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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL Fernanda Rockett Rafaela da Silveira Corrêa Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 R682e Rockett, Fernanda. Educação nutricional / Fernanda Rockett, Rafaela da Silveira Corrêa. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 242 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-016-0 1. Nutrição. 2. Educação nutricional. I. Corrêa, Rafaela da Silveira. II. Título. CDU 613.2 Educação alimentar e nutricional em nutrição clínica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a área de atuação profissional. � Diferenciar Orientação e Educação alimentar e nutricional. � Discutir o conceito de aconselhamento no contexto do atendimento nutricional. Introdução O mercado de atuação do nutricionista é bastante amplo, e esse profis- sional ganha cada vez mais importância na promoção do bem-estar e da saúde da população. Na área da Nutrição Clínica, que abrange hospitais, ambulatórios, do- micílios e consultórios, é preciso refletir e valorizar ainda mais importância do papel da Educação no trabalho deste profissional. Neste texto, você vai aprofundar conhecimentos sobre essa área de atuação, além de discutir diferenças entre a Educação e a Orientação Alimentar a Nutricional. Área de atuação profissional O mercado de atuação do nutricionista vem crescendo, e esse profissional ganha cada vez mais importância na promoção do bem-estar e da saúde da população. A Lei nº 8.234/1991 (BRASIL, 1991), que regulamenta a profissão de nutricionista, coloca como uma das atividades privativas desse profissional “a assistência e educação nutricional a coletividades ou indivíduos, sadios ou enfermos, em instituições públicas e privadas e em consultório de nutrição e dietética”. Leia a lei que regulamenta a profissão do nutricionista na íntegra: BRASIL. Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão de nutricionista e determina outras providências. Disponível em: <http://www.cfn.org.br/wp-content/ uploads/2016/02/lei_n_8_234_91_1.pdf>. Dentro da área de atuação “nutrição clínica”, estabelecida na Resolução nº 380/2005, do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), compete ao nu- tricionista prestar assistência dietética e promover educação nutricional a indivíduos, sadios ou enfermos, em nível hospitalar, ambulatorial, domiciliar e em consultórios de nutrição e dietética, visando à promoção, manutenção e recuperação da saúde. Por educação alimentar e nutricional (EAN), segundo a mesma resolução, entende-se: o procedimento realizado pelo nutricionista junto a indivíduos ou grupos populacionais, considerando as interações e os significados que compõem o fenômeno do comportamento alimentar, para aconselhar mudanças necessárias a uma readequação dos hábitos alimentares. Nessa área, incluem-se: 1. hospitais, clínicas em geral, clínicas em hemodiálises, instituições de longa permanência para idosos e SPA; 2. ambulatórios/consultórios; 3. banco de leite humano (BLH); Educação nutricional210 http://www.cfn.org.br/wp-content/ 4. lactários/centrais de terapia nutricional; e 5. atendimento domiciliar. Para saber mais sobre essa e outras áreas de atuação do nutricionista, acesse: BRASIL. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução CFN nº 380/2005. Disponível em: <http://www.crn2.org.br/crn2/conteudo/resolucoes/resolucao3802005.pdf>. Nesses locais, o nutricionista deve atuar na EAN de pacientes/clientes, familiares ou responsáveis, promovendo adesão ao tratamento. É importante lembrar que, muitas vezes, a EAN se dá em uma situação de crise, na qual o indivíduo é surpreendido por uma doença. Portanto, é imprescindível que o profissional envolvido busque se aprofundar na área da educação para desenvolver trabalhos mais qualificados. Essa habilidade pode ser adquirida por meio da formação profissional específica. Educação e orientação alimentar e nutricional: qual a diferença? Durante o processo de formação profissional, a EAN é atribuída ao nutri- cionista, que assumirá essa função depois de formado. A incorporação de conceitos educacionais, dando a devida importância às ciências humanas em sua formação, prepara de maneira mais abrangente, completa e diferenciada os alunos para realizarem esse tipo de atividade. A diferenciação dos conceitos de educação e orientação pode contribuir para melhor definir o papel do nutricionista como educador, diferenciando-o de médicos e enfermeiros, por exemplo, que prestam orientações nutricionais emergencialmente. Para compreendermos a distinção entre os dois conceitos, veja o Quadro 1, a seguir: 211Educação alimentar e nutricional em nutrição clínica http://www.crn2.org.br/crn2/conteudo/resolucoes/resolucao3802005.pdf Fonte: Adaptado de Boog (1997) e Manço e Costa (2004). Educação nutricional Orientação nutricional Ênfase no processo de modificar e melhorar o hábito a médio e longo prazo. Ênfase na mudança imediata das práticas alimentares e nos resultados obtidos. Preocupação com as representações sobre o comer e a comida, com o conhecimento, as atitudes e a valoração da alimentação para a saúde, além da mudança de práticas alimentares. A preocupação precípua é a mudança de práticas e o seguimento da dieta. A doença e a consequente necessidade de mudança de hábitos pode ser considerada uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal. A doença ou o sintoma é sempre um fato negativo que deve ser seguida. Busca-se autonomia do cliente ou paciente. Pressupões a heteronomia do cliente ou paciente. O profissional responsável é um parceiro na resolução dos problemas alimentares, com o qual o cliente discute, sem constrangimento, seus problemas e dificuldades. O profissional responsável é uma autoridade cuja orientação deve ser seguida. As mudanças necessárias ao controle das doenças, entre elas as relativas à alimentação, devem ser buscadas numa perspectiva de integração e de harmonização nos diversos níveis: físico, emocional e intelectual. As mudanças relativas à alimentação devem ser obtidas mediante o seguimento da dieta. A descontinuidade no processo de mudanças nos hábitos alimentares e as transgressões são consideradas etapas previsíveis e pertinentes a um processo difícil e lento. Não se aceita transgressões e frequentemente elas se tornam motivo de censura. Ênfase nos aspectos de relacionamentos profissional/cliente ou paciente e no diálogo entre eles. Ênfase na prescrição dietética. Avaliação objetiva e subjetiva da evolução do paciente. Predominância ou uso exclusivo de métodos objetivos de avaliação. O objetivo do processo é estabelecido em função das necessidades detectadas que são discutidas com o paciente e das perspectivas e esperanças do cliente ou paciente. O objetivo do processo é estabelecido em função de metas definidas pelo profissional, para controle dos processos patológicos. Quadro 1. Síntese das principais diferenças entre educação e orientação alimentar e nutricional. Educação nutricional212 Para termos uma ideia da situação, a orientação ocorre apenas quando na consulta não se favorece o diálogo entre profissional e paciente, e este passa a reproduzir o discurso do médico e de outros profissionais ligados à saúde, sem compreender o seu real significado. A insegurança quanto a conhecimentos e cuidados de saúde contribuem para sentimentos de incapacidade, abandono e ansiedade, influência negativa para a autonomia do paciente em relação ao processo saúde-doença. Aconselhamento no contexto do atendimento nutricional Segundo a Associação Americana de Dietética, o aconselhamento é a “orienta- ção profissional individualizada para ajudar uma pessoa a ajustar seu consumo diário de alimentos, a fim de atender às necessidades de saúde”. Aconselhamento é um processo genérico de ajuda, cuja estrutura básica independe da área de conhecimento, o qual pode sustentar o atendimento nutricional a grupos e/ou indivíduos,quando então recebe a denominação de “aconselhamento dietético” e serve como referência teórica para a atividade de atendimento nutricional, que envolve educação e orientação nutricional. O processo de aconselhamento é composto por três fases: 1. Descoberta inicial: caracteriza a formação do vínculo. O nutricio- nista deve estar preparado para captar o estado emocional do cliente (ansioso, nervoso, insatisfeito), saber ouvir e saber aceitar, criando um ambiente favorável para a construção de estratégias que favoreçam o desenvolvimento de ações pelo cliente. 2. Exploração em profundidade: serve para encorajar o paciente/cliente para a formação de insight, favorecendo uma condição de discernimento e tentativa de discussão sobre os problemas. Várias técnicas podem 213Educação alimentar e nutricional em nutrição clínica ser utilizadas, no intuito de facilitar a abordagem ao tema e objetivam direcionar a interação de forma a problematizar o cotidiano alimentar. 3. Preparação para ação: o paciente/cliente deve tomar decisões quanto a como realizar os objetivos e as ações, o que pode gerar ansiedade, exigir tempo, disciplina e paciência. A existência de um feedback, por meio de elogios, pode ser um elemento constitutivo da boa relação entre o profissional e o paciente/cliente. Nessa etapa, é importante uma avaliação conjunta das estratégias selecionadas para enfrentar os problemas, dos resultados obtidos e das mudanças conjunturais. O aconselhamento pode, portanto, disponibilizar ao nutricionista um ins- trumental teórico que permite aprimorar suas habilidades e suas competências, com o fim de intervir sobre o comportamento alimentar do paciente/cliente, respeitando sua autonomia. Leia o artigo científico sobre aconselhamento dietético e saiba mais sobre esse conceito: RODRIGUES, E. M.; SOARES, F P T. P.; BOOG, M. C. F. Resgate do conceito de aconselha- mento no contexto do atendimento nutricional. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732005000100011&lng=en>. Educação nutricional214 http://www.scielo/ LING, L. et al. Guidelines for diet counseling. Journal of the American Dietetic Association, Chicago, v. 66, n. 6, p. 571-575, 1975. Leituras recomendadas BOOG, M. C. F. Educação nutricional: passado, presente, futuro. Revista Nutrição, Campinas, v. 10, p. 5-19, 1997. Disponível em: <https://www.faculdadeguararapes. edu.br/site/hotsites/biblioteca/educacaonutricional_passado-presente-futuro59500. pdf>. Acesso em: 17 dez. 2016. BRASIL. Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão de nutricionista e determina outras providências. Brasília, DF, 1991. Disponível em: <http://www.cfn. org.br/wp-content/uploads/2016/02/lei_n_8_234_91_1.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2017. BRASIL. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução CFN nº 380/2005. Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, estabelece parâmetros numéricos mínimos de referência, por área de atuação, e dá outras pro- vidências Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://www.crn2.org.br/crn2/conteudo/ resolucoes/resolucao3802005.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2017. MANÇO, A. M., COSTA, F. N. A. Educação nutricional: caminhos possíveis. Alimentos e Nutrição, Araraquara, SP, v. 15, n. 2, p. 145-153, 2004. Disponível em: <http://ideias- namesa.unb.br/upload/bibliotecaIdeias/1397561168Educacao_Nutricional-_Cami- nhos_possiveis.pdf>. Acesso em: 17 dez. 2016. RODRIGUES, E. M.; SOARES, F P T. P.; BOOG, M. C. F. Resgate do conceito de aconse- lhamento no contexto do atendimento nutricional. Revista Nutrição, Campinas, v. 18, n. 1, jan./fev. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1415-52732005000100011&lng=en>. Acesso em: 15 jan. 2017. 217Educação alimentar e nutricional em nutrição clínica https://www.faculdadeguararapes/ http://edu.br/site/hotsites/biblioteca/educacaonutricional_passado-presente-futuro59500 http://www.cfn/ http://org.br/wp-content/uploads/2016/02/lei_n_8_234_91_1.pdf http://www.crn2.org.br/crn2/conteudo/ http://namesa.unb.br/upload/bibliotecaIdeias/1397561168Educacao_Nutricional-_Cami- http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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