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“Úlcera péptica é a erosão em um segmento de mucosa gástrica que pode atingir a camada muscular da mucosa. No estômago, essa condição é conhecida como úlcera gástrica, e quando ocorre nos primeiros centímetros do duodeno, é denominada úlcera duodenal. Praticamente todas as úlceras são causadas por Helicobacter pylori ou uso de anti- inflamatórios não esteroides (AINE). Os sintomas consistem, tipicamente, em dor epigástrica e queimação, que em geral é aliviada com a alimentação. O diagnóstico é por endoscopia e teste para Helicobacter pylori. O tratamento consiste em supressão ácida, erradicação de H. pylori (se presente) e abstenção do uso de AINE”. VAKIL, N. Doença ulcerosa péptica. Manual MSD - versão para profissionais de saúde. Winsconsin: University of Madison School of Medicine and Public Health, 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/gastrite-e- doen%C3%A7a-ulcerosa-p%C3%A9ptica/doen%C3%A7a-ulcerosa-p%C3%A9ptica. Acesso em: 30 jan. 2020. “O gastrinoma, ou síndrome de Zollinger-Ellison, é um tumor produtor de gastrina geralmente localizado no pâncreas ou na parede duodenal. Hipersecreção de ácido gástrico e ulceração péptica refratária agressiva são os resultados. O diagnóstico se faz pela mensuração da gastrina sérica. O tratamento consiste em uso de inibidores da bomba de prótons e remoção cirúrgica”. LIVSTONE, E. M. Gastrinoma. Manual MSD - versão para profissionais de saúde. Florida: Sarasota Memorial Hospital, 2017. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt- pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/tumores-do-trato- gastrointestinal/gastrinoma?query=Zollinger-Ellison. Acesso em: 15 jan. 2021. Baseado nas informações dos textos e em seu conhecimento, estabeleça uma relação entre a regulação neuro-hormonal da mucosa gástrica e duodenal com a doença ulcerosa péptica. A úlcera péptica é uma ferida que ocorre na mucosa do trato gastrointestinal e pode estar localizada tanto no estômago (úlcera gástrica) quanto na primeira porção do intestino delgado (úlcera duodenal). Caracteriza-se como um desequilíbrio entre fatores agressores e protetores da mucosa gástrica, tendo como principais fatores o Helicobacter pylori ou os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES). Contudo, a desregulação neuro-hormonal pode facilitar o aparecimento dessas lesões. Vejamos hormônios envolvidos: a) Gastrina: é um hormônio polipeptídico secretado pelas células G da mucosa antral gástrica e pelas células duodenais proximais, quando da ingestão, em resposta à diminuição da acidez gástrica. A liberação de gastrina é suprimida a partir da produção de suco gástrico pelas células parietais. Condições como hiperplasia das células G e a síndrome de Zollinger-Ellison, podem causar excesso de produção de gastrina e ácido gástrico e, consequentemente, ao aparecimento de úlceras pépticas agressivas e de difícil tratamento. b) Colecistocinina: é produzido pelo trato digestivo, principalmente no intestino delgado. Atua no hipotálamo e, por isso, está ligando a sensação de saciedade. Está ligado a digestão de proteínas e gorduras. Esse hormônio faz com que a vesícula biliar se contraia, estimulando-o a liberar a bile no trato digestivo. c) Secretina: A secretina é um hormônio produzido pelas células S do duodeno quando o pH se encontra muito ácido, em torno de 2 a 4,5. Sua principal função é estimular a secreção de bicarbonato e água no pâncreas para neutralizar o ácido gástrico e assim facilitar e promover a digestão das gorduras. Além disso, a secretina também bloqueia a secreção da gastrina pelo estômago. d) Peptídeo inibidor gástrico: atua nas células beta do pâncreas e estimula a liberação de insulina, permitindo que o organismo se prepare para o surgimento da glicose advinda da ingestão de alimentos. Também inibe o ácido gástrico e a secreção de pepsina. O controle da secreção ácida gástrica pelas células parietais envolve a sinalização neuronal (acetilcolina), hormonal (gastrina) e parácrina (histamina). A secreção ácida gástrica pode ser dividida em três fases: a Fase cefálica, a Fase gástrica e a Fase intestinal. a) Fase cefálica: inteiramente mediada pelo nervo vago, em que há a liberação acetilcolina (ACh), estimulando a secreção ácida. Além disso, a ACh estimula a liberação de gastrina pelas células G e de histamina pelas células ECL. b) Fase gástrica: fase em que ocorre rápido aumento na secreção ácida gástrica em razão dos efeitos do alimento sobre a distensão da parede gástrica e da exposição do lúmen aos nutrientes do alimento. A exposição do lúmen estomacal a aminoácidos, peptídeos, etanol, cálcio e cafeína contribuem para maior liberação de gastrina. c) Fase intestinal: quando o alimento alcança o duodeno ocorre a liberação do peptídeo inibidor gástrico, da colecistocinina, da secretina e do peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) e, consequentemente, ocorre a inibição da secreção ácida. Os principais estimulantes da secreção ácida pelas células parietais são a histamina, a acetilcolina e a gastrina. A histamina eleva as concentrações intracelulares de AMPc enquanto a acetilcolina e a gastrina elevam as concentrações intracelulares de cálcio, efeitos que acarretam a ativação da bomba de prótons. A secreção ácida estomacal facilita a digestão de proteínas, a absorção de ferro, cálcio e vitamina B12, e reduz o risco de infecções gastrintestinais. Uma secreção ácida insuficiente pode resultar em má absorção e aumento do risco a infecções. Por sua vez, o excesso de secreção ácida pode causar a doença do refluxo gastroesofágico, a úlcera péptica ou até mesmo a síndrome de Zollinger–Ellison. Assim, a perda/redução dos mecanismos de proteção da mucosa tornam as células mais suscetíveis à ação do ácido clorídrico e da pepsina levando a lesões na mucosa gástrica.