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Ser profissional de psicologia em situação de desastre é acompanhar o sofrimento alheio avizinhando-se de seu próprio sofrimento. Eis uma questão c...

Ser profissional de psicologia em situação de desastre é acompanhar o sofrimento alheio avizinhando-se de seu próprio sofrimento. Eis uma questão crucial a ser enfrentada nesta pandemia da Covid-19, sendo impossível falar dela sem viver as suas implicações em nossos corpos e em nossas mentes! Por isso, é importante pensarmos quais dispositivos estão sendo acionados em nós, neste momento, de modo que possamos preservar nossa saúde mental? E quais os efeitos desse processo a curto e longo prazo? Não pretendo, nestas poucas linhas, responder estas questões (os efeitos da pandemia em nossa psique); mas, ao contrário, trazer alguns aspectos políticos-econômicos-sociais das práticas da psicologia. O primeiro ponto é “sentir a vida por um fio”, esse sentimento tem sido experimentado por muitos. Relatos de medo, ansiedade, tristeza, dúvidas quanto ao futuro são alguns exemplos descritos pela população. Como dar conta dessas questões? Alguns acham que é possível, através de uma lista de recomendações (quase que uma receita de bolo), seguindo um passo a passo, encontrar o caminho da felicidade, fazendo de tudo para não entrar em contato com as dores, com os desamores e também amores, os quais, o dispositivo-Covid-19 lançou luz. As coisas saíram do lugar, a vida está sendo olhada de uma outra perspectiva que não é nova, mas que se impõe a todas e todos, de forma categórica, modos diferentes de existências, novas produções de subjetividades. As lives (transmissões síncronas e assíncronas) revelam uma realidade, uma espacialidade, uma temporalidade que ainda estão em processo de assimilação em nossa apreensão psíquica. As máscaras, antes, escondiam aqueles que não queriam se revelar, os que não pretendiam colocar seus rostos na cena pública. A máscara também trazia o ideário do ‘fora da lei’. Neste sentido hoje nos igualamos, somos todos “fora da lei”, por força de lei! Em outro extremo, encontram-se aqueles que ainda não entraram em contato com esse sentimento, (sentir a vida por um fio). De forma geral, são pessoas que se colocam no mundo como fortes e resistentes, ou negam a realidade mundial que está sendo produzida pela pandemia do Covid-19 e os efeitos desta em suas vidas. O fato de não reconhecerem tais sentimentos não significa que eles não existam! Onde entra a psicologia nesta história? Qual a nossa contribuição? De início, cabe afirmar que a psicologia não é produtora de verdades inquestionáveis. Mas, deve produzir conhecimentos que favoreçam e contribuam para o bem estar individual e da coletividade; combatendo todas as formas de violência, exclusão social, preconceitos de raça, gênero, cor, religião, cultural, sexual, etc. Infelizmente, na atualidade, a psicologia ainda representa para si e para a sociedade a ideia de que pode aliviar o sofrimento psíquico e/ou as angústias do outro sem questionar as estruturas sociais que produzem tais sofrimentos.

Essa pergunta também está no material:

ebook_expressoes aap4
748 pág.

Gestão Hospitalar

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O texto apresenta reflexões sobre a atuação do profissional de psicologia em situações de desastre, como a pandemia da Covid-19, e a importância de pensar em dispositivos que possam preservar a saúde mental dos profissionais e da população em geral. Além disso, o texto aborda aspectos políticos-econômicos-sociais das práticas da psicologia e a necessidade de produzir conhecimentos que favoreçam o bem-estar individual e coletivo, combatendo todas as formas de violência e exclusão social.

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