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Modulo 2. Negócio Jurídico. Conceito: Negócio Jurídico é uma norma concreta estabelecida pelas partes, cujo objetivo é produzir direitos e deveres....

Modulo 2. Negócio Jurídico. Conceito: Negócio Jurídico é uma norma concreta estabelecida pelas partes, cujo objetivo é produzir direitos e deveres. É no negócio jurídico que se revela o princípio da autonomia da vontade, ou seja, os sujeitos de direito podem autorregular os seus interesses legais, nos limites estabelecidos pela lei. Origem: O negócio jurídico nasce da vontade humana, ou seja, pressupõe a presença de um elemento volitivo que se materializa numa declaração da vontade através da qual se realiza uma ação ou um ato, o qual está vinculado a uma intenção. Ressalte-se, ainda, que o princípio da autonomia da vontade é relativo, uma vez que é reduzido pela supremacia das normas de ordem pública (normas absolutamente cogentes). Nas últimas décadas verifica-se uma “publicização” do Direito Civil, com a evidência de muitas normas públicas no direito privado. Declaração da Vontade. O que interessa para o Direito? A intenção ou a ação? Interessa para o Direito a vontade declarada, haja vista que somente a intenção não possui nenhum valor. Após a declaração da vontade a intenção será considerada. O silêncio. A declaração da vontade deve ser declarada por palavras (escritas ou não), gestos ou sinais. Pode ser, ainda, expressa ou tácita, sendo que o silêncio, juridicamente considerado, é nada. Via de regra, o silêncio é nada. O silêncio só terá valor quando houver indicação na norma. Ex.: art. 539 – “O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita, ou não, a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo”. Neste caso, o silêncio do donatário significa que aceitou a doação (manifestação tácita). Trata-se de exceção à regra de que o silêncio nada significa para o Direito. Reserva mental. A reserva mental ocorre quando um dos declarantes oculta a sua verdadeira intenção. Quando não quer um efeito jurídico que declara querer. Tem por objetivo enganar o outro contratante. Se este outro não sabe da reserva, o negócio subsiste e produz os efeitos que o declarante não desejava. Desta forma, a reserva mental é indiferente ao mundo jurídico porque se passa apenas na mente do declarante, sendo irrelevante no que se refere à validade ou eficácia do negócio jurídico. O Código Civil trata do assunto no artigo 110. O exemplo clássico de reserva mental ocorre quando um amigo manifesta a vontade de emprestar dinheiro a outro para evitar um possível suicídio. A intenção real não é emprestar e sim evitar a morte do outro. Por isso, sempre há que se verificar se a outra parte sabe a real intenção do declarante. A declaração da vontade pode ser receptícia (endereçada) ou não receptícia (não endereçada). Declaração da vontade endereçada ou receptícia: Tal declaração é endereçada a pessoa determinada, seja com o propósito de levar-lhe o conhecimento da intenção do agente, seja com a finalidade de ajustar a declaração de vontade oposta com o objetivo de concretizar o negócio jurídico. Ex. proposta e aceitação (art. 427 e seguintes). Declaração de vontade não endereçada ou não receptícia é aquela onde basta tão somente a manifestação do declarante, sem que tal declaração tenha que ser conhecida pela outra parte para a produção de efeitos jurídicos. Ex. seguro de vida em nome de terceira pessoa. Classificação dos negócios jurídicos. Quanto à manifestação da vontade: Negócio Jurídico Bilateral é aquele negócio jurídico que reclama para a sua concretização a convergência de duas ou mais vontades, sendo que tais vontades determinarão o surgimento do negócio e a consequente produção dos efeitos almejados pelas partes. Ex.: contratos. Negócio Jurídico Unilateral é aquele negócio no qual a sua concretização depende tão somente de manifestação da vontade de somente uma das partes. Ex.: testamento, promessa de recompensa. Quanto às vantagens que produzem: Negócio Jurídico Oneroso é aquele onde em relação à vantagem obtida corresponde um sacrifício. Ex. compra e venda. Negócio Jurídico Gratuito é aquele onde apenas uma das partes suporta o sacrifício e a outra a vantagem. Ex. doação pura. Quanto ao tempo da produção dos efeitos: Negócio Jurídico Inter Vivos – os efeitos serão produzidos durante a vida dos emitentes da vontade. Ex. compra e venda. Negócio Jurídico Causa Mortis – o pressuposto para a produção de efeitos jurídicos é a morte do emitente da vontade. Ex. testamento. Quanto à solenidade: A forma do negócio jurídico pode ser ad solemnitatem (solene) e ad probationem tantum (não solene). Ressalte-se que, em relação à forma dos negócios jurídicos, vigora a regra geral: LIBERDADE DE FORMA. Entretanto, às vezes, a lei exige forma solene (ex.: compra e venda de imóvel – escritura pública, salvo se o valor do imóvel for inferior a 30 salários mínimos, cf. art. 108, além de registro no Cartório de Registro de Imóveis, cf. art. 1227). Se o negócio jurídico exigir forma solene, esta deve ser obedecida sob pena de nulidade absoluta, nos termos dos art. 104, III, cc. art. 166, IV. Quanto à existência: Negócio Jurídico Principal – existe por si só. Ex. contrato de locação entre locador e locatário. Negócio Jurídico Acessório – depende do principal. Ex. contrato de fiança entre o locador e o fiador não existe por si só, pois depende do contrato principal. Quanto ao conteúdo: Negócio Jurídico Patrimonial – o objeto da relação jurídica pode ser avaliado economicamente (direitos pessoais ou obrigacionais e direitos reais). Negócio Jurídico Extrapatrimonial – o objeto da relação jurídica não pode ser avaliado economicamente (direitos de família e direitos da personalidade). Quantos aos efeitos: Constitutivo - Ex Nunc – o negócio jurídico passa a ter efeitos a partir da conclusão. Ex. adoção, compra e venda. Declaratório - Ex Tunc – os efeitos do negócio jurídico retroagem à data que se operou o fato a que se vincula a vontade. Ex. reconhecimento de filho. Quanto ao exercício dos direitos: Negócios Jurídicos de Disposição – exercício amplo de direitos sobre o objeto. Ex. doação. Negócios Jurídicos de Simples Administração – exercício de direitos restritos sobre o objeto, sem que haja alteração na sua substância. Ex. locação, mútuo. Interpretação e Requisitos do Negócio Jurídico. Interpretação. A declaração da vontade deve ser interpretada com a finalidade de buscar o sentido e o alcance das expressões. Reza o art.112 que nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciadas do que o sentido literal da linguagem. Assim, quando se interpreta a vontade leva-se em conta mais à intenção manifestada no contrato, não o pensamento íntimo do contratante. Art. 113: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. A boa-fé é presumida, a má-fé deve ser provada. Art. 114: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se restritivamente. Nos contratos benéficos apenas um dos contratantes se obriga, enquanto o outro aufere um benefício (ex.: doação pura). Deve ter interpretação restrita pois importa renúncia de direitos. Na parte especial do Código existem outras regras de interpretação: art. 423, 843, 819, 1899. A interpretação do negócio jurídico pode ser: Declaratória = expressa a intenção dos

a) Declaração da vontade endereçada ou receptícia: Tal declaração é endereçada a pessoa determinada, seja com o propósito de levar-lhe o conhecimento da intenção do agente, seja com a finalidade de ajustar a declaração de vontade oposta com o objetivo de concretizar o negócio jurídico. Ex. proposta e aceitação (art. 427 e seguintes).
b) Declaração de vontade não endereçada ou não receptícia é aquela onde basta tão somente a manifestação do declarante, sem que tal declaração tenha que ser conhecida pela outra parte para a produção de efeitos jurídicos. Ex. seguro de vida em nome de terceira pessoa.

Essa pergunta também está no material:

ED Negocio Juridico UNIP
19 pág.

Negócios Jurídicos Universidade PaulistaUniversidade Paulista

Respostas

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O conceito de negócio jurídico envolve a manifestação de vontade das partes para produzir efeitos jurídicos. No entanto, é importante ressaltar que a declaração da vontade deve ser interpretada conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, conforme previsto no artigo 113 do Código Civil. Além disso, os negócios jurídicos benéficos e a renúncia devem ser interpretados de forma restritiva, de acordo com o artigo 114 do Código Civil.

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