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Módulo 06 Trauma Dentoalveolar 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO AO TRAUMA DENTOALVEOLAR .....................................................05 FRATURAS DENTÁRIAS EM DENTES PERMANENTES ...........................................07 ACHADOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS ...................................................................07 TRATAMENTO ...................................................................................................................09 TRINCA ........................................................................................................................09 FRATURA DE ESMALTE ..........................................................................................09 FRATURA DE ESMALTE E DENTINA SEM EXPOSIÇÃO PULPAR ...............09 FRATURA DE ESMALTE E DENTINA COM EXPOSIÇÃO PULPAR .............10 FRATURA CORONORADICULAR SEM EXPOSIÇÃO PULPAR .....................10 FRATURA CORONORADICULAR COM EXPOSIÇÃO PULPAR ...................11 FRATURA RADICULAR ...........................................................................................12 ACOMPANHAMENTO ......................................................................................................15 FRATURAS NOS TECIDOS DE SUPORTE DOS DENTES PERMANENTES .........18 ACHADOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS ..................................................................18 TRATAMENTO ...................................................................................................................20 CONCUSSÃO .............................................................................................................20 SUBLUXAÇÃO ...........................................................................................................20 LUXAÇÃO LATERAL ................................................................................................20 LUXAÇÃO EXTRUSIVA ...........................................................................................21 LUXAÇÃO INTRUSIVA ............................................................................................21 FRATURA DO PROCESSO ALVEOLAR ...............................................................22 ACOMPANHAMENTO .....................................................................................................23 AVULSÃO NA DENTIÇÃO PERMANENTE ..................................................................25 COMO ORIENTAR O PACIENTE A AGIR NO PÓS-TRAUMA IMEDIATO (NO LOCAL DO ACIDENTE)? ..........................................................................................25 VIABILIDADE PARA O REIMPLANTE .............................................................................27 4 PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO ...............................................................................28 QUANDO REALIZAR TRATAMENTO ENDODÔNTICO? ............................................29 ACOMPANHAMENTO ......................................................................................................30 FRATURAS DENTÁRIAS EM DENTES DECÍDUOS ....................................................32 ACHADOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS ...................................................................32 TRATAMENTO ...................................................................................................................33 FRATURA DE ESMALTE ..........................................................................................33 FRATURA DE ESMALTE E DENTINA SEM EXPOSIÇÃO PULPAR ...............33 FRATURA DE ESMALTE E DENTINA COM EXPOSIÇÃO PULPAR .............33 FRATURA CORONORADICULAR SEM EXPOSIÇÃO PULPAR .....................34 FRATURA CORONORADICULAR COM EXPOSIÇÃO PULPAR ...................34 FRATURA RADICULAR ...........................................................................................35 ACOMPANHAMENTO .....................................................................................................36 FRATURAS NOS TECIDOS DE SUPORTE DOS DENTES DECÍDUOS ...................38 ACHADOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS ...................................................................38 TRATAMENTO ...................................................................................................................40 CONCUSSÃO .............................................................................................................40 SUBLUXAÇÃO ...........................................................................................................40 LUXAÇÃO LATERAL ................................................................................................40 LUXAÇÃO EXTRUSIVA ...........................................................................................41 LUXAÇÃO INTRUSIVA ............................................................................................41 FRATURA DO PROCESSO ALVEOLAR ...............................................................42 AVULSÃO ....................................................................................................................42 ACOMPANHAMENTO ......................................................................................................43 5 INTRODUÇÃO AO TRAUMA DENTOALVEOLAR Lesões aos dentes e ao processo alveolar são comuns e devem ser consideradas situações de urgência, pois o resultado depende do pronto atendimento à lesão. Como o tratamento adequado só pode ser realizado após o diagnóstico correto, o processo de diagnóstico deve ser realizado imediatamente. No caso de traumas mais extensos (como, por exemplo, fraturas de mandíbula e demais ossos da face, grandes lacerações ou danos às estruturas neurológicas), o paciente deverá ser encaminhado com urgência a um serviço de referência hospitalar. Quanto às lesões dentoalveolares, que são nosso foco de abordagem neste módulo, podemos observar a ocorrência das mesmas, com maior frequência, na infância e em adultos jovens. As lesões de luxação são mais comuns na dentição decídua, enquanto as fraturas da coroa são mais comumente relatadas para a dentição permanente. Para um correto planejamento, tratamento e acompanhamento, devemos realizar uma anamnese e exame clínico detalhado: 1) Exame neurológico básico Tomada dos sinais vitais, observação visual clínica e relatos do paciente quanto à presença de distúrbios visuais, náuseas ou vômitos, períodos de inconsciência, amnésia, cefaleia e tontura. Caso o paciente apresente qualquer desses sintomas, encaminhá-lo ao hospital. 2) História médica do paciente Comorbidades sistêmicas, uso de medicação, alergias e cirurgias prévias. isabelamiquilini Sublinhado 6 3) História do trauma Quando, onde e como ocorreu o trauma? Que tratamento foi realizado desde que a lesão ocorreu? Alguém observou dentes ou fragmentos de dentes no local do acidente? 4) Exame clínico extra e intraoral Atentar para lesões de tecidos moles extraorais e fraturas de ossos da face. No exame intraoral, observar fraturas dentárias, mobilidade ou deslocamento de dentes, tecidos moles afetados, fratura de tecido ósseo alveolar e oclusão. 5) Exames complementares (tomadas radiográficas ou tomografia computadorizada) Verificar estágio de erupção dental, grau de rizogênese dos dentes, fragmentos em tecido ósseo, presença de fraturas ósseas ou dentárias, reabsorções radiculares, deslocamentos intrusivos e extrusivos, presença de alguma alteração patológica e tamanho da câmara pulpar. Para guiarmos melhor o nosso atendimento de urgência frente aos traumas dentoalveolares, este módulo irá abordar os achados clínicos e radiográficos, a forma de tratamento e o período de acompanhamento pós-trauma de: fraturas dentárias em dentição permanente, fraturas dos tecidos de suporte na dentição permanente, fraturas dentárias em dentição decídua e fraturas dos tecidos de suporte na dentição decídua. 7 DENTIÇÃO PERMANENTE FRATURAS DENTÁRIAS EM DENTES PERMANENTES As fraturas às estruturas dentárias que podemos observar nos dentespermanentes são: trinca, fratura de esmalte, fratura de esmalte e dentina sem ou com exposição pulpar, fratura corono-radicular sem ou com exposição pulpar e fratura radicular. Todas elas serão abordadas nesta etapa, iniciando pelos achados nos exames clínico e radiográfico, passando pelo manejo e tratamento e finalizando com o acompanhamento pós-trauma. ACHADOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS Quadro 1 – Achados clínicos e radiográficos de fratura dentária em dentição permanente. v SENSIBILIDADE À PERCUSSÃO CONDIÇÕES PULPARES (TESTE DE SENSIBILIDADE) MOBILIDADE CARACTERÍSTICA RADIOGRÁFICA Trinca - + - Sem anormalidades radiográficas Fratura de esmalte - + - Perda visível de esmalte Fratura de esmalte e dentina sem exposição pulpar - + - Perda visível de esmalte e dentina ACHADOS TIPO DE FRATURA isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado 8 Fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar - Polpa exposta - Perda visível de esmalte e dentina Fratura corono- radicular sem exposição pulpar + Teste + no fragmento apical + (no fragmento coronário) Extensão apical da fratura geralmente não visível Fratura corono- radicular com exposição pulpar + Polpa exposta + (no fragmento coronário) Extensão apical da fratura geralmente não visível Fratura radicular Pode estar sensível Teste – em um primeiro momento + Sangramento via sulco gengival pode ser observado A fratura envolve a porção radicular e pode estar em um plano horizontal ou oblíquo +: positivo ou presente / -: negativo ou ausente Fonte: Adaptado de Diangelis et al. (2012). 9 TRATAMENTO TRINCA 1) Em casos de trincas visíveis, pode-se realizar selamento com resina composta, para prevenir a descoloração das linhas das trincas. 2) Caso contrário, nenhum tratamento é necessário. FRATURA DE ESMALTE 1) Se o fragmento dentário estiver presente, este poderá ser restaurado junto ao dente. 2) Entretanto, se o fragmento não for encontrado, devemos lançar mão de restauração com resina composta de acordo com a extensão e localização da fratura. FRATURA DE ESMALTE E DENTINA SEM EXPOSIÇÃO PULPAR 1) Se o fragmento dentário estiver presente, este poderá ser restaurado junto ao dente. 2) Se não, pode-se realizar um tratamento provisório recobrindo a dentina exposta (com ionômero de vidro) ou realizar uma restauração com maior durabilidade (utilizando resina composta). Figura 2 – Fratura de esmalte. Fonte: Diangelis et al. (2012). Figura 3 – Fratura de esmalte e dentista sem exposição pulpar. Fonte: Diangelis et al. (2012). Figura 1 – Trinca de esmalte. Fonte: Diangelis et al. (2012). isabelamiquilini Sublinhado 10 3) Se for possível observar a polpa por translucidez (rosa e sem sangramento), o cirurgião-dentista deverá realizar um capeamento pulpar indireto com base de hidróxido de cálcio. FRATURA DE ESMALTE E DENTINA COM EXPOSIÇÃO PULPAR 1) Em pacientes com rizogênese incompleta ou em pacientes jovens com rizogênese completa, é vantajoso preservar a vitalidade pulpar por meio de capeamento pulpar com hidróxido de cálcio ou pulpotomia parcial. 2) Em pacientes com desenvolvimento radicular completo, geralmente a pulpectomia é o tratamento de escolha, embora o capeamento pulpar ou a pulpotomia parcial também possam ser realizados. 3) Se o fragmento dentário estiver presente, este poderá ser restaurado junto ao dente. Se não, podemos lançar mão de restauração provisória (com ionômero de vidro) ou mais duradoura (com resina composta). FRATURA CORONORADICULAR SEM EXPOSIÇÃO PULPAR - Como tratamento de emergência, uma estabilização temporária do fragmento com mobilidade pode ser realizada até que um plano de tratamento seja elaborado, que dependerá da extensão da fratura. 1) LIMITE DA FRATURA VISÍVEL (PRÓXIMO AO NÍVEL GENGIVAL): remoção do Figura 5 – Fratura coronoradicular sem exposição pulpar. Fonte: Diangelis et al. (2012). Figura 4 – Fratura de esmalte e dentista com exposição pulpar. Fonte: Diangelis et al. (2012). isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado 11 fragmento coronário fraturado e restauração subsequente da estrutura dentária remanescente. 2) FRATURA NA REGIÃO CERVICAL DA RAIZ: remoção do fragmento coronário fraturado, realização de gengivectomia (podendo ou não estar associada a osteotomia) e restauração/reabilitação protética. 3) CASOS NÃO PASSÍVEIS DE RESTAURAÇÃO DIRETA OU GENGIVECTOMIA: remoção do fragmento coronário, extrusão ortodôntica do remanescente radicular e restauração/reabilitação protética. 4) DENTES QUE NÃO PODEM SER RESTAURADOS POIS A EXTENSÃO DA FRATURA ATINGE TERÇOS MÉDIO-APICAIS: extração. Se houver fratura alveolar concomitante, devemos realizar sepultamento radicular e a extração deve ser adiada por algumas semanas para permitir a consolidação da fratura, prevenindo, assim, a perda desnecessária do osso alveolar no momento da extração. FRATURA CORONORADICULAR COM EXPOSIÇÃO PULPAR - Como tratamento de emergência, uma estabilização temporária do fragmento com mobilidade pode ser realizada até que um plano de tratamento seja elaborado, que dependerá da extensão da fratura. 1) LIMITE DA FRATURA VISÍVEL (PRÓXIMO AO NÍVEL GENGIVAL): remoção do fragmento coronário fraturado, tratamento endodôntico e restauração subsequente da estrutura dentária remanescente. 2) FRATURA NA REGIÃO CERVICAL DA RAIZ: remoção do fragmento coronário, Figura 6 – Fratura coronoradicular com exposição pulpar. Fonte: Diangelis et al. (2012). 12 realização de gengivectomia (podendo ou não estar associada a osteotomia), tratamento endodôntico do remanescente radicular e restauração/reabilitação protética. 3) CASOS NÃO PASSÍVEIS DE RESTAURAÇÃO DIRETA OU GENGIVECTOMIA: remoção do fragmento coronário, tratamento endodôntico do remanescente radicular, extrusão ortodôntica do remanescente radicular e restauração/ reabilitação protética. 4) DENTES QUE NÃO PODEM SER RESTAURADOS POIS A EXTENSÃO DA FRATURA ATINGE TERÇOS MÉDIO-APICAIS: extração. Se houver fratura alveolar concomitante, devemos realizar sepultamento radicular e a extração deve ser adiada por algumas semanas para permitir a consolidação da fratura, prevenindo, assim, a perda desnecessária do osso alveolar no momento da extração. Neste tipo de fratura, a abordagem endodôntica é necessária pela exposição pulpar gerada pelo trauma: Em pacientes com rizogênese incompleta ou em pacientes jovens com a rizogênese completa, é vantajoso preservar a vitalidade pulpar por meio da realização de uma pulpotomia parcial. Em pacientes com rizogênese completa, o tratamento endodôntico deve ser o tratamento de escolha. FRATURA RADICULAR A fratura radicular horizontal poderá ocorrer no terço cervical, médio ou apical da raiz. O tratamento irá variar de acordo com a localização. Figura 7 – Terços radiculares. Fonte: Ellis III (2015). 13 TERÇO MÉDIO E APICAL 1) Reposicionar o fragmento coronário, nos casos onde há deslocamento. 2) Checar a posição radiograficamente. 3) Estabilizar o elemento com contenção rígida por 4 semanas. 4) É recomendado monitorar a vitalidade pulpar por pelo menos 1 ano. TERÇO CERVICAL Nestes casos, temos duas opções. A primeira deverá ser usada nos casos que são fraturados muito próximos à junção amelocementária. E a segunda, nos casos de fraturas no terço cervical próximas ao terço médio. 1) O fragmento coronário deverá ser removido e o tratamento endodôntico realizado. Após, a reabilitação protética está indicada. Em alguns casos, gengivectomia (com ou sem ostectomia) será necessária. 2) Mesma abordagem que o terço médio e apical (reposicionar o fragmento coronário, nos casos onde há deslocamento, checar a posição radiograficamente). Entretanto, a contenção rígida ficará por 4 meses. Figura 8 – Fratura radicular em terços médio eapical. Fonte: Ellis III (2015). 14 COMO ESTABILIZAR OS CASOS DE FRATURA DENTÁRIA OU DAS ESTRUTURAS DE SUPORTE QUE NECESSITAM DE CONTENÇÃO? Rígida: fio ortodôntico rígido + colagem com resina composta (Figura 9) Semirrígida: fio ortodôntico leve + colagem com resina composta ou aparelho ortodôntico com fio leve (Figura 10) Flexível: fio de nylon + colagem com resina composta (Figura 11) ou splint de resina composta (Figura 12) A contenção deve envolver dois dentes para mesial e dois dentes para distal para conseguirmos realizar uma correta estabilização da fratura. Nos exemplos abaixo, podemos considerar que o dente 41 sofreu um trauma e que as contenções envolvem os dentes 42, 43, 31 e 32. Caso a fratura envolvesse os dentes 31, 41 e 42, a contenção se estenderia do dente 44 ao dente 33. Figura 9 – Contenção rígida. Fonte: Arquivo dos autores (2020). { isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado 15 Figura 10 – Contenção semirrígida. Fonte: Arquivo dos autores (2020). Figura 11 e 12 – Contenção flexível. Fonte: Arquivo dos autores (2020). ACOMPANHAMENTO Quadro 2 – Acompanhamento no período pós-trauma de fraturas dentárias em dentição permanente. TIPO DE FRATURA CONDUTA Trinca Nenhum acompanhamento é necessário Fratura de esmalte 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos 16 Fratura de esmalte e dentina 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Fratura de esmalte, dentina e polpa 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Fratura corono-radicular sem exposição pulpar 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Fratura corono-radicular com exposição pulpar 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Fratura radicular dos terços cervical ou apical 4 semanas: exames clínicos e radiográficos + remoção da contenção 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 4 meses: exames clínicos e radiográficos + remoção da contenção das fraturas mais cervicais 6 meses: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos 5 anos: exames clínicos e radiográficos Os exames clínicos devem incluir: avaliação de fraturas das restaurações, observação de escurecimentos dentários, teste de sensibilidade à percussão, teste de sensibilidade pulpar e avaliação de mobilidade dentária. Fonte: Adaptado de Diangelis et al. (2012). Nestas consultas, devemos estar atentos principalmente à necessidade ou não de realizar de tratamento endodôntico nos dentes traumatizados. O QUE PRECISAMOS PRESTAR ATENÇÃO? - No caso de traumas que não tiveram exposição pulpar, nos primeiros 90 dias, os testes de vitalidade pulpar podem ter um resultado chamado de “falso-negativo”. Ou seja, a resposta aos testes é negativa, mas não necessariamente a polpa já isabelamiquilini Realce 17 está em necrose pulpar. Isto é um processo gerado pelo período pós-trauma e devemos aguardar este período para iniciar qualquer abordagem endodôntica. - Após este período de 90 dias, os dentes que não tiveram exposição pulpar e estão tendo resultados negativos nos testes de vitalidade, requerem tratamento endodôntico. - Estes resultados negativos nos testes de vitalidade podem surgir por até 1 ano de período pós-trauma, sendo chamados de “necrose tardia”. Por isso, a importância de realizarmos acompanhamento de até 1 ano no pós-trauma. 18 FRATURAS NOS TECIDOS DE SUPORTE DOS DENTES PERMANENTES Além de atingir estruturas dentárias, o trauma também poderá causar dano às estruturas de suporte. Podendo ou não estar associado às fraturas dentárias, o trauma aos tecidos de suporte requer atenção especial do cirurgião-dentista, visto que o grau e o manejo da fratura poderão resultar em um prognóstico desfavorável para a manutenção do dente. Nesta etapa iremos abordar sobre concussão, subluxação, luxação lateral, intrusiva e extrusiva e fratura do processo alveolar. Além disso, teremos um foco especial à avulsão do dente permanente, onde o cirurgião-dentista tem papel importantíssimo. ACHADOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS Quadro 3 – Achados clínicos e radiográficos de fratura nos tecidos de suporte em dentição permanente. v SENSIBILIDADE À PERCUSSÃO DESLOCAMENTO OU MOBILIDADE CONDIÇÕES PULPARES (TESTE DE SENSIBILIDADE) CARACTERÍSTICA RADIOGRÁFICA Concussão + Não + Ausência de alterações radiográficas Subluxação + Aumentada Sangramento via margem gengival pode ser observado Podem ser inicialmente - Alterações radiográficas não são normalmente encontradas ACHADOS TIPO DE FRATURA 19 Luxação lateral Som metálico à percussão Imóvel - ELP aumentado + fratura do processo alveolar Luxação extrusiva Excessiva - ELP apical aumentado Intrusão Som metálico à percussão Imóvel - ELP pode estar ausente em parte ou em toda a porção radicular JAC está localizada mais apicalmente em comparação aos dentes adjacentes Fratura do processo alveolar Provável mobilidade em bloco Ainda, apresenta deslocamento de osso alveolar e diversos dentes ao mesmo tempo + ou - Linhas de fratura podem ser localizadas em qualquer nível, desde o osso marginal até o ápice radicular ELP = espaço do ligamento periodontal / JAC = junção amelocementária +: positivo ou presente / -: negativo ou ausente Fonte: Adaptado de Diangelis et al. (2012). 20 TRATAMENTO CONCUSSÃO 1) Nenhum tratamento é necessário. 2) Monitorar a vitalidade pulpar por pelo menos 1 ano. SUBLUXAÇÃO 1) Normalmente, nenhum tratamento é necessário. 2) No entanto, uma contenção semirrígida/flexível para estabilizar o elemento dentário e proporcionar conforto ao paciente pode ser indicada por até 2 semanas. LUXAÇÃO LATERAL 1) Reposicionar o dente digitalmente ou com uso de fórceps. 2) Estabilizar o dente durante 4 semanas com uso de contenção semirrígida/flexível (se houver fratura óssea, utilizar contenção rígida). 3) Monitorar a vitalidade pulpar. 4) Se ocorrer a necrose da polpa, o tratamento endodôntico é indicado para evitar a reabsorção radicular. Figura 13 – Concussão. Fonte: Diangelis, et al. (2012). Figura 14 – Subluxação. Fonte: Diangelis, et al. (2012). Figura 15 – Luxação lateral. Fonte: Diangelis, et al. (2012). 21 LUXAÇÃO EXTRUSIVA 1) Reposicionar o dente, inserindo o mesmo delicadamente no alvéolo. 2) Estabilizar o dente por 2 semanas usando contenção semirrígida/ flexível. 3) O tratamento endodôntico é indicado em dentes com rizogênese completa (nos quais a necrose pulpar ocorre precocemente) ou quando os sinais e sintomas indicarem necrose pulpar (seja em dentes com rizogênese completa ou incompleta). LUXAÇÃO INTRUSIVA DENTES COM RIZOGÊNESE INCOMPLETA: 1) Permitir a erupção sem intervenção. 2) Se nenhum movimento for observado dentro de algumas semanas, iniciar o reposicionamento ortodôntico. 3) Se o dente sofrer uma intrusão maior do que 7 mm, reposicionar com abordagem cirúrgica ou ortodôntica. DENTES COM RIZOGÊNESE COMPLETA: 1) Permitir a erupção sem intervenção em dentes que intruíram menos que 3 mm. 2) Se nenhuma movimentação for observada após 2-4 semanas, reposicionar com abordagem cirúrgica ou ortodôntica, antes que se desenvolva uma anquilose. 3) Se o dente sofrer uma intrusão maior do que 7 mm, reposicionar cirurgicamente. Figura 16 – Luxação extrusiva. Fonte: Diangelis, et al. (2012). Figura 17 – Luxação intrusiva. Fonte: Diangelis, et al. (2012). 22 A polpa provavelmente sofrerá necrose em dentes com rizogênese completa. Dessa forma, o tratamento endodôntico é recomendado e deverá ser iniciado 2-3 semanas após a cirurgia de reposicionamento. Se o dente for reposicionado com abordagem cirúrgica ou ortodôntica, realizar contenção semirrígida/flexível durante 4-8 semanas. FRATURA DO PROCESSO ALVEOLAR 1) Reposicionamento do segmentoalveolar deslocado + instalação de contenção rígida por 4 semanas. 2) Sutura de laceração gengival, quando presente. Figura 18 – Fratura do processo alveolar Fonte: Diangelis, et al. (2012). 23 ACOMPANHAMENTO Quadro 4 – Acompanhamento no período pós-trauma de fraturas dentárias em dentição permanente. TIPO DE FRATURA CONDUTA Concussão 4 semanas: exames clínicos e radiográficos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Subluxação 2 semanas: exames clínicos e radiográficos + remoção de contenção 4 semanas: exames clínicos e radiográficos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 6 meses: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Luxação lateral 2 semanas: exames clínicos e radiográficos + remoção de contenção 4 semanas: exames clínicos e radiográficos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 6 meses: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Anualmente por 5 anos: exames clínicos e radiográficos 24 Luxação extrusiva 2 semanas: exames clínicos e radiográficos + remoção de contenção 4 semanas: exames clínicos e radiográficos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 6 meses: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Anualmente por 5 anos: exames clínicos e radiográficos Intrusão 2 semanas: exames clínicos e radiográficos + remoção de contenção 4 semanas: exames clínicos e radiográficos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 6 meses: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Anualmente por 5 anos: exames clínicos e radiográficos Fratura do processo alveolar 4 semanas: exames clínicos e radiográficos + remoção da contenção 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 4 meses: exames clínicos e radiográficos 6 meses: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos 5 anos: exames clínicos e radiográficos Os exames clínicos devem incluir: avaliação de fraturas das restaurações, observação de escurecimentos dentários, teste de sensibilidade à percussão, teste de sensibilidade pulpar e avaliação de mobilidade dentária. Fonte: Adaptado de Diangelis et al. (2012). Nestas consultas, devemos estar atentos principalmente à necessidade ou não de realizar de tratamento endodôntico nos dentes traumatizados, seguindo as recomendações descritas na etapa anterior (fraturas dentárias em dentição permanente). isabelamiquilini Realce isabelamiquilini Realce isabelamiquilini Realce isabelamiquilini Realce isabelamiquilini Realce 25 AVULSÃO NA DENTIÇÃO PERMANENTE A avulsão é uma das mais graves lesões dentárias e o prognóstico é dependente das ações tomadas no local do acidente, imediatamente após a avulsão. O reimplante é, na maioria dos casos, o tratamento de escolha. Um adequado manejo e tratamento emergencial são importantes para um bom prognóstico. O reimplante pode salvar o elemento dentário, mas é importante destacar que alguns dos dentes reimplantados apresentam menores chances de sucesso a longo prazo e podem até mesmo ser perdidos ou extraídos numa fase posterior. Existem também situações individuais nas quais o reimplante não é indicado, como por exemplo, em presença de lesões de cárie severas ou de doença periodontal, em pacientes não colaboradores ou em portadores de condições sistêmicas graves (ex: imunossupressão). COMO ORIENTAR O PACIENTE A AGIR NO PÓS-TRAUMA IMEDIATO (NO LOCAL DO ACIDENTE)? 1) O paciente ou responsável deve encontrar o dente e segurá-lo pela coroa, evitando tocar na porção radicular. 2) Se o dente estiver sujo, o paciente ou responsável deve lavá-lo rapidamente por, no máximo, 10 segundos, em água corrente fria e reposicioná-lo no alvéolo. Tente encorajar o paciente ou o responsável a reimplantar o dente. Uma vez que o dente foi reimplantado, solicite que o paciente morda um lenço para mantê-lo em posição. isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Realce 26 3) Se isso não for possível ou por qualquer outra razão na qual o dente avulsionado não é passível de ser reimplantado (por exemplo, um paciente inconsciente), oriente a colocação do dente em um meio de armazenamento adequado. Leite; Solução salina (soro fisiológico); Saliva (mantendo o dente nos lábios ou bochechas, se o paciente estiver consciente e se tiver a consciência de não engolir o dente); IDEAL: meio de cultura de células ou solução balanceada de Hanks. 4) O paciente deverá procurar um cirurgião-dentista urgentemente. 27 VIABILIDADE PARA O REIMPLANTE A escolha do tratamento está relacionada com o grau de formação radicular (ápice aberto ou fechado) e com a condição das células do ligamento periodontal. A condição das células do ligamento periodontal é dependente do meio de armazenamento e do tempo que o elemento dentário ficou fora da boca, especialmente o tempo em meio seco, o qual é crítico para a sobrevivência das células: - Reimplante imediato: células do ligamento periodontal estão provavelmente viáveis. - Dente mantido em meio de armazenamento adequado e o tempo extra alveolar total foi menor que 60 minutos: células do ligamento periodontal podem estar viáveis, mas comprometidas. - Dente mantido em meio de armazenamento não adequado e tempo extra- alveolar total superior a 60 minutos (independente do armazenamento): células do ligamento periodontal não estão viáveis. A partir desta explicação, o conteúdo está organizado por meio de fluxograma. Sendo este dividido de acordo com o tempo para o reimplante: reimplante imediato, dente mantido em meio de armazenamento adequado com tempo extra alveolar total menor que 60 minutos e dente mantido em meio de armazenamento adequado com tempo extra alveolar total foi maior que 60 minutos. Neste fluxograma, podemos observar a atuação do cirurgião-dentista frente a estas condições. 28 PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO Evitar a participação em esportes de contato físico Dieta líquida e pastosa por 2 semanas Escovar os dentes com uma escova macia, após cada refeição Utilizar bochecho de clorexidina aquosa 0,12%, duas vezes ao dia, por 7 dias Dente reimplantado no momento da avulsão Dente mantido em armazenamento adequado ou local seco, com tempo extra-alveolar ↓ a 60 min Tempo extra-alveolar maior que 60 minutos ou outras razões que sugiram que as células não estejam viáveis DENTE AVULSIONADO COM RIZOGÊNESE COMPLETA OU INCOMPLETA Contenção flexível por até 4 semanas Mantenha o dente no local Limpe a área com água, soro fisiológico ou clorexidina Limpe de forma cautelosa a superfície da raiz e o forame apical com solução salina e mergulhe o dente em soro fisiológico, removendo a contaminação e as células mortas da superfície radicular Lave o alvéolo com solução salina e o examine (se houver fratura de parede alveolar, reposicione-a com um instrumento adequado) Reimplante o dente lentamente com uma ligeira pressão digital (não use força) Contenção flexível por até 2 semanas Realize anestesia local Verifique a posição do dente reimplantado clínica e radiograficamente Suture as lacerações (sempre que presentes) Inicie antibioticoterapia, verifique a proteção do paciente contra o tétano, forneça as instruções ao paciente* e realize o acompanhamento 29 QUANDO REALIZAR TRATAMENTO ENDODÔNTICO? Dente reimplantado no momento da avulsão Dente reimplantado no momento da avulsão Dente mantido em armazenamento adequado ou local seco, com tempo extra- alveolar ↓ a 60 min Dente mantido em armazenamento adequado ou local seco, com tempo extra- alveolar ↓ a 60 min Tempo extra-alveolar maior que 60 minutos ou outras razões que sugiram que as células não estejam viáveis Tempo extra-alveolar maior que 60 minutos ou outras razões que sugiram que as células não estejam viáveis DENTE AVULSIONADO COM RIZOGÊNESE COMPLETA DENTE AVULSIONADO COM RIZOGÊNESE INCOMPLETA Realizar antes do dente ser reimplantado ou 7-10 diasapós o reimplante Realizar antes do dente ser reimplantado ou 7-10 dias após o reimplante Iniciar o tratamento endodôntico de 7-10 dias após o reimplante e antes da remoção da contenção O objetivo do reimplante em dentes com rizogênese incompleta é permitir uma possível revascularização do espaço pulpar. Se isto não ocorrer, o tratamento endodôntico deve ser recomendado. Os riscos de desenvolvimento de uma reabsorção devido à infecção radicular devem ser avaliados contra as chances de revascularização. No caso de crianças, essa reabsorção é muito rápida. Se a revascularização não ocorrer, o tratamento endodôntico deve ser recomendado. 30 ACOMPANHAMENTO Os dentes reimplantados devem ser monitorados clinicamente e radiograficamente após 4 semanas, 3 meses, 6 meses, 1 ano e, em seguida, anualmente. Quadro 5 – Relação entre grau de rizogênese e prognóstico pós-trauma. v FAVORÁVEL DESFAVORÁVEL COMPLETA Elemento dental assintomático, mobilidade normal e percussão normal. Nenhuma evidência radiográfica de reabsorção ou osteíte perirradicular (lâmina dura deve aparentar normalidade). Elemento dental sintomático, mobilidade excessiva ou nenhuma mobilidade (anquilose), com som metálico à percussão. Evidência radiográfica de reabsorção (inflamatória, infecciosa ou substitutiva, associada à anquilose). Quando a anquilose ocorre em um paciente em crescimento, a infra- oclusão do dente pode prejudicar o crescimento alveolar e facial a curto, médio e longo prazo. INCOMPLETA Elemento dental assintomático, mobilidade normal e percussão normal. Evidência radiográfica de continuidade de formação radicular e erupção. Obliteração do espaço pulpar pode ser encontrada. Elemento dental sintomático, mobilidade excessiva ou nenhuma mobilidade (anquilose), com som metálico à percussão. Nos casos de anquilose, a coroa do dente estará em infra-oclusão. Evidência radiográfica de reabsorção (inflamatória, infecciosa ou substitutiva associada à anquilose) ou ausência de continuação da formação radicular. Quando a anquilose ocorre em um paciente em crescimento, a infra- oclusão do dente pode prejudicar o crescimento alveolar e facial a curto, médio e longo prazo. Fonte: Adaptado de Andersson et al. (2012). PROGNÓSTICO RIZOGÊNESE 31 DENTIÇÃO DECÍDUA Em muitos casos, a realização de uma avaliação e do tratamento em crianças é dificultada devido à falta de cooperação e em decorrência do medo. A situação é estressante para a criança e para os pais ou cuidadores. É importante considerar que existe uma relação muito próxima entre o ápice do dente decíduo e o germe do dente permanente subjacente e que estas lesões poderão trazer consequências à dentição permanente como: - Má-formação dentária, dentes retidos e distúrbios de erupção. - Hipoplasia e descolorações esbranquiçadas ou amarelo-amarronzadas da coroa. Devido ao potencial de sequelas, os planos de tratamento devem ser estabelecidos visando minimizar os danos aos dentes permanentes. A maturidade da criança e a capacidade de cooperar com a situação de emergência, o tempo para a esfoliação do dente decíduo e a oclusão são fatores importantes que influenciam o plano de tratamento. isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado 32 FRATURAS DENTÁRIAS EM DENTES DECÍDUOS ACHADOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS Quadro 6 – Achados clínicos e radiográficos de fratura dentária em dentição decídua. v MOBILIDADE CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICA Fratura de esmalte - Perda visível de esmalte. Fratura de esmalte e dentina sem exposição pulpar - Perda visível de esmalte e dentina. A relação entre a fratura e a câmara pulpar deve ser analisada. Fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar - Perda visível de esmalte e dentina. Fratura corono- radicular O deslocamento dentário pode ser mínimo ou moderado. Em fraturas posicionadas lateralmente, a extensão em relação à margem gengival pode ser observada. Fratura radicular Pode estar com mobilidade ou deslocado A fratura geralmente é localizada no terço médio ou apical da raiz. -: negativo ou ausente OBS.: Os testes de sensibilidade e percussão não são confiáveis em dentes decíduos, devido aos resultados inconsistentes (pela capacidade de vascularização pulpar e pelo discernimento do próprio paciente pediátrico). Fonte: Adaptado de Malgrem et al. (2012). ACHADOS TIPOS DE FRATURA isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Realce isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado 33 TRATAMENTO FRATURA DE ESMALTE 1) Se o fragmento dentário estiver presente, este poderá ser restaurado junto ao dente. 2) Entretanto, se o fragmento não for encontrado, devemos lançar mão de restauração com resina composta, de acordo com a extensão e localização da fratura. 3) Pode-se também realizar polimento das bordas afiadas. FRATURA DE ESMALTE E DENTINA SEM EXPOSIÇÃO PULPAR 1) Se possível, selar completamente a dentina envolvida com ionômero de vidro para prevenir microinfiltração. 2) Em casos de grande perda de estrutura dentária, o dente pode ser restaurado com resinas compostas. FRATURA DE ESMALTE E DENTINA COM EXPOSIÇÃO PULPAR 1) Se possível, preservar a vitalidade pulpar realizando pulpotomia parcial com uso de hidróxido de cálcio. Uma camada de pasta Figura 19 – Fratura de esmalte. Fonte: Malgrem, et al. (2012). Figura 20 – Fratura de esmalte e dentina sem exposição pulpar. Fonte: Malgrem, et al. (2012). Figura 21 – Fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar. Fonte: Malgrem, et al. (2012). isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado 34 de hidróxido de cálcio pura bem condensada pode ser aplicada sobre a polpa, recoberta por um material de revestimento (como ionômero de vidro). 2) O dente pode ser restaurado com resinas compostas. 3) O tratamento depende da idade da criança. 4) Pode-se optar pela extração. FRATURA CORONORADICULAR SEM EXPOSIÇÃO PULPAR Dependendo dos achados clínicos, dois tipos de tratamento podem ser considerados: 1) Remoção do fragmento somente se a fratura envolve apenas uma pequena porção da raiz e se o fragmento remanescente tem extensão suficiente para permitir restauração coronária. 2) Em todos os outros casos, está indicada a extração. FRATURA CORONORADICULAR COM EXPOSIÇÃO PULPAR 1) Se possível, deve-se preservar a vitalidade pulpar por pulpotomia parcial com hidróxido de cálcio e recobrir o material com ionômero de vidro. 2) O tratamento depende da idade da criança. 3) A extração é geralmente a opção alternativa. Figura 22 – Fratura coronoradicular sem exposição pulpar. Fonte: Malgrem, et al. (2012). Figura 23 – Fratura coronoradicular com exposição pulpar. Fonte: Malgrem, et al. (2012). isabelamiquilini Sublinhado isabelamiquilini Sublinhado 35 FRATURA RADICULAR 1) Se o fragmento coronário não está deslocado, nenhum tratamento é necessário. 2) Se há deslocamento do fragmento coronário, pode ser considerado o reposicionamento com posterior contenção por 4 semanas. 3) Caso contrário, extrair somente o fragmento coronário. O fragmento apical deve ser deixado para ser reabsorvido. Figura 24 – Fratura radicular. Fonte: Malgrem, et al. (2012). isabelamiquilini Sublinhado 36 ACOMPANHAMENTO Quadro 7 – Acompanhamento no período pós-trauma de fraturas dentárias em dentição decídua. TIPO DE FRATURA CONDUTA Fratura de esmalte Nenhum acompanhamento é necessário Fratura de esmalte e dentina sem exposição pulpar 3ª-4ª semana: exames clínicos Fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar 1 semana: exames clínicos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Fratura corono-radicular Em caso de remoção do fragmento + restauração: 1 semana: exames clínicos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Após: monitoramento clínico e radiográficoa cada ano até a erupção do sucessor permanente 37 Fratura radicular Sem deslocamento: 1 semana: exames clínicos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Após: monitoramento clínico e radiográfico a cada ano até a erupção do sucessor permanente Em caso de reposicionamento + contenção 1 semana: exames clínicos 4 semanas: exames clínicos e radiográficos + remoção de contenção 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Após: monitoramento clínico e radiográfico a cada ano até a erupção do sucessor permanente Em caso de extração: 1 ano: exames clínicos e radiográficos Após: monitoramento clínico e radiográfico a cada ano até a erupção do sucessor permanente Os exames clínicos devem incluir: avaliação de fraturas das restaurações, observação de escurecimentos dentários e avaliação de mobilidade dentária. Fonte: Adaptado de Malgrem et al. (2012). 38 FRATURAS NOS TECIDOS DE SUPORTE DOS DENTES DECÍDUOS ACHADOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS Quadro 8 – Achados clínicos e radiográficos de fratura nos tecidos de suporte em dentição decídua. v MOBILIDADE OU DESLOCAMENTO CARACTERÍSTICA RADIOGRÁFICA Concussão Não Ausência de alterações radiográficas Subluxação Aumento da mobilidade, mas sem deslocamento Sangramento via margem gengival pode ser observado Alterações radiográficas não são normalmente encontradas Luxação lateral Imóvel O dente está deslocado, geralmente para a palatina/ lingual ou vestibular ELP aumentado Luxação extrusiva Excessiva Deslocamento parcial do dente do seu alvéolo ELP apical aumentado ACHADOS TIPO DE FRATURA 39 Intrusão O dente está geralmente deslocado através da tábua óssea vestibular ou colidindo com o dente permanente sucessor. Quando o ápice está deslocado em direção vestibular, a extremidade apical pode ser visualizada e o dente pode parecer mais curto em relação ao contralateral. Quando o ápice está deslocado em direção ao germe do dente permanente (palatina), a extremidade apical não pode ser visualizada e o dente parece alongado. Fratura do processo alveolar Mobilidade e deslocamento do segmento são comuns A linha de fratura horizontal ao ápice do dente decíduo e seu sucessor permanente pode ser verificada. Também devemos observar a relação entre as dentições e a fratura. Avulsão Dente completamente fora do alvéolo Exame radiográfico é essencial para garantir que o dente perdido não está intruído ELP = espaço do ligamento periodontal JAC = junção amelocementária OBS.: Os testes de sensibilidade e percussão não são confiáveis em dentes decíduos, devido aos resultados inconsistentes (pela capacidade de vascularização pulpar e pelo discernimento do próprio paciente pediátrico). Fonte: Adaptado de Malgrem et al. (2012). isabelamiquilini Realce 40 TRATAMENTO CONCUSSÃO 1) Nenhum tratamento é necessário. SUBLUXAÇÃO 1) Normalmente, nenhum tratamento é necessário. 2) Podemos orientar escovação com escova macia e uso tópico de clorexidina aquosa 0,12% no local do trauma (aplicação com cotonete). LUXAÇÃO LATERAL 1) Se não houver interferência oclusal (como em casos de mordida aberta anterior), é recomendado deixar que o dente se reposicione espontaneamente. 2) Em casos de pequena interferência oclusal, ligeiro ajuste oclusal está indicado. 3) Quando há grande interferência oclusal, o dente pode ser delicadamente reposicionado, Figura 25 – Concussão. Fonte: Malgrem, et al. (2012). Figura 26 – Subluxação. Fonte: Malgrem, et al. (2012). Figura 27 – Luxação lateral. Fonte: Malgrem, et al. (2012). O deslocamento da coroa do dente decíduo para vestibular tem piores repercussões no dente permanente do que o deslocamento da coroa para palatina. isabelamiquilini Realce 41 por meio de pressão digital vestibular e palatina/lingual simultaneamente, sob anestesia local. 4) Em casos de deslocamento severo, quando a coroa está deslocada para a vestibular, está indicada a extração. LUXAÇÃO EXTRUSIVA 1) A decisão do tratamento é baseada no grau de deslocamento, mobilidade, formação radicular e idade/cooperação da criança na situação de emergência. 2) Para extrusões menores que 3mm em um dente decíduo com rizogênese incompleta, temos algumas opções: reposicionamento cuidadoso, permitir o alinhamento espontâneo do dente ou realizar ajuste oclusal. 3) A extração é o tratamento de escolha para extrusões severas de dentes decíduos com rizogênese completa. LUXAÇÃO INTRUSIVA 1) Se o ápice está deslocado em direção vestibular, deve-se aguardar reposicionamento espontâneo do dente. 2) Se o ápice estiver deslocado em direção ao germe do sucessor permanente, deve-se realizar a extração do dente decíduo. Figura 28 – Luxação extrusiva. Fonte: Malgrem, et al. (2012). Figura 29 – Luxação intrusiva. Fonte: Malgrem, et al. (2012). isabelamiquilini Realce a raiz está para lingual e então colidindo com o permanente 42 FRATURA DO PROCESSO ALVEOLAR 1) Reposicionamento do segmento alveolar deslocado + instalação de contenção por 3-4 semanas. 2) Sutura de laceração gengival, quando presente. AVULSÃO 1) Não é recomendado o reimplante de dente decíduo avulsionado. Em alguns casos de fratura envolvendo os tecidos de suporte ou tecidos dentários, devido ao trauma, pode ocorrer descoloração da coroa. Nenhum tratamento é necessário a menos que haja o desenvolvimento de fístula. Por isso, o dente deve ser acompanhado cuidadosamente para detecção de sinais de infecção o mais precocemente possível. Figura 30 – Fratura do processo alveolar. Fonte: Malgrem, et al. (2012). Figura 31 – Avulsão. Fonte: Malgrem, et al. (2012). 43 ACOMPANHAMENTO Quadro 9 – Acompanhamento no período pós-trauma de fraturas dos tecidos de suporte em dentição decídua. TIPO DE FRATURA CONDUTA Concussão 1 semana: exames clínicos 6-8 semanas: exames clínicos Subluxação 1 semana: exames clínicos 6-8 semanas: exames clínicos Luxação lateral 1 semana: exames clínicos 2-3 semanas: exames clínicos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Luxação extrusiva 1 semana: exames clínicos 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 6 meses: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Intrusão 1 semana: exames clínicos 3-4 semanas: exames clínicos e radiográficos 6-8 semanas: exames clínicos 6 meses: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Após: monitoramento clínico e radiográfico a cada ano até a erupção do sucessor permanente 44 Fratura do processo alveolar 1 semana: exames clínicos 3-4 semanas: exames clínicos e radiográficos + remoção da contenção 6-8 semanas: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Após: monitoramento clínico e radiográfico a cada ano até a erupção do sucessor permanente Avulsão 1 semana: exames clínicos 6 meses: exames clínicos e radiográficos 1 ano: exames clínicos e radiográficos Após: monitoramento clínico e radiográfico a cada ano até a erupção do sucessor permanente Os exames clínicos devem incluir: avaliação de fraturas das restaurações, observação de escurecimentos dentários e avaliação de mobilidade dentária. Fonte: Adaptado de Malgrem et al. (2012). 45 REFERÊNCIAS ANDERSSON, L. et al. International Association of Dental Traumatology guidelines for the management of traumatic dental injuries: 2. Avulsion of permanent teeth. Dental Traumatology, Copenhagen, v. 28, n.2, p. 88-96, abr. 2012. Doi 10.1111/j.1600- 9657.2012.01125.x. DIANGELIS, A. J. et al. International Association of Dental Traumatology guidelines for the management of traumatic dental injuries: 1. Fractures and luxations of permanent teeth. Dental Traumatology, Copenhagen, v. 28, n. 1, p. 2-12, fev. 2012. Doi 10.1111/j.1600- 9657.2011.01103.x. ELLIS III, E. Lesões dos tecidos moles e dentoalveolares. In.: HUPP, J. R.; ELLIS III, E.; TUCKER,M. R. (org.). Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Cap. 23. MALGREM, B. et al. International Association of Dental Traumatology guidelines for the management of traumatic dental injuries: 3. Injuries in the primary dentition. Dental Traumatology, v. 28, n. 3, p. 174-182, jun. 2012. 46 EQUIPE RESPONSÁVEL Coordenação Geral Roberto Nunes Umpierre Marcelo Rodrigues Gonçalves Gerência do projeto Ana Célia da Silva Siqueira Coordenação Executiva Rodolfo Souza da Silva Responsável Teleducação Ana Paula Borngräber Corrêa Gestão educacional Ylana Elias Rodrigues Coordenação do curso Adriana Corsetti Taíse Simonetti Conteudistas Adriana Corsetti Taíse Simonetti Elaboração de questionários e testes Adriana Corsetti Angelo Luiz Freddo Taíse Simonetti Gravação das etapas cirúrgicas Adriana Corsetti Carlos Eduardo Baraldi Bruna Pires Porto Camila Longoni Luiza Bastos Nozari Taíse Simonetti Revisores Angelo Luiz Freddo Carlos Eduardo Baraldi Deise Ponzoni Vinicius Coelho Carrard Revisão ortográfica Ana Paula Borngräber Corrêa Angélica Dias Pinheiro Normalização Geise Ribeiro da Silva Projeto gráfico Lorenzo Costa Kupstaitis Diagramação e Ilustração Davi Perin Adorna Lorena Bendati Bello Michelle Iashmine Mauhs Pedro Vinícius Santos Lima 47 Filmagem/ Edição/Animação Héctor Gonçalves Lacerda Luís Gustavo Ruwer da Silva Camila Alscher Kupac Divulgação Angélica Dias Pinheiro Camila Hofstetter Camini Carolina Zanette Dill Laíse Andressa de Abreu Jergensen Dúvidas e informações sobre o curso Site: www.telessauders.ufrgs.br E-mail: ead@telessauders.ufrgs.br Telefone: 51 3308-2098 ou 51 3308-2093 Esta obra está protegida por uma licença Creative Commons: Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional