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D A E M P R E I T A D A Breves considerações – Há vários tipos de contratos que podem ser incluídas no rol da empreitada. Mas, no caso presente, tem-se um contrato típico, que os artigos 610 a 626 do Código Civil, disciplinam. É o contrato, cuja finalidade é a construção civil. Outras formas de empreitada podem ser consideradas no âmbito das obrigações de fazer, mas no caso presente trata-se de reforma, edificação de casas, prédios, reformas, etc. Desse tipo de contrato duas partes estão presentes: DONO DA OBRA (o contratante que encomenda a obra) e EMPREITEIRO ( aquele executa a obra). Conceito – Segundo o conceito do Professor Carlos Roberto Gonçalves: “Empreitada (locatio operis) é contrato em que uma das partes (o empreiteiro), mediante remuneração a ser paga pelo outro contraente (o dono da obra) obriga-se a realizar determinada obra, pessoalmente ou por meio de terceiros, de acordo com as instruções deste e sem relação de subordinação” (ob.cit., p. 368). Importante ressaltar que o Código Civil, nos artigos 610 a 626 trata do contrato de empreitada em que são interessados particulares, que não se inserem no seio da legislação consumerista, quando então a construção civil é regida pelo Código de Defesa do Consumidor. Nesta última legislação o construtor é um fornecedor que desenvolve a atividade de construção civil e uma vez, concluída a obra é alienada a terceiros. O destinatário final pode ser uma pessoa física ou a pessoa jurídica, mas se o fornecedor tem como atividade regular, habitual e específica a construção de obras, a legislação que disciplina é o Código de Defesa do Consumidor, conforme é possível constatar pelos artigos 3º e 12 do CDC. Espécies de empreitada – Ensina o Professor Flávio Tartuce, analisando o art. 610 do Código Civil que podem ser apresentadas três modalidades de empreitada: “ a) Empreitada sob administração: é aquela em que o empreiteiro apenas administra as pessoas contratadas pelo dono da obra, que também fornece os materiais. b) Empreitada de mão de obra ou de lavor: é aquela em que o empreiteiro fornece a mão de obra, contratando as pessoas que irão executar a obra. Os materiais, contudo, são fornecidos pelo dono da obra. c) Empreitada mista ou de lavor e materiais: é aquela em que o empreiteiro fornece tanto a mão de obra quanto os materiais, comprometendo-se a executar a obra inteira. ....” (ob.cit., p.445). É conveniente lembrar que o empreiteiro não pode ser confundido com o profissional que elabora o projeto. Este é uma pessoa qualificada para essa finalidade, que é um engenheiro ou um arquiteto, conforme se constata pelo parágrafo 2º, do art. 610 do Código Civil. O que sucede em muitos casos e na vida prática é que o arquiteto ou engenheiro apenas elabora o projeto, e outra pessoa executa a obra, este o empreiteiro. Das obrigações das partes – Várias são as responsabilidades do empreiteiro. O empreiteiro tem as seguintes obrigações: Art. 611 do Código Civil – no caso de o empreiteiro fornecer os materiais – correm por sua conta os riscos da obra até o momento da entrega, exceto no caso de mora do dono da obra em recebê-la. Se o último, por qualquer motivo, recusou em receber a obra e, portanto não verificou quanto as condições dessa obra, não poderá reclamar qualquer indenização contra o empreiteiro que executou a obra. Art. 612 do Código Civil – na hipótese da empreitada ser apenas de mão de obra, “todos os riscos que não tiver culpa correrão por conta do dono”. Ex. RT. 874/361: piscina – rachaduras, fissuras e deformação por inadequação do solo. Nesse caso o dono da obra sofre o prejuízo em razão da inexistência de culpa por parte do empreiteiro. Art. 615 e art. 616 do Código Civil – se o empreiteiro não entregar a obra, de forma perfeita como foi contratado, o dono pode rejeitar (art. 615) ou então, ao invés de rejeitar, receber a obra com abatimento do preço (art. 616). Conseguintemente, o empreiteiro tem a obrigação pela perfeição da obra. Se a empreitada se insere no rol da legislação do CDC, o consumidor (dono da obra) terá opções melhores: se se tratar de empreitada mista, aplica-se o art. 18 do CDC, e se tratar de lavor, as opções são mais variadas, nos termos do art. 20 do CDC. Art. 617 do Código Civil – responsabiliza-se o empreiteiro a ter os cuidados necessários com os materiais que recebeu. Se os inutilizou por imperícia ou negligência deve responder pelos custos desses materiais. Art. 618 do Código Civil – trata-se da responsabilidade do empreiteiro pela segurança e solidez da obra pelo prazo de 5 anos, depois de concluída e entregue a obra. Essa responsabilidade refere-se a edifícios e construções consideráveis, conforme explicitado no art. 618 do CC. Qualquer defeito constatado, o dono da obra tem o prazo de 180 dias para propor ação correspondente, nos termos do parágrafo único do art. 618, do CC. Esse prazo do Código Civil, porém, sofre alteração quando se refere a empreitada que está sob o regime do Código de Defesa do Consumidor. Na legislação consumerista, o prazo é mais elástico: o art. 27 do CDC prevê o prazo de 5 anos para a reparação de danos, iniciando-se a partir do momento em que se toma conhecimento desse dano. Art. 622 do Código Civil – trata-se da responsabilidade do projetista da obra, isto é do profissional que faz o projeto a pedido do dono da obra. Limitando-se a elaborar o projeto, o projetista tem sua responsabilidade quanto a segurança e solidez da obra, nos termos do art. 618, do CC, mas desde que os defeitos sejam oriundos do projeto em si e não da execução da obra. E, por fim, a responsabilidade quanto aos danos causados a terceiros. É de responsabilidade do empreiteiro aqueles por ele causados, como por exemplo, provocar pela sua negligência ou imperícia danos nos prédios vizinhos, como trincas e rachaduras e , serão também de sua responsabilidade eventuais danos sofridos por pedestres que transitam perto do local da obra, de onde podem cair materiais que o construtor não teve o cuidado necessário para evitar a queda. O dono da obra tem as seguintes obrigações: Pagar ao empreiteiro o preço que foi contratado entre ambos. O art. 614 do Código Civil trata do pagamento da obra, quando contratada por partes distintas ou determinada por medida: nesse caso o pagamento deve ser feito de acordo com a proporção da obra executada. Art. 615 do Código Civil – o dono da obra é obrigado a recebê-la se concluída na forma ajustada pelas partes. Sua recusa caracteriza mora (fica responsável por eventuais danos e perecimento da coisa) e pode ensejar ao empreiteiro o direito de consignar a coisa em juízo. Ar. 619 do Código Civil – ocorrendo modificação no projeto e se o dono da obra instruiu nessa alteração, o empreiteiro terá o direito de exigir acréscimo do preço referente a essa modificação. O parágrafo único desse dispositivo acrescenta que, mesmo que o dono da obra não tenha autorizado por escrito, mas presenciou o acréscimo ou aumento e não houve qualquer contrariedade, igualmente, deve pagar ao empreiteiro por esse aumento (serviços extraordinários executados às claras – REsp. 103.715, STJ). Art. 623 do Código Civil – se o dono da obra rescindir o contrato, sem justa causa, sujeita-se ao pagamento das verbas e da indenização previstas nesse dispositivo legal. A doutrina tem reconhecido o direito de retenção em favor do empreiteiro, se este cumpriu todas as obrigações contratuais e o dono da obra deixou de lhe pagar o que devia. Pode o empreiteiro permanecer em poder da coisa até ser satisfeito de seus direitos. Extinção da empreitada – por várias formas o contrato de empreitada pode ser extinto: - Pela execução integral do contrato – cumprida a avença em sua totalidade e de acordo com as cláusulas contratuais,o contrato extingue-se pela via normal, isto é, pelo seu cumprimento. - Pela resolução – se qualquer dos contratantes deixar de cumprir as cláusulas ou condições impostas no contrato. - Pela resilição bilateral – de acordo com a vontade das partes. - Pela resilição unilateral – somente por parte do DONO DA OBRA, que nesse caso deve indenizar o empreiteiro na forma do art. 623 do CC. - Pela morte do empreiteiro no caso de contrato personalíssimo – isto é quando o contrato é celebrado intuitu personae; não sendo personalíssimo o contrato não se extingue (v. art. 626, parte final do CC). D O M A N D A T O Conceito - O mandato é um contrato que recebe a disciplina legal nos artigos 653 a 692 do Código Civil. Nesse contrato figuram duas partes: o MANDANTE a pessoa que confere poderes a outra parte e é o representado; a outra parte é o MANDATÁRIO, a pessoa que aceita aqueles poderes conferidos pelo mandante e, é o representante. Assinale-se que o mandato não deve ser confundido com mandado, que é uma ordem judicial. Quanto ao seu conceito o Professor Flávio Tartuce ensina: “...trata-se do contrato pelo qual alguém (o mandante) transfere poderes a outrem (o mandatário) para que este, em seu nome, pratique atos ou administre interesses. ... o mandatário age sempre em nome do mandante, havendo um negócio jurídico de representação” (Direito Civil 3 – Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie, 7ª edição, p.489). O instrumento que constitui o contrato de mandato é a procuração. Este é o documento que instrumentaliza o mandato. Geralmente, todos os atos podem ser realizados por meio do procurador, constituído pelo contrato de mandato. Não só os atos patrimoniais podem ser efetuados por meio do mandato, mas também outros atos que fogem do caráter patrimonial, como por exemplo o casamento, que pode ser celebrado por procuração pública, com poderes especiais, nos termos do art. 1.542, do Código Civil. Alguns atos, obviamente, pelo caráter personalíssimo não podem ser praticados pelo representante ou procurador, como por exemplo, o serviço militar, o exercício do poder familiar, a prestação de concurso público. Espécies de mandato – Há várias espécies de mandato e dentre elas, destacam-se: - o mandato legal que decorre da lei e não há necessidade de qualquer documento (procuração), como por exemplo, aquele que é conferido aos pais para administrar bens dos filhos menores; - o mandato convencional que decorre da manifestação da vontade das partes, dos contratos firmados entre mandante e mandatário. Desdobra-se em mandato “ad judicia” para a prática de atos judiciais em nome do mandante (propositura de ações, contestações, recursos, etc.); ou mandato “ad negotia” ou extrajudicial para a prática de atos negociais em geral, fora do circuito da área judicial (administrar bens do mandante, venda de bens deste, etc). O mandato judicial, que é privativo dos advogados, regulamentado pela Lei 8.906/94 (Estatuto dos Advogados), está subordinado nos termos do art. 692 do Código Civil, às regras constantes da legislação processual. - o mandato judicial decorrente de uma ação judicial, cuja nomeação é feita pela autoridade judicial, como por exemplo, no caso de inventário, com a nomeação do inventariante que representa o espólio. - o mandato oneroso, quando o mandatário percebe remuneração pelos atos praticados em nome do mandante. Ex.: advogado contratado para propor ação, ou contestá-la; procurador que recebe procuração para a venda de um imóvel do mandante; - o mandato gratuito, nesse caso o mandatário não é remunerado (v.art. 658, do CC). - o mandato outorgado a um procurador ou a vários procuradores, conforme artigo 672 do Código Civil. - o mandato em termos gerais que só confere poderes de administração, conforme art. 661, do CC. - o mandato especial, que de acordo com o art. 661, § 1º, do CC, que é outorgado para a prática de atos ou negócios específicos, como alienar bens, hipotecá-los e outros atos previstos nesse dispositivo legal. (v. ainda art. 656, do CC). Poderes – o mandatário ao ser nomeado procurador passa a atuar em nome do mandante. Este lhe outorga os poderes para sua atuação, quer no campo judicial, quer no campo extrajudicial. A procuração é o instrumento do mandato; por meio dela o mandatário, que se torna procurador, age representando o mandante. De acordo com o art. 657 do Código Civil, a outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Assim, no caso de compra e venda de um imóvel, em que a lei exige a forma solene, isto é a escritura pública, se uma das partes (vendedor ou comprador) estiver representada por procurador, essa representação deve ser por instrumento público (procuração pública específica para o ato). A procuração pública é exigida em outras situações, como nos casos de menores, para a prática de atos em nome destes, para o casamento por procuração. Os poderes conferidos ao mandatário, muitas vezes, podem ser transferidos a terceiros. A esse ato denomina-se substabelecimento. Esse substabelecimento pode ocorrer de duas maneiras: com reserva de poderes e sem reserva de poderes. Quando se tratar de substabelecimento com reserva de poderes, o substabelecente (mandatário) continua a usar os poderes recebidos e que estão sendo substabelecidos, isto é, conserva os poderes recebidos e pode atuar com o substabelelecido, de forma total ou parcial. Quando se tratar de substabelecimento sem reserva de poderes, o substabelecente (mandatário) deixa de atuar em nome do mandante e são cessados e transferidos todos os poderes recebidos, integralmente ao substabelecido. Nessa espécie o mandatário (substabelecente) desvincula-se o do contrato e em sua substituição surge o substabelecido. Equivale a renúncia do mandato, uma das espécies de sua extinção. Obrigações das partes – As obrigações do mandatário (procurador ou substabelecido) estão nos artigos 667 a 674do Código Civil. Art. 667 – Inicia-se pela forma que deve executar o mandato. Deve aplicar toda a diligência para o bom desempenho da missão e se causar prejuízo por culpa sua ou do substabelecido deve responder ao mandante. No parágrafo 1º desse artigo (667), o legislador, igualmente, trata do caso de prejuízo causado ao mandante, no caso de substabelecimento, ainda que proveniente de caso fortuito, exceto se se provar que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento. No parágrafo 2º do art. 667 do CC, o mandatário que tem poderes para substabelecer, mas agiu mal na escolha do substituto ou a ele deu instruções indevidas ou inadequadas, e reconhecida a culpa do procurador, o prejuízo causado ao mandante será de responsabilidade daquele. No parágrafo seguinte (3º), existe a responsabilidade do mandatário, ainda quando proibido de substabelecer. Nada obstante essa proibição, se o mandatário substabelecer os poderes , os atos praticados por este não obrigam o mandante, salvado se houver expressa ratificação. E, por último o parágrafo 4º, do art. 667 do CC. Na omissão da procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será responsável se o substabelecido proceder culposamente. Art. 668 – O mandatário deve prestar contas ao mandante do exercício de seu mandato, cuja obrigação é transmissível aos seus herdeiros. Deve o mandatário transferir o mandante as vantagens provenientes do mandato. Ex.: se foi constituído procurador para vender um imóvel e conseguiu preço superior ao pedido pelo mandante, o excesso deve ser transferido ao mandante, na forma prevista nesse dispositivo. Art. 669 – Está o mandatário impedido de compensar o prejuízo que causou ao mandante com eventuais vantagens que tenha alcançado a favor do mandante.Art. 670 – Prevê que o mandatário deve pagar juros do valor que devia entregar ao mandante ou recebeu para despesas, mas empregou em proveito próprio. Art. 671 – Se o mandatário com dinheiro do mandante, adquirir para si algo que deveria comprar para aquele, obriga-se a entregar a este a coisa comprada. Art. 673 – Nesse dispositivo está o destaque do conhecimento dos poderes conferidos ao mandatário. O terceiro que tiver conhecimento desses poderes e celebrar negócio que exceda a tais poderes, não terá nenhuma ação a assegurar sua atuação, exceto se o mandatário prometeu a ratificação do mandante ou se responsabilizou pessoalmente. Art. 674 – Por fim, no caso de morte, interdição ou mudança de estado do mandante, o mandatário deve concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora. Tais casos (morte, interdição ou mudança, a rigor constituem extinção do mandato, a teor do art. 682 do CC, mas diante do perigo da demora, o mandatário deve concluir o negócio já iniciado). Obrigações do mandante: Art. 675 – O mandante deve cumprir as obrigações assumidas pelo mandatário, dentro dos poderes que lhe foram conferidos e a adiantar a importância das despesas necessárias à execução do trabalho. Art. 679 - Ainda que o mandatário atue contrariando as instruções do mandante, mas agindo dentro dos limites que lhe foram conferidos, o mandante fica subordinado às condições daquele negócio, restando-lhe ação regressiva contra o seu procurador, por perdas e danos. Art. 676 – Outra obrigação do mandante de caráter pecuniário. Deve pagar a remuneração ajustada com o mandatário. Art. 678 – O mandante é obrigado a ressarcir ao mandatário as perdas que este sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso de poderes. Art. 680 – A responsabilidade solidária no caso de dois ou mais mandantes. Cada um ficará solidariamente responsável por todos os compromissos e efeitos do mandato, ressalvado o direito regressivo contra o outro mandante. Art. 681 – O mandatário tem direito de retenção sobre a coisa que se encontra em sua posse para receber o que lhe é de direito. Extinção do mandato – A extinção do mandato está prevista no art. 682 do Código Civil. I – pela revogação ou pela renúncia. Trata-se de extinção do contrato pela resilição unilateral: REVOGAÇÃO a critério do mandante e a RENÚNCIA por parte do mandatário. A revogação pode ser expressa: o mandante faz declaração nesse sentido, ou seja, pretende revogar o mandato; ou pode ser tácita nos termos do art. 687, do Código Civil. De acordo com o art. 686 do CC, a revogação deve ser comunicada ao mandatário e aos terceiros, para produzir os efeitos legais. Ressalte-se que os atos praticados pelo mandatário não são atingidos pela revogação. A revogação pode ser total ou parcial, dependendo da vontade do mandante. A renúncia é ato unilateral do mandatário que demonstra o desejo de não continuar representando o mandante. Este deve ser comunicado do ato, conforme dispõe o art. 688 do Código Civil, podendo ser indenizado se ocorrer qualquer das hipóteses previstas nesse comando legal. II – pela morte ou interdição de uma das partes. Deve-se atentar, porém, que no caso de morte aplica-se o disposto no art. 689 do Código Civil. É entendimento jurisprudencial que, embora tenha ocorrida a morte do mandante, mas se este recebeu o preço contratado no negócio, o mandatário está autorizado a outorgar a escritura pública. Na hipótese do falecimento de mandatário, serão aplicadas as regras dos artigos 690 e 691 do Código Civil. A interdição leva à incapacidade do mandante e do mandatário, por isso ocorrendo essa interdição o mandato é extinto. III – pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer. Dentre essas mudanças, está a própria interdição de qualquer das partes, ou mesmo no caso de mandante incapaz que passa a plena capacidade, cessando, portanto aquele mandato quando necessitava da representação ou assistência de seu pai. Deve, entretanto, ressalvar os direitos de terceiros de boa fé que contrataram com procurador de qualquer das partes, quando ignoravam os motivos da causa extintiva do mandato. IV – pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. Na primeira hipótese é tratado o caso de mandato com prazo certo de vigência; atingido o termo final, extingue-se o contrato de mandato. No segundo caso quando o mandato é cumprido integralmente, concluindo o mandato e o mandatário o negócio que foi objeto desse contrato. Ex.: compra e venda de um imóvel. Outorgada a escritura pública, o mandante recebeu o valor do preço contratado e o comprador recebeu a posse do imóvel, está concluído o negócio, que foi feito por meio do mandato. D O S E G U R O Conceito – O conceito de seguro é fornecido pelo próprio dispositivo legal. Define-o o art. 757 do Código Civil: “Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados”. Figuram nesse contrato duas partes: o segurado, aquele que contrata o seguro; o segurador ou a seguradora, que somente pode ser “entidade para tal fim legalmente autorizada”, conforme parte final do parágrafo único do art. 757 do CC. Portanto, enquanto o segurado pode ser qualquer pessoa física ou jurídica, a seguradora necessita de autorização governamental para atuar nessa área. O art. 761 do CC trata do cosseguro: nesse caso os riscos do seguro são assumidos por várias seguradoras, com a indicação do segurador (a) que administrará o contrato e representará os demais, para todos os efeitos legais. O cosseguro não se confunde com resseguro, quando uma seguradora contrata outra (a resseguradora), preocupando-se com os riscos do contrato anterior, isto é, com os riscos do contrato celebrado pela seguradora com o segurado. Elementos essenciais – Podem-se destacar pelo menos dois elementos que são essenciais em um contrato de seguro: - O primeiro o RISCO que é transferido para outra pessoa, ou seja a SEGURADORA. Esta ao assumir esse risco percebe certa quantia do segurado a título de prêmio, que se destina a pagar a indenização caso ocorra o segundo elemento, o fato aleatório que se denomina SINISTRO. - O segundo é o SINISTRO que é coberto, no caso de sua ocorrência, pela indenização paga pelo segurado através do prêmio. Anote-se que o risco está sempre presente em qualquer contrato de seguro, ao passo que o sinistro pode ou não acontecer, como no caso de seguro de carro contra acidente de trânsito (pode acontecer ou não o acidente). Não ocorrendo o sinistro, óbvio que não terá indenização e não se reembolsará o segurado pelo prêmio pago. Classificação do seguro – O nosso Código Civil trata de duas espécies de seguro: o SEGURO DE DANO, disciplinado nos artigos 778 a 788 e o SEGURO DE PESSOA, regulado nos artigos 789 a 802. O SEGURO DE DANO Nessa modalidade de seguro, o segurado pretende estar acobertado de eventuais danos materiais em relação ao seu bem. O art. 778 do Código Civil prevê que nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclusão do contrato. Significa que o seguro nesse caso não pode ser feito por valor superior à da coisa segurada e a indenização no caso de sinistro teve limitar a esse teto. Ex.: se o veículo tem o valor de R$30.000,00 no mercado não pode ser segurado por R$50.000,00. A consequência no caso de infração a essa regra: a) aplicação do art. 766 do CC perdendo o segurado o direito à garantia e pagar o prêmio vencido; b) sujeitar- se à ação penal que no caso couber. (essasinfrações estão previstas na parte final do art. 778 do CC). No artigo 781 do Código Civil há expressa previsão quanto à indenização a ser recebida pelo segurado. Essa indenização deve corresponder ao valor no momento do sinistro e não ao limite máximo da garantia fixado na apólice, SALVO EM CASO DE MORA DO SEGURADOR. Ilustra-se com o exemplo tirado da obra do Professor Flávio Tartuce: “alguém celebra um contrato de seguro para proteger um veículo contra roubo, furto e avaria. Quando da celebração do contrato, o veículo, novo, valia R$50.000,00. Dois anos após a celebração do contrato, quando o veículo vale R$30.000,00 é roubado (sinistro). Esse último será o valor devido pela seguradora, devendo ser observado o valor de mercado” (ob.cit. p. 588). Destaca-se a parte final do art. 781 do CC. O valor a ser pago deverá corresponder ao do limite máximo da garantia, no caso de mora da seguradora. (destaques em letras maiúsculas acima). É possível nos termos do art. 782 do CC o segurado fazer dois seguros sobre a mesma coisa, mas desde que o valor da garantia de ambos os seguros, fica limitado ao máximo do interesse a que se visa a cobertura. Nesses casos a primeira seguradora deve ser comunicada do segundo seguro. Ex.: “A” tem um veículo, cujo valor de mercado, é de R$60.000,00. Fez com determinada seguradora um seguro total, cuja indenização soma a quantia de Rr$30.000,00. Não há impedimento para celebrar o segundo seguro, com outra seguradora, no valor de R$30.000,00 (total que é o do valor do mercado do veículo). A primeira seguradora deve ser comunicada do segundo seguro. Eventual excesso acarreta a consequência prevista no art. 778 do CC, isto é perde a garantia do segundo contrato e sujeita-se o segurado à ação penal que no caso couber. Fica prevalecendo apenas o primeiro contrato. O art. 783 do Código Civil cogita do seguro parcial, isto é, o seguro de um bem por valor menor do que realmente vale. Nesse caso, ocorrendo sinistro parcial, conforme parte final desse dispositivo, a indenização deverá ser proporcional. Ex.: seguro de um veículo, cujo valor no mercado, é de R$50.000,00. O segurado faz o seguro parcial, apenas de R$30.000,00. Ocorrendo o sinistro, com danos materiais no montante de R$10.000,00, com a redução proporcional a ser pago pela seguradora é de R$5.000,00. Deve-se observar que esse dispositivo legal usa da expressão “Salvo disposição em contrário”; as partes podem convencionar em sentido oposto, podendo adotar o critério da redução que lhes convier, quanto para afastar essa redução. Afasta-se de qualquer garantia, diz o art. 784, do CC, quando se tratar de vício intrínseco da coisa segurada. E, por vício intrínseco o parágrafo único desse dispositivo afirma: “o defeito próprio da coisa, que se não encontra normalmente em outras da mesma espécie”. São os vícios de fabricação, como no caso de problemas mecânicos que se revelam defeitos oriundos da montadora e que teria sido a causa principal no acidente de veículo, que tenha sido segurado. Mesmo com o seguro feito pelo dono do veículo, ocorrendo a colisão, decorrente desse vício, a seguradora não se obriga à indenização. A regra do art. 786 do Código Civil trata da sub-rogação legal. A seguradora que paga a indenização sub-roga-se nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do dano, nos limites do valor respectivo. A Súmula 188 do STF já previa essa sub-rogação. Tal sub-rogação dá-se no seguro de dano, afastada a incidência quando se tratar de seguro de pessoas, conforme artigo 800 do Código Civil. Não tem lugar essa sub-rogação, conforme proclama o parágrafo 1º do art. 786 do CC, quando o dano é causado pelo cônjuge do segurado, seus descendentes ou ascendentes, consanguíneos ou afins, SALVO se essas pessoas agirem com dolo. O parágrafo 2º do art. 786 do CC qualifica de ineficaz ato do segurado que diminua ou extinga, o prejuízo da seguradora a que se refere esse dispositivo legal (art. 786), isto é, não terá qualquer eficácia avença que o segurado faça com o causador do dano, afastando a responsabilidade deste pelo evento danoso. Na seção de seguro de dano, o art. 787 trata do seguro de responsabilidade civil. A seguradora responsabiliza pela indenização que o segurado seja obrigado a pagar por danos causados a terceiros, decorrente de atos ilícitos, independentemente de ter agido ou não deforma culposa. Os parágrafos desse artigo tratam das providências cabíveis nessa responsabilidade. O segurado deve comunicar tão logo saiba das consequências do ato, à seguradora (§ 1º) e, o segurado está proibido de reconhecer a sua culpa ou confessar a ação, deixando desta forma, de permitir à seguradora o direito que tem de acionar o verdadeiro culpado pela indenização que pagou ao segurado (sub-rogação). O parágrafo 3º diz respeito à denunciação da lide prevista no art. 125, II, do Código de Processo Civil. Por fim, o art. 788 do Código Civil, trata do seguro de responsabilidade legalmente obrigatório. Tem-se como exemplo o DPVAT (seguro que se paga quando da licença de veículos, anualmente). Ocorrendo o dano, o terceiro prejudicado tem o direito de reclamar a indenização prevista nesse seguro, independentemente de apuração de culpa. O terceiro prejudicado a que se refere esse dispositivo pode ser o condutor ou proprietário do veículo, ou o terceiro que esteja viajando nesse veículo. DO SEGURO DE PESSOA. O Código Civil, nos artigos 789 a 802 trata-se do seguro de pessoa que compreende o seguro de vida, de acidentes pessoais, como os casos de morte do segurado, incapacidade e acidentes que possam comprometê-lo. O objetivo maior, principalmente, no seguro de vida é proteger a família do segurado. Segundo o art. 789 do CC, quando se tratar de seguros de pessoas, não há limite para a contratação do seguro. A critério do segurado, este pode fazer quantos seguros lhe interessar, não havendo qualquer restrição; pode contratar com várias seguradoras a indenização que melhor lhe aprouver, sem qualquer limitação, como ocorre nos seguros de dano. O maior problema, quando o interessado for fazer vários seguros, é o montante do prêmio a ser pago. No seguro sobre a de vida de outras pessoas (CC, art. 790 do CC), aquele que propõe é obrigado a declarar, o seu interesse pela preservação da vida do segurado, presumindo-se o interesse quando o segurado é cônjuge, ascendente ou descendente do proponente (parágrafo único, do art. 790). Trata o art. 791 do Código Civil, da nomeação de terceiro como beneficiário que receberá a indenização (seguro de vida). Esse terceiro, porém, no curso da contratação pode ser substituído a critério do segurado. Mas, este de acordo com o art. 791, em duas situações não pode fazer a substituição: 1 – Na hipótese do segurado ter renunciado à faculdade de fazer a substituição; 2 – Quando o seguro tem como causa declarada a garantia de alguma obrigação. Ex: ao contrair um empréstimo bancário, o correntista contrata um seguro para garantir o cumprimento da obrigação, se vier a falecer durante a vigência do empréstimo. Na hipótese de o correntista falecer, o seguro contratado cumprirá o restante da obrigação. Como teve uma causa declarada, nesse caso, o segurado não poderá substituir o beneficiário. Ocorrendo a substituição, nos casos permitidos, a seguradora deve ser comunicada; a falta da comunicação desobrigará a seguradora que pagar o capital segurado ao antigo beneficiário (parágrafo único, do art. 791, do CC). Deixando o segurado de indicar beneficiário, ou “se por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária” (CC, art. 792) E essa ordem de vocação hereditáriaestá prevista no art. 1.829 do Código Civil. Na falta dessas pessoas, aplica-se a regra do parágrafo único do art. 792 do CC, contemplando-se “os que provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessários à subsistência”. O (A) companheiro (a) pode ser instituído como beneficiário do segurado, se este, ao tempo da celebração do contrato de seguro já estava separado judicialmente de sua esposa, ou separado de fato (CC, art. 793). O art. 794 do Código Civil, deixa claro que a indenização decorrente do seguro de vida não é uma herança deixada pelo falecido. O valor da indenização não está sujeito às dividas do falecido. Os credores deste não podem requerer a satisfação de seus créditos baseados naquela indenização, lembrando que por força do que dispõe o art. 833, VI, do Código de Processo Civil é impenhorável o seguro de vida. Não se admite, segundo o art. 795 do CC, que se proceda qualquer transação visando o pagamento reduzido do capital segurado. Tal ato é considerado nulo nos termos desse comando legislativo. No seguro de vida, o prêmio pode ser pago por prazo limitado ou por toda a vida do segurado (CC, art. 796). No contrato de seguro de vida, o mais comum, é que o segurado pague o prêmio por toda a sua vida; com o falecimento, estando quites quanto ao prêmio o beneficiário terá direito à indenização. O dispositivo seguinte, isto é o art. 797 do CC , prevê que no seguro de vida, para o caso de morte, é possível a estipulação de um prazo de carência. Durante esse prazo a seguradora não responde pela ocorrência do sinistro. Nessa hipótese, nos termos do parágrafo único desse dispositivo a seguradora é obrigada a devolver ao beneficiário o montante da “reserva técnica” já formada. (reserva técnica = valores pagos pelo segurado, objetivando a garantir eventual cumprimento do contrato pela seguradora diante do sinistro, ou simplesmente, o valor do prêmio que se pagou durante o período de carência). O art. 798 do Código Civil trata do caso de suicídio do segurado. Se esse ato for cometido pelo segurado nos 2 primeiros anos de vigência do contrato de seguro, o beneficiário não terá direito a indenização. Decorrido esse prazo, qualquer que seja o motivo do suicídio, o beneficiário poderá pleitear a indenização. Essa questão, pelo Código Civil anterior foi objeto de edição de duas súmulas, sempre referindo-se ao suicídio premeditado. Têm- se a Súmula 61 do Superior Tribunal de Justiça e a Súmula l05 do Supremo Tribunal Federal. Pelo atual estatuto civil, tornou-se irrelevante o caso de suicídio premeditado. Não se pode cometer o suicídio nos dois primeiros anos de vigência do contrato; mas mesmo que ocorra tal suicídio, embora o beneficiário não receba a indenização, terá direito à reserva técnica formada, conforme parte final do art.798 do Código Civil. A regra do art. 799 do Código Civil é no tocante a impossibilidade de eximir a seguradora ao pagamento do seguro em situação ali descrita. Mesmo constando a restrição na apólice, se a morte ou a incapacidade do segurado provier da utilização de meio de transporte mais arriscado, da prestação de serviço militar, da prática de esporte, ou de atos de humanidade em auxílio de outrem, não ficará a seguradora isenta do pagamento da indenização. Ex.: se o Brasil, enviar alguns integrantes do Exército brasileiro para auxílio em outro País e, entre alguns fizerem o seguro de vida, (auxílio humanitário a outro país, e mesmo que a seguradora conste a restrição de isentar-se da responsabilidade pelo pagamento da indenização no caso de sua morte), ocorrendo o falecimento de um deles nessa ajuda, o beneficiário terá direito à indenização, nada obstante a restrição constante da apólice. Por último, cabe ressaltar, que o art. 800 do Código Civil foi objeto de análise quando do seguro de dano. Por esse dispositivo nos seguros de pessoas não se admite a sub-rogação nos direitos e ações do segurado, ou do beneficiário, contra o causador do sinistro. O art. 801, do Código Civil está incluído na Seção do Seguro de Pessoa; trata do seguro de vida em grupo. Nesse tipo de seguro figuram: o estipulante, a seguradora e o segurado. O estipulante pode ser pessoa natural ou jurídica (art. 801 “caput”, do CC); a seguradora. E, uma empresa de médio ou grande porte, uma associação, ou uma entidade, que visam proteger os seus funcionários, seus associados e os integrantes da sociedade. Os últimos são os segurados. De acordo com o § 1º, do art. 801, do CC o estipulante não representa a seguradora perante o grupo segurado, mas “é o único responsável , para com o segurador, pelo cumprimento de todas as obrigações contratuais”. Assim, ocorrendo algum sinistro, o segurado deverá dirigir-se diretamente à seguradora e não à estipulante. No parágrafo 2º desse dispositivo há expressa referência quanto a modificação da apólice. Dependerá da anuência expressa 3/4 do grupo de segurados. Nesse sistema de seguro, constata-se que a estipulante ou o estipulante e a seguradora são fixos, pois aquele contrata determinada seguradora para beneficiar os seus funcionários ou associados. Portanto, estes são em números variáveis, podendo ocorrer saída e ingresso de novos segurados. Há assim obrigação da estipulante remeter à segurador a relação dos atuais segurados. Em razão de número razoável ou até mesmo elevado de segurados, é possível que o prévio exame médico seja substituído por alguma declaração do estado de saúde. Assim, se a seguradora deixa de exigir o exame médico prévio, não poderá se furtar ao pagamento da indenização, no caso de ocorrer o sinistro. Duas decisões do Superior Tribunal de Justiça perfilham desse entendimento (REsp. 576.088/ES , 4ª T., rel. Min. Barros Monteiro, j. 20.5.2004; REsp. 332.787/GO, 4ª T., rel. Min. Ruy Rosado, j. 11.12.2001). OBRIGAÇÕES DO SEGURADO A primeira e principal obrigação do segurado é pagar o valor do prêmio contratado, nos termos do art. 757 do CC. Não pode se furtar a esse pagamento a pretexto de inocorrência do sinistro (art. 764). Mais ainda, mesmo que ocorra a diminuição do risco no curso do contrato não acarreta a diminuição do prêmio estipulado, salvo disposição em contrário (art. 770). Pode, segundo esse dispositivo (art. 770), acontecer da redução do risco ser considerável, e nesse caso o segurado poderá exigir a revisão do prêmio ou a resolução do contrato. O art. 763 do Código Civil, impõe outra obrigação ao segurado, que na verdade é uma penalidade pela falta do pagamento do prêmio, estando, portanto em mora. Essa mora, porém, de acordo com a jurisprudência dominante não significa que se o segurado deixou de pagar o prêmio no dia aprazado, não terá direito a indenização. O Superior Tribunal de Justiça deixou assentado que: “Mero atraso no pagamento do prêmio não implica desfazimento automático do contrato. Exige-se ao menos, a prévia constituição em mora do contratante pela seguradora, mediante interpelação” (REsp. 316.552, DJU 12.4.2004). Outros julgados navegam no mesmo sentido: RT 773:254 e RT 791:274. Outra obrigação contempla o art. 768 do CC, “verbis: “ O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco objeto do contrato”. (os grifos não são do original). Esse dispositivo é bastante claro: o segurado tem a obrigação de abster-se da prática de qualquer ato que possa aumentar os riscos, cujo agravamento é ato doloso, de tal sorte que ocorrendo o sinistro, a seguradora está eximida de pagar a indenização. Ex. embriaguez do segurado ao volante – agravamento do risco – RT 862:378; RT 844:371. Outro exemplo: a participação em “rachas” que se promovem em largas avenidas das cidades de porte médio. Assim, ocorrendo o acidente, portanto, o sinistro, a seguradora não tem a obrigação de indenizar. Por último, destaca-se a obrigaçãoconstante do art. 769 do Código Civil. Obriga-se o segurado a comunicar à seguradora qualquer incidente que possa agravar consideravelmente o risco coberto. É fato que o segurado não poderia prever,e totalmente alheio à sua vontade. Ex.: “A” fez o seguro total de sua casa, com a cobertura de incêndio, furto, roubo, etc. Se, bem próximo à sua casa, instala-se um loja que vende produtos inflamáveis, de fácil combustão, o segurado deve comunicar, imediatamente à seguradora. Esta, deve tomar as providências constantes do § 1º, do art. 769, cientificando o segurado, por escrito, nos 15 dias seguintes, de sua decisão de resolver (ou rescindir) o contrato. Se esta for a decisão, aplica-se o § 2º do mesmo art. 769: “A resolução só será eficaz 30 dias após a notificação, devendo ser restituída pelo segurador a diferença do prêmio”. OBRIGAÇÕES DA SEGURADORA A seguradora tem a obrigação de “pagar em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a reposição da coisa”. (CC, art. 776) É obrigação da seguradora, pagar ao segurado o seu prejuízo, em dinheiro. Mas, em muitos sinistros, a exceção prevista na parte final desse dispositivo é aplicada, podendo citar a título de exemplo, a colisão de veículos. Nesses casos, a seguradora, ao invés de pagar em dinheiro, repõe o veículo no estado anterior, reparando os danos provocados em decorrência da colisão. Quando se tratar de danos materiais (portanto, seguro de dano), regra geral, o prejuízo experimentado pelo segurado, é a reposição da coisa. Mas, em se tratando se seguro de pessoa, a indenização será sempre em dinheiro, no valor constante da apólice e que foi contratado pelo segurado. Deixando a seguradora de cumprir essa obrigação, incide a regra do art. 772 do Código Civil. A mora da seguradora implica na aplicação da correção monetária sobre o valor da indenização. O último dos dispositivos a respeito da obrigação é o art. 765 do Código Civil. Trata-se de obrigação imposta não só à seguradora, mas também ao segurado: “O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes”. É o princípio da boa-fé que foi estudado na época oportuna. Em todos os contratos esse princípio deve ser observado e, portanto, no contrato de seguro não é diferente.
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