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1 Victoria Diniz Magalhães MORFOLOGIA E CITOLOGIA BATERIANA Células procarióticas: - Não apresenta membrana nuclear; - Toda bactéria tem: plasmídeo (extra cromossomal, genes de resistência intrínseca/ antimicrobianos), material genético cromossomal (essenciais a vida), parede celular e membrana citoplasmática. Nem todas têm flagelos ou fímbrias; - Parede celular das bactérias é diferente. - Toda bactéria reproduz por multiplicação, antes de se multiplicar, a célula duplica o material cromossomal. Os plasmídeos não seguem esse padrão, eles se multiplicam “quando querem”; As bactérias são caracterizadas morfologicamente pelo: - Tamanho - Forma: bastonetes (bacilo), coco, espirilo, cocobacilo. - Arranjo (é inerente da espécie): Diplococos (2 cocos); Sarcina (8 cocos – formato de cubo); Estafilococos (sem quantidade exata de cocos – formato de cacho de uva); Estreptocos (sem quantidade definida – formato de linha); Tetrade (agrupamento de 4 cocos); Diplobacilos; Estreptobacilos; Paliçada. - COCOS (formas esféricas): grupo homogêneo em relação a tamanho, sendo células menores (0,8 a 1,0 µm). - DIPLOCOCOS: cocos agrupados em pares. - ESTAFILOCOCOS: cocos em grupos irregulares, cacho de uva. - TÉTRADES: 4 cocos. - SARCINAS: 8 cocos, forma cúbica. 2 Victoria Diniz Magalhães - ESTREPTOCOCOS: cocos agrupados em cadeias. - BACILOS OU BASTONETES: cilíndricos, forma de bastão, longos ou delgados, pequenos e grossos, extremidade reta, afilada, convexa ou arredondada. - DIPLOBACILOS: bastonetes agrupados em pares (2 bacilos). - ESTREPTOBACILOS: bastonetes agrupados em cadeias. - PALIÇADA: bastonetes agrupados lado a lado como palitos de fósforo. - ESPIRILOS: corpo rígido, movem-se por flagelos externos, dando uma ou mais voltas espirais em torno do próprio eixo. Menores e gordinhos. Não formam arranjo. - ESPIROQUETAS: flexíveis e se movem às custas de filamentos axiais (flagelos periplasmáticos), podendo dar várias voltas completas em torno do próprio eixo. Não formam arranjo. Formas de transição: - COCOBACILOS: bacilos muito curtos. - VIBRIÕES: espirilos muito curtos, forma de vírgula. - Os genes que determinam a morfologia da bactéria estão no material cromossomal. - Bactérias da mesma espécie possuem o mesmo arranjo. Estruturas celulares externas: FLAGELOS - Estruturas especiais de locomoção, constituídas de proteína flagelina. - Movimento rotatório: depende de energia fornecida pela diferença de potencial de membrana (fluxo de íons). - Distribuição dos flagelos: Atríquias: sem flagelo; Monotríquio: um flagelo; Anfitríquio: dois flagelos em lados opostos; Lofotríquio: mais de um flagelo no mesmo lugar; Peritríquio: flagelos saindo de vários locais. Na bactéria gram-negativa o flagelo se insere na parede celular e nas membranas plasmáticas. Na bactéria gram-positiva o flagelo de insere na parede e na membrana citoplasmática. 3 Victoria Diniz Magalhães CÁPSULA - Camada que circunda a célula bacteriana externamente a parede celular, consistência viscosa, natureza polissacarídica (polissacarídeo extracelular) ou polipeptídica. - É facultativa. - Funções: Proteção contra desidratação; Permite fixação da bactéria em várias superfícies; Evita a adsorção de bacteriófagos na célula bacteriana; Virulência. - Evasão da resposta imune: mais difícil de ser reconhecida. - Pode ser formada por ácido hialurônico (mimetismo: capacidade da bactéria de ter uma cápsula de uma substância comum ao organismo): o sistema imune não reconhece ou pode desenvolver um anticorpo contra essa cápsula e gerar uma reação contra as partes do organismo com presença de ácido hialurônico. - Não são adquiridas por resistência. O que pode ocorrer como resposta, gerando resistência é o engrossamento da parede celular, aí será uma nova cepa. - Bacteriófagos não conseguem injetar o seu genoma em bactérias com cápsula. FÍMBRIAS (PILI) - Estruturas filamentosas mais curtas e delicadas que os flagelos. - Usadas para fixação e não para motilidade; formadas pela proteína pilina. - Confere aderência as superfícies mucosas. Pili F ou Pilus - Tipo de fimbria que sofreu modificação. - Mais longos que as fímbrias, havendo um ou dois por célula. - Aderência: conecta uma bactéria a outra; possibilita a troca de material genético (que está no plasmídeo); “locomoção” a partir da aderência com outra célula. - Outros tipos de fímbrias não realizam troca de material genético. - Gram-negativa possui mais Pili que as gram-positivas, a maioria tem. Pouquíssimas gram-positiva possuem. PAREDE CELULAR DAS GRAM-POSITIVAS - Maior quantidade de peptídeoglicano, torna a parede mais espessa e rígida. - Composta por peptídeoglicano (polar) e ácidos teicóicos (rigidez) (cadeia de polifosfato com resíduos de ribitol e glicerol) e ácidos lipoteicóicos (implantados na membrana). - É uma “parede” de peptídeoglicanos com ácido lipoteicóicos atravessando essa parede e ancorando na membrana plasmática. Os ácidos teicóicos não atravessam essa parede de peptideoglicanos, ficam embebidos. - A parede de proteoglicanos é formada por dois ácidos: acetilmurânico e acetilglucosaminico, que são ligados por resíduo de peptídeo. - Os ácidos teicóicos/lipoteicóicos estão ligados ao peptidioglicano APENAS nas bactérias Gram positivas, nunca nas Gram negativas. 4 Victoria Diniz Magalhães - Para substâncias passarem e entrarem na célula precisam de transportadores por causa da polaridade. PAREDE CELULAR DAS GRAM-NEGATIVAS - Mais complexa: maior, possui membrana externa envolvendo a fina camada de peptidioglicano (espaço periplasmático). - Membrana externa: serve como barreira seletiva que controla a passagem de algumas substâncias. - Estrutura: bicamada assimétrica, contendo fosfolipídios, semelhante a membrana plasmática. Contem proteínas (OMP) que formam canais por onde penetram diversas substâncias, constituem aprox. 50% da membrana, não relacionadas com as proteínas da MP, possuem diversas funções. - Internamente: camada de fosfolipídeos e lipoproteína, ancorada ao peptidioglicano (esta camada é mais fina e tem contato com o meio externo). - Externamente: camada impermeável de lipopolissacarídeo (LPS) – molécula anfipática. - Possui maior quantidade de transportadores pois tem 2 camadas lipídicas. - A bactéria gram-negativa possui de dentro para fora: membrana citoplasmática; espaço periplasmático, onde está a delgada camada de peptideoglicanos; membrana externa que está ancorada a camada de peptidioglicanos por meio de lipoproteínas; e, mais externamente, a camada impermeável de lipopolissacarídeo (LPS) – molécula anfipática (polar e apolar). - A camada impermeável de lipopolissacarídeo (LPS) é constituída de 3 substâncias e está ancorada na membrana externa. - No espaço periplasmático ocorre quebra de substâncias maiores, para que sejam facilmente absorvidas. - O LPS apresenta 3 segmentos ligados covalentemente: lipídio A, cerne do polissacarídeo e antígenos O. Porção polar formada pelos açucares e porção apolar é a que está ancorada na membrana externa. - A porção lipídica do LPS é também chamada de ENDOTOXINA. - O LPS é fortemente imunógeno. Apenas gram-negativas possuem, faz parte de sua constituição. - Efeito protetor: protege as bactérias contra enzimas digestivas (resistência à solubilização pelas enzimas intestinais e bile). 5 Victoria Diniz Magalhães Bactérias produzem 2 tipos de toxinas: - Endotoxinas: porção lipídica do LPS, toda gram-negativa tem toxina, e apenas elas. - Exotoxinas: gram-negativas e gram-positivas produzem, depende de quais bactérias têm os genes para a produção. COLORAÇÃO DE GRAM Realizada em etapas: 1. Fixação do material na lâmina; 2. Cristal violeta (corante roxo) -> entra dentro da bactéria e a colore; 3. Lugol:contribui para a fixação do corante; 4. Descoloração com álcool ou acetona: gram-negativa descora porque a acetona destrói a parede celular (membrana externa e a camada de proteoglicanos). Na gram-positiva a camada de proteoglicanos segura o corante e por ser espessa, não se dissolve com a acetona; 5. Corante de contraste Safranina: colore a gram-negativa, mas não colore a gram-positiva porque ela não descoloriu. 6 Victoria Diniz Magalhães PAREDE CELULAR DAS MICOBACTÉRIAS - Parede celular atípica (diferente da gram). - Pleomórfica (capacidade de variar sua forma de acordo com o período do ciclo de vida ou das condições ambientais). - Membrana plasmática com esteróis. - Alto teor lipídico confere a ela álcool-ácido resistência (impede a coloração das bactérias pela técnica de gram, normalmente utilizada). - OBS: toda bactéria tem peptídeglicano, o que muda é o local onde ele se encontra na parede celular e sua espessura. - Atuam como barreira a substancias aquosas tornando a superfície celular hidrofóbica e resistente a numerosos desinfetantes, álcoois e ácidos. BAAR: bacilo álcool-ácido resistente. 7 Victoria Diniz Magalhães Membrana citoplasmática: - Onde ocorre o metabolismo celular. - Tem fosfolipídeos e proteínas. - Possui permeabilidade seletiva a célula (polaridade) – funciona como barreira osmótica. Difere da membrana dos eucariotos por: - Não apresenta esterol (colesterol) em sua composição. - Ser sede de numerosas enzimas do metabolismo respiratório= MESOSSOMO (controla a divisão bacteriana), que é uma invaginação da membrana como proteínas responsáveis pela respiração da bactéria. Principais funções: - Permeabilidade seletiva - Ancoragem de proteínas - Processos de conservação de energia: respiração - Processos de transporte de moléculas. 8 Victoria Diniz Magalhães Processos responsáveis pelo transporte de moléculas pela membrana citoplasmática: OBS: bicamada lipídica é apolar. Estruturas celulares internas: Área citoplasmática: - Citoplasma: 80% de água, ácidos nucleicos, proteínas, carboidratos, compostos de baixo peso molecular, lipídeos, íons inorgânicos. - Sitio de reações químicas. - Ribossomos: ligados a uma molécula de mRNA, chamados de poliribossomos. Presentes em grande número nas células bacterianas. São menores – 70S. - Responsáveis pela síntese proteica. - Alvo de ação de antibióticos. - Grânulos de reserva (inclusões): procariotos podem acumular no citoplasma substâncias sob formula de grânulos, constituídos de polímeros insolúveis (ex.: grânulos de glicogênio, amido, lipídios, polifosfato, enxofre e óxido de ferro). Área nuclear: - Nucleóide: cromossomo bacteriano, constituído por uma única molécula de dupla fita circular de DNA não delimitado por membrana nuclear e sem presença de histonas. Contém informações necessárias a sobrevivência da célula e é capaz de replicação. Elementos cromossomais: - Plasmídeos: DNA, dupla fita, circulares. - Genes que não codificam características essenciais (vantagem seletiva que as bactérias possuem). - Genes de resistência a antibióticos. - Autoduplicação independente do cromossomo bacteriano, podem existir várias copias dentro da célula. - Podem ser de vários tamanhos. 9 Victoria Diniz Magalhães - Pode acontecer de a bactéria perder o plasmídeo. - Esporos/endósporos: se formam dentro da célula. - Contém pouca água no citoplasma, têm parede celular muito espessa, altamente resistentes a agentes físicos e químicos, devido a sua capa impermeável de proteína tipo queratina (associado ao cálcio) e presença de ácido dipicolínico. - Função: proteção da célula vegetativa das adversidades do meio ambiente (limitação de nutrientes, temperatura e dessecação). - Formação leva em torno de 6 horas. - Tem pouca atividade metabólica, pode permanecer latente por longos períodos – forma de sobrevivência e não de reprodução. - Endósporos verdadeiros encontrados em bactérias gram positivas. Este “resto” morre. Quando o endósporo encontra um meio ideal, a bactéria se desenvolve novamente. REPRODUÇÃO BACTERIANA - Forma assexuada: fissão binária, fissão múltipla e brotamento. - Divisão binária simples: tipo mais comum, formação de septos na região do mesossomo, que se dirigem da superfície para o interior da célula, dividindo a bactéria em duas células-filhas. - Fissão: é procedida pela duplicação do DNA, que se processa de modo semiconservativo, cada célula-filha recebe um cromossomo da célula-mãe. - O período da divisão celular depende do tempo de geração de cada bactéria. - Uma célula-mãe dando origem a duas células-filhas idênticas, ou não, vai depender se o plasmídeo será multiplicado. 10 Victoria Diniz Magalhães CURVA DE CRESCIMENTO BACTERIANO - Fase Lag: intensa atividade de preparação para a multiplicação. - Fase exponencial ou logarítmica: multiplicação bacteriana. - Fase estacionaria: senescência, algumas células bacterianas começam a morrer. - Fase de morte celular: maioria das bactérias já estão morrendo, mas o resto continua se multiplicando.
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