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É possível aplicar o regime jurídico da onerosidade excessiva aos contratos aleatórios regidos pelo Código Civil?

💡 2 Respostas

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Afonso Hudson

O Código Civil prevê a possibilidade de revisão contratual ou resolução contratual (esta de forma excepcional) por fato superveniente diante de uma imprevisibilidade acrescida da onerosidade excessiva. Os requisitos para aplicação do instituto são: 1) O contrato deve ser, em regra, bilateral, ou seja, com direitos e deveres para ambas as partes. Excepcionalmente se admite a revisão dos contratos unilaterais, conforme artigo 480 do CC. 2) O contrato deve ser oneroso. 3) O contrato deve ser de trato sucessivo. 4) O evento causador do desequilíbrio deve ser imprevisível ou imprevisível e extraordinário, consoante artigos 317 e 478, ambos do Código Civil. Quanto a este requisito, parte da doutrina entende que a imprevisibilidade do evento seja verificada com base na parte contratante, não no mercado, sob pena de inviabilizar a revisão do contrato com fundamento no instituto. 5) Presença da quebra do sinalagma obrigacional, ou seja, da presença da situação desfavorável a uma das partes da avença. Este requisito não exige prova de que uma das partes auferiu vantagens. 6) O negócio deve ser classificado como comutativo, ou seja, as partes envolvidas devem ter ciência quanto às prestações. No que se refere aos contratos aleatórios, estes sempre terão uma parte comutativa, sendo a esta parte aplicável o instituto da onerosidade excessiva. Neste sentido, o Enunciado 440 da V Jornada de Direito Civil dispõe que “é possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios, desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione à álea assumida no contrato”.

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Carlos Eduardo Ferreira de Souza

Não, em virtude da incompatibilidade de conceitos.

Os contratos aleatórios são aqueles por meio dos quais ao menos um dos contraentes não consegue antever o proveito obtido a partir de determinada prestação. Assim, pode ser que haja adimplemento de suas obrigações, sem corresponder a qualquer proveito obtido (e.g. é aquele que compra os frutos de uma safra que acaba de ser plantada e, a despeito do esforço de quem a cultivou, por abatimento da seca severa e atípica, não vinga).

Já a teoria da imprevisão ou da onerosidade excessiva visa a mitigar os riscos em razão de alteração superveniente dos fatos, tornando-se excessivamente onerosa para uma das partes e benéfica para a outra.

Assim, se os riscos forem suplantados pela onerosidade excessiva, não há que se falar em álea (risco).

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