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Identificar na jurisprudência situação trabalhista que identifique o princípio da continuidade do emprego?

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Amanda Venancio

RESCISÃO CONTRATUAL. VERBAS RESCISÓRIAS

Aduz a reclamante que sofreu perseguição e assédio por parte de superior hierárquica, a empregada Inês Munari Palonimo, e que trabalha em ambiente com insetos e roedores, razões que a levaram a fazer reclamações junto ao setor responsável da empresa ré.

Afirma que tais protestos a deixam em situação delicada junto a superior hierárquica mencionada, além de não resolverem situação. Alega, também, que diante de tal quadro sofreu retaliação pela chefe nutricionista, que a trocou de horário de trabalho arbitrariamente, sem aviso ou período de adaptação.

Afirma que em razão dos citados fatos foi feita denúncia por outras empregadas junto ao Ministério Público do Trabalho.

Assevera que foi perseguida, também, pelas médicas do trabalho, Jane Mary Duarte e Angélica Montim, pois não foram aceitos os atestados médicos que contraindicavam o uso de botas pela autora. Por fim, aduz que a reclamada deixou proceder os recolhimentos de FGTS junto a sua conta vinculada por aproximadamente 5 anos.

A reclamada, por sua vez, contesta o pedido e afirma que a nutricionosta Inês Manuri trabalha no hospital há 25 anos e que não há outras reclamações a seu respeito, motivo pelo qual improcedem as alegações de perseguição e assédio praticados contra a autora. Afirma, também, que é feita, regularmente, dedetização do ambiente de trabalho da reclamante.

Por fim, aduz que a autora abandonou o emprego, mesmo após as tentativas de comunicação feitas pela empresa com a empregada, que não retornou ao posto de trabalho, motivo pelo qual foi demitida por justa causa.

Analiso.

No que diz respeito ao abandono de emprego, tal falta grave requer a comprovação robusta da existência de dois elementos: a ausência injustificada do trabalhador e a intenção de abandonar.

Nesse contexto, a reclamada não junta aos autos correspondência ou qualquer comunicação feita a obreira, notificando-a a respeito da configuração do abandono de emprego.

Dessa forma, em razão do princípio da continuidade da relação de emprego, incumbia à reclamada demonstram de forma concreta e robusta o alegado abandono de emprego pela obreira, não se podendo presumir esse fato.

Nessa senda, não merece prosperar a tese de defesa da ré em relação ao abandono de emprego.

Consoante o entendimento acima disposto, está a jurisprudência:

FALTA GRAVE. ABANDONO DE EMPREGO. NECESSIDADE DE PROVA ROBUSTA A CARGO DA EMPRESA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO Acusando o empregado do cometimento da falta grave de abandono de emprego, incumbe à empresa o ônus de comprovar a alegação de forma objetiva e concreta, ainda mais porque em razão do principio da continuidade da relação de emprego, não se pode presumir o abandono especialmente em época de crise financeira e de desemprego. Não é crível que o trabalhador abandone sem qualquer motivação o único meio de sobrevivência. (TRT-24 -

00242993920155240061; 2ª Turma; Data de publicação: 16/12/2016; Relator: Francisco das Chagas Lima Filho). Por outro lado, a reclamada junta aos autos extrato da conta vinculada de FGTS da autora que expõe a falta de depósitos de 5 meses do contrato de trabalho, conforme documento ID. b3a3d1f, o que não foi ilidido pela empresa, já que não há nos autos comprovante de pagamento dos meses remanescentes.

Já quanto a perseguição e o assédio praticados pela superior hierárquica, a nutricionista Inês, as provas produzidas em audiência revelam-se divididas, porém constata-se pelo depoimento da 1ª testemunha encaminhada pela autora que houve comunicação da empresa requerendo seu depoimento em processo junto ao Ministério Público do Trabalho a respeito da conduta da citada nutricionista, evidenciando as denúncias efetuadas contra essa empregada junto ao parquet.

O depoimento do preposto da reclamada também corrobora as afirmações da autora, ao afirmar que houve sindicância interna na empresa para apurar a conduta da nutricionista, o que revela que os protestos da autora em relação ao tratamento a ela dispensado realmente ocorreram.

Logo, entendo comprovado que houve sindicância interna da empresa em relação a empregada Inês e, também, denúncias ao Ministério Público, ou seja, indícios da existência de perseguição e assédio praticados contra a autora e que são confirmados pelas suas testemunhas.

Frise-se que mesmo revelando ter aberto sindicância quanto a superior hierárquica da autora, a ré não junta aos autos o referido processo e não demonstra efetivamente que nada foi provado quanto a essa empregada.

Logo, entendo ter havido perseguição patronal e assédio praticados contra a reclamante.

A reclamante junta aos autos, também, atestados médicos contraindicando o uso de botas devido ao seu quadro clínico, conforme ID. 1a9cbff - Pág. 1, ID. 0661750 - Pág. 2 e ID. a2d0f5d -Pág. 1.

Nesse sentido, as provas produzidas em audiência revelam que apesar dos atestados médicos referidos, as prepostas da reclamada exigiam o uso de botas pela autora, desrespeitando a contraindicação médica.

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Amanda Venancio

Espero ter ajudado ;)

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Paduan Seta Advocacia

O Princípio da Continuidade do Emprego é aquele que prevê que a tendência e a ideia é de que se tenham contratos de trabalho que sejam por prazo indeterminado.

Os contratos por prazo determinado são considerados exceções e, por isso, o fim de um contrato de trabalho por prazo indeterminado deve ser tido também como uma exceção.

Uma situação na jurisprudência que identifica esse princípio são as decisões em que incluem entre as obrigações do empregador a de provar que houve realmente justa causa no momento da demissão de um funcionário, tendo em vista que a demissão é uma exceção, por conta do princípio da continuidade do emprego, como nessa decisão do Tribunal Regional do Trabalho, da 13ª Região:

(...) Vigorando no direito do trabalho o princípio da continuidade do emprego, compete ao empregador o ônus processual de provar a ocorrência da justa causa aplicada (art. 333, II do CPC e art. 818 da CLT), bem como a presença dos requisitos prévios necessários para a configuração dessa forma especial de extinção de pacto de trabalho. Para provar a justa causa se faz necessário que se prove o animus derelicta, ou seja, a intenção do empregado de abandonar efetivamente o emprego. No caso dos autos, esse animus dificilmente ficou demonstrado. Não há, portanto, que se falar em abandono de emprego, já que o recorrido não demonstrou, cabalmente, a intenção em não voltar ao seu posto de trabalho à recorrente. Recurso patronal a que se nega provimento.

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