Como se deu a atuação do poder constituinte ao longo das nossas constituições, em resumo ?

O poder constituinte atua de forma permanente. Ele se refere ao povo concreto, com autoridade e força para estabelecer a constituição, manter sua pretensão normativa e revogá-la. A manutenção ou erosão da normatividade constitucional está ligada à permanência do poder constituinte, fonte da sua força normativa. (Faoro, 1986, p. 90, 95; Böckenförde, 1992a, p. 100; 1992b, p. 295; Beaud, 1994, pp. 414-23; Bonavides, 1998 pp. 162-4; Müller, 1995, pp. 36-8; Palombella, 1997, pp. 35-6 e Fioravanti, 1998, pp. 56-7).

     A atuação do poder constituinte na criação das constituições brasileiras pode ser avaliada sob diversos aspectos. Optamos aqui por analisá-las sob o prisma da legitimidade popular do poder constituinte (classificação da constituição quanto à origem). Nesse sentido, classificaremos as constituições brasileiras em outorgadas e promulgadas.

     Constituição outorgada é aquela não dotada de legitimidade popular. Decorrem, portanto, de um poder constituinte autoritário, autocrático ou ditatorial. Promulgada, por sua vez, são as constituições com legitimidade popular. Tem origem num poder constituinte verdadeiramente democrático, preocupado com o debate, a troca de ideias, a formação de consenso e a participação popular nas suas decisões

     Nessa linha, temos a seguinte classificação.

• Constituição de 1824 -> Outorgada
• Constituição de 1891 -> Promulgada
• Constituição de 1934 -> Promulgada
• Constituição de 1937 -> Outorgada
• Constituição de 1946 -> Promulgada
• Constituição de 1967 -> Outorgada
• EC nº 1/69 -> Outorgada
• Constituição de 1988 -> Promulgada