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ATLAS DO MÉTODO DE OVULAÇÃO Evelyn Billings-John Billings-Maurice Catarinich

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A tias B illings 
do Método de 
Ovulação 
PADRÕES DE MUCO DE 
FERTILIDADE E DE INFERTILIDAl>I~. 
ANTES DE INICIAR O USO DE QUALQUER MÉTODO NATURAL PROCURE UM 
INSTRUTOR CREDENCIADO PARA TIRAR TODAS AS SUAS DÚVIDAS SOBRE 
OS MESMOS, POIS SUA EFICÁCIA DEPENDE DA CORRETA APLICAÇÃO DE 
TODAS AS REGRAS.
A tias B illings 
do Método de Ovulação 
PADROES DE MUCO DE FERTILIDADE E DE INFERTILIDADE 
Evelyn L. Billings MB, BS, DCH (Lond.) 
John J. Billings KCSG, MD, FRACP, FRCP (Lond.) 
e Maurice Catarinich 
---- Com apêndices sobre ----
A Cérvix, a Vagina e Fertilidade 
Erik Odeblad MD, PhD 
A Base Científica do Método de Ovulação 
James B. Brown M Se, PhD, D Se, FRACOG 
EDITORA SANTUÁRIO, CENPLAFAM, REVINTER 
1993 
ANTES DE INICIAR O USO DE 
QUALQUER MÉTODO NATURAL 
PROCURE UM INSTRUTOR 
CREDENCIADO PARA TIRAR TODAS 
AS SUAS DÚVIDAS SOBRE OS 
MESMOS, POIS SUA EFICÁCIA 
DEPENDE DA CORRETA APLICAÇÃO 
DE TODAS AS REGRAS.
CONTEÚDOS 
Apresentação da edição brasileira ......................................................... ... ........... . iv 9. Efeito do Estresse sobre o Padrão do Muco ... ..... .... ...... ...... .. ............ ....... .. ... 37 
Prefácio da quinta edição ... ............. .. ....... ... ..... ... .... ..... .......... ...... ...... ..... ... ....... .. .. v 10. O Padrão do Muco e Função Ovariana Anormal ........ .... ................. .... ... ... .. .42 
l. A Filosofia Básica do Planejamento Familiar Natural.. ........ ..... ... ......... .......... l Anormalidades Ovarianas .... .... .. ........ ... ..... ................. ...... ... ~ ... ......... ... 42 
2. A Fisiologia do Método de Ovulação ............ ........ .......... ..... .. ....• ...... ... ........ ... 2 Descontinuidade no Uso da Pílula .. .. ...... ... ..... ... .... ............... ... .... ... .. .. .42 
Ovulação e Menstruação ............... ........................ ..... ..... ...................... 2 11. O Método de Ovulação e a "Infertilidade" ..... .. .............................. ..... ... .. ... . 51 
O Ciclo Ovariano ... ..... ........ ............. .............. ... ........... .............. ......... ... 2 Conduta para Conseguir uma Gravidez .... .. ........... .......... ........ ... .... ..... 51 
O Muco Cervical ... .... ...... ... ........... ................ ... ........... .... ........... ~ .......... 3 Conduta para Adiar a Gravidez ............... ................................... ....... .. 55 
O Ciclo Uterino ........................... ..... ......... .... ... ... ....... .......... .... .... .... ..... 4 12. Aplicação do Método de Ovulação após o Parto ..... .. ... .............. .... ... .... .... ... 56 
Aplicação do Método de Ovulação ... .. ...................... ............ ...... ...... ... . 6 Conduta após o Parto ou Aborto .......... ... .... .. ...... .... .. ..... ..... .... .... .. ....... 56 
3. O Ensino do Método de Ovulação .... ..... .. ..... .......... .............. ....... .... .. ........ .... .. 8 Conduta durante a Lactação e após o Desmame ......... ............ ........ .... 56 
A Organização do Ensino ............................... ........ ...... ... ........ .. .... .. .. .... 8 Atividade Estrogênica Significando Possível Fertilidade ...... .... ..... .... 60 
O Papel do Médico ............................ .... .... ..... ... .. ... .... ...... .... .. ... ....... ..... 8 13. O Método de Ovulação na Pré-Menopausa e Após a Menopausa .. .......... .... 64 
Propostas para o Ensino ..... ...... .... ..... ......... .... .. ... ................................... 9 Padrões Fisiológicos do Climatério ... .. ..... .. .. .. ..... ............ ..... .. .. ... .. ... ... 64 
Regras para o Reconhecimento do Muco ........... ................................. 11 Aplicação Prática do Método .... ..... ..... ..... ............... .. ... ..... ... .. ... ... ... .... 64 
Observações Gerais de um Ciclo Menstrual.. .... .. ...... ..... .. ...... .. ........... 12 Diretrizes para a Instrutora .. .. ....... .... .............. .... ........... ... ..... .......... .... 65 
Escolhendo o Sexo do Filho ..... ............... ...... ... ..... .... ..... .. .......... ... ... ... 15 14. Investigação da Gravidez ..... .... ... .... ........ ..... .... ....... ......... ...... ............ .. .... ... .. 72 
4. Registrando o Muco Cervical ............ ........... .... ..... .. .... .... ............. .... .... ....... .. 16 O Método Ideal ....... ... ................ .. ... .. .................. ................. .. .... ........ .. 72 
O Padrão Básico da Infertilidade ...... .... ............................................... 19 Terminologia .. ... ..... ....... ........ ....... .... .. ... .............................................. 73 
O Uso do Selo Amarelo ................ .......................... .............. ........ .... .. . 22 Exame do Gráfico ... .......... ..... .... ... .... .. .. ....... .. ... .. ........ ..... ....... ........ .. ... 7 4 
Evitar o "Pensamento do Ritmo" ..... .... ... ....... ..... .. .......... ........ ....... .. .... 23 Forma de Questionário .............. ... .... .................... ... ....... ............. ... ..... 78 
A Confiança Aumenta com a Experiência .... ..... ......... ... ........... ... ... .... 23 15. O Método de Ovulação nos Países em Desenvolvimento .. .. .. ... .. .... .............. 80 
5, As Regras dos Primeiros Dias para Adiamento da Gravidez .... ......... .... .... .... 24 16. O Método de Ovulação no Futuro ........... ... ....... .......... .. ....................... ......... 82 
6. A Regra Ápice para Adiamento da Gravidez ... ........... ........... ............ .......... .. 25 Apêndice 1: A Cérvix, a Vagina e a Fertilidade ............... ... ....... ...... ..... ........ ..... 85 
7. Ciclos Normais ........ .............. ......... .............. ................................................ .. 27 
Apêndice 2: A Base Científica do Método de Ovulação ...... ... ... .. ...... ................ 95 
H. O Prolongamento da Fase Pré-ovulatória do Ciclo: Reconhecimento da 
Apêndice 3: Glossário de Termos .... ..... ..... .... ......... ..... ..... ................................ 103 
Infertilidade Natural ... .... ..... ............... ...... ................. ................... 31 
A Fase Pré-Ovulatória .. ......... .. ........................................ .... ................ 31 
Gráfico do Registro Individual .... .... ... ............. ........................... .... .............. .... 107 
O Reconhecimento da Infertilidade ......... .. ................................ ...... .... 32 
Instruções para Manutenção do Registro Diário .... ... .. .. .... .......... ...................... 108 
111 
- -- - -
Apresentação da Edição Brasileira 
Pedem-me para escrever a apresentação da nova edição do "ATLAS BILLINGS DO MÉTODO DE OVULAÇÃO'', 
que depois de muita luta para sua publicação, é hoje uma realidade. Falar sobre o assunto, por sua complexidade, requer 
delicadeza e competência; sinto-me pequena pela grandeza da obra, mas feliz por mais esta vitória. 
Esse Atlas proporcionará às pessoas e, de modo especial, aos profissionais de saúde, uma visão atualizada do 
Planejamento Natural da Família através do Método de Ovulação Billings, dando as bases científicas e provando que é um 
método eficaz. 
Durante 20 anos de trabalho, ensinando Métodos Naturais, posso dizer que este livro contém muitas respostas que 
esperávamos numa edição brasileira com informações científicas novas e precisas. Tenho certeza que tanto os instrutores 
quanto os usuários poderão confirmar que o "Método de Ovulação Billings", com toda sua simplicidade, é uma técnica segura 
e inócua para o diagnóstico da fertilidade, mundialmente reconhecida, que leva a mulher a uma compreensão maior do seu 
corpo, libertando-a das amarras que, muitas vezes, lhe são impostas. 
Não há necessidade de falar mais sobre o assunto; a riqueza do Atlas falará por ele. 
Agradeço a todos que viabilizaram esta edição e os parabenizopela coragem e dedicação. 
IV 
Martha Sílva Bhering 
Enfermeira Obstétrica 
Presidente do CENPLAF AM 
1 
. 1 
Prefácio da Quinta Edição 
A cérvix (colo) do útero age como uma válvula biológica que se abre 
durante a menstruação, permitindo a saída do fluxo menstrual, e também 
1l11r 1nte o parto. Fora destes períodos, o canaldacérvixficacheio de secreção 
dn muco formado pelas células, revestindo a cérvix e suas criptas. Exceto 
du rante a fase fértil, este muco é denso e opaco, impossibilitando aos 
p rmatozóides entrar no útero, e providenciando, através de suas 
p101 riedades físicas e antibióticas, proteção ao aparelho reprodutor contra 
111' ções. Durante a fase fértil, o muco d~senvolve características físicas e 
qu micas que permitem proteger e nutrir os espermatozóides assim como 
ui ú-los da vagina para dentro do útero. 
C Método de Ovulação define a fase fértil do ciclo menstrual da mulher 
1 > t mpo de fertilidade máxima dentro da fase fértil, tendo por referência o 
11111 ·o cervical. Compreendendo o significado das observações que já faz 
h 1hitualmente, a mulher pode identificar com segurança as fases, tanto de 
lnf •rtilidade como de possível fertilidade, e também o dia de fertilidade 
111 IX ima. As observações essenciais são o reconhecimento dos padrões de 
11sação na vulva e a aparência de qualquer muco visível; e não a avaliação 
1 uma amostra isolada de muco. 
A verificação original do Método de Ovulação foi feita por estudos 
lfnicos da aplicação das observações do padrão de muco para obter ou adiar 
11 •ravidez. As conclusões foram posteriormente confirmadas pela medida 
li IN níveis hormonais ovarianos e a sua correlação com padrões de muco, em 
11111itas centenas de mulheres, em condições fisiológicas variadas. Estas 
11v tigações laboratoriais foram ampliadas para incluir meninas-moças, 
11111 ·s do início da menstruação (menarca) e mulheres após a menopausa, 
111no também, mulheres com vários distúrbios patológicos. Mais tarde, a 
11 111íli e detalhada do muco aspirado da cérvix em diferentes dias do ciclo 
111t·n trual, demonstrou que as observações feitas pela mulher, na vulva, 
1 vlt undo qualquer exame interno, refletem exatamente o que ocorre na 
l'l l'VÍX. 
Um número de variantes e de modificações do Método de Ovulação tem 
it lo apresentado com erros que refletem uma falta de entendimento, quer dos 
1 1tos biológicos nos quais está baseado o Método autêntico de Ovulação quer 
l 1, diretrizes para conseguir ou adiar a gravidez de acordo com a biologia. 
V 
Um conceito fundamental do Método de Ovulação é o do Padrão Básico 
de Infertilidade durante a fase pré-ovulatória do ciclo. Antes do início da 
maturação folicular que pode levar à ovulação, os ovários estão num estado 
de repouso no que se refere à produção do estrogênio e da progesterona; esta 
inatividade relativa resulta na ausência do fluxo de muco cervical ou na 
presença de secreção que não muda dia após dia. Em outras palavras, o 
Padrão Básico de Infertilidade demonstra a correspondência entre o nível 
baixo do estrogênio circulante antes do início da maturação folicular e a. 
observação que a mulher faz, na vulva, do seu padrão, sem mudanças. Se a 
cérvix não responder aos estrogênios, um padrão infértil (e infertilidade) 
continuará apesar da maturação folicular e da ovulação. 
Outro elemento importante da instrução engloba o fato de que perto da 
ovulação a mulher provavelmente observará um muco com características 
escorregadias e lubrificantes; o último dia em que este tipo de muco estiver 
presente, é chamado o dia sintoma Ápice, porque marca o ápice da fertilidade 
no ciclo. 
Auto-consciência da fertilidade e da infertilidade toda mulher deve ter. 
Instrução competente sobre princípios e detalhes práticos do Método autêntico 
de Ovulação, é empreendimento que merece atenção cuidadosa, em detalhes. 
Muitos benefícios são obtidos quando a mulher conhece o seu próprio padrão 
de muco, em tempos de saúde; ela poderá inclusive descobrir indicações 
precoces de vários distúrbios ginecológicos. 
Uma vez entendidas as manifestações naturais de infertilidade, de possível 
fertilidade e de fertilidade máxima, o casal pode escolher entre desejar uma 
gravidez ou evitá-la temporariamente ou para sempre, de acordo com suas 
necessidades. Logo que haja mudança, a partir do Padrão Básico de 
Infertilidade na fase pré-ovulatória do ciclo, é indispensável evitar o contato 
genital observando as características precisas do muco. A continuação de 
atividades genitais neste momento, com o uso de métodos contraceptivos de 
barreira ou com a prática do coito interrompido, toma difícil ou impossível 
a compreensão do padrão ovulatório do muco; isso a instrutora competente 
haverá de entender e sempre mencionar ao casal. 
J 
Os vários capítulos deste atlas, referem-se às diferentes circunstâncias 
fisiológicas da vida reprodutiva. O leitor perspicaz distinguirá logo que 
somente as circunstâncias estão variando; as observações e as regras para 
conseguir ou evitar uma gravidez sempre são feitas e aplicadas do 
mesmo modo. 
Quando a ovulação for adiada, resultará um ciclo longo. Em tal ciclo, o 
desenvolvimento folicular pode iniciar e cessar algumas vezes em várias 
ocasiões. Quando o desenvolvimento folicular se inicia, o nível do estrogênio 
circulante aumentará e a cérvix será estimulada a produzir muco; como 
resultado, a mulher nota uma mudança a partir do seu Padrão Básico de 
Infertilidade. O muco será observado enquanto está saindo do seu corpo ou, 
no caso de já ter uma secreção escassa sem mudanças, este muco será agora 
diferente. 
No caso de se querer adiar a grayidez, esta mudança a partir do Padrão 
Básico de Infertilidade será o sinal para evitar qualquer contato genital, a fim 
de determinar se o desenvolvimento folicular avançará para ovulação ou não. 
A regra simples "esperar para ver", evitando qualquer contato genital durante 
os dias em que esta mudança ocorrer, a partir do Padrão Básico de Infertilidade 
e mais 3 dias depois, garantirá que uma gravidez não planejada não ocorra, 
já que foi dado tempo suficiente para os estrogênios circulantes retomarem 
ao seu nível baScaL Às vezes, o aumento transitório de estrogênios 
acompanhando este desenvolvimento folicular incompleto, estimula o 
endométrio, resultando assim um sangramento. A mulher não deverá confundir 
este sangramento com uma menstruação verdadeira, especialmente porque 
não foi precedida de seu sintoma Ápice; o sangramento também pode ser 
diferente de sua menstruação normal. Aquele sangramento que pode ser 
relacionado de perto com a ovulação e suficientemente abundante para 
obscurecer o muco, é outro tipo de mudança a partir do Padrão Básico de 
Infertilidade e exige a aplicação da mesma regra "esperar para ver", no caso 
de se querer adiar uma gravidez. 
A monitorização hormonal foi generosamente providenciada pelo Profes-
sor James B. Brown, do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da 
Universidade de Melboume, que fez para nós milhares de medidas de 
estrogênio e progesterona. Atualmente, o Professor Brown tem desenvolvido 
um Monitor Ovariano que providencia uma medição simples mas correta 
de estrogênio e progesterona em amostra de urina, com lapso de tempo 
específico, a partir do qual pode ser calculada a produção diária de cada 
Vl 
hormônio. Esta brilhante façanha científica será de grande utilidade na 
prática clínica de obstetrícia e ginecologia e também no planejamento 
familiar natural, onde encontrará a sua utilidade maior como importante 
auxílio para o ensino exato do Método de Ovulação. O Monitor Ovariano 
pode monitorizar os hormônios enquanto o padrão do muco monitoriza 
a fertilidade e a infertilidade. 
Vários gráficos novos foram acrescentados nesta edição com o objetivo de 
enfatizar pontos importantes para o ensino; estes são registros autênticos de 
ciclos que foram compilados para manter a uniformidade do sistema de 
registro, sem alteração dos eventos fisiológicos registrados.Mantivemos no registro as cores originais dos selos que comprovaram ser 
muito satisfatórias como símbolos. Em outras partes do mundo, símbolos 
diferentes como linhas e círculos ou objetos como botões, contas (ou mesmo 
tampas de garrafas) em cordões, são usados para registrar o sintoma do muco. 
Contanto que as instrutoras do casal entendam o simbolismo, é suficiente. 
Após longa e variada experiência de ensino, em diferentes países, temos 
dado ênfase adicional ao reconhecimento do ápice da fertilidade pela 
sensação vulvar da lubrificação, assim como ao entendimento correto e ao 
reconhecimento exato do Padrão Básico de Infertilidade. Temos enfatizado 
igualmente a importância do "pensamento em padrões" hormonais, 
corretamente refletidos nas observações vulvares do muco cervical. 
Temos eliminado as palavras "muco tipo infértil" que muitos igualam à 
observação visual do muco pegajoso e turvo. Falamos, então, em "mudança 
a partir do Padrão Básico de Infertilidade"; ou "muco com sinais férteis" 
como aquele muco que é claro e extensivo e, o que é mais importante, com 
uma sensação escorregadia na vulva. 
O muco pegajoso e turvo indica facilmente o início da fase fértil após um 
Padrão Básico de Infertilidade de dias secos; porém, não pode ser considerado 
indicador seguro de infertilidade; também o muco que não é mais escorregadio 
durante os 3 dias após o sintoma Ápice, não pode ser avaliado como indicador 
de infertilidade. A leitura do texto tomará claros estes pontos. 
Atualmente, nossas instrutoras têm adaptado o ensino para entendimento 
dos sinais naturais, indicando as diferentes fases do ciclo menstrual, dentro 
de um programa a ser utilizado em escolas; esta programação foi planejada 
para dar aos adolescentes uma visão mais profunda da maravilha e da nobreza 
da sexualidade humana e da procriação. 
ursos de preparação para o matrimônio deveriam incluir instrução 
d talhada do Método de Ovulação. A época mais oportuna para se aprender 
o método é antes do casamento e é muitas vezes útil encorajar o casal a usar 
'1 ·onhecimento, em primeira instância, a fim de conseguir uma gravidez; isto 
t ma vantagem de demonstrar-lhes sua capacidade para ter um filho e com-
i 1 ta seu período de aprendizado, incluindo como incorporar o entendimento, 
1 omunicação e a cooperação necessários ao relacionamento conjugal. 
A prática do Método de Ovulação é simples e esta simplicidade deve ser 
l xplorada, encorajando os casais a usarem, com confiança e liberdade, 
durante seu relacionamento sexual, o conhecimento adquirido. 
Agradecimentos 
É impossível enumerar todas as pessoas a quem devemos os nossos 
ngradecimentos. As instrutoras e mulheres que participaram dos nossos 
studos científicos devem ser mencionadas, especialmente por terem 
·ontribuído, tanto para o desenvolvimento da, programação do ensino, 
1uanto para as investigações científicas. As análises laboratoriais muitas 
vezes requerem semanas ou meses de amostragens sangüíneas freqüentes, 
·oleta diária de urina e registros de observações diárias; às vezes também, 
houve exploração de fertilidade, testando se o coito num dia específico, 
dentro do padrão de muco de fertilidade, resultaria em gravidez. As instrutoras, 
na Austrália e ao redor do mundo, contribuíram com gráficos e sugestões para 
sta quinta edição, partindo de experiências práticas. A Sra. Kath Smyth, de 
Melboume, e o Dr. Kevin Hume, de Sydney, merecem uma menção especial. 
Entre os cientistas cuja colaboração e assistência generosa têm sido tão 
importantes, estão o Professor James B. Brown e os seus colegas Dra. Meg 
mith e o br. Len Blackwell, o Professor Erik Odeblad, do Departamento de 
Biofísica Médica, da Universidade de Umea, Suécia, o Professor Henry 
Burger, do Departamento de Medicina, da Universidade de Monash, Mel-
boume e a Dra. Ruth S. Taylor, Diretora Médica do Departamento de 
Planejamento Natural da Família do Hospital S.t. Francis, Wichita, Kansas, 
USA. A Dra. Taylor aumentou o nosso conhecimento com seus estudos das 
mudanças do epitélio vaginal, em ciclos normais e em mulheres que 
amamentam. O método simples de registrar com selos coloridos foi 
originalmente inventado pela Sra. Mercedes Wilson e suas colegas da 
Guatemala, América Central; consideramos este sistema ou o uso de símbolos 
u objetos correspondentes aos selos particulares, o mais satisfatório. 
Vll 
Nos últimos anos, a nossa pesquisa científica foi ampliada pela colaboração 
do Professor Erik Odeblad. Usando avançada tecnologia moderna, o Profes-
sor Odeblad tem identificado os diferentes tipos de muco cervical formados 
durante o ciclo menstrual, definindo as suas propriedades físicas e alguns dos 
seus componentes químicos. Ele contribui com um resumo do seu trabalho, 
no Apêndice 1 desta publicação. 
O Apêndice 2, contribuição do Professor James B. Brown, esboça a base 
hormonal do Método de Ovulação. 
Também queremos registrar a ajuda contínua do Sr. L. A. Bennett, B. Se., 
no preparo do manuscrito; e homenagear a nossa secretária fiel, Sra. Paula 
Wigglesworth, pela sua assistência inestimável durante tantos anos. 
Melbourne 
junho de 1988 
Leitura Adicional 
Evelyn L. Billings 
John J. Billings 
Maurice Catarinich 
1. Billings, J.J. "O Método de Ovulação". la. Edição, 1964; 7a. Edição, 
1983. (Editora The Advocate Press: Melbourne) 
2. Billings, E.L., e Westmore, A. "O Método Billings". la. Edição, 1980; 
(Editora Anne O'Donovan: Melbourne) Traduzido em português (Edi-
ções Paulinas, São Paulo, 1983.) 3ª Edição 1992. (Inglês.) (Editora Anne 
O'Donovan: Melbourne.) 
3. Billings, E.L., Billings, J.J., Brown, J.B. e Burger, H.G. (1972). Sintomas 
e mudanças hormonais acompanhando a ovulação. Lancet 1, 282-4. 
4. Odeblad, E., et al. (1983). As propriedades biofísicas das secreções cervico-
vaginais. lnt. Rev. Nat. Fam. Plan. 7 (1), 1-56. 
5. Taylor, R.S. ( 1985). Fisiologia da vagina e da cérvix em mulheres durante 
a amamentação. Em "Amamentação e Planejamento Natural da Família", 
artigos selecionados do 4º Simpósio Nacional e Internacional sobre o 
Planejamento Natural da Família, Chevy Chase, Maryland U.S.A. 1985, 
págs. 33-44. (K.M. Associates: Bethesda, Maryland 20816, U.S.A.) 
6. Brown, J.B., et al. (1983). Correlações entre os sintomas do muco e 
marcadores hormonais de fertilidade através da vida reprodutiva. Apêndice 
de "O Método de Ovulação", 7ª Edição, 1983. (Editora Advocate Press: 
Melboume). 
1. A Filosofia Básica do Planejamento Familiar Natural 
O planejamento da família é somente uma das responsabilidades dos 
casais. Eles devem decidir sobre o tamanho de sua família, após reflexão 
cuidadosa em vários fatores envolvidos: social, econômico, médico. É uma 
decisão do casal e nenhuma outra pessoa ou autoridade pode lhe impor uma 
ordem para ter mais ou menos filhos. A fertilidade do marido e de sua esposa 
é um vínculo especial entre eles, que faz parte da doação íntima e exclusiva 
de um para com o outro, no matrimônio. Alguns casais tomam a generosa 
decisão de criar uma família numerosa, exercendo nisso a liberdade de nada 
fazer para evitar uma gravidez. 
A sexualidade, no matrimônio, envolve papel responsável tanto do marido 
como da esposa, a fim de fomentar aquelas virtudes necessárias ao êxito do 
matrimônio, criando também no lar uma atmosfera apropriada de felicidade 
e amor visando ao bem-estar físico e ao desenvolvimento psicológico sadio 
de seus filhos. A sexualidade re~sponsável exige fidelidade recíproca, assim 
como uma relação sexual satisfatória baseada no amor mútuo e na 
generosidade. 
Um ser humano amadurecido reconhece que essa sexualidade é multidi-
mensional. Cada um de nós é pessoa masculina ou feminina, e nossa 
sexualidade contribui com elementos emocionais e intelectuais para formar 
personalidades criativas, com ou sem expressão genital. A atividade sexual 
é muitíssimo mais do que mera atividade genital e esta é também mais do que 
simples fonte de prazer físico. 
Uma vantagem notável dos métodos naturaisde planejamento familiar é 
que eles dependem, para o bom êxito, da hábil cooperação do casal, gerando 
compreensão e altruísmo, ajudando marido e mulher a descobrirem o sentido 
mais profundo do amor conjugal. 
1 
Uniões sexuais pré-matrimoniais e extra-matrimoniais são formas 
irresponsáveis do comportamento humano que minam a estrutura básica do 
matrimônio e a estabilidade da família, unidade básica de uma soci~dade 
sadia. Além disso, a atividade sexual antes do casamento é preparação muito 
pobre para o matrimônio, não permitindo o desenvolvimento normal do 
controle responsável da capacidade sexual, indispensável à maturidade do 
indivíduo. Também impede o desenvolvimento da comunicação 
profundamente amorosa entre o casal, já que o coito prematuro restringe !!-
comunicação a um nível genital. Em cada matrimônio, a abstinência da 
relação sexual, de vez em quando, é um padrão fundamental de 
comportamento, quando se quer preservar o auto-respeito, a fidelidade e a 
segurança do matrimônio; futuros casais devem aprender antes do casamento 
que o amor pode se expressar de outras formas além da relação genital. 
Muitas vezes a própria abstinência da relação é uma demonstração de amor. 
O uso de um método natural de planejamento familiar também implica no 
respeito básico para com os processos biológicos da reprodução humana, 
respeito para com o poder criador da união sexual e o reconhecimento de que 
o coito somente encontra o seu verdadeiro sentido quando for expressão 
física do compromisso permanente entre homem e mulher, de um para com 
o outro, entre duas pessoas que têm demonstrado a união de suas vidas 
mediante um contrato de matrimônio. Em nossa geração, o mundo tem 
sofrido de um mal generalizado: a sexualidade frustrada de tantos indivíduos 
que permitiram a substituição da verdadeira liberdade, do domínio responsável 
do sexo pela busca da gratificação física. O controle de nossa sexualidade à 
serviço da sabedoria e do amor, respeitando as necessidades dos seres 
amados, da família e da sociedade é o único caminho para relações sadias 
dentro da sociedade. E aqueles que o descobriram, encontraram a mais 
profunda felicidade no amor físico sexual. O respeito pela própria fertilidade 
engloba a aceitação da nova vida que poderá ser criada quando um homem 
e uma mulher unem os seus corpos no ato sexual. 
2. A Fisiologia do Método de Ovulação 
Ovulação e Menstruação 
O período reprodutivo da vida da mulher se estende do aparecimento da 
menstruação (menarca) à cessação da menstruação (menopausa). Durante 
esses anos, há fases curtas e intermitentes de fertilidade, separadas por fases 
mais prolongadas de infertilidade; os períodos menstruais ocorrem como 
seqüência natural da fase de fertilidade e indicam a renovação de preparação 
biológica para a concepção quando a fertilidade retoma. 
É a ovulação - a liberação do óvulo do ovário - que determina a distribuição 
dos dias férteis dentro do ciclo menstrual. O Método de Ovulação depende 
do fato de a ocorrência de fertilidade na mulher ser acompanhada da secreção 
de um tipo particular de muco das glândulas da cérvix. O muco começa antes 
da ovulação. Pelo seu padrão comportamental, isto é, pela seqüência de 
mudanças nas suas características físicas dia após dia, o muco indica a 
iminência da ovulação e depois confirma que a ovulação ocorreu. 
É o cérebro (aquela parte chamada hipotálamo) que, através da hipófise, 
estimula o ovário a provocar o "amadurecimento" do ninho de células (o 
folículo) que contém o óvulo. O tempo de amadurecimento do folículo é de 
uma semana ou mais, e até o início deste processo os ovários são corretamente 
descritos como estando em repouso no que se refere à produção do óvulo. O 
amadurecimento acontece ao mesmo tempo num grupo de folículos; 
geralmente um só atinge a maturidade plena, liberando o óvulo (ovulação), 
enquanto os outros sofrem regressão. 
Durante o processo de amadurecimento, os folículos produzem os 
hormônios que levam a cérvix (colo) do útero a produzir aquele tipo de muco 
que pode preservar a vitalidade do espermatozóide, além da expectativa 
normal que é de mais ou menos uma hora após a sua ejaculação na vagina. 
Até o desenvolvimento deste muco particular, alguns dias antes da ovulação, 
a mulher 'é incapaz de conceber; a duração deste estado infecundo é muito 
variável. 
Houve avanços notáveis no conhecimento da biologia da reprodução 
humana nestes últimos anos, o que permitiu instituir o planejamento familiar 
natural em bases científicas seguras. Aqueles que estão simplesmente 
interessados na aplicação prática do Método de Ovulação devem apenas 
2 
saber que foi obtida a necessária verificação laboratorial dos seus princípios 
básicos e que a exatidão das regras para a obtenção ou não da gravidez é 
incontestável. Todavia, informações e conhecimentos úteis sobre as bases 
biológicas do Método de Ovulação podem ser encontrados nos Apêndices 1 
e 2, escritos pelo Professor Erik Odeblad e pelo Professor James B. Brown 
respectivamente ( ver pp. 85 e 95). · 
A mulher apresenta atividade cíclica no seu sistema reprodutor. Há o ciclo 
ovariano de acontecimentos no cérebro, na hipófise e no ovário, e o ciclo 
uterino de mudanças no endométrio e na cérvix, com desprendimento 
periódico do endométrio e a produção do muco cervical. O epitélio de 
revestimento da vagina também reflete os acontecimentos nestes outros 
órgãos. Representações diagramáticas dos órgãos reprodutivos femininos, 
mostrando a localização das criptas secretantes do muco encontram-se na 
Figura la (perfil) e lb (de frente). 
O Ciclo Ovariano 
O hipotálamo feminino tem uma disposição natural para formar ciclos. 
Estímulos sensitivos do ambiente e estímulos químicos circulantes na 
corrente sangüínea agem em neurônios localizados em várias áreas do 
cérebro, ativando-os para liberarem pequenas moléculas neuro-transmissoras 
que por sua vez excitam os neurônios neuro-secretantes do hipotálamo. O 
hipotálamo então produz uma substância chamada hormônio liberador de 
gonadotropina (GnRH) ou hormônio liberador do hormônio luteinizante 
(LH-RH). O hormônio liberador circula na corrente sangüínea, relacionando 
o hipotálamo à hipófise, onde estimula a liberação do hormônio estimulador 
do folículo (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). 
A produção decrescente dos hormônios pelo corpo lúteo, próximo ao fim 
do ciclo ovariano, afasta a supressão da produção do FSH e do LH, resultando 
no início de novo ciclo ovariano, dois ou três dias antes da menstruação, com 
aumento vagaroso, nas concentrações circulantes do FSH e LH. Num nível 
limiar de FSH um grupo de folículos ovarianos é estimulado a crescer com 
a produção do estrogênio ovariano, estradiol. 
O nível crescente de estradiol provoca o crescimento do endométrio e a 
secreção do muco pela cérvix do útero. A observação do muco pela mulher 
indica que esta atividade folicular teve início e pode prosseguir até a 
ovulação. 
Às vezes, o FSH permanece acima do nível limiar durante algum tempo, 
sem aumentar suficientemente para impulsionar um folículo até a ovulação 
e pode baixar, adiando assim a ovulação. Neste caso, a mulher observa um 
"sinal de muco" com diminuição gradual,já que ele não se altera abruptamente 
com o aumento do outro hormônio ovariano, a progesterona. 
O hipotálamo e a hipófise também reagem aos níveis em ascensão, do 
estradiol circulante. Há um nível baixo de progesterona nesta primeira fase 
do ciclo, mas esse nível começa a aumentar ao redor do ponto de nível 
máximo do estradiol. O maior nível mantido de estrogênio parece ser o fator 
principal para provocar um novo aumento de FSH e uma onda de LH para 
causar a ovulação. Uma queda abrupta de estrogênio faz parte do mecanismo 
intrínseco da ovulação. 
O Muco Cervical 
Enquanto os níveis de estradiol continuam a aumentar até o tempo da 
ovulação, o muco cervical apresenta mudanças seqüenciais nas suas 
(a) 
Trompa _ 
Ligamento 
largo 
Ligamento 
redondo do 
útero 
BexigaUretra 
Grandes - - ·- -
lábios 
Ovário 
Porção 
fimbrial da 
trompa 
Corpo do 
útero 
Cérvix 
Criptas secretoras 
de muco 
Vagina 
Diafragma 
urogenital 
Reto 
Esfincter 
anal 
externo 
características físicas e químicas, por exemplo, na sua maior transparência, 
. menor viscosidade, pronunciado filamento ou filância (spinnbarkeit) e sua 
baixa porcentagem de material sólido, mudanças que se refletem no que a 
mulher pode sentir e ver. Com o grande aumento no nível de progesterona, 
que ocorre imediatamente após a ovulação, o muco se torna pegajoso e opaco. 
O Ápice do sintoma do muco é o último dia no qual o muco~w caráter 
escorregadio e lubrificante. 
A seqüência das mudanças no muco cervical, denominada o padrão do 
muco ou o comportamento do muco, indica o início e o fim da fase fértil do 
ciclo e o tempo da máxima fertilidade. 
Próximo à ovulação, a mulher aprende a observar em pouco tempo que: 
( 1) Há mudança na sensação corno resultado da presença de muco; o muco 
tornou-se escorregadio e produz uma sensação lubrificante. 
(2) Há mudança na consistência do muco, podendo tornar-se filamentoso 
e cair em fios. 
(3) O muco pode tornar-se mais claro que antes, embora possa estar turvo, 
ou mesmo mesclado de sangue, ou amarelo. 
Ovário 
Ligamento redondg._J.__. ..... 
do útero 
(b) 
Criptas secretoras 
de muco 
Regiões corneais da 
cavidade uterina. 
Ligamento 
largo 
Vagina , 
Figura 1. - Os órgãos reprodutivos femininos . a) perfil; b) de frente. 
3 
O último dia em que o muco está escorregadio e molhado é chamado o dia 
"Ápice do sintoma do muco" e indica o ápice de fertilidade. No dia seguinte, 
o muco toma-se opaco e pegajoso ou desaparece, deixando uma sensação de 
secura. 
No tempo de fertilidade máxima, a mulher também pode notar inchaço das 
partes ao redor da abertura externa da vagina (a vulva). O muco lubrificante 
adere à pele e não é fácil removê-lo no banho; durante a micção, por exemplo, 
pode ser notado, como as dobras internas da pele ao redor da vagina 
(pequenos lábios) revelam o efeito lubrificante. 
O muco pode ser observado, na sua qualidade lubrificante, durante breve 
espaço de tempo após o desaparecimento de sua filância (spinnbarkeit). É a 
qualidade lubrificante o índice mais exato do ápice de fertilidade e da hora 
da ovulação. O último dia do muco lubrificante é o dia do sintoma Ápice. 
Sabe-se há mais de cem anos que um muco filamentoso e escorregadio é 
secretado pela cérvix, próximo ao tempo da fertilidade máxima do ciclo 
menstrual. Durante os últimos trinta anos, tem-se demonstrado que este 
muco é semelhante à folha de samambaia, formando canais que permitem a 
migração dos espermatozóides, como pode facilmente ser observado no 
microscópio. Mais recentemente, o Professor Odeblad1•2, da Suécia, 
demonstrou a produção de três tipos de muco, a saber, S, L e G nas criptas 
do canal cervical. O muco S é assim chamado já que, devido à sua fluidez na 
vagina, forma filamentos com canais entre si e é receptor de espermatozóides. 
Todavia, quando este muco é espalhado numa lâmina de vidro, podem ser 
notados grãos viscosos como pérolas no material mais fluido. Estas pérolas 
são o muco L que providencia a armação de suporte para os filamentos S. A 
secreção do muco S e L está sob a influência do estradiol circulante. O muco 
G é assim chamado pois se forma sob a influência de progesterona (gestagen). 
Tem viscosidade aumentada e forma uma estrutura entrelaçada que impede 
a migração dos espermatozóides. 
As proporções relativas de muco S, L e G variam com a fase do ciclo 
menstrual. No início do ciclo há predominância do muco G. À medida que 
aumenta o estradiol na circulação, há aumento da proporção do muco L e, em 
seguida, do muco S. Quando a mulher começa a se inteirar dos sinais dos 
níveis crescentes do estrogênio, indicando desenvolvimento folicular, ainda 
há uma proporção grande do muco G, geralmente por um dia, mais ou 
4 
menos. Próximo à ovulação, primeiro predomina o muco L e, em. seguida, o 
muco S, mas estes declinam rapidamente após a ovulação quando quase todo 
muco é do tipo G. Uma descrição mais detalhada das funções biológicas 
destes vários tipos de muco e seu papel na migração dos espermatozóides 
encontra-se no Apêndice 1. Estas observações científicas correlacionam-se 
exatamente com as interpretações clínicas, levantadas durante o 
desenvolvimento do Método de Ovulação, e que podem ser feitas pelas 
próprias mulheres. 
Algumas das propriedades fisiológicas e físico-químicas do muco cervical 
são as seguintes: 
(1) Auxilia no coito com sua qualidade lubrificante. 
(2) O muco S favorece a migração dos espermatozóides perto do tempo da 
ovulação. Por outro lado, o muco G forma uma barreira para a 
penetração das células espermáticas. Este muco G predomina quando 
o nível circulante de progesterona ovariana aumenta significativamente. 
(3) No ciclo normal de mais ou menos 4 semanas, o aumento do estrogênio 
ovariano, antes da ovulação, ocorre relativamente depressa e o muco 
pode ser observado, exibindo alguma mudança nas suas características, 
mesmo no decurso de apenas um dia. 
(4) O tipo de muco (o muco S) que favorece a concepção, forma um 
invólucro protetor para os espermatozóides próximos à vagina, 
protegendo-os de qualquer dano. 
(5) Este muco S nutre os espermatozóides, suplementando as suas 
necessidades energéticas. 
(6) O muco L parece funcionar como um filtro, evitando que 
espermatozóides mortos, anormais ou impróprios alcancem a cavidade 
uterina. 
(7) É possível, mas ainda não comprovado, que o muco favoreça a 
concepção, participe na capacitação dos espermatozóides, que é o 
processo pelo qual eles se tomam capazes de fertilizar o óvulo. 
O Ciclo Uterino 
O ciclo uterino se inicia com a menstruação e termina com o início da 
próxima menstruação. 
A menos que o ciclo seja curto, há um intervalo entre o fim do sangramento 
menstrual e o início do muco; neste intervalo, há uma sensação definida de 
secura, fora da vagina. 
Na vulva, há duas sensações básicas: 
1. Secura. 
2. Escorregadia. 
A fertilidade depende de: 
1. Um bom óvulo. 
2. Um bom espermatozóide. 
3. UIJ1 bom muco para ajudar o espermatozóide a alcançar o óvulo. 
4. Trompas de Falópio com trânsito livre. 
5. Um endométrio sadio. 
6. Harmonia emocional entre marido e mulher. 
A duração da fase fértil do ciclo depende de: 
1. A vida do óvulo. 
2. A vida do espermatozóide. Ele requer um bom muco para sua proteção 
e nutrição. 
A ovulação ocorre somente num dia do ciclo e é seguida pela menstruação, 
mais ou menos 2 semanas mais tarde, se não houver gestação. Normalmente, 
o tempo entre a ovulação e a próxima menstruação não varia muito; a duração 
do ciclo menstrual depende das variações desde o início do ciclo até a 
ovulação conforme exemplificado na Figura 2. 
Neste único dia da ovulação no ciclo, um ou mais óvulos podem tomar-se 
disponíveis para a fertilização. O óvulo não vive mais que 24 horas e o 
espermatozóide, por um tempo variável. Na ausência de muco satisfatório, 
os espermatozóides não devem sobreviver além de uma hora mas, com o 
apoio de bom muco cervical, podem sobreviver durante 2 ou 3 dias e, 
raramente, até 4 ou 5 dias. 
Observação: É necessário à mulher, no caso de desejar evitar uma 
gravidez, reconhecer o início da fase de possível fertilidade e depois, seguir 
o padrão do muco até saber que a ovulação ocorreu. Por isso, é importante que 
não haja contato genital de qualquer tipo, durante esta fase fértil, já que 
detalhes do muco serão ocultados pelo líquido seminal e o transudato 
vaginal. O Método de Ovulação e os métodos contraceptivos de barreira se 
excluem mutuamente; a necessidade de abstinência de contato genital, 
durante a fase fértil , não pode ser afastada pelo recurso de contracepção de 
barreira. 
5 
Durante o período antes da ovulação, a mulher deve reconhecer o seu 
Padrão Básico de Infertilidade, que pode ser: 
(1) dias secos, ou 
(2) um padrão de muco sem qualquer mudança.O tipo de muco que indica 
infertilidade, nestas circunstâncias, será descrito mais tarde mas é 
particularmente aquele muco que permanece idêntico dia após dia. . 
. 
Um padrão fértil de muco pode ser identificado em toda mulher fértil, em 
todos os ciclos férteis. Um padrão de muco fértil não será observado quando 
não houver ovulação. Outros ciclos são inférteis por causa de muco 
insatisfatório - a quantidade de muco não é tão importante: o mais importante 
é a qualidade do muco. 
Quando o casal quer evitar uma gravidez deve abster-se de qualquer 
contato genital na fase pré-ovulatória do ciclo normal, exceto em dias 
Menstruação Ovulação Menstruação 
lllll _____ o ____ ~&IJ:i: 
2 semanas 
Menstruação Ovulação Menstruação 
lll~~l -----~º-------::! 
2 semanas 
Menstruação Ovulação Menstruação 
o 
2 semanas 
Menstruação Ovulação Menstruação 
Bllllllllpl o -;:;~ 
-~==~~ -------------------~· 1 ·~;~: 
2 semanas 
Menstruação Ovulação Menstruação 
ml~~:l ________ O _____ ~-il. 
2 semanas 
Figura 2. - A localização da ovulação determina a duração do ciclo. 
j 
reconhecidos como dias inférteis e até o quarto dia após o Ápice do sintoma 
de muco. Naqueles dias que não foram reconhecidos como definitivamente 
inférteis, devem ser evitados não só a relação sexual completa, mas o coito 
interrompido, a relação sexual com métodos de barreira e todo contato íntimo 
entre os órgãos sexuais. 
Quando o problema do casal é uma infertilidade aparente e existe o desejo 
d~ conseguir uma gravidez, a relação sexual deve ocorrer no dia Ápice do 
sintoma de muco, ou seja, o último dia no qual o muco é escorregadio e talvez 
filamentoso , parecendo uma clara de ovo cru. A mulher aparentemente 
infértil pode não ver qualquer muco, mas será auxiliada para conseguir uma 
gravidez se tomar o maior cuidado em observar o desenvolvimento (talvez 
mínimo) da lubrificação vulvar que indica fertilidade. 
Aplicação do Método de Ovulação 
O Método de Ovulação é aplicável em todas as variações da fisiologia 
reprodutiva da mulher, tanto normal como patológica: 
1. Ciclos regulares. 
2. Ciclos irregulares. 
3. Ciclos anovulatórios. 
4. Amamentação. 
5. A menopausa ou "mudança de vida". 
6. Estresse ou tensão física e emocional. 
7. Baixa fertilidade. 
8. Doenças ginecológicas, por exemplo, de origem hipofisária, cistos 
ovarianos, distúrbios produzidos por medicação contraceptiva e drogas 
citotóxicas e outros. 
No caso da infertilidade aparente, o muco realça a localização da fertilidade 
máxima no ciclo, dando esta informação em tempo suficientemente útil. 
O Método de Ovulação, portanto, é um plano a longo prazo para transmitir 
os conhecimentos é as regras fundamentais, para a aplicação deste 
conhecimento que permite ao casal adaptar o seu amor físico sexual a todas 
as circunstâncias que podem ser encontradas durante a fase reprodutiva da 
vida da mulher. A chave para o sucesso é a compreensão dos acontecimentos 
que precedem a ovulação. A fim de obter esta compreensão, a mulher deve 
aprender a entender o seu próprio padrão de muco, seja o padrão de fertilidade 
6 
ou de infertilidade. Ela deve aprender a partir do comportamento do muco 
a reconhecer quando, com toda certeza, está infértil, quando se aproxima da 
ovulação ou quando a ovulação já ocorreu. 
O sucesso da aplicação do Método de Ovulação depende da decisão mútua 
do marido e da mulher, generosamente atenciosos às necessidades mútuas e 
da família. A atenção às regras é indispensável; aqueles que as transgridem 
devem admitir com honestidade que sua decisão de evitar uma gravidez não 
era firme e que talvez não houvesse realmente uma necessidade séria de 
evitar a gravidez. 
Para a compreensão do Método de Ovulação é fundamental reconhecer 
que ele difere da contracepção em muitos pontos. A contracepção é totalmente . 
dirigida para a prevenção da gravidez e a sua eficácia é medida pela 
capacidade de evitá-la. O Método de Ovulação estabelece uma opção: o casal 
pode escolher praticar o coito durante a fase fértil, quando quer conseguir 
uma gravidez ou pode optar por evitar todo contato genital, durante a mesma 
fase fértil, no caso de querer evitar uma gravidez. A eficácia do método pode 
ser julgada de acordo com a opção de escolha do casal. 
O Método de Ovulação exige abstinência de qualquer contato ou excitação 
genital, durante a fase fértil do ciclo, a fim de permitir a observação e 
identificação do padrão de muco, sem qualquer interferência; não pode ser 
mantido um relacionamento que dependa da freqüência muito alta de 
relações sexuais, durante o ciclo. 
O Método de Ovulação também difere, em alguns pontos, de outros 
métodos naturais de regulação da fertilidade. O Método do Ritmo procura 
prever, pelo estudo da duração dos ciclos menstruais durante vários meses, 
a localização dos dias inférteis dentro do ciclo - o que é chamado o período 
de segurança. O Método da Temperatura é um método pós-ovulatório, 
que define os dias inférteis somente após a ocorrência da ovulação. O 
Método de Ovulação demonstra a presença de infertilidade a despeito da 
ocorrência ou não da ovulação e também define o início e o fim da fase fértil; 
assim leva o casal a defrontar-se com sua fertilidade em cada ciclo. Isto traz ' 
profundas implicações psicológicas, e leva ao desenvolvimento do auto-
respeito, respeito de um para com o outro e pela sua fertilidade, bem como 
novo respeito pela vida humana gerada com sua participação, num ato de 
amor. 
O Método de Ovulação é muito simples de ser seguido, e a maioria das 
mulheres mostra um entendimento instintivo quando lhes é descrito 
detalhadamente. Porém, no caso de a mulher mostrar-se ansiosa por adquirir 
uma compreensão plena do método, ela deve procurar a orientação de uma 
instrutora competente, ou pelo menos, o conselho de outra mulher que 
demonstre capacidade para anotar e interpretar corretamente o seu próprio 
padrão de muco. 
7 
Referências 
1. Odeblad, E. (1973 ). Técnicas biofísicas de avaliação do muco cervical 
e estrutura microscópica do epitélio cervical. Em "Muco Cervical na 
Reprodução Humana". Colóquio da OMS, Geneve, 1972, pp. 58-74. 
(Scriptor: Copenhagen) 
2. Odeblad, E. (1978). Fatores cervicais. Contr. Gynec. Obstetr. 4, 132-
42. 
3. O Ensino do Método de Ovulação 
A Organização do Ensino 
A experiência no ensino do planejamento familiar revela prontamente que 
muitos casais que procuram orientação têm problemas graves no seu 
matrimônio, e a necessidade do planejamento familiar é apenas um sintoma 
dísso. Em qualquer serviço de ensino, há necessidade de transmitir mais do 
que mera informação sobre uma técnica e as instrutoras precisam dispor de 
conselheiros matrimoniais, assim como de especialistas e serviços de apoio. 
O reconhecimento e a interpretação do padrão do muco cervical são 
aspectos que devem ser deixados para as instrutoras. A maioria das mulheres, 
capazes de engravidar, já se familiarizaram com o muco, como um evento 
fisiológico normal, e não há substituto da experiência de primeira-mão para 
formar boas instrutoras. Quando um pequeno grupo de mulheres anota seus 
próprios ciclos, após uma instrução preliminar, e depois se reúne diversas 
vezes para discutir os seus registros, rapidamente elas se tomam peritas na 
interpretação dos seus próprios sintomas e familiarizam-se com as variações 
que ocorrem de vez em quando, em todas as mulheres, tais como aquelas 
associadas à gravidez, à pré-menopausa, aos ciclos prolongados, e outras 
situações. 
Não há necessidade, para as mulheres que desejam usar o Método de 
Ovulação, de terem conhecimentos detalhados sobre a biologia reprodutora. 
Contudo, tanto a mulher como o homem hão de achar estes conhecimentos 
fascinantes. Tanto para a instrutora como para a usuária, alguns conhecimentos 
básicos ajudam a esclarecer os princípios que norteiam as regras. Não há 
necessidade de a instrutora ser médica ou enfermeira, nem de estar qualificada 
por um diploma universitário em alguma disciplina científica.Algumas das 
qualidades de uma boa instrutora são as seguintes: 
1. Conhecimento adequado do método. 
2. Capacidade de inspirar confiança e dissipar ansiedade. 
3. Consideração e amabilidade, baseadas no respeito pela vida e dignidade 
humanas. 
4. Habilidade, sensibilidade e discrição para ajudar os casais a 
desenvolverem um relacionamento amoroso compatível com a sua 
sexualidade e fertilidade. 
8 
5. Paciência, disposição para escutar, respeito e aceitação das usuárias, 
combinados com a capacidade de basear o ensino nos fatos biológicos. 
6. Capacidade de ensinar com simplicidade e partilhar seus conhecimentos 
num nível apropriado à educação e inteligência das usuárias. 
7. Habilidade em auxiliar o casal a tomar-se independente da instrutora. 
8. Habilidade em transmitir ao casal a plena aceitação de cada filho. 
A instrutora incapaz de inspirar confiança deve ser suficientemente 
sensata para perceber sua inadequação à tarefa. O ensino do planejamento 
familiar natural não deve ser realizado por pessoas com problemas 
significativos no próprio matrimônio, já que o uso do Método de Ovulação 
pode desvendar problemas matrimoniais de maior ou menor gravidade. É 
evidente que não há necessidade de a instrutora ser casada; muitas mulheres 
solteiras têm demonstrado elevado nível de competência como instrutoras. 
É desejável que o casal seja acompanhado sempre pela mesma instrutora. 
Pode haver mal-entendido com o "estilo" diferente de uma nova instrutora, 
mesmo quando a informação dada permanece autêntica. A tarefa a ser 
executada é tão íntima e importante como o relacionamento médico-paciente. 
Tem sido repetidamente demonstrado na prática, que o ensino do 
planejamento familiar natural deve ser deixado nas mãos daqueles que se 
dedicam ao seu êxito; não pode ser confiado àqueles que oferecem todos os 
métodos, tanto naturais como contraceptivos. O ensino não deve ser dificultado 
pela alteração ou acréscimo de regras. 
O Papel do Médico 
É muito útil que grupos de instrutoras se encontrem, de vez em quando, 
para refletir, com a presença de um médico que entenda dos aspectos 
científicos do Método da Ovulação. Uma das notáveis vantagens do método 
é economizar recursos médicos. O tempo requerido para ensinar o Método 
e a supervisão do período de aprendizagem é estabelecido pelas instrutoras. 
Assim como a insegurança na aplicação do método pode revelar uma falta 
de comunicação entre os esposos, o gráfico dos ciclos também pode demonstrar 
anormalidades físicas. A competência das instrutoras é reforçada pelo apoio 
médico que pode tratar das condições patológicas, como: sangramento ou 
corrimento vaginal persistente. Apesar de estas condições não impedirem 
que a mulher identifique os dias de sua provável fertilidade, ela terá auxílio 
para o tratamento destes distúrbios, através de aconselhamento especializado. 
Medicamentos fora dos hormônios sexuais sintéticos não hão de romper o 
padrão normal do muco. 
Propostas para o Ensino 
Os objetivos do ensino são os seguintes: 
1. Levar a mulher a descobrir os sinais dos seus padrões de infertilidade 
e de fertilidade. 
2. Ensiná-la a fazer um gráfico simples e claro. 
3. Ensinar as regras do método ao casal. 
4. Ajudar o casal a utilizar bem o método através de uma atitude positiva 
diante de todas as fases do ciclo e a dissipar qualquer idéia negativa que 
possa ter formado sobre a abstinência. 
5. Ajudar o casal a crescer no amor. A instrutora deve ensinar com amor. 
As observações são de dois tipos: 
(i) a sensação na vulva; 
(ii) o que a mulher vê. 
Uma pergunta simples e fácil, para deixar a mulher tranqüila, é muitas 
vezes útil: "Como você sabe que a sua menstruação começou quando está 
andando?" Com certeza ela responderá: "Posso senti-la". Mais tarde, ela olha 
para confirmar a presença do sangramento. Assim, ela já identificou as duas 
observações necessárias. 
A próxima pergunta pode ser: "Já lhe ocorreu ter sensação semelhante, e 
ao olhar, não ver sangue?" A mulher refletirá um pouco e admitirá que já 
passou por essa experiência. Em seguida, a instrutora lhe pede que descreva 
o que foi notado. O valor desta introdução está no fato de que a mulher 
começa a prestar atenção e passa a identificar os seus próprios sinais. 
É essencial não sobrecarregar a mulher com todas as possibilidades do que 
ela pode observar. Deve-se dar ênfase à importância da sensação 
9 
experimentada na vulva. Algumas mulheres não descobrirão um padrão fértil 
até que se concentrem nesta observação. Por exemplo, é um erro enfatizar 
demais o aspecto visual do muco, ensinando com fotografias porque isto, sem 
dúvida, irá desencorajar e confundir aquelas mulheres que não vêem muito 
muco. Este ponto é de relevância especial para as mulheres de baixa 
fertilidade que querem conceber, para as que estão amamentando e nas quais 
há pouco muco, sendo que o da fertilidade é indicado somente por uma 
sensação de lubrificação na vulva. Não é necessário ensinar à mulher como 
encontrar o muco. Quase invariavelmente ela já o encontrou. Não há 
necessidade de pedir-lhe que faça qualquer coisa que não tenha feito antes, 
exceto prestar atenção. Ela não é instruída para sentir o muco em seus dedos; 
eles não são usados para provar a sensação. A vulva percebe a presença ou 
ausência do muco e, no caso de estar presente, se ele é pegajoso ou 
escorregadio. A mulher não precisa ser ensinada a como olhar o muco; ela 
pode vê-lo sozinha e colhê-lo de qualquer maneira, no caso de desejar 
inspecioná-lo mais detalhadamente. 
Todavia, a mulher é explicitamente instruída para não fazer qualquer 
investigação interna, já que informações derivadas destas investigações são 
enganosas e prejudicam uma concentração adequada na sensação vulvar. Ela 
é instruída a ficar atenta, durante o dia todo, às mudanças de sensação na 
vulva. Esta observação valiosíssima pode ser feita a qualquer hora e em 
qualquer lugar, não importando o que mais possa acontecer. Quando for 
conveniente, a mulher faz sua observação visual, caso haja quantidade 
suficiente de muco para ser vista. 
Mais tarde, com mais experiência, numa entrevista de acompanhamento 
será dada a oportunidade de apontar a diferença entre as palavras descritivas 
como "molhado" e " escorregadio". 
Um peixe tirado da água é um exemplo útil a muitas pessoas, especialmente 
àquelas que moram numa região costeira. O peixe é molhado e escorregadio 
ao mesmo tempo e não há como retirar esta qualidade de escorregadio, 
lavando-o, porque ela tem substância. Em contrapartida, quando a umidade 
seca, não sobra nada. Esta distinção assume importância, especialmente no 
reconhecimento de padrões de infertilidade, quando não há ovulação durante 
muitas semanas ou meses, durante a amamentação e outras circunstâncias. 
A mulher é instruída a partir das suas próprias observações pàra anotar 
num gráfico, usando as suas próprias palavras para descrever as observações, 
a sensação e a percepção. 
A mulher pode dizer que não vê e não sente qualquer muco. Ela pode ter 
banido de sua mente o muco fisiológico porque concluiu que foi produzido 
por estimulação sexual ou que era o resultado do coito. Sendo uma ocorrência 
habitual há tantos anos, ela mesma pode não ter consciência da sua presença. 
As secreções que resultam da excitação sexual são diferentes do muco 
cervical e somente ocorrem nessas circunstâncias. Com um pouco de 
experiência, os efeitos das relações sexuais não devem mais confundir. 
Ainda que uma mulher afirme que "não tem mesmo muco", pode ser 
persuadida a manter um gráfico diário, seguindo as instruções, e muitas vezes 
ficará surpresa ao ver a revelação do seu padrão de muco. 
A mulher pode declarar que tem secreção diária. Interrogada, dará 
importantes informações, p. ex. se a secreção varia; se é incômoda; que cor 
tem; se tem um odor pouco comum; se já ocorreu antes; se já foi tratada; o 
marido tem secreção ou irritação; se há algum sangramento associado. No 
caso da descrição sugerir qualqueranormalidade, p. ex. secreção com dor ou 
cocei!a, a mulher deverá dirigir-se ao médico para diagnóstico e tratamento. 
O preenchimento do gráfico revelará se de fato a secreção é tão persistente 
como a mulher acreditava, e ela pode ter a surpresa de encontrar um número 
de dias secos entre o fim do período menstrual e o início de sua "secreção". 
É de suma importância que a instrutora transmita confiança nas observações 
anotadas a cada dia e não rejeite qualquer detalhe como sem importância. 
Quando for anotado um padrão contínuo de muco, deve-se indagar se a 
mulher explora a vagina com os dedos; esta prática não faz parte do Método 
de Ovulação e irá detectar uma umidade constante. O contato genital, incluin-
do o coito interrompido e o coito com preservativo, provoca um transudato 
vaginal que pode ser evidenciado no dia seguinte e anotado como "muco". 
Em alguns casos, o muco contínuo é o resultado de persistente distúrbio da 
fisiologia normal, resultante do uso anterior de medicação contraceptiva. 
Pode ocorrer também como acontecimento temporário, no período do 
desmame e de proximidade da menopausa. 
A concentração nas sensações produzidas pela mudança nos padrões do 
muco permitirá o reconhecimento do ponto de fertilidade máxima do ciclo, 
10 
ou seja, o sintoma do Ápice; o Ápice é confirmado em retrospectiva, pela sua 
localização mais ou menos 2 semanas antes do início da próxima menstruação. 
Se a mulher não estiver ovulando, no momento, será instruída a reconhecer 
a infertilidade no seu padrão do muco, de tal forma que poderá identificar 
sinais precoces do retomo da fertilidade, posteriormente. Em algumas 
circunstâncias, poderá ser útil a programação de consultas semanais até que 
a confiança seja estabelecida. 
É aconselhável à mulher, aprender os sinais da infertilidade quando 
é jovem. O reconhecimento da infertilidade toma-se progressivamente mais 
importante, com o decorrer do tempo. As mulheres que se baseiam somente 
nos sinais da fertilidade para determinar que certo número de dias subseqüentes 
provavelmente serão inférteis, não terão adquirido compreensão do método 
natural quando a infertilidade pré-ovulatória tomar-se prolongada e, mais 
tarde, permanente. 
Cada mulher é uma pessoa e cada ciclo menstrual é um ciclo individual, 
no que se refere à sua duração, à duração do sintoma do muco etc. A mulher 
poderá reconhecer as suas próprias ovulações férteis pelo padrão de muco 
distinto, tal como a instrutora a auxilia a descobrir. A instrutora tomará 
cuidado para evitar qualquer sugestão de que o muco deveria ser conforme 
algum padrão preciso ou padrão médio usado para fins de ensino. Às vezes, 
é necessário insistir por muito tempo com paciência e amabilidade até que a 
mulher seja persuadida a anotar suas observações de maneira fiel e confiável. 
Uma boa instrutora aprende a distinguir entre um gráfico incompleto 
(problema de ensino) e um padrão pouco comum (problema de conduta). ' 
Gráficos incompletos podem ser conseqüência da ansiedade, da falta de 
confiança no método ou devido ao esforço para obedecer a um padrão 
qualquer imaginário, sugerido pela instrutora. 
A instrutora deverá transmitir serenidade e confiança às usuárias; se elas 
desenvolverem confiança, observarão as regras pelo lapso de tempo que for 
necessário. Ela sempre encorajará o casal a fazer uso completo da liberdade 
para a relação sexual, dada pelo método, e deverá se resguardar contra o 
desenvolvimento; nela mesma ou no casal, de qualquer atitude "contrária à 
concepção". No caso de o casal seguir as regras sem cuidado, resultando 
numa gravidez, a criança deverá ser acolhida pela instrutora com amor e 
entusiasmo. Nenhum casal deverá ter um sentimento de fracasso por causa 
do filho que concebeu. 
A instrutora dedicada perceberá que somente em alguns casos existe 
dificuldade persistente no uso do método. Às vezes, esta dificuldade pode ser 
vencida pedindo a uma outra instrutora com experiência para continuar a 
instrução da usuária específica. Em outros casos, podem existir problemas 
psicossexuais, talvez uma falta de desejo real em identificar com certeza os 
dias de infertilidade. Nestas circunstâncias, necessita-se de aconselhamento 
matrimonial e não de aconselhamento sobre planejamento familiar. 
Ao marido da usuária que está sendo instruída, deve-se dar uma boa 
explicação geral sobre o método todo, assim como um conhecimento da sua 
fertilidade combinada, isto é, a influência do muco sobre os espermatozóides, 
aumentando sua sobrevivência nos dias férteis do ciclo, quando a concepção 
pode ocorrer. O marido também deveria entender que a excitação sexual, no 
homem, usualmente forma secreções, antes da ejaculação e que estas 
ecreções contêm espermatozóides que poderiam ser responsáveis por uma 
concepção, no caso de eles encontrarem o seu caminho até o muco cervical, 
mesmo o muco imediatamente saído e fora da vagina. Ele também necessita 
ter alguma compreensão do registro do padrão do muco e das regras, a fim 
de saber quando a abstinência de contato genital é necessária, caso queiram 
evitar uma gravidez, e assim, ele reconhecerá sua parte de responsabilidade, 
exigida para a aplicação do método. 
É evidente que o Método de Ovulação é uma filosofia tanto quanto uma 
técnica e que as instrutoras têm uma motivação básica para ajudar casais a 
viverem juntos em harmonia e a obterem grande felicidade em razão de sua 
relação sexual física. Os maridos das mulheres que ensinam os detalhes do 
padrão do muco têm uma contribuição importante a dar para o programa total 
de ensino, apresentando um parecer sobre a segurança e satisfação que 
tiverem com o uso do método no próprio matrimônio. 
Princípios para o Reconhecimento do Muco 
Os padrões de muco refletem padrões hormonais; assim, qualquer pessoa, 
aprendendo o Método de Ovulação, há de pensar em padrões. Observações 
diversas sobre o tipo de muco que pode ser encontrado num ciclo menstrual, 
são uma introdução valiosa que servirão detalhadamente como guia no 
tempo de máxima fertilidade do ciclo. 
O muco com maior probabilidade de auxiliar a concepção pode ser 
11 
chamado de "muco com sinais férteis" e tende a possuir as seguintes 
características: forma um padrão que se inicia com uma mudança a partir de 
um Padrão Básico Infértil sem variações, talvez sendo turvo e pegajoso; 
depois, segue até um muco que é escorregadio e molhado, que pode ser 
extensível e se estende em forma de fios, sem romper. Pode ser claro ou 
mesclado com sangue e, por essa razão, ser amarelo, marrom, róseo ou 
vermelho. Mesmo quando não há suficiente quantidade de muco para ser 
visto, a sensação escorregadia produzida por ele deverá indicar claramente 
a sua presença. 
O Muco da Fase Fértil 
Há um início de fertilidade com uma baixa possibilidade de concepção, no 
começo da fase fértil. A possibilidade de concepção aumenta à medida que 
a ovulação se aproxima, e é máxima no dia Ápice. A fertilidade depende da: 
(i) iminência da ovulação; 
(ii) qualidade do muco, que determina a sobrevida e o transporte dos 
espermatozóides. 
Durante a fase pré-fértil, a cérvix está fechada por um tampão denso do 
muco G que impede a entrada dos espermatozóides. Os espermatozóides 
morrem rapidamente no ambiente hostil da vagina, perdendo prontamente a 
sua capacidade de fertilizar o óvulo. Neste período, o Padrão Básico de 
Infertilidade pode ser reconhecido. A mulher sente secura na vulva, sem nada 
visível, ou tem uma sensação seca com pequenas quantidades de muco denso 
em flocos ou fios. Esta última observação é explicada por Odeblad como 
pedaços do tampão do muco G soltando e saindo da vagina; não há mudança 
significativa, dia após dia. 
Ao primeiro sinal de mudança, a partir do Padrão Básico de Infertilidade, 
começa a fase fértil; a sobrevida dos espermatozóides é prolongada e sua 
migração para o útero é possível. · 
Pode haver então grande quantidade de muco liberada da cérvix e muitas 
mulheres podem ver denso tampão de mucoassociado com uma sensação 
vulvar de "não mais seca". Este muco é opaco e resistente. Porém, não é 
composto inteiramente de muco G que é impermeável aos espermatozóides, 
quando localizado dentro do canal cervical. É misturado agora com o muco 
L e até a um pouco do muco S que contém canais, permitindo um transporte 
rápido de espermatozóides. 
O fato de o tampão ter atingido a vulva indica que foi deslocado pelo muco 
estrogênico (tipos L e S) que agora está sendo secretado pela cérvix. Não é 
possível julgar, pela inspeção a olho nu numa amostra de muco, qual é sua 
composição exata e quais são as proporções presentes do muco G, L ou S. À 
medida que a ovulação se aproxima, as proporções destes três tipos de muco 
mudam, sendo que aquela do muco S com canais, aumenta significativamente. 
Algumas mulheres têm somente uma pequena quantidade de muco, não 
obstante as proporções dos três tipos garantirem a sua fertilidade; uma grande 
proporção do muco S que é especialmente responsável pela sensação de 
lubrificação, é um indício claro de alta fertilidade, mesmo não havendo muco 
visível. Portanto, a quantidade de muco não é o fator importante; sua 
qualidade e sua constituição precisa é que são os fatores soberanos. É 
necessário observar o primeiro ponto de mudança a partir do Padrão Básico 
de Infertilidade e o desenvolvimento progressivo das mudanças no muco, 
mais adiante, dia após dia, à medida que se aproxima do ápice da fertilidade, 
prestando atenção tanto na sensação, como nas observações visuais na vulva. 
A experiência tem mostrado que a terminologia, que se referia ao muco 
com ausência das características férteis distintas como "muco tipo infértil", 
tem causado confusão, pelo fato de que tal muco não pode identificar 
positivamente um estado de infertilidade, como apontado acima. Em 
contrapartida, o conceito de Padrão Básico de Infertilidade como distinto da 
fase pré-fértil deve ser enfatizado. A infertilidade pré-ovulatória se reconhece 
pelo padrão invariável até o ponto da mudança que indica o início da fase 
fértil. Quando o Padrão Básico de Infertilidade for seco, o ponto de mudança 
pode ser um muco do tipo grosso e pegajoso, o que indica a necessidade de 
evitar todo contato genital, no caso de querer adiar uma gravidez. 
A aproximação da ovulação e do desenvolvimento da sensação escorregadia 
e lubrificante, na vulva, indica o início da fertilidade. 
A fertilidade somente pode ser comprovada pela concepção. Esta é mais 
provável quando o coito ocorre no dia do Ápice ou perto dele. Pode-se 
presumir que é necessária certa quantidade mínima dos mucos L e S e uma 
boa disposição arquitetônica dentro do canal cervical, antes da concepção 
ocorrer. Uma mulher que acompanha o ensino de uma instrutora 
competente poderá identificar na vulva até uma quantidade muito 
pequena do muco receptivo para os espermatozóides. 
12 
O Muco e a Infertilidade 
Não é possível classificar qualquer amostra de muco como sendo "fértil" 
ou "infértil". Um muco com as características férteis descritas acima tem 
nesta época mais chances de promover a sobrevida dos espermatozóides e a 
concepção após o coito. A infertilidade, na presença do muco, só poderá ser 
julgada por um padrão invariável, dia após dia. 
Muco pegajoso e turvo ou uma sensação de secura, sem qualquer vestígio 
de muco visível é o padrão observado após o sintoma do dia Ápice. Durante 
os três dias após o Ápice, quando a ovulação pode ocorrer, pode haver 
suficiente quantidade de muco de sustentação para os espermatozóides, 
abrigados dentro da cérvix e contendo suficiente número de canais-para 
prover a migração dos espermatozóides e resultar em concepção. O princípio 
importante reside no fato de que o muco não pode ser identificado como 
infértil pelas suas características físicas, fora do contexto do seu padrão de 
muco (dentro do qual é localizado), isto é, não pode ser interpretado numa 
amostra isolada. 
Observações Gerais de um Ciclo Menstrual 
O padrão geral de um ciclo menstrual, mostrando o desenvolvimento do 
sintoma de muco cervical, é ilustrado na Figura 3. 
Num ciclo médio e nos ciclos longos, não haverá qualquer secreção ou 
mancha de qualquer tipo, após o término da menstruação e antes do início do 
muco; a mulher tem a sensação de secura. Nada sai da vagina, assim, ela não 
tem qualquer sensação, podendo notar a sensação de secura, no decorrer de 
suas atividades normais. Ela deve ser avisada para não explorar a vagina com 
o dedo, porque o seu interior é sempre úmido e isto a confundirá. 
A sensação de secura, normalmente, deverá persistir durante vários dias e, 
depois, dará lugar a uma sensação de pegajoso ou molhado para marcar o 
início do muco. No princípio o muco pode ser escasso mas será visível como 
opaco e talvez iniciando como fios finos e pegajosos. De vez em quando, um 
pedaço grande de muco pode parecer que é opaco e pegajoso. Agora o muco 
poderá mudar rapidamente, como um anúncio da ovulação. Portanto, se tiver 
a intenção de evitar uma gravidez, deve-se evitar qualquer contato genital 
logo no início do muco. 
Observações cuidadosas e diárias serão necessárias para seguir o padrão 
do muco. Como o muco fértil é fluido, não viscoso, a sua presença toma-se 
evidente fora da vagina onde, mesmo em quantidade escassa, causa uma 
sensação escorregadia e molhada. O contato íntimo entre os órgãos sexuais, 
mesmo sem relação sexual completa, nos dias de presença do muco com 
inais férteis, pode causar concepção. 
No dia ·após o coito, é provável a perda de algum líquido seminal e de 
secreções vaginais que foram produzidas durante a relação sexual. Assim, 
Uma sensação ou percepção de 
secura ao redor da área genital. 
O número destes dias pode 
variar em cada ciclo. Podem 
ser muitos num ciclo longo; 
mas poucos ou nenhum, 
num ciclo curto. 
este dia não será um dia seco e não poderá ser reconhecido com segurança 
como um dia sem muco. O líquido seminal poderá ser visto como claro e 
extensível, tal como o muco com sinais férteis. Portanto, se uma gravidez 
deve ser evitada, o coito deverá ser evitado até que o efeito da relação 
sexual anterior desapareça e a infertilidade possa ser reconhecida com 
certeza. 
Se a mulher observar emaranhados ou fios de muco claro associados a uma 
sensação lubrificante na vulva, muitas vezes poderá observar em seguida um 
O muco prolonga a vida dos espermatozóides. A concepção 
pode ocorrer após qualquer contato genital , nos dias com 
muco, antes da ovulação. 
No ponto máximo da fertilidade, o muco dá uma definitiva 
sensação de lubrificação. O último dia desta sensação é 
anotado como o Ápice. 
A OVULAÇÃO SEGUE AO ÁPICE 
Os dias 1, 2 e 3 após o Ápice são dias de fertilidade decrescente, 
nesta ordem. A ovulação ocorre no dia 1, em muitos casos. Os 
dias 2 e 3 são dias de menor fertilidade, o dia 3 sendo menos 
fértil do que o dia 2 e o dia 2 menos fértil do que o dia 1. A 
concepção pode ocorrer a partir de qualquer contato genital, 
nestes três dias após o Ápice. 
O período de tempo entre o Ápice do muco e o início da 
próxima menstruação é mais ou menos de 2 semanas. A 
infertilidade se inicia novamente a partir do quarto dia após 
o Ápice. Se algum muco aparecer a partir daí, há de ser 
pegajoso e opaco. 
Figura 3. - Padrão geral de um ciclo menstrual. Este ciclo descreve uma ovulação ocorrendo tarde, no dia Ápice, mostrando uma fase lútea de 14 dias que pode variar de 11 a 16 dias num 
ciclo normal. 
13 
desaparecimento do muco visível, porém com persistência da sensação 
lubrificante, durante mais um dia ou dois. A quantidade do muco não é 
importante e pode diminuir, algum tempo antes da ovulação. O Ápice é o 
último dia de muco com características férteis e o Ápice já se foi, quando não 
houver mais uma sensação lubrificante durante três dias inteiros. Se durante 
estes três dias uma sensação escorregadia voltar a aparecer ou ocorrer um 
muco claro e extensível, a contagem dos três dias de muco sem sinais férteis 
deverá serreiniciada, no caso de se querer evitar uma gravidez. 
No caso de a mulher sofrer qualquer estresse emocional sério ou doença 
física, quando estiver perto da ovulação, esta pode ser adiada, acarretando 
como conseqüência diminuição dos níveis dos estrogênios ovarianos e o 
muco voltará para o tipo com sinais menos férteis. Conseqüentemente, na 
eventualidade de qualquer estresse súbito e sério nesta época, a possibilidade 
de adiamento da ovulação deveria ser considerada. A ovulação pode ser 
retardada mas nunca será antecipada ou provocada sem aviso prévio, por 
qualquer estímulo físico ou psicológico, incluindo a relação sexual. 
O muco na vulva pode cessar abruptamente após o Ápice do sintoma, 
porém, as condições internas permanecem favoráveis à movimentação dos 
espermatozóides, até haver quantidade suficiente daquele tipo de muco (o 
muco G) que resulta da influência da progesterona. A ovulação pode não 
ocorrer até um dia ou mais após o Ápice e, no caso do coito coincidir com o 
dia da ovulação, a questão do prolongamento da vida do espermatozóide não 
vem à tona; nesta altura, os espermatozóides, para atingir o óvulo e fertilizá-
lo, têm apenas que viajar pelos canais remanescentes do muco S que ficaram 
preservados dentro da cérvix pelo muco G que se desenvolve rapidamente. 
O muco G bloqueia a entrada dos espermatozóides dentro tlo útero a partir 
do quarto dia após o Ápice. 
Nos ciclos longos, dias com muco serão observados de vez em quando e, 
às vezes, "placas de muco" que são uma sucessão de dias com muco. Em 
alguns destes dias, o muco poderá mesmo desenvolver sinais férteis como se 
o corpo estivesse "tentando ovular". Tais ocorrências tomam-se familiares 
para a mulher com experiência e o método engloba regras de bom senso para 
prevenir erros. No caso do padrão não continuar até o Ápice costumeiro, não 
se pode presumir que a ovulação tenha ocorrido e as Regras dos Primeiros 
Dias (Capítulo 5) devem ser seguidas, no caso de se querer adiar uma 
gravidez. 
14 
Um ciclo curto é resultado de uma ovulação precoce. É possível que a 
ovulação ocorra antes do fim da menstruação.Na medida que o sangramento 
da menstruação diminui, a mulher deve notar se o muco iniciou. Assim, na 
eventualidade de uma ovulação precoce, uma relação sexual durante o 
período menstrual pode resultar em gravidez. 
Uma outra boa razão para que a presença de sangramento não seja 
interpretada como infertilidade, é que tal sangramento pode ocorrer logo 
antes da ovulação, num período de alta fertilidade. 
O sangramento que ocorre às vezes perto da ovulação tem uma relação 
temporal inconsistente com a ovulação, mas tal sangramento pode, às vezes, 
ser suficiente para obscurecer o muco. A mulher aprende a identificar uma 
menstruação verdadeira, já que esta ocorre dentro de 2 semanas ( 11 a 16 dias) 
após a ovulação, num ciclo normal. Este intervalo pode ser mais curto quando 
a ovulação ocorrer pela primeira vez durante a amamentação ou o desmame, 
em alguns ciclos da pré-menopausa ou quando a ovulação retoma após a 
cessação de medicação contraceptiva·. Quando o sintoma familiar do Apice 
não for reconhecido, o sangramento deve ser considerado simplesmente 
como uma mudança do Padrão Básico de Infertilidade e, portanto, uma 
indicação para aplicar a regra de "esperar para ver": se a gravidez não for 
desejada, o contato genital deve ser evitado neste momento e durante três dias 
após o retomo do Padrão Básico de Infertilidade. O coito pode então ser 
retomado na noite do quarto dia, sendo ainda limitado às noites, já que ainda 
estamos na fase pré-ovulatória do ciclo. 
Perto do tempo da ovulação, dor e desconforto podem ser experimentados 
no baixo ventre, acentuados quando se sentar abruptamente, numa área dura. 
Às ve~es, pode haver uma sensação de peso no meio do baixo ventre ou na 
parte baixa das costas, como a dor num período menstrual. Estas dores 
também mostram uma relação temporal variável com a ovulação. Às vezes, 
a dor pode ser mais aguda e localizada num ou no outro lado do baixo ventre 
e marcar, mais exatamente, o tempo da ovulação; todavia, dores semelhantes 
podem ter outras causas e o sintoma de dor deveria ser relacionado ao padrão 
do muco antes de ser aceito como indicação autêntica da ovulação. 
Muitas· mulheres notam um edema na vulva, no tempo do sintoma Ápice. 
Tambtfm se pode observar uma glândula sensível na virilha, bem do lado 
interno da pulsação da artéria femoral, durante um ou dois dias, nesta época; 
esta glândula indica o lado do ovário que está ovulando. 
Escolhendo o Sexo do Filho 
A maioria das mulheres compreende logo o Método de Ovulação e o acha 
tão fácil de aplicar que existe o risco real de complacência, com conseqüente 
descuido dos detalhes. Quando o problema imediato for resolvido e uma 
outra gravidez for planejada, é útil aumentar o conhecimento adquirido com 
atenção cuidadosa para os indícios da fertilidade, no dia em que ocorre a 
concepção e nos dias imediatamente anteriores ou posteriores. 
15 
Quando outra gravidez for planejada, deve ser lembrado que o sexo do 
filho é determinado pelo espermatozóide. Em cada óvulo, o cromossomo 
sexual é um cromossomo X. Metade dos espermatozóides têm um cromossomo 
X e a outra metade, o cromossomo Y. Quando um espermatozóide com 
cromossomo X se une ao óvulo, o filho será uma menina. Quando um 
espermatozóide com cromossomo Y se une ao óvulo, o filho será um menino. 
Há algum indício de que o espermatozóide com cromossomo Y seja mais 
ágil mas, com sobrevida mais curta que o espermatozóide com cromossomo 
X. Isto toma mais provável que o coito no dia do sintoma Ápice ou no dia 
seguinte produzirá um filho homem. Por outro lado, o coito quando o muco 
começa a produzir uma sensação escorregadia na vulva, ou talvez, um pouco 
mais perto do Ápice, é mais apto a produzir uma filha mulher. De qualquer 
modo, deverá haver um só ato de coito, durante a fase fértil. 
4. Registrando o Muco Cervical 
Um registro simples e exato é a chave do êxito. 
·É raramente necessário mostrar à mulher como encontrar o muco, já que 
ela está, quase sempre, consciente dele. É melhor iniciar, pedindo-lhe que 
mantenha um registro diário de observações que ela já está fazendo. É 
recomendado que o contato genital seja evitado durante as primeiras 2-4 
semanas, a fim de prevenir confusão inicial pela presença do líquido seminal 
e outras secreções resultantes do coito. É essencial apontar a diferença entre 
o que ela sente e o que ela observa, e avisá-la de que o método não faz 
qualquer referência ao que pode ser descoberto por exploração, no interior da 
vagina, comportamento que deve ser desencorajado. Algumas palavras úteis 
podem ser sugeridas, "seco", "escorregadio", "pegajoso", "grudento", 
"pastoso". Quando a interpretação destas observações for esclarecida na 
primeira entrevista do acompanhamento, mais detalhes podem ser acrescidos, 
se necessário. 
O método de manter um registro diário será agora descrito. Uma série de 
gráficos será usada para ilustrar os diferentes registros que podem emergir, 
a partir de uma sucessão de ciclos menstruais, na mesma mulher ou em outra. 
Será notado que a expficação dos gráficos e das regras a serem aplicadas 
envolve boa dose de repetições, o que enfatiza o fato de que as mesmas regras 
básicas são aplicadas sempre e que a sua formulação para circunstâncias 
especiais é uma questão de bom senso. 
Cada mulher é uma pessoa e, quando reconhece o seu próprio padrão 
básico de fertilidade, terá o seu modo particular de descrever as características 
físicas do muco; ela não deve hesitar em usar as palavras que lhe parecem 
mais apropriadas. Não precisa imaginar que seu gráfico deve ser ajustado a 
qualquer exemplo de ensino específico, que pretende somente ser um guia. 
Acima de tudo, ela deve ser persuadida a fazer um gráfico fiel, a entender que 
todas as suas observações são importantes e que elas poderão ser explicadas 
por uma instrutora competente. A auto-consciência da sua

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