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Direito Penal - Lei Maria da Penha

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EXITUS 13 
 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – LEI 
11.340/06 
 
1 – FUNDAMENTOS 
 
 a)CF – art. 226, § 8º. 
 
 b)Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as 
mulheres. 
 
 c)Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a 
mulher. 
 
Obs. 1 – Ver o artigo 6º. – erige a violência doméstica e familiar contra a mulher a “uma 
das formas de violação dos direitos humanos”. 
 
OBS. IMPORTANTE: COM VISTAS A ISSO FORAM EDITADAS DUAS 
SÚMULAS PELO STJ: 
 
a)Súmula 589, STJ – “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou 
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas”. 
 
b)Súmula 588, STJ – “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com 
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos”. 
 
Obs. 2- A questão da Constitucionalidade. Viola o Princípio da Igualdade dos Gêneros? 
Não. Discriminação Positiva (ADC 19 – STF). 
 
 
2 – O QUE CONSISTE EM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A 
MULHER? 
 
 Ver conceitos dos artigos 5º. , I a III e 7º., I a V. 
 
Obs. 1 – Abrange relações homossexuais (ver art. 5º., Parágrafo Único). 
 
Obs. 2 – A Lei 11.340/06 não prevê novos crimes, mas vale-se daqueles já vigentes na 
legislação penal brasileira, impondo-lhes um tratamento e procedimento mais rigoroso. 
 
Obs. 3 – Embora a Lei Maria da Penha seja muito clara, em seu artigo 5º., inciso III, 
havia discussão sobre haver ou não necessidade de coabitação. Nucci, por exemplo, 
afirmava essa necessidade (contra a letra da lei). Finalmente, o STJ, em 2017, editou a 
Súmula 600, STJ para dizer o óbvio – “não há necessidade de coabitação para aplicação 
da lei maria da penha”. 
 
Súmula 600-STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar 
prevista no artigo 5º da Lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha, não se 
exige a coabitação entre autor e vítima. 
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/11/2017. 
 
 
 
3 – RELAÇÕES DE TRABALHO – PROTEÇÃO 
 
 Art. 9º., § 2º.: 
 
I – remoção da servidora pública; 
II – manutenção do vínculo trabalhista com afastamento do local de trabalho por até 06 
meses para as trabalhadoras da iniciativa privada. 
 
 
4 – ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL – ART. 11, I A V, ART. 12, I 
A VII, § 1º, I a IV, § 2º. e § 3º. 
 
Obs. 1 – O § 3º. Afirma que os “laudos” ou prontuários médicos de hospitais ou postos 
de saúde “serão admitidos como meios de prova”. 
Certamente o dispositivo não revoga o art. 158, CP, devendo ser interpretado como 
referente somente à fase policial; para fins das medidas protetivas de urgência ou, no 
máximo, para a elaboração de eventual denúncia. No entanto, durante o processo 
respectivo, deverá vir aos autos o Laudo de Exame de Corpo de Delito. 
 
5 – CRIAÇÃO DOS “JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
CONTRA A MULHER” 
 
 Art. 14 
 
Obs. 1 – Nesses juizados permite-se a realização de atos processuais em horário noturno 
(art. 14, Parágrafo Único). 
 
Obs. 2 – Art. 33 – norma de transição – enquanto não forem criados os Juizados, as 
varas comuns acumulam as funções. 
 
 
6 – RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO 
 
 Art. 16 – O dispositivo apresenta gravíssimos problemas de redação, 
especialmente de terminologia. 
 
 
7 – RESTRIÇÕES DE PENAS ALTERNATIVAS 
 
 Art. 17 – São vedadas: 
 
a)Cesta básica 
 
b)Prestação pecuniária 
 
c)multa isolada substitutiva 
 
 
8 – MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
 
a)Prazo para o Juiz deliberar: 48 horas (art. 18, “caput”). 
 
b)Como e quem requer? 
 
 b.1)Requerimento da ofendida através da Autoridade Policial ou diretamente 
(art. 19 c/c 12, III e § 1º., I a III e § 2º.). Note-se que se trata de uma exceção à limitação 
do “jus postulandi” ao advogado. 
 
 b.2)Requerimento do MP (art. 19). 
 
Obs. 1 – A natureza jurídica dessa medidas de proteção é a de “medidas cautelares 
penais”, de forma que somente são passíveis de deferimento pelo Juiz havendo 
Inquérito Penal ou Ação Penal em andamento ou a serem instaurados. Elas não podem 
subsistir individualmente, independentemente de uma ação penal ou Inquérito Policial. 
Por exemplo, se a vítima registra ocorrência, mas não representa pela instauração sequer 
do IP, o Juiz não pode conceder as medidas protetivas de forma independente no âmbito 
penal. Nesses casos restará à ofendida somente a busca de medidas protetivas 
semelhantes por meio do Processo civil respectivo (por exemplo, separação de corpos, 
alimentos etc.). 
 
Obs. 2 – A lei não diz que o Juiz pode conceder medidas protetivas de urgência de 
ofício, de modo que ele depende da atuação da própria ofendida ou do MP. 
 
Note-se que Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto entendem que pode e 
Maria Berenice Dias entende que não. 
 
c)As medidas protetivas de urgência são concedidas (art. 19, § 1º.) 
 
 c.1) “Inaudita altera pars” 
 
 c.2)Sem necessidade de manifestação do MP. Este será apenas comunicado 
obrigatoriamente. 
 
 
d)As medidas protetivas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente e podem ser 
substituídas, bem como revogadas (art. 19, § 2º. e § 3º). 
 
Obs. 1 – Para rever as medidas já concedidas o Juiz deverá obrigatoriamente, ouvir o 
MP (art. 19, § 3º.). 
 
 
 
 
 
QUEM PODE CONCEDER AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA? 
 
 Até o surgimento da Lei 13.827/19, somente o Juiz poderia conceder. A mulher 
requeria e o Delegado de Polícia apenas encaminhava o requerimento ou então o MP 
requeria. 
 Com a Lei 13.827/19 surgem outros legitimados para a concessão das Medidas 
Protetivas em casos excepcionais (novo artigo 12 – C, I a III da Lei 11.340/06). A 
situação excepcional será a seguinte: 
 
1)Existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher ou de 
seus dependentes (artigo 12 – C, “caput”). Além disso a única medida que pode ser 
concedida excepcionalmente por outras pessoas ou pelo Juiz de imediato nessa 
situação, é a de “afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a 
ofendida”, não as demais medidas, as quais continuam seguindo as mesmas regras 
antigas. 
 
2)Primeiro a lei fala no próprio Juiz, mas sem prazo de 48 h. para decidir e sim de 
imediato, quando o local for sede de comarca (artigo 12 – C, I); 
 
3)Não sendo sede de comarca o local do fato, o Delegado de Polícia poderá conceder 
diretamente, comunicando o Juiz em 24 h., o qual decidirá por manter ou revogar a 
medida no mesmo prazo, dando ciência ao MP (obs. Não é preciso oitiva prévia do MP, 
apenas ciência) (artigo 12 – C, II e § 1º.); 
 
4)Não sendo sede de comarca e não havendo Delegado de Polícia disponível no local do 
fato, prevê a lei que qualquer outro Policial poderá conceder a medida, com as mesmas 
regras de comunicação do Juiz acima expostas (artigo 12 – C, III e § 1º.); 
 
Obs. A mesma Lei 13.827/19 determina a criação de um banco de dados no CNJ para 
registro de todas as medidas protetivas de urgência concedidas e corroboradas pelo Juiz 
(novo artigo 38 – A, da Lei 11.340/06). 
 
LEITURA COMPLEMENTAR: CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Medidas Protetivas 
de Urgência e Decreto pela Polícia: um avanço na proteção à mulher. Disponível em 
https://jus.com.br/artigos/76279/medidas-protetivas-de-urgencia-e-decreto-pela-policia-
um-avanco-na-protecao-a-mulher . Site Jus Navigandi. 
 
 
e)Quais são as medidas protetivas de urgência? 
 
 Elas se dividem em: 
 
a)Medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor – art. 22, I a V. 
 
b)Medidas protetivas de urgência à ofendida – art. 23, I a IV (pessoais) e 24, I a IV 
(patrimoniais) 
 
Obs. Ver sobre a Ley Orgânica Espanhola n. 01/04 – “Quebrantamiento de Condena” 
para a mulher que desobedece as medidas protetivas a si mesma concedidas. 
 
https://jus.com.br/artigos/76279/medidas-protetivas-de-urgencia-e-decreto-pela-policia-um-avanco-na-protecao-a-mulherhttps://jus.com.br/artigos/76279/medidas-protetivas-de-urgencia-e-decreto-pela-policia-um-avanco-na-protecao-a-mulher
QUANDO AS MEDIDAS PROTETIVAS SÃO DESCUMPRIDAS (vide artigo – 
CABETTE, Eduardo Luiz Santos, SANNINI NETO, Francisco. Descumprimento de 
Medidas Protetivas de Urgência agora é crime. Disponível em www.jus.com.br : 
 
 Inicialmente havia apenas a possibilidade de decreto da prisão preventiva, nos 
termos do artigo 20 da Lei Maria da Penha, c/c artigo 312 (ordem pública), CPP e 313, 
III, CPP. Não havia “crime de desobediência”, pois que se considerava que a existência 
de sanção processual penal afastava a aplicabilidade do artigo 330, CP (Posição do 
STJ). 
 AGORA: Lei 13.641/18, alterou a Lei Maria da Penha para acrescentar o artigo 
24 – A, prevendo uma espécie de crime específico de desobediência às Medidas 
Protetivas: 
 
 Art. 24 – A – Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de 
urgências previstas nesta lei. 
 Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos. 
 
 Assim sendo, o infrator poderá ser preso em flagrante e ainda ter decretada, 
como sempre foi possível, sua preventiva. 
 Por que preso em flagrante, se a infração seria de menor potencial? Porque, em 
se tratando de um crime da Lei 11.340/06 e que tem por sujeito passivo imediato a 
Administração da Justiça, mas como sujeito passivo mediato a mulher vítima de 
violência doméstica, o artigo 41 da Lei 11.340/06 veda a aplicação das benesses da Lei 
9099/95 ao infrator. Pode haver outro entendimento, apontando que o fato de a mulher 
não ser o sujeito passivo imediato, teria o condão de permitir a aplicação da Lei 9099/95 
e a substituição da Prisão em Flagrante por Termo Circunstanciado. Mas isso parece 
não ser o espírito do legislador. Tanto é fato que no § 2º. do citado artigo 24 – A, fala-se 
em prisão em flagrante e vedação de fiança pelo Delegado de Polícia, ao contrário 
do que permitiria o artigo 322, CPP. Só caberá fiança pelo Juiz de Direito. 
 
QUESTÃO: Há inconstitucionalidade da vedação de fiança? Não. A não ser por 
insuficiência protetiva, pois resta estranho que em um crime de perigo não seja possível 
fiança pelo Delegado, mas em crimes de dano (v.g. quando a mulher é vítima de lesão 
corporal) pode ser arbitrada fiança, a não ser no caso do agente já ter na ocasião medida 
protetiva que descumpriu para perpetrar a agressão, quando ocorreria concurso formal 
de crimes e ficaria afastada a fiança pelo Delegado. Observe-se que a violência 
doméstica e familiar contra a mulher é considerada no direito interno e em tratados 
como uma espécie de violação dos direitos humanos ( artigo 6º., da Lei 11.340/06, 
artigo 4º., II, CF e tratados internacionais). 
 
OBS. O ideal seria nesses casos de descumprimento que a prisão em flagrante ou 
mesmo no bojo de IP, seja convertida a medida protetiva em prisão preventiva 
(inteligência do artigo 312, CPP – ordem pública c/c artigo 313, III, CPP). 
 
QUESTÃO: Há inconstitucionalidade no afastamento da Lei 9099/95? Não, STF já 
reconheceu a constitucionalidade do artigo 41 da Lei 11.340/06 (ADC 19/12), bem 
como o artigo 98, I, CF deixa ao legislador ordinário, estabelecer o que seja ou não 
infração penal de menor potencial. 
 
http://www.jus.com.br/
QUESTÃO: E se foi o Juiz Civil que deferiu as medidas desobedecidas? Tanto faz, vide 
artigo 24 – A, § 1º., da Lei 11.340/06. 
 
OBS. Para a configuração do crime não basta haver pedido ou mesmo deferimento 
judicial. É imprescindível prova inequívoca de que o suposto agressor foi devidamente 
notificado e está ciente da medida. 
 
QUESTÃO: E se o agressor é aceito no lar pela própria mulher? Entende-se que nesses 
casos fica afastada a tipicidade material da conduta. Pode haver discussão, afirmando 
que o crime é formal e contra a administração da justiça, mas parece que o mais correto 
é o afastamento da tipicidade material. Observe-se que, em regra (artigo 18), as 
medidas são deferidas a requerimento da ofendida, de modo que seu consentimento é 
relevante para a desconfiguração do crime em estudo. No entanto, vimos que as 
medidas podem também ser deferidas pelo Juiz a requerimento do Ministério Público, 
até contra a vontade da ofendida (artigo 19). Nesses casos, excepcionalmente, a 
concordância da ofendida não será relevante. Isso, porém, é de pouca incidência prática 
(até por respeito à autonomia da mulher) e deve ser excepcional (ex. casos de nítida 
coação à mulher, casos de incapacidade da mulher, menoridade etc.). 
 OBS. Obviamente sempre que a concordância da mulher com a aproximação do 
agressor se der por vontade viciada (coação, fraude etc.), o crime estará configurado. 
Nesses casos a vontade da ofendida é, obviamente, inválida. 
 
QUESTÃO: A mulher poderia ser presa ou processado pelo crime no caso de acolher o 
infrator na vigência da medida? Não. No Brasil a medida é deferida em prol da mulher e 
contra o suposto agressor. A ordem é dirigida ao acusado ou indiciado e não à mulher, 
de forma que ela não tem como desobedecer. Há, em outros países (v.g. Espanha, o 
delito de “quebrantamento de condena”, que possibilita a punição também da mulher, 
mas isso não se repete em nossa legislação. Vide: KARAM, Maria Lúcia. Violência de 
Gênero: o paradoxal entusiasmo pelo rigor penal. Boletim IBCCrim. n. 168, p. 6 – 7, 
Nov., 2006. 
 
 
9 – PRISÃO PREVENTIVA 
 
 A Lei 11.340/06 prevê a possibilidade de decreto de prisão preventiva nos casos 
de violência doméstica e familiar contra a mulher (ver art. 20 e Parágrafo Único). 
 Cria nova hipótese de prisão preventiva, acrescentando inciso ao art. 313, CPP 
(ver art. 42). 
 
QUESTÃO: Inconstitucionalidade? Prisão Civil? Não (vide Sérgio Ricardo de Souza), 
é prisão criminal referindo-se à “segurança da vítima”. 
 
IMPORTANTE: Também a Lei 13.827/19 determina a proibição de concessão de 
liberdade provisória (com ou sem fiança) nos caos de risco à integridade física da 
ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência. 
 
Inconstitucional? Depende. Se entendida como regra de prisão preventiva obrigatória, é 
inconstitucional. Se entendida como regra a ser aplicada em conjunto com o artigo 282, 
CPP e 313, III, CPP, bem como havendo necessidade para a ordem pública, conforme 
artigo 312, CPP, não há inconstitucionalidade. 
 
Obs. 1 – A lei manda notificar a ofendida dos atos processuais relativos ao agressor, em 
especial dos pertinentes ao ingresso e saída da prisão. 
 Esta medida visa uma maior proteção à mulher, cientificando-a de que o 
agressor está solto (art. 21, “caput”). 
 
Obs. 2 – A lei proíbe expressamente que a mulher entregue intimação ou notificação ao 
agressor (art. 21, Parágrafo Único), prática antes bem comum em Delegacias de Polícia 
e que muitas vezes gerava novas agressões contra a mulher. 
 
10- NÃO APLICAÇÃO DA LEI 9099/95 – ART. 41. 
 
Obs. 1 – O art. 41 veda a aplicação da Lei 9099/95 para os “crimes” abrangidos pela Lei 
11.340/06. 
QUESTÃO: Inconstitucional? Não. Art. 98, I, CF – é a lei ordinária que dá o conceito 
de infração d menor potencial. Seria interessante que as proteções fossem também 
estendidas ao idosos, crianças, adolescente, deficientes e enfermos, independentemente 
do sexo por isonomia (eventual inconstitucionalidade por insuficiência protetiva). Hoje 
parcialmente colmatada pela Lei 12.403/11 com a nova redação do artigo 313, III, CPP, 
que estende as “medidas protetivas de urgência” aos demais hipossuficientes. 
 
Obs. Há decisões do TJRS de que mesmo as contravenções penais envolvendo violência 
doméstica e familiar contra a mulher devem ir para o Juizado Especial de Violência 
Doméstica e Familiar e lá aplicar-se os dispositivos da Lei 9099/95. IMPORTANTE: 
Tal entendimento foi acatado em decisões reiteradas do STJ e do STF, portanto 
ficam abrangidas pela Lei Maria da Penha, também as contravenções penais 
perpetradas em situação de violência domésticae familiar contra a mulher, 
inclusive as “Vias de Fato” (artigo 21, LCP). Mas, quanto à aplicação da Lei 
9099/95 há vedação expressa (artigo 41) e em face da atual Súmula 588, STJ, que 
impede até substituição de pena, esses entendimentos devem ser revisados. 
 
11- AÇÃO PENAL NOS CASOS DE LESÕES CORPORAIS COM VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
 
 a)Pública incondicionada? 
 
 O art. 41 veda a aplicação da Lei 9099/95 e, portanto, do seu art. 88. 
 
 b)Pública condicionada, continuando a aplicação do art. 88 da Lei 9099/95, 
inobstante o disposto no art. 41 da Lei 11.340/06. 
 Mas quais são os argumentos dessa tese? 
 
 b.1)Razões vitimológicas e criminológicas referentes ao próprio “status” da 
mulher enquanto ser racional, autônomo e capaz. 
 
 b.2)O fracasso da ação penal pública incondicionada no passado nos casos de 
violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
 b.3)O art. 12, I, da Lei 11.340/06 fala de “representação” – argumento sem base, 
pois a violência tratada na lei não se refere somente ao crime de lesões corporais (ver 
art. 7º., I a V). Ora, a Autoridade Policial vai colher a representação nos casos em que se 
exige representação. Naqueles em que não se exige, não colherá. Dessa forma o 
dispositivo não impede que haja crimes contra a mulher de ação penal pública 
incondicionada (ex. estupro seguido de morte, homicídio, atentado violento ao pudor 
com lesões corporais graves etc.). 
 
 b.4)O art. 88 da Lei 9099/95 não é propriamente uma norma relativa 
estritamente ao JEC, estando nas disposições gerais da lei e se integrando desde então 
ao CP. 
 
IMPORTANTE: Sobre o tema o STF já decidiu pela Constitucionalidade do Art. 
41 da Lei Maria da Penha (ADI 4424 da PGR) e pela ação penal pública 
incondicionada para o crime de lesões corporais leves envolvendo violência 
doméstica e familiar contra a mulher. VER TB: SÚMULA 542, STJ: “A ação 
penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra 
a mulher é pública incondicionada”. Note-se que para os demais crimes, cuja ação 
penal é privada ou condicionada por força de normas diversas da Lei 9099/95, 
permanece normalmente a exigência de representação ou requerimento e queixa – 
crime, nada se alterando com a decisão do STF. IMPORTANTE: TAMBÉM AS 
VIAS DE FATO (ARTIGO 21 LCP) se processam, nessas circunstâncias, por 
“ação penal pública incondicionada”, com aplicação plena do artigo 41 da Lei 
11.340/06, já que, como já visto, o STF e o STJ se posicionaram pela abrangência 
das contravenções pela Lei Maria da Penha. 
 
 
12)NOVA AGRAVANTE GENÉRICA NO CP 
 
 Art. 43, c/c 61, “J”, CP. 
 
Obs. “Bis in idem” no art. 129, § 9o., CP. Não aplicável por isso. 
 
13)NOVA REDAÇÃO DA LESÃO CORPORAL COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E 
FAMILIAR 
 
 Art. 44 c/c 129, § 9º., CP e § 11. 
 
Obs. 1 – Não é mesmo mais uma infração de menor potencial (pena máxima: 3 anos). 
 
 
14)O PROBLEMA DO CRIME DE ASSÉDIO SEXUAL (art. 216 – A, CP). 
 
15)A QUESTÃO DOS CRIMES CULPOSOS – A Lei 11.340/06 não tem por objeto 
crimes culposos perpetrados contra mulheres, somente crimes dolosos ligados a 
condutas referentes à chamada “violência de gênero”, que somente tem ligação com 
práticas tipicamente dolosas.

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