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PATRÍCIA LINDEMANN 1 Diabetes Mellitus em Cães e Gatos É uma síndrome que abrange uma série de doenças de etiologias diferentes e clinicamente heterogêneas que se caracterizam por hiperglicemia, seja esta pela falta de insulina ou pela incapacidade da insulina em exercer seu efeito anabólico. Para o campo é mais comum se observar a hiperglicemia causada pela falta de insulina. Já para a espécie felina se observa mais a hiperglicemia provocada pela incapacidade da insulina de exercer seu efeito anabólico. Diabetes Tipo 1 Principal para cães, provocada por uma insulinite imunomediada, que normalmente ocorre por uma inflamação pancreática autoimune imunomediada, que leva a uma destruição muito grande de células beta, que são as células produtoras de insulina. Diabetes Tipo 2 Principal nos felinos, associada a resistência insulínica, dessa forma, esses pacientes normalmente apresentam um histórico de obesidade, esses pacientes acabam desenvolvendo uma deposição de substância amilóide pancreática, que também é secretada pelas células betas, dessa forma quanto mais secreta insulina mais secreta junto amilina, e essa amilina bloqueia a absorção de insulina. Gestacional Geralmente ocorre em caninos, não se tendo relatos em felinos. Essa forma se desenvolve pela produção de alguns hormônios que a mama produz, que desenvolve resistência insulínica, desenvolvendo diabetes na gestação. Por Outros Motivos Muito comum na rotina clínica, podendo ser causada por diversos motivos como: PATRÍCIA LINDEMANN 2 ➔ Pancreatite: que é uma inflamação do pâncreas que pode causar perder de massa, com destruição de células beta. ➔ Neoplasias pancreáticas ➔ Acromegalia: doença secundária a um tumor hipofisário que secreta hormônio de crescimento. ➔ Hiperadrenocorticismo: Pode tornar esses pacientes diabéticos por provocar resistência insulínica. Fatores de Risco Na espécie canina existem alguns fatores de risco que podem predispor o animal a diabetes mellitus, fêmeas principalmente não castradas (no período de diestro), obesidade e administração de alguns fármacos como glicocorticoides ou até mesmo progestágenos. Já na espécie felina os fatores de risco se alteram um pouco apresentando uma maior predisposição animais considerados Indoor, ou seja que normalmente realizam pouca atividade física, sendo mais comum em machos castrados com idade maior que 7 anos, a obesidade também pode ser um fator predisponente, assim como corticoterapia. Gatos obesos apresentam quase 5 vezes mais chances de desenvolver diabetes mellitus. Sinais Cínicos Esses pacientes costumam ter como sintomas clínicos principalmente: ➔ poliúria (elimina a glicose na urina juntamente com água). ➔ Polidipsia. ➔ Polifagia. ➔ Hiporexia (em casos mais avançados). ➔ Anorexia (em casos mais avançados). ➔ Perda de peso. ➔ Posição plantígrada - Neuropatia periférica (ocorre devido a frouxidão dos tendões e ligamentos) em gatos. ➔ Catarata nos cães. Esses pacientes com o tempo tendem a ter uma diminuição do peso, entretanto podemos nos deparar com animais com sintomatologia ainda obesos. PATRÍCIA LINDEMANN 3 Diagnóstico Hiperglicemia ➔ Cães: em jejum > 200 mg/dl e sem jejum >273 mg/dl ➔ Gatos: essa avaliação é mais complexa devido a hiperglicemia de estresse que essa espécie realiza, e essa condição pode durar 5 minutos até 3 horas. Desta forma é importante que se repita esse exame da forma menos estressante possível 4 horas depois. Para gatos então se realizam aferições seriadas normalmente, e se for > 288 mg/dl é indicativo de diabetes mellitus. Por isso se vê importante realizar a avaliação da glicemias seriadas + urinálise seriada + frutosamina sérica) Frutosamina sérica ➔ Gatos hígidos: 190 – 365 μmol/l1 ➔ Cães hígidos: 225 – 375 μmol/l2 ➔ Se eleva quando temos a hiperglicemia (300 ou mais) persistente nos últimos 15 dias. ➔ Não altera com um pico apenas. ➔ Para cães é utilizada para monitoramento, já para gatos é realizada para diagnóstico. # como não está usando a glicose como fonte de energia, ele acaba utilizando outras vias, como por exemplo a gordura liberado corpos cetônicos ou ainda a proteína liberando então beta hidroxibutirato. Urianálise ➔ Sempre deve-se observar a densidade urinária específica que para cão é entre 1,020 a 1,035, e para felino 1.035 a 1.045. ➔ Se a densidade estiver baixa se pensa mais em DRC e hipoadrenocorticismo. ➔ Glicosúria: ocorre de forma intensa pois a glicose está em excesso e não consegue entrar nas células. ➔ Cetonúria: pode ocorrer, pois está fazendo lipólise visto que não consegue usar a glicose, dessa forma ativando outras vias. Tratamento PATRÍCIA LINDEMANN 4 Visa reduzir os sinais clínicos além de satisfazer o tutor com o tratamento, evitando perda de peso e estimulando o ganho de peso do paciente evitando a hipoglicemia. Tendo sempre o cuidado de evitar a cetoacidose diabética, e reduzir complicações como as infecções do trato urinário inferior é a cetoacidose diabética (CAD). ➔ Insulinoterapia: insulina de ação intermediária ou ultralenta a cada 12 horas. Caninsulin (insulina suína) → pode usar 1 ou 2 vezes ao dia para cães, e 2 vezes ao dia para gatos. NPH (insulina humana): 100 U/ml e 28 dias de homogeneização lenta. Cão: Iniciar com 0,25 UI/kg/SC/BID. Sequência do tratamento entre 0,5 e 1,0 UI/kg/SC/BID → Reajustes só devem ser realizados em espaços de 7 dias no mínimo. É importante ressaltar para o tutor que a insulina deve ser aplicada em horários fixos, pois como o paciente não produz, ele deve receber de preferência a cada 12h nos mesmos horários todos os dias. Para cães normalmente se da a refeição e após se realiza a insulina. Para gatos: o mais indicado é a insulina glargina, que apresenta longa ação. Pode ser administrada mesmo em momentos em que o animal não se alimente, pois a sua ação é longa, mas é importante se fixar os horários de alimentação também. Se inicia com 1UI/kg/SC/BID para gatos com até 4kg, ou 1,5 a 2 UI/kg/SC/BID para gatos com 4kg ou mais. ➔ Dieta rica em fibras (alimentos diabéticos ou obesidade), já para gatos é importante reduzir a quantidade de carboidratos, para facilitar o controle da glicemia desses animais. ➔ Tratar infecções e inflamações secundárias. ➔ Castração é indicada, principalmente para as fêmeas, pois se estiver em estro, a glicemia se eleva por que tem resistência insulinica→ Aumentar a insulina e pode ter CAD) ➔ Acompanhamento É realizado normalmente pela avaliação dos sintomas clínicos e pelo ganho de peso. PATRÍCIA LINDEMANN 5 Monitorar a curva glicêmica pode ser um método de avaliação do tratamento. O acompanhamento pode ser realizado com a dosagem de frutosamina, mas também se utilizam outros parâmetros para melhor avaliação (glicosúria/cetinúria). Gato Frutosamina Sérica Controle < 400 µmol/L Excelente 400 – 475 µmol/L Bom 475 – 550 µmol/L Regular > 550 µmol/L Ruim Cão Frutosamina Sérica Controle 350 - 400 µmol/L Excelente 400 – 450 µmol/L Bom 450 – 500 µmol/L Regular > 500 µmol/L Ruim Se houver ainda sintomatologia, é indicado que se aumente a dose de insulina. A dosagem de frutosamina sempre deve ser realizada no mesmo laboratório. ➔ Glicosímetros padronizados para cães e gatos: sempre deve-se optar por glicosímetros que sejam padronizados, como: Alpha TRANK2, Abbott (Não disponível no Brasil). Accu Chek Performa, Roche (Já saiu de linha) Freestyle Optium Neo, Abbott (Avalia glicemia e corpos cetônicos) ➔ Monitores contínuos de glicemia (Flash) podem ser utilizados para pacientes que necessitam de um monitoramento maior. PATRÍCIA LINDEMANN 6 Alguns gatos podem entrar em remissão diabética, dependendo da causa de origem dessa síndrome metabólica, deixando de depender da insulina,se tornando normoglicêmicos sem o tratamento insulínico. Dessa forma, o ideal é tentar controlar ao máximo essa diabetes, pois os gatos que apresentam uma terapia adequada, apresentam mais chances de entrar em remissão da diabetes. Por esse motivo, se esse paciente começar a apresentar quadros de hipoglicemia, podemos suspeitas dessa possibilidade. Além disso se a frutosamina começar a baixar ou ficar normal, podemos suspeitar da remissão para esse paciente. Se o paciente ficar 28 dias normoglicêmico sem tratamento insulínico, consideramos que o paciente entrou em remissão. Mas o cuidado e o acompanhamento com exames deve ser mantido, pois esses pacientes podem voltar a ter quadros de diabetes. Resistência Insulínica Qualquer fator inflamatório ou infeccioso, prejudicam o tratamento de um diabético, pois esses fatores levam a resistência insulínica. Esses fatores são: ➔ Incefção do trato urinário ➔ Estro ➔ Hipercortisolismo ➔ Doença periodontal ➔ Obesidade
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