Dentro do processo de formação do professor, Contreras (2002) afirma que "(...) a formação dos docentes não surge como um processo e controle interno estabelecido pelo próprio grupo, mas como um controle estabelecido pelo Estado" (p.63) O autor propõe a recuperação do significado da profissionalização docente a partir de uma reflexão sobre a natureza social do trabalho dos professores, no sentido de "defender valores, qualidades e características profissionais, enquanto expressam seu sentido em função de que requer a prática do ensino" (p.74). O que se pode concluir com a afirmação do autor quanto ao comprometimento do professor com a sua formação?
o professor competente, não é apenas o que domina saberes e habilidades da sua área (dimensão técnica) e tem uma visão crítica do alcance de suas ações (dimensão política), é também aquele apresenta uma sensibilidade, numa perspectiva criadora e que faz da ética um elemento mediador entre essas dimensões, assumindo continuamente uma atitude crítica que indaga sobre o fundamento e o sentido da definição dos conteúdos, dos métodos, dos objetivos, tendo como referência a afirmação dos direitos, do bem comum. (p.89). Em síntese, poder-se-ia dizer, a partir da argumentação da autora referida, que a competência profissional docente está relacionada à capacidade de compreensão da forma em que os contextos condicionam e mediam o exercício profissional, bem como com a capacidade de intervenção nesses âmbitos. E aqui, é válido trazer o pensamento de Contreras (2002, p.85) que vai ao encontro das ideias defendidas por Rios, o qual diz que: a competência profissional é o que capacita o professor para assumir responsabilidade, mas que dificilmente pode desenvolver sua competência sem exercitá-la, se carecer de autonomia profissional, isto é, sem tomar decisões e elaborar juízos que justifiquem suas intervenções. Como dito, a pesquisa no campo do ensino há muito vem demonstrando que é impossível dissociar o conteúdo das formas como este é abordado. Ou seja, é de fundamental importância considerar a influência de valores e compromissos éticos dos docentes e da cultura organizacional da escola, no processo de formação. Os professores não podem ser visto como seres passivos, meros executores, conforme destaca Maués (2003, p.14): [...] a preocupação na transposição linear entre o aprendido no curso de formação e o que deverá ser ensinado vem sendo um fator que limita a possibilidade de formar um profissional capaz de fazer uma leitura da realidade, na medida em que não teve uma sólida formação teórica. As políticas de formação devem, portanto, estar atentas a essa questão, procurando buscar um equilíbrio entre teoria e prática, que permita desenvolver um profissional capaz de realizar uma leitura crítica da realidade, ou seja, capaz de problematizar práticas, valores e instituições, característica imprescindível para a construção de uma autonomia profissional (CONTRERAS, 2002). É preciso, pois, que os projetos de educação continuada, coloquem a ética como um componente básico da formação dos educadores. O conhecimento do conteúdo e das metodologias de trabalhos mais adequadas para se trabalhá-lo, ou seja, da questão técnica, é apenas um componente da formação. As escolhas pedagógicas vão além dessas questões, envolvem uma opção por valores e ideias. E para que essa opção aconteça de forma crítica, é preciso que seja fruto de uma reflexão sobre a ação, sobre as múltiplas dimensões sociais e culturais que se cruzam na ação educativa. Nesse sentido, é necessário valorizar os saberes acumulados pelos professores durante sua trajetória profissional, a fim de que esses possam confrontá-los com aquilo que lhes é apresentado, realizando, assim, um processo de reconstrução/atualização dos seus conhecimentos, continuamente.
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Metodologia e Técnica de Pesquisas em Economia
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