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Resumo Responsabilidade Civil V

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D A E M P R E I T A D A 
 
 Breves considerações – Há vários tipos de contratos que 
podem ser incluídas no rol da empreitada. Mas, no caso presente, 
tem-se um contrato típico, que os artigos 610 a 626 do Código Civil, 
disciplinam. É o contrato, cuja finalidade é a construção civil. 
Outras formas de empreitada podem ser consideradas no âmbito 
das obrigações de fazer, mas no caso presente trata-se de reforma, 
edificação de casas, prédios, reformas, etc. 
 
 Desse tipo de contrato duas partes estão presentes: DONO 
DA OBRA (o contratante que encomenda a obra) e 
EMPREITEIRO ( aquele executa a obra). 
 
 Conceito – Segundo o conceito do Professor Carlos Roberto 
Gonçalves: “Empreitada (locatio operis) é contrato em que uma das 
partes (o empreiteiro), mediante remuneração a ser paga pelo outro 
contraente (o dono da obra) obriga-se a realizar determinada obra, 
pessoalmente ou por meio de terceiros, de acordo com as 
instruções deste e sem relação de subordinação” (ob.cit., p. 368). 
 Importante ressaltar que o Código Civil, nos artigos 610 a 
626 trata do contrato de empreitada em que são interessados 
particulares, que não se inserem no seio da legislação 
consumerista, quando então a construção civil é regida pelo Código 
de Defesa do Consumidor. Nesta última legislação o construtor é 
um fornecedor que desenvolve a atividade de construção civil e 
uma vez, concluída a obra é alienada a terceiros. O destinatário 
final pode ser uma pessoa física ou a pessoa jurídica, mas se o 
fornecedor tem como atividade regular, habitual e específica a 
construção de obras, a legislação que disciplina é o Código de 
Defesa do Consumidor, conforme é possível constatar pelos artigos 
3º e 12 do CDC. 
 
 Espécies de empreitada – Ensina o Professor Flávio Tartuce, 
analisando o art. 610 do Código Civil que podem ser apresentadas 
três modalidades de empreitada: 
 “ a) Empreitada sob administração: é aquela em que o empreiteiro 
apenas administra as pessoas contratadas pelo dono da obra, que 
também fornece os materiais. 
 b) Empreitada de mão de obra ou de lavor: é aquela em que o 
empreiteiro fornece a mão de obra, contratando as pessoas que 
irão executar a obra. Os materiais, contudo, são fornecidos pelo 
dono da obra. 
 c) Empreitada mista ou de lavor e materiais: é aquela em que o 
empreiteiro fornece tanto a mão de obra quanto os materiais, 
comprometendo-se a executar a obra inteira. ....” (ob.cit., p.445). 
 
 É conveniente lembrar que o empreiteiro não pode ser 
confundido com o profissional que elabora o projeto. Este é uma 
pessoa qualificada para essa finalidade, que é um engenheiro ou 
um arquiteto, conforme se constata pelo parágrafo 2º, do art. 610 do 
Código Civil. 
 
 O que sucede em muitos casos e na vida prática é que o 
arquiteto ou engenheiro apenas elabora o projeto, e outra pessoa 
executa a obra, este o empreiteiro. 
 
 Das obrigações das partes – Várias são as responsabilidades 
do empreiteiro. 
 
 O empreiteiro tem as seguintes obrigações: 
 
 Art. 611 do Código Civil – no caso de o empreiteiro fornecer 
os materiais – correm por sua conta os riscos da obra até o 
momento da entrega, exceto no caso de mora do dono da obra em 
recebê-la. Se o último, por qualquer motivo, recusou em receber a 
obra e, portanto não verificou quanto as condições dessa obra, não 
poderá reclamar qualquer indenização contra o empreiteiro que 
executou a obra. 
 
 Art. 612 do Código Civil – na hipótese da empreitada ser 
apenas de mão de obra, “todos os riscos que não tiver culpa 
correrão por conta do dono”. Ex. RT. 874/361: piscina – 
rachaduras, fissuras e deformação por inadequação do solo. Nesse 
caso o dono da obra sofre o prejuízo em razão da inexistência de 
culpa por parte do empreiteiro. 
 
 Art. 615 e art. 616 do Código Civil – se o empreiteiro não 
entregar a obra, de forma perfeita como foi contratado, o dono 
pode rejeitar (art. 615) ou então, ao invés de rejeitar, receber a obra 
com abatimento do preço (art. 616). Conseguintemente, o 
empreiteiro tem a obrigação pela perfeição da obra. Se a 
empreitada se insere no rol da legislação do CDC, o consumidor 
(dono da obra) terá opções melhores: se se tratar de empreitada 
mista, aplica-se o art. 18 do CDC, e se tratar de lavor, as opções 
são mais variadas, nos termos do art. 20 do CDC. 
 
 Art. 617 do Código Civil – responsabiliza-se o empreiteiro a ter 
os cuidados necessários com os materiais que recebeu. Se os 
inutilizou por imperícia ou negligência deve responder pelos custos 
desses materiais. 
 
 Art. 618 do Código Civil – trata-se da responsabilidade do 
empreiteiro pela segurança e solidez da obra pelo prazo de 5 anos, 
depois de concluída e entregue a obra. Essa responsabilidade 
refere-se a edifícios e construções consideráveis, conforme 
explicitado no art. 618 do CC. Qualquer defeito constatado, o dono 
da obra tem o prazo de 180 dias para propor ação correspondente, 
nos termos do parágrafo único do art. 618, do CC. 
 
 Esse prazo do Código Civil, porém, sofre alteração quando se 
refere a empreitada que está sob o regime do Código de Defesa do 
Consumidor. Na legislação consumerista, o prazo é mais elástico: 
o art. 27 do CDC prevê o prazo de 5 anos para a reparação de 
danos, iniciando-se a partir do momento em que se toma 
conhecimento desse dano. 
 
 Art. 622 do Código Civil – trata-se da responsabilidade do 
projetista da obra, isto é do profissional que faz o projeto a pedido 
do dono da obra. Limitando-se a elaborar o projeto, o projetista 
tem sua responsabilidade quanto a segurança e solidez da obra, 
nos termos do art. 618, do CC, mas desde que os defeitos sejam 
oriundos do projeto em si e não da execução da obra. 
 
 E, por fim, a responsabilidade quanto aos danos causados a 
terceiros. É de responsabilidade do empreiteiro aqueles por ele 
causados, como por exemplo, provocar pela sua negligência ou 
imperícia danos nos prédios vizinhos, como trincas e rachaduras e , 
serão também de sua responsabilidade eventuais danos sofridos 
por pedestres que transitam perto do local da obra, de onde podem 
cair materiais que o construtor não teve o cuidado necessário para 
evitar a queda. 
 
 O dono da obra tem as seguintes obrigações: 
 
 Pagar ao empreiteiro o preço que foi contratado entre ambos. 
O art. 614 do Código Civil trata do pagamento da obra, quando 
contratada por partes distintas ou determinada por medida: nesse 
caso o pagamento deve ser feito de acordo com a proporção da 
obra executada. 
 
 Art. 615 do Código Civil – o dono da obra é obrigado a 
recebê-la se concluída na forma ajustada pelas partes. Sua recusa 
caracteriza mora (fica responsável por eventuais danos e 
perecimento da coisa) e pode ensejar ao empreiteiro o direito de 
consignar a coisa em juízo. 
 
 Ar. 619 do Código Civil – ocorrendo modificação no projeto e 
se o dono da obra instruiu nessa alteração, o empreiteiro terá o 
direito de exigir acréscimo do preço referente a essa modificação. 
O parágrafo único desse dispositivo acrescenta que, mesmo que o 
dono da obra não tenha autorizado por escrito, mas presenciou o 
acréscimo ou aumento e não houve qualquer contrariedade, 
igualmente, deve pagar ao empreiteiro por esse aumento (serviços 
extraordinários executados às claras – REsp. 103.715, STJ). 
 
 Art. 623 do Código Civil – se o dono da obra rescindir o 
contrato, sem justa causa, sujeita-se ao pagamento das verbas e da 
indenização previstas nesse dispositivo legal. 
 
 A doutrina tem reconhecido o direito de retenção em favor do 
empreiteiro, se este cumpriu todas as obrigações contratuais e o 
dono da obra deixou de lhe pagar o que devia. Pode o empreiteiro 
permanecer em poder da coisa até ser satisfeito de seus direitos. 
 
 Extinção da empreitada – por várias formas o contrato de 
empreitada pode ser extinto: 
- Pela execução integral do contrato – cumprida a avença em sua 
totalidade e de acordo com as cláusulas contratuais,o contrato 
extingue-se pela via normal, isto é, pelo seu cumprimento. 
 
- Pela resolução – se qualquer dos contratantes deixar de cumprir 
as cláusulas ou condições impostas no contrato. 
 
- Pela resilição bilateral – de acordo com a vontade das partes. 
 
- Pela resilição unilateral – somente por parte do DONO DA OBRA, 
que nesse caso deve indenizar o empreiteiro na forma do art. 623 
do CC. 
 
- Pela morte do empreiteiro no caso de contrato personalíssimo – 
isto é quando o contrato é celebrado intuitu personae; não sendo 
personalíssimo o contrato não se extingue (v. art. 626, parte final 
do CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 D O M A N D A T O 
 
 Conceito - O mandato é um contrato que recebe a disciplina 
legal nos artigos 653 a 692 do Código Civil. 
 
 Nesse contrato figuram duas partes: o MANDANTE a pessoa 
que confere poderes a outra parte e é o representado; a outra parte 
é o MANDATÁRIO, a pessoa que aceita aqueles poderes 
conferidos pelo mandante e, é o representante. 
 
 Assinale-se que o mandato não deve ser confundido com 
mandado, que é uma ordem judicial. 
 
 Quanto ao seu conceito o Professor Flávio Tartuce ensina: 
“...trata-se do contrato pelo qual alguém (o mandante) transfere 
poderes a outrem (o mandatário) para que este, em seu nome, 
pratique atos ou administre interesses. ... o mandatário age sempre 
em nome do mandante, havendo um negócio jurídico de 
representação” (Direito Civil 3 – Teoria Geral dos Contratos e 
Contratos em Espécie, 7ª edição, p.489). 
 
 O instrumento que constitui o contrato de mandato é a 
procuração. Este é o documento que instrumentaliza o mandato. 
 
 Geralmente, todos os atos podem ser realizados por meio do 
procurador, constituído pelo contrato de mandato. Não só os atos 
patrimoniais podem ser efetuados por meio do mandato, mas 
também outros atos que fogem do caráter patrimonial, como por 
exemplo o casamento, que pode ser celebrado por procuração 
pública, com poderes especiais, nos termos do art. 1.542, do 
Código Civil. Alguns atos, obviamente, pelo caráter personalíssimo 
não podem ser praticados pelo representante ou procurador, como 
por exemplo, o serviço militar, o exercício do poder familiar, a 
prestação de concurso público. 
 
 Espécies de mandato – Há várias espécies de mandato e 
dentre elas, destacam-se: 
- o mandato legal que decorre da lei e não há necessidade de 
qualquer documento (procuração), como por exemplo, aquele que é 
conferido aos pais para administrar bens dos filhos menores; 
- o mandato convencional que decorre da manifestação da vontade 
das partes, dos contratos firmados entre mandante e mandatário. 
Desdobra-se em mandato “ad judicia” para a prática de atos 
judiciais em nome do mandante (propositura de ações, 
contestações, recursos, etc.); ou mandato “ad negotia” ou 
extrajudicial para a prática de atos negociais em geral, fora do 
circuito da área judicial (administrar bens do mandante, venda de 
bens deste, etc). O mandato judicial, que é privativo dos 
advogados, regulamentado pela Lei 8.906/94 (Estatuto dos 
Advogados), está subordinado nos termos do art. 692 do Código 
Civil, às regras constantes da legislação processual. 
- o mandato judicial decorrente de uma ação judicial, cuja 
nomeação é feita pela autoridade judicial, como por exemplo, no 
caso de inventário, com a nomeação do inventariante que 
representa o espólio. 
- o mandato oneroso, quando o mandatário percebe remuneração 
pelos atos praticados em nome do mandante. Ex.: advogado 
contratado para propor ação, ou contestá-la; procurador que 
recebe procuração para a venda de um imóvel do mandante; 
- o mandato gratuito, nesse caso o mandatário não é remunerado 
(v.art. 658, do CC). 
- o mandato outorgado a um procurador ou a vários procuradores, 
conforme artigo 672 do Código Civil. 
- o mandato em termos gerais que só confere poderes de 
administração, conforme art. 661, do CC. 
- o mandato especial, que de acordo com o art. 661, § 1º, do CC, 
que é outorgado para a prática de atos ou negócios específicos, 
como alienar bens, hipotecá-los e outros atos previstos nesse 
dispositivo legal. 
(v. ainda art. 656, do CC). 
 
 Poderes – o mandatário ao ser nomeado procurador passa a 
atuar em nome do mandante. Este lhe outorga os poderes para sua 
atuação, quer no campo judicial, quer no campo extrajudicial. A 
procuração é o instrumento do mandato; por meio dela o 
mandatário, que se torna procurador, age representando o 
mandante. 
 
 De acordo com o art. 657 do Código Civil, a outorga do 
mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser 
praticado. Assim, no caso de compra e venda de um imóvel, em 
que a lei exige a forma solene, isto é a escritura pública, se uma 
das partes (vendedor ou comprador) estiver representada por 
procurador, essa representação deve ser por instrumento público 
(procuração pública específica para o ato). A procuração pública é 
exigida em outras situações, como nos casos de menores, para a 
prática de atos em nome destes, para o casamento por procuração. 
 
 Os poderes conferidos ao mandatário, muitas vezes, podem 
ser transferidos a terceiros. A esse ato denomina-se 
substabelecimento. Esse substabelecimento pode ocorrer de duas 
maneiras: com reserva de poderes e sem reserva de poderes. 
 
 Quando se tratar de substabelecimento com reserva de 
poderes, o substabelecente (mandatário) continua a usar os 
poderes recebidos e que estão sendo substabelecidos, isto é, 
conserva os poderes recebidos e pode atuar com o 
substabelelecido, de forma total ou parcial. 
 
 Quando se tratar de substabelecimento sem reserva de 
poderes, o substabelecente (mandatário) deixa de atuar em nome 
do mandante e são cessados e transferidos todos os poderes 
recebidos, integralmente ao substabelecido. Nessa espécie o 
mandatário (substabelecente) desvincula-se o do contrato e em sua 
substituição surge o substabelecido. Equivale a renúncia do 
mandato, uma das espécies de sua extinção. 
 
 Obrigações das partes – As obrigações do mandatário 
(procurador ou substabelecido) estão nos artigos 667 a 674do 
Código Civil. 
 
 Art. 667 – Inicia-se pela forma que deve executar o mandato. 
Deve aplicar toda a diligência para o bom desempenho da missão e 
se causar prejuízo por culpa sua ou do substabelecido deve 
responder ao mandante. 
 
 No parágrafo 1º desse artigo (667), o legislador, igualmente, 
trata do caso de prejuízo causado ao mandante, no caso de 
substabelecimento, ainda que proveniente de caso fortuito, exceto 
se se provar que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse 
havido substabelecimento. 
 
 No parágrafo 2º do art. 667 do CC, o mandatário que tem 
poderes para substabelecer, mas agiu mal na escolha do substituto 
ou a ele deu instruções indevidas ou inadequadas, e reconhecida a 
culpa do procurador, o prejuízo causado ao mandante será de 
responsabilidade daquele. 
 
 No parágrafo seguinte (3º), existe a responsabilidade do 
mandatário, ainda quando proibido de substabelecer. Nada 
obstante essa proibição, se o mandatário substabelecer os poderes 
, os atos praticados por este não obrigam o mandante, salvado se 
houver expressa ratificação. 
 
 E, por último o parágrafo 4º, do art. 667 do CC. Na omissão 
da procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será 
responsável se o substabelecido proceder culposamente. 
 
 Art. 668 – O mandatário deve prestar contas ao mandante do 
exercício de seu mandato, cuja obrigação é transmissível aos seus 
herdeiros. Deve o mandatário transferir o mandante as vantagens 
provenientes do mandato. Ex.: se foi constituído procurador para 
vender um imóvel e conseguiu preço superior ao pedido pelo 
mandante, o excesso deve ser transferido ao mandante, na forma 
prevista nesse dispositivo. 
 
 Art. 669 – Está o mandatário impedido de compensar o 
prejuízo que causou ao mandante com eventuais vantagens que 
tenha alcançado a favor do mandante.Art. 670 – Prevê que o mandatário deve pagar juros do valor 
que devia entregar ao mandante ou recebeu para despesas, mas 
empregou em proveito próprio. 
 
 Art. 671 – Se o mandatário com dinheiro do mandante, 
adquirir para si algo que deveria comprar para aquele, obriga-se a 
entregar a este a coisa comprada. 
 
 Art. 673 – Nesse dispositivo está o destaque do conhecimento 
dos poderes conferidos ao mandatário. O terceiro que tiver 
conhecimento desses poderes e celebrar negócio que exceda a tais 
poderes, não terá nenhuma ação a assegurar sua atuação, exceto 
se o mandatário prometeu a ratificação do mandante ou se 
responsabilizou pessoalmente. 
 
 Art. 674 – Por fim, no caso de morte, interdição ou mudança 
de estado do mandante, o mandatário deve concluir o negócio já 
começado, se houver perigo na demora. Tais casos (morte, 
interdição ou mudança, a rigor constituem extinção do mandato, a 
teor do art. 682 do CC, mas diante do perigo da demora, o 
mandatário deve concluir o negócio já iniciado). 
 
 Obrigações do mandante: 
 
 Art. 675 – O mandante deve cumprir as obrigações assumidas 
pelo mandatário, dentro dos poderes que lhe foram conferidos e a 
adiantar a importância das despesas necessárias à execução do 
trabalho. 
 
 Art. 679 - Ainda que o mandatário atue contrariando as 
instruções do mandante, mas agindo dentro dos limites que lhe 
foram conferidos, o mandante fica subordinado às condições 
daquele negócio, restando-lhe ação regressiva contra o seu 
procurador, por perdas e danos. 
 
 Art. 676 – Outra obrigação do mandante de caráter 
pecuniário. Deve pagar a remuneração ajustada com o 
mandatário. 
 
 Art. 678 – O mandante é obrigado a ressarcir ao mandatário 
as perdas que este sofrer com a execução do mandato, sempre que 
não resultem de culpa sua ou de excesso de poderes. 
 
 Art. 680 – A responsabilidade solidária no caso de dois ou 
mais mandantes. Cada um ficará solidariamente responsável por 
todos os compromissos e efeitos do mandato, ressalvado o direito 
regressivo contra o outro mandante. 
 
 Art. 681 – O mandatário tem direito de retenção sobre a coisa 
que se encontra em sua posse para receber o que lhe é de direito. 
 
 Extinção do mandato – A extinção do mandato está prevista 
no art. 682 do Código Civil. 
 
 I – pela revogação ou pela renúncia. 
Trata-se de extinção do contrato pela resilição unilateral: 
REVOGAÇÃO a critério do mandante e a RENÚNCIA por parte do 
mandatário. 
 
 A revogação pode ser expressa: o mandante faz declaração 
nesse sentido, ou seja, pretende revogar o mandato; ou pode ser 
tácita nos termos do art. 687, do Código Civil. De acordo com o 
art. 686 do CC, a revogação deve ser comunicada ao mandatário e 
aos terceiros, para produzir os efeitos legais. Ressalte-se que os 
atos praticados pelo mandatário não são atingidos pela revogação. 
A revogação pode ser total ou parcial, dependendo da vontade do 
mandante. 
 
 A renúncia é ato unilateral do mandatário que demonstra o 
desejo de não continuar representando o mandante. Este deve ser 
comunicado do ato, conforme dispõe o art. 688 do Código Civil, 
podendo ser indenizado se ocorrer qualquer das hipóteses previstas 
nesse comando legal. 
 
 II – pela morte ou interdição de uma das partes. Deve-se 
atentar, porém, que no caso de morte aplica-se o disposto no art. 
689 do Código Civil. É entendimento jurisprudencial que, embora 
tenha ocorrida a morte do mandante, mas se este recebeu o preço 
contratado no negócio, o mandatário está autorizado a outorgar a 
escritura pública. Na hipótese do falecimento de mandatário, 
serão aplicadas as regras dos artigos 690 e 691 do Código Civil. 
A interdição leva à incapacidade do mandante e do mandatário, por 
isso ocorrendo essa interdição o mandato é extinto. 
 
 III – pela mudança de estado que inabilite o mandante a 
conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer. Dentre essas 
mudanças, está a própria interdição de qualquer das partes, ou 
mesmo no caso de mandante incapaz que passa a plena 
capacidade, cessando, portanto aquele mandato quando 
necessitava da representação ou assistência de seu pai. Deve, 
entretanto, ressalvar os direitos de terceiros de boa fé que 
contrataram com procurador de qualquer das partes, quando 
ignoravam os motivos da causa extintiva do mandato. 
 
 IV – pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. Na 
primeira hipótese é tratado o caso de mandato com prazo certo de 
vigência; atingido o termo final, extingue-se o contrato de mandato. 
No segundo caso quando o mandato é cumprido integralmente, 
concluindo o mandato e o mandatário o negócio que foi objeto 
desse contrato. Ex.: compra e venda de um imóvel. Outorgada a 
escritura pública, o mandante recebeu o valor do preço contratado e 
o comprador recebeu a posse do imóvel, está concluído o negócio, 
que foi feito por meio do mandato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 D O S E G U R O 
 
 Conceito – O conceito de seguro é fornecido pelo próprio 
dispositivo legal. Define-o o art. 757 do Código Civil: “Pelo contrato 
de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do 
prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa 
ou a coisa, contra riscos predeterminados”. 
 
 Figuram nesse contrato duas partes: o segurado, aquele que 
contrata o seguro; o segurador ou a seguradora, que somente pode 
ser “entidade para tal fim legalmente autorizada”, conforme parte 
final do parágrafo único do art. 757 do CC. Portanto, enquanto o 
segurado pode ser qualquer pessoa física ou jurídica, a seguradora 
necessita de autorização governamental para atuar nessa área. 
 
 O art. 761 do CC trata do cosseguro: nesse caso os riscos 
do seguro são assumidos por várias seguradoras, com a indicação 
do segurador (a) que administrará o contrato e representará os 
demais, para todos os efeitos legais. O cosseguro não se confunde 
com resseguro, quando uma seguradora contrata outra (a 
resseguradora), preocupando-se com os riscos do contrato 
anterior, isto é, com os riscos do contrato celebrado pela 
seguradora com o segurado. 
 
 Elementos essenciais – Podem-se destacar pelo menos dois 
elementos que são essenciais em um contrato de seguro: 
 - O primeiro o RISCO que é transferido para outra pessoa, ou seja 
a SEGURADORA. Esta ao assumir esse risco percebe certa 
quantia do segurado a título de prêmio, que se destina a pagar a 
indenização caso ocorra o segundo elemento, o fato aleatório que 
se denomina SINISTRO. 
 - O segundo é o SINISTRO que é coberto, no caso de sua 
ocorrência, pela indenização paga pelo segurado através do 
prêmio. 
 
 Anote-se que o risco está sempre presente em qualquer 
contrato de seguro, ao passo que o sinistro pode ou não acontecer, 
como no caso de seguro de carro contra acidente de trânsito (pode 
acontecer ou não o acidente). Não ocorrendo o sinistro, óbvio que 
não terá indenização e não se reembolsará o segurado pelo prêmio 
pago. 
 
 Classificação do seguro – O nosso Código Civil trata de duas 
espécies de seguro: o SEGURO DE DANO, disciplinado nos 
artigos 778 a 788 e o SEGURO DE PESSOA, regulado nos artigos 
789 a 802. 
 
O SEGURO DE DANO 
 
 Nessa modalidade de seguro, o segurado pretende estar 
acobertado de eventuais danos materiais em relação ao seu bem. 
 
 O art. 778 do Código Civil prevê que nos seguros de dano, a 
garantia prometida não pode ultrapassar o valor do interesse 
segurado no momento da conclusão do contrato. Significa que o 
seguro nesse caso não pode ser feito por valor superior à da coisa 
segurada e a indenização no caso de sinistro teve limitar a esse 
teto. Ex.: se o veículo tem o valor de R$30.000,00 no mercado não 
pode ser segurado por R$50.000,00. A consequência no caso de 
infração a essa regra: a) aplicação do art. 766 do CC perdendo o 
segurado o direito à garantia e pagar o prêmio vencido; b) sujeitar-
se à ação penal que no caso couber. (essasinfrações estão 
previstas na parte final do art. 778 do CC). 
 
 No artigo 781 do Código Civil há expressa previsão quanto à 
indenização a ser recebida pelo segurado. Essa indenização deve 
corresponder ao valor no momento do sinistro e não ao limite 
máximo da garantia fixado na apólice, SALVO EM CASO DE MORA 
DO SEGURADOR. Ilustra-se com o exemplo tirado da obra do 
Professor Flávio Tartuce: “alguém celebra um contrato de seguro 
para proteger um veículo contra roubo, furto e avaria. Quando da 
celebração do contrato, o veículo, novo, valia R$50.000,00. Dois 
anos após a celebração do contrato, quando o veículo vale 
R$30.000,00 é roubado (sinistro). Esse último será o valor devido 
pela seguradora, devendo ser observado o valor de mercado” 
(ob.cit. p. 588). 
 
 Destaca-se a parte final do art. 781 do CC. O valor a ser pago 
deverá corresponder ao do limite máximo da garantia, no caso de 
mora da seguradora. (destaques em letras maiúsculas acima). 
 
 É possível nos termos do art. 782 do CC o segurado fazer 
dois seguros sobre a mesma coisa, mas desde que o valor da 
garantia de ambos os seguros, fica limitado ao máximo do interesse 
a que se visa a cobertura. Nesses casos a primeira seguradora 
deve ser comunicada do segundo seguro. Ex.: “A” tem um veículo, 
cujo valor de mercado, é de R$60.000,00. Fez com determinada 
seguradora um seguro total, cuja indenização soma a quantia de 
Rr$30.000,00. Não há impedimento para celebrar o segundo 
seguro, com outra seguradora, no valor de R$30.000,00 (total que é 
o do valor do mercado do veículo). A primeira seguradora deve ser 
comunicada do segundo seguro. Eventual excesso acarreta a 
consequência prevista no art. 778 do CC, isto é perde a garantia do 
segundo contrato e sujeita-se o segurado à ação penal que no caso 
couber. Fica prevalecendo apenas o primeiro contrato. 
 
 O art. 783 do Código Civil cogita do seguro parcial, isto é, o 
seguro de um bem por valor menor do que realmente vale. Nesse 
caso, ocorrendo sinistro parcial, conforme parte final desse 
dispositivo, a indenização deverá ser proporcional. Ex.: seguro de 
um veículo, cujo valor no mercado, é de R$50.000,00. O segurado 
faz o seguro parcial, apenas de R$30.000,00. Ocorrendo o sinistro, 
com danos materiais no montante de R$10.000,00, com a redução 
proporcional a ser pago pela seguradora é de R$5.000,00. Deve-se 
observar que esse dispositivo legal usa da expressão “Salvo 
disposição em contrário”; as partes podem convencionar em 
sentido oposto, podendo adotar o critério da redução que lhes 
convier, quanto para afastar essa redução. 
 
 Afasta-se de qualquer garantia, diz o art. 784, do CC, quando 
se tratar de vício intrínseco da coisa segurada. E, por vício 
intrínseco o parágrafo único desse dispositivo afirma: “o defeito 
próprio da coisa, que se não encontra normalmente em outras da 
mesma espécie”. São os vícios de fabricação, como no caso de 
problemas mecânicos que se revelam defeitos oriundos da 
montadora e que teria sido a causa principal no acidente de veículo, 
que tenha sido segurado. Mesmo com o seguro feito pelo dono do 
veículo, ocorrendo a colisão, decorrente desse vício, a seguradora 
não se obriga à indenização. 
 
 A regra do art. 786 do Código Civil trata da sub-rogação legal. 
A seguradora que paga a indenização sub-roga-se nos direitos e 
ações que competirem ao segurado contra o autor do dano, nos 
limites do valor respectivo. A Súmula 188 do STF já previa essa 
sub-rogação. Tal sub-rogação dá-se no seguro de dano, afastada 
a incidência quando se tratar de seguro de pessoas, conforme 
artigo 800 do Código Civil. Não tem lugar essa sub-rogação, 
conforme proclama o parágrafo 1º do art. 786 do CC, quando o 
dano é causado pelo cônjuge do segurado, seus descendentes ou 
ascendentes, consanguíneos ou afins, SALVO se essas pessoas 
agirem com dolo. 
 
 O parágrafo 2º do art. 786 do CC qualifica de ineficaz ato do 
segurado que diminua ou extinga, o prejuízo da seguradora a que 
se refere esse dispositivo legal (art. 786), isto é, não terá qualquer 
eficácia avença que o segurado faça com o causador do dano, 
afastando a responsabilidade deste pelo evento danoso. 
 
 Na seção de seguro de dano, o art. 787 trata do seguro de 
responsabilidade civil. A seguradora responsabiliza pela 
indenização que o segurado seja obrigado a pagar por danos 
causados a terceiros, decorrente de atos ilícitos, 
independentemente de ter agido ou não deforma culposa. 
 
 Os parágrafos desse artigo tratam das providências cabíveis 
nessa responsabilidade. O segurado deve comunicar tão logo 
saiba das consequências do ato, à seguradora (§ 1º) e, o segurado 
está proibido de reconhecer a sua culpa ou confessar a ação, 
deixando desta forma, de permitir à seguradora o direito que tem de 
acionar o verdadeiro culpado pela indenização que pagou ao 
segurado (sub-rogação). O parágrafo 3º diz respeito à 
denunciação da lide prevista no art. 125, II, do Código de Processo 
Civil. 
 
 Por fim, o art. 788 do Código Civil, trata do seguro de 
responsabilidade legalmente obrigatório. Tem-se como exemplo o 
DPVAT (seguro que se paga quando da licença de veículos, 
anualmente). Ocorrendo o dano, o terceiro prejudicado tem o 
direito de reclamar a indenização prevista nesse seguro, 
independentemente de apuração de culpa. O terceiro prejudicado a 
que se refere esse dispositivo pode ser o condutor ou proprietário 
do veículo, ou o terceiro que esteja viajando nesse veículo. 
 
DO SEGURO DE PESSOA. 
 
 O Código Civil, nos artigos 789 a 802 trata-se do seguro de 
pessoa que compreende o seguro de vida, de acidentes pessoais, 
como os casos de morte do segurado, incapacidade e acidentes 
que possam comprometê-lo. O objetivo maior, principalmente, no 
seguro de vida é proteger a família do segurado. 
 
 Segundo o art. 789 do CC, quando se tratar de seguros de 
pessoas, não há limite para a contratação do seguro. A critério do 
segurado, este pode fazer quantos seguros lhe interessar, não 
havendo qualquer restrição; pode contratar com várias seguradoras 
a indenização que melhor lhe aprouver, sem qualquer limitação, 
como ocorre nos seguros de dano. O maior problema, quando o 
interessado for fazer vários seguros, é o montante do prêmio a ser 
pago. 
 
 No seguro sobre a de vida de outras pessoas (CC, art. 790 do 
CC), aquele que propõe é obrigado a declarar, o seu interesse pela 
preservação da vida do segurado, presumindo-se o interesse 
quando o segurado é cônjuge, ascendente ou descendente do 
proponente (parágrafo único, do art. 790). 
 
 Trata o art. 791 do Código Civil, da nomeação de terceiro 
como beneficiário que receberá a indenização (seguro de vida). 
Esse terceiro, porém, no curso da contratação pode ser substituído 
a critério do segurado. Mas, este de acordo com o art. 791, em 
duas situações não pode fazer a substituição: 
 
1 – Na hipótese do segurado ter renunciado à faculdade de fazer a 
substituição; 
2 – Quando o seguro tem como causa declarada a garantia de 
alguma obrigação. Ex: ao contrair um empréstimo bancário, o 
correntista contrata um seguro para garantir o cumprimento da 
obrigação, se vier a falecer durante a vigência do empréstimo. Na 
hipótese de o correntista falecer, o seguro contratado cumprirá o 
restante da obrigação. Como teve uma causa declarada, nesse 
caso, o segurado não poderá substituir o beneficiário. 
 
 Ocorrendo a substituição, nos casos permitidos, a seguradora 
deve ser comunicada; a falta da comunicação desobrigará a 
seguradora que pagar o capital segurado ao antigo beneficiário 
(parágrafo único, do art. 791, do CC). 
 
 Deixando o segurado de indicar beneficiário, ou “se por 
qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o capital segurado 
será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o 
restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação 
hereditária” (CC, art. 792) E essa ordem de vocação hereditáriaestá prevista no art. 1.829 do Código Civil. Na falta dessas 
pessoas, aplica-se a regra do parágrafo único do art. 792 do CC, 
contemplando-se “os que provarem que a morte do segurado os 
privou dos meios necessários à subsistência”. 
 
 O (A) companheiro (a) pode ser instituído como beneficiário 
do segurado, se este, ao tempo da celebração do contrato de 
seguro já estava separado judicialmente de sua esposa, ou 
separado de fato (CC, art. 793). 
 
 O art. 794 do Código Civil, deixa claro que a indenização 
decorrente do seguro de vida não é uma herança deixada pelo 
falecido. O valor da indenização não está sujeito às dividas do 
falecido. Os credores deste não podem requerer a satisfação de 
seus créditos baseados naquela indenização, lembrando que por 
força do que dispõe o art. 833, VI, do Código de Processo Civil é 
impenhorável o seguro de vida. 
 
 Não se admite, segundo o art. 795 do CC, que se proceda 
qualquer transação visando o pagamento reduzido do capital 
segurado. Tal ato é considerado nulo nos termos desse comando 
legislativo. 
 
 No seguro de vida, o prêmio pode ser pago por prazo limitado 
ou por toda a vida do segurado (CC, art. 796). No contrato de 
seguro de vida, o mais comum, é que o segurado pague o prêmio 
por toda a sua vida; com o falecimento, estando quites quanto ao 
prêmio o beneficiário terá direito à indenização. 
 
 O dispositivo seguinte, isto é o art. 797 do CC , prevê que no 
seguro de vida, para o caso de morte, é possível a estipulação de 
um prazo de carência. Durante esse prazo a seguradora não 
responde pela ocorrência do sinistro. Nessa hipótese, nos termos 
do parágrafo único desse dispositivo a seguradora é obrigada a 
devolver ao beneficiário o montante da “reserva técnica” já formada. 
(reserva técnica = valores pagos pelo segurado, objetivando a 
garantir eventual cumprimento do contrato pela seguradora diante 
do sinistro, ou simplesmente, o valor do prêmio que se pagou 
durante o período de carência). 
 
 O art. 798 do Código Civil trata do caso de suicídio do 
segurado. Se esse ato for cometido pelo segurado nos 2 primeiros 
anos de vigência do contrato de seguro, o beneficiário não terá 
direito a indenização. Decorrido esse prazo, qualquer que seja o 
motivo do suicídio, o beneficiário poderá pleitear a indenização. 
Essa questão, pelo Código Civil anterior foi objeto de edição de 
duas súmulas, sempre referindo-se ao suicídio premeditado. Têm-
se a Súmula 61 do Superior Tribunal de Justiça e a Súmula l05 do 
Supremo Tribunal Federal. Pelo atual estatuto civil, tornou-se 
irrelevante o caso de suicídio premeditado. Não se pode cometer o 
suicídio nos dois primeiros anos de vigência do contrato; mas 
mesmo que ocorra tal suicídio, embora o beneficiário não receba a 
indenização, terá direito à reserva técnica formada, conforme parte 
final do art.798 do Código Civil. 
 
 A regra do art. 799 do Código Civil é no tocante a 
impossibilidade de eximir a seguradora ao pagamento do seguro 
em situação ali descrita. Mesmo constando a restrição na apólice, 
se a morte ou a incapacidade do segurado provier da utilização de 
meio de transporte mais arriscado, da prestação de serviço militar, 
da prática de esporte, ou de atos de humanidade em auxílio de 
outrem, não ficará a seguradora isenta do pagamento da 
indenização. Ex.: se o Brasil, enviar alguns integrantes do Exército 
brasileiro para auxílio em outro País e, entre alguns fizerem o 
seguro de vida, (auxílio humanitário a outro país, e mesmo que a 
seguradora conste a restrição de isentar-se da responsabilidade 
pelo pagamento da indenização no caso de sua morte), ocorrendo 
o falecimento de um deles nessa ajuda, o beneficiário terá direito à 
indenização, nada obstante a restrição constante da apólice. 
 
 Por último, cabe ressaltar, que o art. 800 do Código Civil foi 
objeto de análise quando do seguro de dano. Por esse dispositivo 
nos seguros de pessoas não se admite a sub-rogação nos direitos e 
ações do segurado, ou do beneficiário, contra o causador do 
sinistro. 
 
 O art. 801, do Código Civil está incluído na Seção do Seguro 
de Pessoa; trata do seguro de vida em grupo. Nesse tipo de 
seguro figuram: o estipulante, a seguradora e o segurado. 
 
 O estipulante pode ser pessoa natural ou jurídica (art. 801 
“caput”, do CC); a seguradora. E, uma empresa de médio ou 
grande porte, uma associação, ou uma entidade, que visam 
proteger os seus funcionários, seus associados e os integrantes da 
sociedade. Os últimos são os segurados. 
 
 De acordo com o § 1º, do art. 801, do CC o estipulante não 
representa a seguradora perante o grupo segurado, mas “é o 
único responsável , para com o segurador, pelo cumprimento de 
todas as obrigações contratuais”. Assim, ocorrendo algum sinistro, 
o segurado deverá dirigir-se diretamente à seguradora e não à 
estipulante. 
 
 No parágrafo 2º desse dispositivo há expressa referência 
quanto a modificação da apólice. Dependerá da anuência expressa 
3/4 do grupo de segurados. 
 
 Nesse sistema de seguro, constata-se que a estipulante ou o 
estipulante e a seguradora são fixos, pois aquele contrata 
determinada seguradora para beneficiar os seus funcionários ou 
associados. Portanto, estes são em números variáveis, podendo 
ocorrer saída e ingresso de novos segurados. Há assim obrigação 
da estipulante remeter à segurador a relação dos atuais segurados. 
 
 Em razão de número razoável ou até mesmo elevado de 
segurados, é possível que o prévio exame médico seja substituído 
por alguma declaração do estado de saúde. Assim, se a 
seguradora deixa de exigir o exame médico prévio, não poderá se 
furtar ao pagamento da indenização, no caso de ocorrer o sinistro. 
Duas decisões do Superior Tribunal de Justiça perfilham desse 
entendimento (REsp. 576.088/ES , 4ª T., rel. Min. Barros Monteiro, 
j. 20.5.2004; REsp. 332.787/GO, 4ª T., rel. Min. Ruy Rosado, j. 
11.12.2001). 
 
OBRIGAÇÕES DO SEGURADO 
 
 A primeira e principal obrigação do segurado é pagar o valor 
do prêmio contratado, nos termos do art. 757 do CC. Não pode se 
furtar a esse pagamento a pretexto de inocorrência do sinistro (art. 
764). Mais ainda, mesmo que ocorra a diminuição do risco no 
curso do contrato não acarreta a diminuição do prêmio estipulado, 
salvo disposição em contrário (art. 770). Pode, segundo esse 
dispositivo (art. 770), acontecer da redução do risco ser 
considerável, e nesse caso o segurado poderá exigir a revisão do 
prêmio ou a resolução do contrato. 
 
 O art. 763 do Código Civil, impõe outra obrigação ao 
segurado, que na verdade é uma penalidade pela falta do 
pagamento do prêmio, estando, portanto em mora. Essa mora, 
porém, de acordo com a jurisprudência dominante não significa que 
se o segurado deixou de pagar o prêmio no dia aprazado, não terá 
direito a indenização. O Superior Tribunal de Justiça deixou 
assentado que: “Mero atraso no pagamento do prêmio não implica 
desfazimento automático do contrato. Exige-se ao menos, a prévia 
constituição em mora do contratante pela seguradora, mediante 
interpelação” (REsp. 316.552, DJU 12.4.2004). Outros julgados 
navegam no mesmo sentido: RT 773:254 e RT 791:274. 
 
 Outra obrigação contempla o art. 768 do CC, “verbis: “ O 
segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o 
risco objeto do contrato”. (os grifos não são do original). 
 
 Esse dispositivo é bastante claro: o segurado tem a 
obrigação de abster-se da prática de qualquer ato que possa 
aumentar os riscos, cujo agravamento é ato doloso, de tal sorte que 
ocorrendo o sinistro, a seguradora está eximida de pagar a 
indenização. Ex. embriaguez do segurado ao volante – 
agravamento do risco – RT 862:378; RT 844:371. Outro exemplo: 
a participação em “rachas” que se promovem em largas avenidas 
das cidades de porte médio. Assim, ocorrendo o acidente, 
portanto, o sinistro, a seguradora não tem a obrigação de indenizar. 
 
 Por último, destaca-se a obrigaçãoconstante do art. 769 do 
Código Civil. Obriga-se o segurado a comunicar à seguradora 
qualquer incidente que possa agravar consideravelmente o risco 
coberto. É fato que o segurado não poderia prever,e totalmente 
alheio à sua vontade. Ex.: “A” fez o seguro total de sua casa, 
com a cobertura de incêndio, furto, roubo, etc. Se, bem próximo à 
sua casa, instala-se um loja que vende produtos inflamáveis, de 
fácil combustão, o segurado deve comunicar, imediatamente à 
seguradora. Esta, deve tomar as providências constantes do § 1º, 
do art. 769, cientificando o segurado, por escrito, nos 15 dias 
seguintes, de sua decisão de resolver (ou rescindir) o contrato. Se 
esta for a decisão, aplica-se o § 2º do mesmo art. 769: “A 
resolução só será eficaz 30 dias após a notificação, devendo ser 
restituída pelo segurador a diferença do prêmio”. 
 
OBRIGAÇÕES DA SEGURADORA 
 
 A seguradora tem a obrigação de “pagar em dinheiro o 
prejuízo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a 
reposição da coisa”. (CC, art. 776) 
 
 É obrigação da seguradora, pagar ao segurado o seu 
prejuízo, em dinheiro. Mas, em muitos sinistros, a exceção prevista 
na parte final desse dispositivo é aplicada, podendo citar a título de 
exemplo, a colisão de veículos. Nesses casos, a seguradora, ao 
invés de pagar em dinheiro, repõe o veículo no estado anterior, 
reparando os danos provocados em decorrência da colisão. 
Quando se tratar de danos materiais (portanto, seguro de dano), 
regra geral, o prejuízo experimentado pelo segurado, é a reposição 
da coisa. 
 
 Mas, em se tratando se seguro de pessoa, a indenização será 
sempre em dinheiro, no valor constante da apólice e que foi 
contratado pelo segurado. 
 
 Deixando a seguradora de cumprir essa obrigação, incide a 
regra do art. 772 do Código Civil. A mora da seguradora implica na 
aplicação da correção monetária sobre o valor da indenização. 
 
 O último dos dispositivos a respeito da obrigação é o art. 765 
do Código Civil. Trata-se de obrigação imposta não só à 
seguradora, mas também ao segurado: “O segurado e o segurador 
são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a 
mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como 
das circunstâncias e declarações a ele concernentes”. 
 
 É o princípio da boa-fé que foi estudado na época oportuna. 
Em todos os contratos esse princípio deve ser observado e, 
portanto, no contrato de seguro não é diferente.

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