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DOR, ANALGESIA E SEDAÇÃO NO PACIENTE CRÍTICO DEFINIÇÃO DE DOR • Uma desagradável experiência sensorial e emocional associada com reais ou potenciais danos a tecidos, ou descrita em termos de tal lesão • Natureza subjetiva e multidimensional • Pode ser ativada por estímulos físicos ou psicológicos • Deve ser autorreferida por quem a sente, no entanto, a incapacidade de referir dor não exclui a possibilidade de sua existência e da necessidade de tratamento adequado DOR NA UTI • Dor: experiencia inquestionável para todos os pacientes críticos → Grande fonte de estresse • American Pain Society, 1996: dor como 5º sinal vital • Menos de 50% dos profissionais de saúde avaliam a dor subidentificada, subnotificada e subtratada • Otimizar analgesia em paciente crítico é um desafio devido às alterações fisiológicas apresentadas e à necessidade de extubação e reabilitação precoces EPIDEMIOLOGIA o 77% dos pacientes de UTI lembram de ter sentido pelo menos um episodio de dor moderada a grave durante a internação o 82% referem dor ou desconforto associados ao tubo endotraqueal o Mais de 50% referem dor associada os procedimentos de rotina da UTI, como banho, mudança de decúbito, manguito inflando O QUE PODE CAUSAR DOR NA UTI o Mudança de decúbito o Aspiração de vias aéreas e tubo o Retirada de tubos e drenos (só lembra de analgesia na colocação) o Tratamento de lesões de pele o Punção arterial como gasometria o Curativos de lesões cirúrgicas o Queimaduras o Sondas e cateteres o Faixas de contenção no leito CONSEQUÊNCIAS DA DOR o Aumento de catecolaminas levando a vasocontrição arteriolar, redução da perfusão tecidual e a PO2 tissular o Hipermetabolismo catabólico: hiperglicemia, lipólise e ruptura muscular o Prejuízo na cicatrização o Inibição das células Natural Killers, células T citotóxicas e redução da atividade fagocitaria dos neutrófilos EFEITO DA DOR EM VÁRIOS ÓRGÃOS E SISTEMAS AVALIAÇÃO DA DOR NA UTI o Melhor forma: autorrelato pelo paciente o UTI: pacientes inconscientes, sedados e em ventilação mecânica o Dificuldades na avaliação: principal causa do subdiagnóstico e tratamento insuficiente ou inexistente o Escala de dor ideal: fácil execução, reprodutível e que permita monitorização ao longo do tempo PROPEDÊUTICA o Sempre tentar obter o autorrelato do paciente o Usar escalas de dor variadas e observar mudanças de comportamento o Obter informações com familiares e/ou cuidadores de gestos de dor que o paciente tem o Teste terapêutico em caso de suspeita não confirmada, faz medicação de tempo de ação curto para vê se resolve ESCALA VERBAL/VISUAL NUMÉRICA o Objetiva a mensuração da intensidade da dor em contextos clínicos, em valores numéricos o Paciente deve estar consciente, orientado e com boa capacidade cognitiva o Não necessita do contato visual do paciente com a escala ESCALA DE FACES DA DOR o Descritores visuais através de expressões faciais que refletem a intensidade da dor o Muito usada em crianças ESCALA DE DOR COMPORTAMENTAL (BEHAVIORAL PAIN SCALE – BPS) o Taquicardia e hipertensão não são fidedignas o Uma das primeiras escalas usadas para avaliar dor em pacientes inconscientes e em ventilação mecânica o Três aspectos: expressão facial, movimentos corporais e tolerância à ventilação mecânica o Boas propriedades psicométricas em termos de confiabilidade entre observadores e critérios de validade interna o Escore de 3 (ausência de dor) a 12 (dor máxima) o Tempo de execução: 2 a 5 minutos o Expressão facial: item mais sensível e específico ANALGESIA EM PACIENTES CRÍTICOS • Analgesia: abolição da sensibilidade à dor sem supressão das outras propriedades sensitivas e sem perda de consciência • Sedação: redução intencional do nível de consciência para fins terapêuticos; alívio da ansiedade e/ou agitação; indução de um estado de calma e tranquilidade • Sedação é diferente de sedação profunda! PRINCÍPIOS o Garantir uma abordagem holística do manejo da dor usando uma combinação de intervenções não-farmacológicas e farmacológicas (analgesia sistêmica e técnicas loco-regionais) o Abordagem multimodal para melhorar a qualidade da analgesia e reduzir os efeitos colaterais. Iniciar 3 classes diferentes de analgésicos no paciente mais grave, com doses menores de cada uma o Ênfase na analgesia antes da sedação, objetivar sedação consciente (não falar mais em despertar diário) o Titular analgesia com metas especificas individualizadas, reavaliar periodicamente e evitar infusões contínuas prolongadas o Compreender que os medicamentos podem causar disfunção orgânica e que esta pode influenciar na escolha das drogas e dosagens: necessidade de individualizar caso a caso o Para analgesia basal IV não é a melhor opção o Alfentanil tem menos efeitos adversos que o Fentanil ANALGÉSICOS COMUNS o Efetivos e seguros na maioria dos casos de dor leve à moderada o Atenção a história de alergias o Dipirona endovenosa (dose máxima 5g/dia) e/ou Paracetamol oral ou enteral (dose máxima 4g/dia) OPIOIDES o Primeira linha para dores moderadas a graves o Altamente eficazes, baixo custo e relativamente fáceis de usar o Únicos analgésicos que podem ser administrados por qualquer via o Atuam estimulando os receptores mi, k e gama que são amplamente distribuídos no SNC e em todos os tecidos periféricos o Recomendado ajuste gradual da dose o Uso indiscriminado pode levar à tolerância e síndrome de abstinência, além de maior incidência de efeitos adversos o Codeína só tem apresentação oral o Tramadol é a versão sintética da codeína, é nauseante e constipante. Muitos efeitos adversos com efeito analgésico fraco, preferir usar morfina em dose baixa o Metadona tem que iniciar já com o plano de tirar o Efeitos adversos: ▪ Hipotensão ▪ Bradicardia ▪ Depressão respiratória ▪ Íleo paralitico ▪ Náuseas e vômitos ▪ Retenção urinaria ▪ Constipação ▪ Delirium ▪ Alucinações ▪ Hiperalgesia ▪ Tramadol dá muito náuseas e vômitos, risco de broncoaspiração em pacientes que não estão totalmente conscientes MORFINA o Opioide forte o Natural, não é sintético o Várias vias de administração: oral, subcutânea, endovenosa, epidural o Não há dose máxima toxica o Para usos curtos, internação curta de UTI (10/20 dias) a dependência é menor o Risco de depressão respiratória em RN, em pacientes com alteração cognitiva, hemodinamicamente instáveis, com história de apneia ou doença respiratória AINES o Bom efeito analgésicos quando associados a outras classes, além de propriedade antitérmicas e anti-inflamatórias o Preferir os inibidores da COX-2 o Usado em pacientes pós cirurgia ortopédica o No paciente crítico clínico não é uma boa medicação o Devem ser evitados em pacientes com risco de disfunção renal (hipovolemia e choque), sangramento GI (ventilação mecânica, queimaduras e doença hepática alcoólica) e em pacientes com anormalidade plaquetárias coagulopatia, uso de IECA, ICC, cirrose ou asma provocada por aspirina TERAPIAS ADJUVANTES o Cetamina: não causa hipotensão e depressão respiratória o Dexmedetomidina: bradicardia (não deve ser feita em bolus), útil no delirio ESTRATÉGIA DE ANALGESIA NA UTI o Analgesia basal X de resgate X preempitiva o Avaliar de o paciente tem fatores de risco para dor persistente: ▪ Necessidade de aspiração traqueal intermitente ▪ Mudança de decúbito passiva ▪ Presença de curativos em lesões profundas ▪ Trauma ▪ Pós-operatorio imediato ▪ Queimaduras ▪ Presença de sonda nasogástrica, cateter central, cateter arterial e/ou drenos ▪ Presença de lesões cutâneas por pressão ▪ Necessidade de faixas para restrição dos membros ▪ Na presença de um ou mais desses fatores de riscodeve deixar uma analgesia basal que cubra pelo menos 24h o Analgesia de resgate é se necessário, deve ser deixada para todos os pacientes pelo menos um analgésico comum ou codeína o Analgesia preempitiva: faz antes da dor, sabe que vai ter a dor. É diferente do preventivo. Mudança de decúbito, banho, retirada de dreno, aspiração. Pode fazer Alfentanil ou bolus de fentanil ou morfina, 20 min antes da causa da dor TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO: ESTIMULAÇÃO NERVOSA ELÉTRICA TRANSCUTÂNEA o Aplicação de corrente elétrica através de eletrodos colocados na pele o Ativa receptores periféricos (opioides e agonistas dos receptores alfa1) como centrais (opioides, muscarínico e serotonérgico) o Uso em dores agudas e crônicas, reduzindo o consumo de opioides, com bom custo- benefício FISIOTERAPIA: SEDAÇÃO EM PACIENTES CRÍTICOS • Diretrizes de prática clínica para a prevenção e tratamento da dor, agitação/sedação, delirium, imobilidade e interrupção do sono em pacientes adultos na UTI ▪ Sempre que possível, preferir sedação consciente ▪ Menor tempo de ventilação mecânica, menor necessidade de traqueostomia, menor tempo de internação na UTI, menor incidência de delirium e polineuromiopatia do doente crítico, menor custo hospitalar INDICAÇÕES DE SEDAÇÃO PROFUNDA (RASS -5) o Uso de bloqueador neuromuscular contínuo o Hipertensão intracraniana presumida ou confirmada o Posição prona o IRpA grave com necessidade de acoplamento total à VM: assincronia no ventilador pode ser dor o Instabilidade hemodinâmica descompensada SEDAÇÃO BASEADA EM ALVOS o Avaliação constante através de escalas padronizadas o O nível ótimo de sedação deve ser aquele em que o paciente se encontra tranquilo no leito e possa ser facilmente despertado o Regra dos 3C’s: calmo, confortável e cooperativo o Paciente capaz de comunicar dor (50% dos pacientes com sedação leve podem comunicar a dor) o Sedação dose resposta, avalia a dose que vai deixar no nível que quer MIDAZOLAM o Possui efeitos ansiolítico, hipnótico, anticonvulsivante e amnésico, não promovendo analgesia o Baixo custo, fácil manipulação o Pode causar depressão respiratória e hipotensão o Produz metabolitos que podem se acumular com o uso contínuo, principalmente em pacientes com IR, hepatopatas e em obesos. Além disso, seu prolongado pode causar taquifilaxia o Colocar na evolução o D1 para evitar uso prolongado PROPOFOL o Não promove analgesia o Tempo de ação é menor o Neurocriticos é o sedativo de escolha porque desliga e o efeito passa o Possui efeitos sedativo, anticonvulsivante e amnésico o Atravessa a BHE, proporcionando efeito rápido, além disso, é rapidamente metabolizado, com um período curto de ação, facilitando a avaliação neurológica do paciente após sua suspensão o Possíveis efeitos adversos: bradicardia, hipotensão, depressão respiratória e síndrome do propofol (acidose metabólica, hiperlipidemia, arritmias, hipotensão, hipercalemia, elevação importante da CPK e risco de PCR) o Sinal precoce da Sd do propolfol: CPK QUETAMINA o Potente analgésico e agente anestésico do tipo dissociativo o Qualidades secundarias benéficas: broncodilatação e manutenção dos reflexos das vias aéreas e do tônus do SN simpático o Propriedade neuro protetoras anti- inflamatórias o Efeitos adversos: hipertensão, taquicardia, delirium o Contraindicações: hipertensão arterial não controlada, pré-eclâmpsia ou eclampsia, doença cardíaca grave, AVC, PIC aumentada e porfiria aguda DEXMEDETOMIDINA/PRECEDEX o Agonista alfa2 de ação central altamente seletivo o Metabolização plasmática o Também promove analgesia e não desencadeia depressão respiratória o Pode causar bradicardia e hipotensão, não devendo ser feito em bolus o Medicação de escolha para pacientes que apresentam agitação grave, não justificada por dor, durante o desmame de propofol ou midazolam o Também pode ser usado para casos de agitação ou delirium em pacientes extubados, em doses baixas, até que medicações VO sejam iniciadas e atinjam níveis terapêuticos o Não benzodiazepínicos: menor tempo de internação na UTI e menor tempo de ventilação mecânica CONCLUSÃO • Dor: comum em pacientes críticos, geralmente negligenciada; sua ocorrência implica em efeitos deletérios em vários órgãos e sistemas, levando a piores desfechos clínicos • Analgesia na UTI: terapia multimodal e individualizada • Menor dose e menor tempo de sedação possíveis levam a melhores desfechos • Criação de protocolos de avaliação da dor e sedoanalgesia no paciente critico levam a um melhor manejo
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