputa nos dias atuais: 
1. O projeto liberal (ou neoliberal), em sua versão mais contemporânea, o 
neoliberalismo – atravessou praticamente todo o século XX como 
hegemônico, com poucos períodos de interrupção, derrubando e 
assimilando teses do projeto mais conservador. 
2. Projeto do “desenvolvimento econômico nacional e popular”. 
3. O projeto do desenvolvimento popular cresceu no final da ditadura e 
consolidou-se no início dos anos 1980. A alternativa ao projeto 
neoliberal – o projeto de desenvolvimento econômico nacional e popular 
–, ao chegar ao poder pela expressiva votação do atual Presidente 
Lula, agiu de forma radicalmente diferente daquilo que vinha buscando. 
Isso significa que aprofundou ainda mais o ajuste neoliberal da 
economia globalizada, consolidando uma perspectiva flexibilizadora da 
responsabilidade do Estado em relação às políticas públicas, mesmo 
se considerarmos as contradições – cada vez menores – que existem 
nos espaços de gestão das políticas públicas deste governo. 
 
147 
 
 
 
59 RETRATO DA EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA 
Para uma pequena, mas poderosa do ponto de vista econômico e político, 
parcela da população há uma escola privada de melhor qualidade e, para a grande 
maioria, uma escola pública de menor qualidade. Lembremos que, segundo os 
dados do Censo Escolar de 2008, publicados em janeiro de 2009, a rede privada de 
ensino no Brasil é responsável por 13,3% das matrículas da educação básica, 
enquanto a rede pública recebe 86,7% dessas matrículas. 
Então, pensar em políticas públicas de educação escolarizada no nível básico 
no Brasil significa refletir sobre a estrutura e o funcionamento da escola pública 
como instituição social responsável pela formação humana que interessa ao projeto 
de sociedade que queremos – ou não queremos – construir. 
A situação acima descrita é enfrentada pela sociedade em geral e pelo poder 
público em particular de forma a consolidar a dualidade histórica da organização da 
educação brasileira. Compreendida a educação básica – e o ensino – não como 
direito social, mas como “mercadoria” a ser “adquirida” no mercado, a qualidade de 
ensino é um “valor agregado” à escola privada, tornando-a mais atrativa para 
aqueles que podem comprar seu produto. 
 
 
148 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
Isso não significa que, na escola privada, haja garantia de qualidade na 
educação como formação humana que pretendemos, antes a qualidade que lhe 
conferem está diretamente relacionada aos interesses imediatos, aos valores éticos 
e políticos das elites dirigentes: individualismo, competição, consumismo etc. 
No que diz respeito à escola pública, vejamos como os professores, de 
mediadores no processo de apropriação de conhecimentos sistematizados da 
cultura elaborada, assumem, na lógica hegemônica da organização da sociedade, o 
papel de prestadores de serviço. Nesse sentido, sua formação plena para dirigir 
sofisticados processos de ensino e aprendizagem que garantam a apropriação 
crítica e reflexiva da cultura elaborada na perspectiva de formação para práticas 
sociais mais conscientes e consequentes, transforma- se em uma formação ligeira e 
superficial. 
 
http://pt.slideshare.net/pactoensinomedioufu/gesto-democrtica-ensino-mdio-ufu-03
 
149 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
Chauí (2004) faz importante análise do sentido neoliberal e neoprodutivista da 
proclamada educação continuada desses professores. A política de contratação de 
professores substitutos, a existência ainda significativa de professores leigos – 
inclusive em sua mais nova versão, os professores eventuais – e a valorização dos 
programas com educadores voluntários na escola são reflexos dessas referências 
na organização da escola pública. Essa pseudoparticipação dos grupos sociais 
privilegiados na forma do voluntariado em busca de qualidade na escola pública 
pode ser compreendida, por exemplo, quando buscamos identificar os protagonistas 
dos tão conhecidos programas como “adote uma escola”; “amigos da escola”, 
“padrinho da escola” etc. 
Identificados os protagonistas, reconhecemos sua inserção de classes e 
interesses econômicos, políticos e sociais que os move. Outra dimensão importante 
da flexibilização da educação como direito de todos, identificada por Lombardi, 
Saviani e Nascimento (2005), diz respeito à “privatização do pensamento 
pedagógico”. Saviani (2007) analisou essa privatização do pensamento pedagógico, 
identificando quatro categorias (provisórias). 
http://pt.slideshare.net/larissa2m1/seminrio-cruz-2
 
150 
 
60 PARA VOCÊ ENTENDER O QUE SIGNIFICA CAPITAL HUMANO: 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
O neoprodutivismo, fundamentado na teoria do capital humano, busca 
organizar o ensino a partir da necessidade de formação humana para as novas 
formas de produção, também flexibilizadas. Isso significa que a formação escolar 
pretendida refere-se às capacidades e competências presentes e expressas nos 
documentos que traçam parâmetros e diretrizes curriculares para a educação 
básica. 
Veja bem: Assim, os princípios da Escola Nova, também ressignificados, 
constituem-se no que ele definiu como neoescolanovismo, isto é, o “aprender a 
aprender” que, agora também, é “formação permanente” dos sujeitos educandos. 
Como terceira categoria, encontramos o neoconstrutivismo, expresso 
particularmente pela teoria do professor reflexivo: os saberes docentes centrados na 
experiência cotidiana. A reflexão aqui, cujos fundamentos estão na pedagogia das 
competências, nos comportamentos flexíveis e na responsabilidade individual, diz 
respeito à compreensão pragmática da experiência docente. 
http://slideplayer.com.br/slide/84442/151 
 
Se na década de setenta, seus princípios eram de racionalidade, eficiência e 
produtividade sob o controle direto do Estado, agora, ele aparece sob o controle do 
mercado, da responsabilidade da iniciativa privada e das organizações não-
governamentais, reduzindo os investimentos públicos pelas parceiras público-
privadas. 
 
Como fica, então, o papel da escola e do profissional da educação diante 
deste quadro e das exigências do mundo atual? 
Vamos pensar um pouco, lembrando do último encontro presencial: A escola 
pública é uma conquista que tem suas origens na Revolução Francesa, isto é, na 
democratização da sociedade e na origem da modernização das sociedades como 
capitalistas e industriais. Esse é um fato histórico de enorme importância, pois 
confere à escola pública o caráter democratizante e democratizador. Contudo, sua 
origem histórica não a exime de problemas também historicamente incorporados, 
problemas a serem resolvidos e questões teóricas e práticas a serem exploradas. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
A Revolução Francesa marca o advento da sociedade capitalista e das 
ideologias liberais, ou seja, centradas no economia e no mercado. Uma das críticas 
que esta escola enfrenta, concerne à atualidade de seus conteúdos. Se por um lado, 
http://slideplayer.com.br/slide/9522988/
 
152 
 
o avanço neoliberal – e seu componente mais estritamente econômico, a 
globalização da economia – trouxe novas exigências, a escola inserida neste mundo 
tem o papel de preparar o aluno para conhecê-lo e nele atuar de forma adaptadora. 
Isto é, a escola prepara os sujeitos para atuar de forma a se adaptar às exigências 
desta doutrina de organização da sociedade e contribuir para seu aprimoramento, 
permitindo, principalmente, que o aluno tenha competência em diversas tecnologias. 
 
 
Fonte: cmapspublic.ihmc.us 
 
61 CRÍTICA À TEORIA DO CAPITAL HUMANO 
As críticas a essa forma de organização das relações sociais veem na escola, 
em especial na escola pública, o papel de problematizar esse mesmo mundo atual, 
seus conteúdos e valores constituintes, visando questioná-lo e transformá-lo de 
forma a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, mais 
democrática, mais igualitária. 
A escola pública é uma instituição social, portanto, política e enquanto tal 
precisa desenvolver suas funções. Para isso, não significa uma formação 
instrumental, “interessada” na manutenção do um modo de produção capitalista 
moderno que, por definição material e histórica, é injusto e desigual. 
http://cmapspublic.ihmc.us/rid%3D1167173559346_49797337_7274/Compet%C3%AAncias%20e%20Habilidades%20que
 
153 
 
A escola pública deve contribuir na formação plena – crítica – dos sujeitos 
sociais. Para tanto, sua “tarefa” filosófico–política é a de assegurar a cultura clássica, 
em cujo bojo se encontra o que há de mais universal e permanente das produções 
humanas e que, considerada as condições de desigualdade de nossas sociedades 
modernas, somente essa escola é capaz de garantir para o conjunto da população. 
Em síntese, a escola, articulando o novo com a tradição, será efetivamente 
pública se for capaz de trazer para seu interior a responsabilidade de formação 
plena dos sujeitos, o que significa garantir a apropriação crítica do conjunto da 
produção humana, ou seja: Trata-se aqui da produção de ideias, conceitos, valores, 
símbolos, hábitos, atitudes, habilidades. Numa palavra, trata-se da produção do 
saber, seja do saber sobre a natureza, seja do saber sobre a cultura, isto é, o 
conjunto da produção humana. 
Portanto, trata-se da necessidade da escola pública de assumir sua tarefa, 
histórica e política, de equalização da sociedade, de superação da desigualdade 
social, de realização de seu caráter público no sentido amplo e complexo de 
instituição pública de educação. 
Concluindo este módulo, desafio você a pensar em tudo que leu e estudou 
relacionando com os clássicos da sociologia e buscando identificar quais são os 
fundamentos sociológicos que estão na base nas análises aqui apresentadas. 
61.1 Retrospectiva a partir dos clássicos: 
Agora você já possui informação suficiente para entender as bases 
sociológicas da educação. Avalie o seu conhecimento e faça uma reflexão sobre os 
seus valores e sua formação. Tente compreender a sua concepção de educação na 
relação com a sociedade. Este é um exercício importante para o exercício da sua 
formação. Vamos rever: 
No pensamento marxista, a educação é um espaço de reprodução ideológica 
dos interesses da classe dominante (a burguesia); em Durkheim, a educação é vista 
como instituição integradora essencial à ordem social; na perspectiva weberiana, a 
educação é fonte de um novo princípio de controlo. Se em Marx a educação pode 
oprimir ou emancipar o indivíduo (no sentido de “libertação”). 
 
154 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
Em Durkheim, a educação é o mecanismo pelo qual ele se torna membro de 
uma sociedade (se torna “um ser novo”). A teoria da educação durkheimiana inspira-
se na sua teoria sociológica geral. Durkheim interessou-se desde cedo pela 
educação enquanto objeto de estudo sociológico; pelo carácter social- histórico do 
fenómeno educativo; pelos métodos de educação de cada sociedade em 
determinado período histórico; pela forma como uma sociedade disciplina e integra 
através da educação; pela forma como favorece a realização dos seus membros. Foi 
o primeiro autor clássico a afirmar a educação como processo social, como 
fenómeno social, capaz de ser descrito, analisado e explicado sociologicamente 
(Sebastião, 2009: 23), como “função essencialmente social” (Durkheim, 2009: 61), 
como “coisa eminentemente social” (Durkheim, 2009: 94). Este clássico da 
pedagogia francesa, teórico fundador da sociologia da educação, considera que os 
fins da educação devem ser determinados pela sociologia. A sua teoria define a 
educação como ‘bem’ social. 
 
 
 
 
 
http://slideplayer.com.br/slide/7295299/
 
155 
 
 
E EM WEBER? 
 
 
Fonte: kdfrases.com 
 
 
Weber vai mais longe: a educação é fator de seleção e de estratificação 
sociais. Ou seja, o indivíduo passa de uma classe a outra por meio do processo de 
racionalização do conhecimento. Marx e Durkheim centraram-se no poder das forças 
externas ao indivíduo. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
Weber centrou-se na capacidade de ação do indivíduo sobre o exterior. Como 
sabemos, o capitalismo é, para Weber, a forma mais elevada de racionalização. 
http://kdfrases.com/frase/123722
http://slideplayer.com.br/slide/3667776/
 
156 
 
Numa sociedade capitalista-racional burocrática, os indivíduos distinguem-se pelas 
suas qualificações (havendo necessidade de “funcionários especializados”, 
“profissionalmente mais informados”): a educação é o elemento que contribui para a 
seleção social, é um dos recursos possíveis para se manter ou melhorar – o status 
(e quanto mais reduzido for o grupo, maior o prestígio social dos seus membros). 
Margaret Archer, no texto The sociology of educational systems, sintetiza, 
numa lógica comparativa, o pensamento dos três clássicos: os três autores partilham 
uma orientação comum, apesar das suas diferentes abordagens teóricas. 
 
 
 
Em primeiro lugar, unanimemente trataram a educação como instituição social 
macroscópica, e não como um amontoado de organizações (escolas, faculdades, 
universidades) ou como um conjunto de coletividades (professores, alunos e 
diretores), nem como um aglomerado de propriedades separadas (inputs, processos, 
outputs). 
 
 
 
62 OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA 
Em segundo lugar, Marx, Weber e Durkheim colocaram firmemente a 
instituição educacional na estrutura social mais ampla e propuseram problemas 
interessantes sobre a sua relação com outras instituições sociais (economia, 
burocracia e ação política, respectivamente). 
Em terceiro lugar, todos os três perceberam quea posição da educação na 
estrutura social e sua relação com outras instituições eram a chave para 
compreender a dinâmica da mudança educacional. 
 
 
157 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Embora somente Durkheim tenha teorizado profundamente sobre os reais 
mecanismos de desenvolvimento educacional, sendo chamado de Pai da sociologia 
da educação, nenhum deles deixou dúvidas de que esta deveria ser uma parte 
integrante das suas grandes teorias – para Marx, a mudança educacional nasceu do 
jogo dialético entre infraestrutura e superestrutura; para Weber, ela estava associada 
à dinâmica de burocratização, embora esta ligação estivesse ‘escondida em algum 
ponto decisivo’. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
 
 
http://slideplayer.com.br/slide/50405/
http://slideplayer.com.br/slide/5652187/
 
158 
 
Para Durkheim, ela estaria, e deveria estar, unida à ação política e, deste 
modo, ao desenvolvimento de uma sociedade orgânica integrada e normativa. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
O pensamento dos clássicos exerce influência por ser a base do pensamento 
contemporâneo. Só a partir da leitura das teorias clássicas da sociologia se poderá 
chegar a um entendimento mínimo do que foi dito. 
 
63 FECHANDO COM CHAVE DE OURO 
Observe bem o que Edgar Morin diz na sua entrevista na Rede Globo: é 
preciso educar os educadores 
Vejamos os seus argumentos: 
 
http://slideplayer.com.br/slide/353440/
 
159 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
O Globo: Na sua opinião, como seria o modelo ideal de educação? 
Edgar Morin: A figura do professor é determinante para a consolidação de um 
modelo “ideal" de educação. Através da Internet, os alunos podem ter acesso a todo o 
tipo de conhecimento sem a presença de um professor. Então eu pergunto, o que 
faz necessária a presença de um professor? Ele deve ser o regente da orquestra, 
observar o fluxo desses conhecimentos e elucidar as dúvidas dos alunos. Por 
exemplo, quando um professor passa uma lição a um aluno, que vai buscar uma 
resposta na Internet, ele deve posteriormente corrigir os erros cometidos, criticar o 
conteúdo pesquisado. 
É preciso desenvolver o senso crítico dos alunos. O papel do professor 
precisa passar por uma transformação, já que a criança não aprende apenas com os 
amigos, a família, a escola. Outro ponto importante: é necessário criar meios de 
transmissão do conhecimento a serviço da curiosidade dos alunos. O modelo de 
educação, sobretudo, não pode ignorar a curiosidade das crianças. 
 
http://pt.slideshare.net/integrandosolucoes/pensamento-complexo-edgar-morin
 
160 
 
O Globo: Quais são os maiores problemas do modelo de ensino atual? 
Edgar Morin: O modelo de ensino que foi instituído nos países ocidentais é 
aquele que separa os conhecimentos artificialmente através das disciplinas. E não é 
o que vemos na natureza. No caso de animais e vegetais, vamos notar que todos os 
conhecimentos são interligados. E a escola não ensina o que é o conhecimento, ele 
é apenas transmitido pelos educadores, o que é um reducionismo. O conhecimento 
complexo evita o erro, que é cometido, por exemplo, quando um aluno escolhe mal a 
sua carreira. Por isso eu digo que a educação precisa fornecer subsídios ao ser 
humano, que precisa lutar contra o erro e a ilusão. 
 
 
Fonte: educarparacrescer.abril.com.br 
 
 
64 MORIN E A EDUCAÇÃO 
O Globo: O senhor pode explicar melhor esse conceito de 
conhecimento? 
Edgar Morin: Vamos pensar em um conhecimento mais simples, a nossa 
percepção visual. Eu vejo as pessoas que estão comigo, essa visão é uma 
percepção da realidade, que é uma tradução de todos os estímulos que chegam à 
nossa retina. Por que essa visão é uma fotografia? As pessoas que estão longe são 
pequenas, e vice-versa. E essa visão é reconstruída de forma a reconhecermos 
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/melhores-frases-educacao-740713.shtml
 
161 
 
essa alteração da realidade, já que todas as pessoas apresentam um tamanho 
similar. 
Todo conhecimento é uma tradução, que é seguido de uma reconstrução, e 
ambos os processos oferecem o risco do erro. Existe outro ponto vital que não é 
abordado pelo ensino: a compreensão humana. O grande problema da humanidade 
é que todos nós somos idênticos e diferentes, e precisamos lidar com essas duas 
ideias que não são compatíveis. A crise no ensino surge por conta da ausência 
dessas matérias que são importantes ao viver. Ensinamos apenas o aluno a ser um 
indivíduo adaptado à sociedade, mas ele também precisa se adaptar aos fatos e a si 
mesmo. 
 
O Globo: O que é a transdisciplinaridade, que defende a unidade do 
conhecimento? 
Edgar Morin: As disciplinas fechadas impedem a compreensão dos 
problemas do mundo. A transdisciplinaridade, na minha opinião, é o que possibilita, 
através das disciplinas, a transmissão de uma visão de mundo mais complexa. O 
meu livro “O homem e a morte" é tipicamente transdisciplinar, pois busco entender 
as diferentes reações humanas diante da morte através dos conhecimentos da pré-
história, da psicologia, da religião. Eu precisei fazer uma viagem por todas as 
doenças sociais e humanas, e recorri aos saberes de áreas do conhecimento, 
como psicanálise e biologia. 
 
O Globo: Como a associação entre a razão e a afetividade pode ser 
aplicada no sistema educacional? 
Edgar Morin: É preciso estabelecer um jogo dialético entre razão e emoção. 
Descobriu-se que a razão pura não existe. Um matemático precisa ter paixão pela 
matemática. Não podemos abandonar a razão, o sentimento deve ser submetido a 
um controle racional. O economista, muitas vezes, só trabalha através do cálculo, 
que é um complemento cego ao sentimento humano. Ao não levar em consideração 
as emoções dos seres humanos, um economista opera apenas cálculos cegos. Essa 
postura explica em boa parte a crise econômica que a Europa está vivendo 
atualmente. 
 
 
162 
 
O Globo: A literatura e as artes deveriam ocupar mais espaço no 
currículo das escolas? Por quê? 
Edgar Morin: Para se conhecer o ser humano, é preciso estudar áreas do 
conhecimento como as ciências sociais, a biologia, a psicologia. Mas a literatura e as 
artes também são um meio de conhecimento. Os romances retratam o indivíduo na 
sociedade, seja por meio de Balzac ou Dostoiévski, e transmitem conhecimentos 
sobre sentimentos, paixões e contradições humanas. A poesia é também importante, 
nos ajuda a reconhecer e a viver a qualidade poética da vida. As grandes obras de 
arte, como a música de Beethoven, desenvolvem em nós um sentimento vital, que é 
a emoção estética, que nos possibilita reconhecer a beleza, a bondade e a 
harmonia. Literatura e artes não podem ser tratadas no currículo escolar como 
conhecimento secundário. 
 
 
Fonte: www.correiodopovo.com.br 
 
 
O Globo: Qual a sua opinião sobre o sistema brasileiro de ensino? 
Edgar Morin: O Brasil é um país extremamente aberto a minhas ideias 
pedagógicas. Mas, a revolução do seu sistema educacional vai passar pela reforma 
na formação dos seus educadores. É preciso educar os educadores. Os professores 
precisam sair de suas disciplinas para dialogar com outros campos de 
http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/tag/edgar-morin/
 
163 
 
conhecimento. E essa evolução ainda não aconteceu. O professor possui uma 
missão social, e tanto a opinião pública como o cidadão precisam ter a consciência 
dessa missão. 
 
Assista a Edgar Morin - Os limites do conhecimento na globalização | No 
vídeo exclusivo, Morin reflete sobre seus interesses enquanto filósofo e sociólogo: os 
limites do conhecimento e da razão, bem como a relação entre a poesia e a 
racionalidade. Ainda, questiona a possibilidade da mudança de pensamento em um 
mundo globalizado e acelerado. É possível sairmos de uma visão fechada em 
formas particulares para o pensamento complexo, capaz de ver os problemas em 
sua integralidade? 
 
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conhecimentos aqui construídos no exercício da sua profissão e da sua vida como 
cidadão. Parabéns por mais essa conquista! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=_FmdI-UFW1U
 
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65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
ARIÉS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar 
Editores, 1981. 
Brasil: história e historiografia. Campinas: Autores Associados, 2005. LUCKESI, C. 
C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1990. MARX, K. Manuscritos 
económicos-filosóficos. [S.l]: Edições 70, 1993. 
ENGUITA, M. A face oculta da escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. 
FRIGOTTO, G. Escola pública brasileira na atualidade: lições da história. In: 
LOMBARDI, J. C.; SAVIANI, D.; NASCIMENTO, M. I. M. A escola pública no 
MEDEIROS, C. C. C.; MARCHI-JR, W. Para uma sociologia da educação: 
considerações a partir da obra de Pierre Bourdieu. In: BRANDÃO, C.F. Intelectuais 
do século XX e a educação no século XXI: o que podemos aprender com eles? 
Marília-SP: Poiesis Editora, 2009, p. 99-119. 
NOGUEIRA, C. M. M. e NOGUEIRA, M. A. A sociologia da educação de Pierre 
Bourdieu: limites e contribuições. Educação e Sociedade. Campinas, v. 23, n. 78, p. 
15-35, abr. 2002. 
RIBEIRO, M. L. S. Educação Escolar: que prática é essa? Campinas: Autores 
Associados, 2001. 
ROMANELLI, O. O. História da Educação no Brasil. 34. ed. Petrópolis. Vozes. 2009. 
SAVIANI, D. A pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas: 
Autores Associados, 2005. SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. 
Campinas: Autores Associados, 2007 
SAVIANI, D. Escola e democracia. 40. ed. Campinas: Autores Associados, 2008.

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