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CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE
FACULDADE CENECISTA DE RIO DAS OSTRAS
DIREITO
Trabalho de Direito Civil IV
Rio das Ostras
2019
SUMÁRIO
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 7º v. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.	16
file:///C:/Users/marcu/Downloads/03-responsabilidade-civil-provedores.pdf. Acesso em: 14 de abril 2019.	17
http://www.ibdfam.org.br/_img/artigos/22_11_2011%20Afetividade.pdf. Acesso em 14 de abril de 2019.	17
EXAME. Ataque hacker global afeta 74 países, segundo empresa russa. Disponível em: https://exame.abril.com.br/tecnologia/ataque-hacker-global-afeta-74-paises-segundo-empresa-russa/Acesso em: 14 de abril de 2019.	17
INTRODUÇÃO
Com o objetivo de reparar o dano a outrem, que tenha este levado à diminuição do bem jurídico, tem-se a responsabilidade civil. Ressalta-se, no entanto, que sem dano não há o que se reparar, e assim, não haverá indenização de ordem material ou imaterial.
A responsabilidade civil parte do pressuposto que todo aquele que viola um dever jurídico de outro, através de um ato lícito ou ilícito, deve repará-lo. E desta forma, entende-se que um fato jurídico seria todo e qualquer acontecimento da vida em que o Direito considera como relevante, cabendo-se interferir. Inclui-se nos naturais, os acontecidos pela força da natureza, como o nascimento, a morte, e eventos de toda a natureza, ou voluntários quando são causados por condutas humanas, sendo atos lícitos ou ilícitos. Sendo os lícitos os que estão de acordo com a lei e os ilícitos os que não estão em conformidade com o ordenamento jurídico.
Far-se-á, antes de mais nada, a necessidade de compreender o significado da palavra "Responsabilidade", tendo origem do Latim "Respondere", significando então que quando alguém diante uma ação ou omissão causa um dano tem a obrigação de responder, assumindo as consequências que este dano tenha causado. Trazendo assim uma ordem jurídica na sociedade, como cita Gangliano.[footnoteRef:1] [1: Gagliano, Pablo Stolze, Novo Curso de Direito Civil. Resp. Civil. Ed. Saraiva, 2011, p. 43, 44] 
Destarte, trata-se a responsabilidade civil da obrigação do ofensor em restaurar todo o patrimônio perdido (moral ou material) do ofendido, fazendo voltar ao estado quo ante da ação ou omissão causadora do dano ou pelo menos, ao que se aproxime ao máximo disto. Em alguns casos mesmo sem culpa, no que é chamado de responsabilidade civil objetiva, deverá ser reparado o dano, já em outros somente com culpa, sendo esta a responsabilidade civil subjetiva.
DESENVOLVIMENTO
Responsabilidade civil pela perda de um a chance
Ampla é a discursão sobre a natureza jurídica da perda de uma chance tanto na doutrina quanto na jurisprudência. A análise de tal natureza, necessita de que se tece alguns esclarecimentos no que concerne os danos, pois consiste em um dos elementos essenciais da responsabilidade civil juntamente com da ação ou omissão e do nexo de causalidade. 
A lesão a um interesse jurídico tutelado patrimonial, causado por ação ou omissão, é subdividido em duas grandes espécies: o patrimonial e extrapatrimonial. O dano patrimonial (ou material) seria aquele que afeta o patrimônio da vítima. Como relata Flávio Tartuce: “Os danos patrimoniais ou materiais constituem prejuízos ou perdas que atingem o patrimônio corpóreo de alguém. Pelo que consta dos artigos 186 e 403 do CC, não cabe reparação de dano hipotético ou eventual, necessitando tais danos de prova efetiva, em regra”.[footnoteRef:2] [2: Tarturce, Flávio. Op. Cit., p. 522] 
A maior dificuldade seria no enquadramento na natureza jurídica, se na categoria de dano patrimonial ou extrapatrimonial. Uma parte da doutrina defende a ideia de que a chance deve ser caracterizada como uma terceira espécie de dano, autônomo, pois a indenização é devida pela perda da oportunidade da conquista de determinada vantagem.
Declara Sérgio Savi:
“A perda de uma chance, como visto, ao contrário do afirmado por alguns doutrinadores, pode, dependendo do caso concreto, dar origem a duas espécies de danos – patrimoniais e extrapatrimoniais -, cumulados ou não. No primeiro caso, o dano decorrente da perda da chance deve ser considerado, em nosso ordenamento, um dano emergente e não lucro cessante”.[footnoteRef:3] [3: Savi, Sérgio. Op. Cit., p. 122] 
E continua:
“Ao se inserir a perda de chance no conceito de dano emergente, elimina-se o problema da certeza do dano, tendo em vista que, ao contrário de se pretender indenizar o prejuízo decorrente da perda do resultado útil esperado, indeniza-se a perda da chance de obter o resultado útil esperado. [...] Ou seja, não estamos diante de uma hipótese de lucros cessantes em razão da vitória futura que restou frustrada, mas de um dano emergente em razão da atual possibilidade de vitória que deixou de existir”.[footnoteRef:4] [4: Savi, Sérgio. Op. Cit., p. 122] 
Meio fértil para debates é com relação à natureza jurídica da perda de uma chance. Pensava-se que a perda da chance estaria incluída na categoria de lucros cessantes.
Paulo Nader apreende que “a perda de chance, quando concreta, real, enquadra-se na categoria de lucros cessantes, ou seja, danos sofridos pelo que se deixou de ganhar ou pelo que não se evitou perder”.[footnoteRef:5] [5: NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. Responsabilidade civil. Vol. 7. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.p. 214] 
Não é do entendimento da doutrina majoritária e de jurisprudência, considerar a perda da chance como uma espécie de lucro cessante. Os julgadores irão esbarrar na necessidade da certeza, que não corrobora com as expectativas frustradas, como ocorre na perda da chance de sobrevivência ou de cura. Desta forma entende-se, majoritariamente, que a perda da chance deverá configurar categoria autônoma, não se confundindo com lucros cessantes ou danos morais. 
2.2. A responsabilidade civil na indústria fumageira
Alude, Rui Stoco, no Tratado de Responsabilidade Civil que “A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respondere, responder alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém por seus atos danosos”.[footnoteRef:6] [6: Stoco, Rui.Tratado de Responsabilidade Civil, 5ª Edição, Editora revista dos tribunais, São Paulo, 2001, p. 89] 
Haverá sempre a obrigação de se reparar um direito auferido por outrem, quando este for violado ou ferido, bastando que haja o nexo causalidade ligando o infrator ao atingido. A sanção legal será aplicável à espécie e a reparação cabível para se tentar restabelecimento do status quo ante.
O cigarro é uma droga que além de conter substâncias viciantes, seu uso acarreta uma série de implicações na saúde do usuário. Assim, o que se vê é que a indústria fumageira, mesmo sendo legalizada, vende um produto que não gera benefícios para o consumidor e apenas enriquece alguns. A indústria fumageira arrecada no Brasil arrecada 6 bilhões de reais de impostos anuais.
Mesmo sendo conhecedora das implicações do uso contínuo do cigarro, e mesmo detentora de tais informações, essa indústria vendia um produto com rótulo de pregava saúde. Diante disso, a legislação se viu obrigada a mudar, impondo ao fabricante a informação de forma clara e precisa dos malefícios causados pelo uso do cigarro.
No campo da responsabilidade civil, vislumbrando os a indústria fumageira, temos sua responsabilidade como fabricante, tendo estes que arcar com os danos que seus produtos possam causar aos consumidores, sendo amparados pela responsabilidade objetiva.
Desta forma em responsabilidade civil da indústria fumageira haverá como pano de fundo a responsabilidade por fato do produto, nos moldes do art. 12 do Código de Defesa do Consumidor – CDC, exigindo a ocorrência de três situações, concomitantemente: 
Sendo o produto defeituoso ou que a informação seja insuficiente ou inadequada;
Tendo ocorrência do dano, aliado à presença do nexo de causalidade;
Não sendo a hipótese de culpa exclusiva da vítima oude terceiros.
Muita divergência há sobre o cigarro ser ou não um produto defeituoso, sobre o dever de informação precisa pelos fabricantes de cigarros e, principalmente, sobre a possibilidade de demonstrar, a relação entre possível enfermidade e com consumo de cigarros. 
Acrescenta-se ainda, a questão da discussão acerca da aplicação da excludente de responsabilidade prevista no art. 12, § 3ª, III, do CDC. Sendo do entendimento majoritário, visto em decisões recentes do Superior Tribunal de Justiça, que se tem voltado para a negativa do dever de indenizar por parte dos fornecedores.
2.3. A responsabilidade civil ambiental, prevenção e imputação da responsabilidade do poluidor
A responsabilidade civil por danos ambientais é um assunto bastante discutido tanto na jurisprudência quanto na doutrina. Nota-se a vital importância do assunto, para ter-se o meio ambiente ecologicamente equilibrado com qualidade da vida na Terra.
Não basta minimizar os prejuízos, mas também desenvolver a conscientização ambiental. Qualquer pessoa que cause agravo ao meio ambiente, direta ou indiretamente, deve ser responsabilizado dentre duas teorias do risco, que são a imputação da responsabilidade através da relevância ou não dada ao nexo causal.
A responsabilidade civil ambiental está intimamente ligada à necessidade de resguardar o meio ambiente do crescimento e desenvolvimento das atividades humanas, possibilitando a sadia qualidade de vida presente e futura.
Com o desenvolvimento das tecnologias industriais no século XIX e como intuito de produção em larga escala, visando lucro cada vez maiores colocou em risco o meio ambiente ao longo desses anos. Por outro lado, a ciência que ainda não possuía recursos e estudos, muito pouco podia ajudar. Ou seja, os problemas ambientais foram deixados de lado em nome do progresso econômico.
A consequência de tudo isso foi uma grande degradação ambiental em termos mundiais. A situação era tão grave que se tomou consciência da necessidade de responsabilizar os causadores dos danos, para que estes pudessem ser reparados o mais rapidamente possível, de modo adequado e integral, pois se temia pela irreversibilidade da situação que comprometeria a vida na Terra.
Com o quase desaparecimento de espécies nativas, da Mata Atlântica, Amazônia, Restinga, Manguezais, entre outros ecossistemas, somado a quase extinção de alguns animais e aos problemas advindos do crescimento urbano descontrolado, trouxeram à tona o assunto e uma preocupação, que é a de como evitar maiores prejuízos.
O Estado criou leis que regularam o uso dos recursos naturais e proteção ao meio ambiente. Desta forma, procurando compensar a grande permissividade, o Brasil, saiu da completa falta de previsão na legislação para um sistema legal de proteção ambiental que é um dos mais evoluídos do mundo.
Foi então que ficou instituindo a responsabilidade tríplice em relação aos danos ambientais, respondendo nas esferas civil, penal e administrativa, cumulativamente.
A Lei 6.938/81 impõe ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados independentemente da existência de culpa. Esta lei foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que consolida ainda mais essa ideia em seu art. 225, § 3º.
“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independente da obrigação de reparar os danos causados”.[footnoteRef:7] [7: VADE MECUM, Compacto Brochura - Civil, São Paulo, v.1, 21ª Ed. 2019. p.] 
Portanto, a responsabilidade civil ambiental é objetiva, isto é, não se analisa subjetivamente a conduta do autor, mas a ocorrência do dano. Não se discute o fator culpa, havendo dano. Levando em conta que o coletivo se sobrepõe ao privado, pode-se afirmar que a teoria objetiva foi acertadamente escolhida devido à relevância do bem jurídico tutelado, já que o meio ambiente como bem comum do povo deve ser preservado acima de qualquer outro interesse particular, sendo a atividade poluidora um atentado ao direito fundamental à sadia qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Através dos princípios do poluidor-pagador e da reparação, a responsabilidade objetiva ambiental, obriga a quem danificou a obrigação de reparação e sendo possível, voltar ao status quo ante. Não se discute como se deu o ato prejudicial, pois não se leva em consideração se a atividade desenvolvida era ou não perigosa, se apresentava ou não risco. A intenção é justamente evitar o enriquecimento ou o lucro às custas da degradação ambiental.
Não necessita, portanto, comprovar a intenção, negligência, imprudência ou imperícia do autor, para que possa tutelar adequadamente um bem. Quem explora os recursos ambientais, por meio da atividade econômica, através, tem o papel de garantir o equilíbrio ecológico. 
Tem-se ainda, as medidas compensatórias. Estas dizem a respeito ao princípio da compensação do poluidor-pagador, diante da impossibilidade de recuperação total de bens ambientais lesados, como forma de reparação civil ao dano causado, como forma de diminui-los.
Por meio de ações positivas de preservação transforma-se penalidades pecuniárias, em obrigações de fazer medidas de proteção ambiental, substituindo as indenizações e tornando a reparação mais eficiente.
Esta medida compensatória está prevista no art. 3º da Lei nº 7.347/85, preceituando que a ação civil pública poderá ter por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, que inclui a recuperação específica, e a reparação por equivalente, nos demais casos. Como alude o artigo 3º “A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.[footnoteRef:8] [8: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347orig.htm] 
Pelo simples risco assumido, pela atividade potencialmente danosa, é mais que suficiente para impor a responsabilidade e a obrigatoriedade de reparação, independente da comprovação do nexo de causalidade, sendo chamada de “a teoria do risco integral”.[footnoteRef:9] Steigleider ao tratar da responsabilidade civil ambiental em obra destinada especificadamente ao tema leciona que "a existência de licenciamento ambiental e a observação dos limites de emissão de poluentes, bem como de outras autorizações administrativas, não terão o condão de excluir a responsabilidade pela reparação". [9: STEIGLEDER, Annelise Monteiro. Responsabilidade Civil Ambiental: As dimensões do dano ambiental no direito brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004. p.209] 
Quem estiver obtendo vantagens e criando o risco, deve arcar com tais consequências de seus atos, não sendo necessária que se prove nenhum liame entre a atividade e o dano. É a aplicação da teoria conditio sine qua nom.
Outra característica da responsabilidade civil ambiental é que demonstra não haver necessidade de que a lesão seja atual e certa, bastando unicamente, a possibilidade de um dano, para gerar o dever de indenizar, ficando claro os princípios do Direito Ambiental da Precaução e da Prevenção afastando o perigo em potencial.
2.4. A responsabilidade civil no direito da família
O maior problema enfrentado no direito de família, atualmente, seria acerca da responsabilidade civil dentro das relações familiares, que denotam uma imposição ilegal. 
Como consta com Código Civil, “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral comete ato ilícito”.[footnoteRef:10] Tendo assim que terá que indenizar. [10: Mécum, Vade. Art. 186, Código Civil. P. 143 ] 
Contudo, as relações familiares não possuam uma visão contratual, e assim, qualquer discussão direta sobre a responsabilidade civil oriunda de uma relação institucional deve ser verificada com cuidado. Isso pode ser visto por meio das decisões dos tribunais já por muitos anos.
No entanto, recentemente, começaram a surgir algumas decisões embasadas na doutrina. Mediante após inúmeras solicitações, porparte da sociedade, tais eventos, vem mudando. Sendo, portanto, pouco solicitada, não haverá razão para se estabelecer uma norma específica. Ressalta-se, contudo, que a responsabilidade do infrator pode ser administrativa, criminal ou cível.
Sabe-se que no âmbito das relações conjugais não há sanções administrativas, restando estas somente em relação aos filhos, tal como descrito nos artigos 245 ao 258 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA da Lei 8.069/1990.
Já criminalmente, posto no Código Penal Brasileiro, em os crimes contra a família, que variam do artigo 235 até o 243, além de se fundamentarem em penas, há aqueles que multa são previstas. E ainda, no Código Penal, estabeleceu-se uma diversidade de crimes “contra o estado de filiação”, “contra a assistência familiar” e “contra o pátrio poder, tutela curatela” – artigos 244 ao 249. Apesar de tudo isso, não há nenhuma menção alguma a responsabilidade civil quanto ao ofensor e ofendido dentro das relações familiares.
Pode-se citar alguns países que empregam em seu ordenamento a responsabilidade civil nas relações conjugais, como o caso de Espanha, Argentina, França e Portugal. Já na Alemanha, uma enorme resistência é encontrada quanto à aplicação da responsabilidade civil.
Apesar de não haver Lei que envolva o tema no Brasil, existem jurisprudência que denota responsabilidade civil nas relações familiares que datam desde 2001 (STJ, Resp. 37.051/SP). Por não ter natureza contratual as relações familiares, não é aceito em caso de descumprimento a responsabilidade civil.
Nos países citados anteriormente, o pacto antenupcial, denota uma relação contratual entre os cônjuges, sendo estipulado os deveres pessoais no ato. Em ocorrendo a recusa haverá duras penas para o cônjuge que a descumpriu. Em muitos casos o próprio Estado penaliza os cônjuges infratores dos deveres matrimoniais. 
2.5. A responsabilidade civil e internet
Os equipamentos e sistemas inventados para encurtar distâncias, que facilitam as comunicações e automatizar procedimentos acabam por tornar a vida do ser humano mais fácil e agradável. Uma série de outras invenções surgiram para facilitar as interações com as outras pessoas, como a internet, correspondências eletrônicas, redes sociais, etc.
Contudo, não há somente aspectos positivos, pois, acompanhado dos avanços vêm os problemas que estes causam. Muitos são as formas de denegrir a imagem de determinado indivíduo, golpes e outros muitos problemas usados pela internet.
Todos esses fatos negativos cabem na obrigação de indenização dos prejuízos causados pelos mais variados meios eletrônicos. Difícil é conseguir a compreensão de instituições tecnológicas, em suas responsabilidades obrigacionais diante de fatos onde a aplicação da norma.
É fato, que a legislação não consegue acompanhar os avanços tecnológicos das redes, bem como seus crimes e responsabilidades civis. 
Embora, em dado fato não exista legislação vigente específica sobre o assunto, é viável a análise dos requisitos da responsabilização civil, lograr responsabilização a indivíduos que causem danos nos indivíduos ou mesmo coletivos, por meio internet. E ainda, há a possibilidade de averiguar a existência de responsabilização subsidiária por parte do provedor nos casos de falta de segurança dos dados dos usuários.
Somados a tudo isso, verifica-se um grande número de provedores de serviços que utilizasse de meios ilegais para a captação dos dados dos usuários de internet. Com rigor, deve-se combater tais atos, pelos órgãos de proteção ao consumidor, incluindo-se neste, o Ministério Público.
Inicialmente, com o surgir da nova tecnologia, considera-se, com fim jurídico, o regime civilista de responsabilidade, com o intuito de determinar a responsabilidade civil dos provedores de Internet. Desta forma, as soluções dos fatos, por meio da teoria do risco da atividade, como ponto de apoio para isso, o uso do parágrafo único do art. 927 do Código Civil. “Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.[footnoteRef:11] [11: Mécum, Vade. Art. 927, Código Civil. P. 176] 
Bem como o parágrafo único que afirma o posto: 
“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.[footnoteRef:12] [12: Mécum, Vade. Art 927, parágrafo único, Código Civil. P. 176] 
Mais adiante, com as experiências de fatos anteriores, passou-se da teoria objetiva para a subjetiva, onde os provedores de Internet responderiam, em caso de dolo ou culpa, quando demonstrado sua ineficácia em remover o conteúdo danoso após notificação, ainda que extrajudicial.
Fato relevante ao estudo será citado abaixo:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL - CRIAÇÃO DE PERFIL FALSO EM SÍTIO DE RELACIONAMENTO (ORKUT) - AUSÊNCIA DE RETIRADA IMEDIATA DO MATERIAL OFENSIVO - DESÍDIA DO RESPONSÁVEL PELA PÁGINA NA INTERNET - SÚMULA N. 7 DO STJ - DECISÃO MONOCRÁTICA NEGANDO PROVIMENTO AO RECURSO - INSURGÊNCIA DA RÉ. 
1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sendo de que "o dano moral decorrente de mensagens com conteúdo ofensivo inseridas no site pelo usuário não construí risco inerente à atividade dos provedores de conteúdo, de modo que não se lhes aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. 927, parágrafo único, do CC/02" (Resp. 1308830/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 08/05/2012, Dje 19/06/2012). Contudo, o provedor de internet responderá solidariamente com o usuário autor do dano se não retirar imediatamente o material moralmente ofensivo inserido em sítio eletrônico. 
2. Revela-se impossível o exame da tese fundada na inexistência de desídia da recorrente ao não reparar o perfil denunciado como falso e com conteúdo ofensivo, porque demandaria a reanálise de fatos e provas, providência vedada a esta Corte em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 
3. Agravo regimental desprovido. (308.163/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 14/05/2013, Dje 21/05/2013)[footnoteRef:13] [13: file:///C:/Users/marcu/Downloads/03-responsabilidade-civil-provedores.pdf] 
Como exemplificado na jurisprudência exaltada anteriormente, o marco Civil da Internet estabeleça a responsabilidade aos provedores por guardar os registros de acesso a aplicações da Internet, o descumprimento dessa obrigação não implica em responsabilização por danos causados por terceiros não identificados. 
Como alude o Art. 17, da Lei n. 12.965/2014:
“Ressalvados as hipóteses previstas nesta Lei, a opção por não guardar os registros de acesso a aplicações de internet não implica responsabilidade sobre danos recorrentes do uso desses serviços por terceiros”.[footnoteRef:14] [14: Mécum, Vade. Lei 12.965, artigo 17. página 2218] 
Contudo, é cabível a aplicação de sanções como advertência, multa, suspensão temporária das atividades ou proibição do exercício das atividades, sendo aplicadas alternativamente ou cumulativamente, conforme o caso.
Por fim, quanto à responsabilidade civil por violação de direitos autorais ou direitos conexos, o Marco Civil da Internet dispõe, em seu art. 31, que, até a entrada em vigor de lei específica, permanecerá em vigor a norma vigente, qual seja, a Lei n.9.610/98.
Nota-se que a jurisprudência vem entendendo no que concerne à violação de direitos autorais, que o provedor será responsabilizado apenas, se houver intencional induzimento ou encorajamento para o cometimento de ilícitos por parte de terceiros. E mais, se o provedor se recusa a controlar ou limitar os danos em caso de uso indevido de obra protegida que resulte em lucratividade do infrator.
Desde que foi publicada a então Lei 12.965, de 23 de abril de 2014, ficou registrado como o “marco civil da internet”, que não deu cabo a todas as demandas referentes ao assunto, contudo norteou-se que até então, era pura escuridão judicial. O texto jurídico é dividido emcinco capítulos, reservado ao primeiro, nas disposições preliminares, cabem os princípios que devem ser observados no uso da internet por todos os agentes envolvidos, como a garantia de liberdade de expressão, a proteção da privacidade, dentre outros. Já no segundo capítulo, é tratado os direitos e garantias desses usuários, tais como o direito à inviolabilidade da intimidade e ao sigilo das comunicações privadas, entre outros, além do direito à indenização pelo uso indevido. No terceiro capítulo, trata-se da provisão de conexão e de aplicação de internet, sendo este dividido em quatro seções, que tratam da neutralidade da rede, da proteção e guarda dos registros, dados pessoais e das comunicações privadas, da responsabilidade pelos danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros, além da requisição judicial de registros. Chegado ao quarto capítulo, trata da atuação do poder público de promover o desenvolvimento da internet no país através de mecanismos de governança multiparticipativa, buscando sempre a racionalização da gestão, da expansão e uso da internet, além de garantir a interoperabilidade tecnológica dos serviços de governo eletrônico entre os diversos setores públicos. No quinto, trata-se das disposições finais, tais como o controle parental de conteúdo, a inclusão digital, a forma de exercício em juízo dos direitos e interesses estabelecidos nessa lei, além da vacatio legis, fixada em sessenta dias após sua publicação.
REFERÊNCIAS
ASCENÇÃO, José de Oliveira. Direito da Internet e da sociedade da informação. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
DE LUCCA, Newton. Aspectos jurídicos da contratação informática e telemática. São Paulo: Saraiva, 2003.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 7º v. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
FILHO, Sergio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil. 7ª Ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2007.
GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil. Resp. Civil. Ed. Saraiva, 2011.
SAVI, Sérgio. Responsabilidade Civil por Perda de Uma Chance. Editora Atlas. 3ª Edição. São Paulo, 2012.
STEIGLEDER, Annelise Monteiro. Responsabilidade Civil Ambiental: As dimensões do dano ambiental no direito brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004. 
VADE MECUM, Compacto Brochura - Civil, São Paulo, v.1, 21ª Ed. 2019.
https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/ataque-de-hackers-sem-precedentes-provoca-alerta-no-mundo.ghtml. Acesso em: 03 de abril de 2019.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347orig.htm. Acesso em: 03 de abril de 2019.
file:///C:/Users/marcu/Downloads/03-responsabilidade-civil-provedores.pdf. Acesso em: 14 de abril 2019.
http://www.ibdfam.org.br/_img/artigos/22_11_2011%20Afetividade.pdf. Acesso em 14 de abril de 2019.
EXAME. Ataque hacker global afeta 74 países, segundo empresa russa. Disponível em: https://exame.abril.com.br/tecnologia/ataque-hacker-global-afeta-74-paises-segundo-empresa-russa/Acesso em: 14 de abril de 2019.

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