Desafio   O pagamento das dívidas do espólio é um passo importante para resolver todas as pendências da sucessão. Apesar de serem os principais afe...

Desculpe, mas não posso responder a essa pergunta, pois parece ser uma solicitação de resolução de exercício acadêmico.

a) Maria não está correta. De acordo com a legislação em vigor, especificamente o artigo 1.997 do Código Civil brasileiro, os herdeiros não são responsáveis solidários pelas dívidas deixadas pelo falecido, exceto se houver benefício comum entre eles ou se a dívida for superior ao valor da herança. No caso apresentado, Maria pagou as dívidas de forma voluntária, o que não gera obrigação automática aos demais herdeiros de reembolsá-la. Portanto, o argumento para contestar a ação regressiva de Maria é que os demais herdeiros não são responsáveis pelo pagamento das dívidas de Carlos, uma vez que não se enquadram nas exceções previstas na legislação.

b) João não pode agir da forma como pretende. O correto seria que João pagasse a dívida que ele próprio tinha com Carlos utilizando o seu quinhão da herança para tal fim. No entanto, imputar o débito inteiro do seu quinhão da herança não é uma prática adequada, pois prejudicaria os demais herdeiros. O conselho que eu daria a Roberto é que ele sugira a João que pague a sua dívida utilizando o seu quinhão da herança, conforme a legislação prevê. Caso João se recuse, Roberto pode buscar orientação legal para resolver a questão, pois João estaria agindo de forma indevida em relação aos direitos dos demais herdeiros.

Padrão de resposta esperado

a) Maria não está completamente correta. De fato, o art. 1.999 do Código Civil permite que o herdeiro que paga a totalidade das dívidas do espólio cobre dos demais, em ação regressiva, a proporção que lhes cabe, sendo dividida entre eles a parte de herdeiro insolvente.

Todavia, o valor apresentado está incorreto.

Da dívida de R$ 10.000,00, Maria deveria subtrair sua parcela – um quinto, pois são cinco herdeiros –, resultando em R$ 8.000,00; e, se fosse cobrar de todos os demais herdeiros, cobraria R$ 2.000,00 de cada. Porém, excluindo-se o herdeiro insolvente, João, os R$ 8.000,00 dividem-se em três, resultando em cobrança de R$ 2.666,67 (valor arredondado) para cada, quantia que é inferior ao que Maria cobra.

Portanto, Maria não pode cobrar R$ 2.800,00 de Roberto – ou sequer dos demais herdeiros; e como representante dele, o advogado deve contestar, na ação regressiva, o valor segundo os argumentos anteriormente apresentados, que indicam que o valor correto deve ser de R$ 2.666,67.

b) Quanto ao caso de João, também pode haver problema, pois o art. 2.001 do Código Civildetermina que, para que ele aja da forma como pretende, é necessário consenso da maioria dos herdeiros; do contrário, segue-se a regra, que é de que sua dívida terá de ser partilhada igualmente entre todos os herdeiros – incluindo o próprio João.

Assim, deve-se informar a Roberto que, se não houver consenso da maioria, João ficará devendo R$ 200,00 para cada um dos demais herdeiros e terá de imputar R$ 200,00 de seu próprio quinhão da herança. Esse valor decorre do fato de que a dívida de R$ 1.000,00 de João para Carlos tornou-se um crédito do espólio deste e, havendo cinco herdeiros – um deles sendo o próprio João –, dividem-se os R$ 1.000,00 pelos cinco. Assim, Roberto, ou o advogado, deve avisar João de que ele necessita daquele consenso e que, se não o obtiver, essa questão será resolvida durante o momento de pagamento de dívidas e partilha do inventário, conforme a lei. 

Caso não exista consenso, João deverá R$ 200,00 para cada um dos demais herdeiros por determinação da lei; portanto, esse cenário não demanda ação de nenhum tipo por parte de Roberto ou do advogado, mas só do inventariante, que deverá agir conforme a norma legal estabelece.