A Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) estima que o Ceará conta com, ao menos, 22 territórios reivindicados por povos i...

A Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) estima que o Ceará conta com, ao menos, 22 territórios reivindicados por povos indígenas dos quais apenas dois estão regularizados: a terra Córrego João Pereira, da etnia Tremembé, no município de Itarema, e a reserva Taba dos Anacés, do povo Anacé, em Caucaia. As outras 20 áreas estão em fase de demarcação ou enfrentam algum tipo de pendência judicial. Ainda de acordo com a Fepoince, das 22 terras reivindicadas pelos indígenas, apenas duas solicitações foram formalizadas antes de 1988. Com isso, caso o marco temporal fosse aprovado, pelo menos 20 etnias teriam de deixar seus territórios de origem em eventuais decisões judiciais decorrentes do julgamento do STF.

Tendo como referência as lutas contemporâneas dos povos indígenas do Ceará no que se refere à regularização de seus territórios tradicionais, avalie as assertivas a seguir:

I. A demarcação de terras indígenas no Ceará é um processo complexo que envolve a identificação e delimitação de áreas que tradicionalmente são ocupadas por povos indígenas.

II. Os povos indígenas do Ceará enfrentam desafios significativos devido à pressão da exploração mineral e agrícola em suas terras. Um exemplo real disso é o caso da Terra Indígena Tremembé, localizada no litoral do Ceará. Essa área exigia intensa pressão de empresas que buscavam explorar seus recursos naturais, como a extração de minerais e a expansão de plantações de eucalipto.

III. O marco temporal estabelece que os povos indígenas só têm direito às terras que estavam sob sua posse no momento da promulgação da Constituição de 1988. Essa tese considera as mudanças históricas que muitas comunidades indígenas, incluindo os Tremembé, passaram ao longo dos anos em que, principalmente, os povos indígenas do Ceará encontram-se integrados à paisagem urbana do estado, com poucos vínculos com o cultivo de subsistência.

IV. O marco temporal é uma decisão judicial que estabelece que os povos indígenas só têm direito às terras que estavam sob sua posse no momento da promulgação da Constituição de 1988. No entanto, essa tese ignora deslocamentos historicamente provocados e a violência que muitas comunidades indígenas , inclusive as do Ceará, sofreram ao longo dos anos.