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INTRODUÇÃO-À-ARQUEOLOGIA-2

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1 
 
 
INTRODUÇÃO À ARQUEOLOGIA 
1 
 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3 
O que é Arqueologia? ............................................................................. 4 
Subáreas da Arqueologia ....................................................................... 8 
Arqueologia da Paisagem ..................................................................... 25 
Referências: ......................................................................................... 41 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Apesar da Arqueologia ser uma área do conhecimento que vem, vagarosamente, 
ganhando destaque no Brasil, ainda existe muita gente que nunca sequer ouviu 
falar na ARQUEOLOGIA. E dos que já ouviram falar, muitos ainda acham que é 
aquela ciência que escava dinossauro. E o pior de tudo é que ainda hoje tem 
muito jornalista que, sem buscar saber do que se trata essa ciência, faz 
reportagens sobre achados de fósseis de dinossauros dando crédito das 
pesquisas aos arqueólogos, e não aos Paleontólogos. E não são só jornalista, 
mas vez ou outra são lançados produtos temáticos sobre dinossauros onde se 
lê a palavra ARQUEOLOGIA estampada no produto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
O que é Arqueologia? 
Arqueologia é a ciência que estuda vestígios materiais da presença 
humana, sejam estes vestígios antigos ou recentes, com o objetivo de 
compreender os mais diversos aspectos da humanidade. Pode-se dizer que 
o arqueólogo é o detetive que tem a obrigação de investigar os mais diversos 
tipos de vestígios materiais para compreender o contexto de atividades 
humanas em um determinado tempo e espaço. Para este tipo de trabalho, o 
arqueólogo deve ser um bom conhecedor das ciências humanas, das ciências 
biológicas, das ciências da terra, e até das ciências exatas. O arqueólogo é, 
talvez, o cientista mais interdisciplinar e multidisciplinar que se pode 
encontrar. 
A arqueologia busca explicar porque mudanças ocorrem nas 
sociedades humanas, através do registro arqueológico, incluindo sítios, 
artefatos, restos de alimentação, e outros, que fazem parte do nosso mundo 
desde sempre. O arqueólogo vai a campo, procura o sítio arqueológico, 
escava, analisa seu material em laboratório, e interpreta os dados em 
gabinete. Cada uma das etapas é realizada através de métodos 
científicos previamente elaborados. 
O que chamamos de vestígios arqueológicos são os objetos materiais 
identificados em sítios arqueológicos. Um sítio arqueológico é, basicamente, 
um lugar onde houve alguma ocupação humana no passado. Alguns lugares 
históricos que são ocupados até hoje só são considerados sítios 
arqueológicos em casos quando há uma pesquisa arqueológica. 
Para muitas pessoas é difícil imaginar como são os vestígios 
arqueológicos de humanos mais antigos que o período histórico, pois 
não fazem ideia de como eram os modos de vida destes grupos popularmente 
chamados de pré-históricos. Mas artefatos feitos de pedra e cerâmica são 
alguns dos artefatos arqueológicos mais encontrados em sítios tão antigos, 
assim como representações rupestres e restos esqueletais, sejam de 
humanos ou de animais (alimentos ou domesticados). 
5 
 
 
 
Exemplos de artefatos pré-históricos. Acima: Pontas de flecha e lança 
(de até 6 cm) feitas através do lascamento de rochas. Abaixo: Fragmento de 
urna decorada (com diâmetro de até 65 cm) feita a base de cerâmica (barro). 
Fotos: JuCa. 
Um dos pontos mais importantes da arqueologia, ao compreender as 
mudanças, diferenças e similaridades entre os seres humanos, sejam estas 
biológicas ou culturais, em diferentes lugares do mundo e diferentes 
momentos através do tempo desde há 3 milhões de anos atrás, isso nos torna 
capazes de compreender, aceitar e respeitar, ou ao menos tolerar, estas 
diferenças. 
Através dos estudos sobre esqueletos humanos, entendemos porque 
nos tornamos como somos biologicamente. Entendemos por que somos altos, 
baixos, negros, brancos. Através dos estudos de restos alimentícios 
entendemos como praticamos nossa produção de alimentos hoje, e 
descobrimos modos de alimentação que haviam deixado de existir e que 
podem ainda ser muito úteis para nós. Através dos estudos sobre os artefatos 
passamos a entender como se desenvolveram as tecnologias até hoje, e 
descobrimos aspectos culturais com os quais podemos, ainda hoje, aprender 
e levar como exemplo para as futuras gerações. 
A arqueologia reconstrói os modos de vida, os processos culturais de 
uma sociedade ou grupo humano que não se faz mais presente num 
determinado espaço, seja ela qual for. 
As pirâmides antigas mais próximas estão lá no Peru. As civilizações 
antigas… bem, não há registros de grandes civilizações tão complexas no 
6 
 
 
Brasil, mas há quem defenda a existência de sociedades com cacicados (ou 
seja, grupos mais ou menos complexos) na Amazônia poucos milhares de 
anos atrás. Mas é fato que sociedades pré-históricas habitaram o Brasil desde 
há mais de 13 mil anos atrás, e deixaram inúmeros vestígios de sua ocupação 
neste vasto território. Isto não faz a pré-história humana brasileira menos 
importante. Pelo contrário! Possuímos o registro de sociedades pré-históricas 
que desenvolveram suas culturas ao longo do tempo de formas diferentes. 
Inclusive, no Brasil existem certos tipos de sítios arqueológicos que não são 
encontrados em nenhum outro lugar do mundo! Isto enriquece ainda mais a 
arqueologia brasileira, uma vez que seu registro observado aqui é único no 
mundo. 
Milhares são os sítios arqueológicos no Brasil. Mesmo no banco de 
dados online do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), 
que se encontra um pouco desatualizado, estão cadastrados mais de 20.000 
sítios arqueológicos. 
De fato, ainda existem poucos arqueólogos no Brasil. Mas com os 
novos cursos de graduação e pós-graduação que surgiram desde 2005, 
finalmente temos profissionais no ramo pra dar conta do trabalho que temos 
que fazer. Mas ainda assim, ainda são poucas as instituições de pesquisa 
arqueológica no Brasil, e ainda são poucas as empresas de licenciamento 
ambiental que realizam pesquisa arqueológica. Sem arqueólogos capacitados 
não se formam mais instituições acadêmicas ou empresas. Vamos falar um 
pouco agora mais especificamente destas instituições e empresas onde os 
arqueólogos trabalham. 
Arqueólogos podem trabalhar em museus, atuando como curador de 
exposições e de acervos arqueológicos, além de poder contribuir na 
restauração de alguns objetos sendo esta apenas uma parte dos trabalhos 
que o arqueólogopode realizar. Há ainda a pesquisa acadêmica, realizada 
por instituições brasileiras como estes mesmos museus e universidades com 
seus departamentos de arqueologia, antropologia, história, biologia, geologia 
e outras áreas afins. 
Mas a grande ascensão e crescimento no número de arqueólogos nos 
últimos anos se deve à demanda da denominada arqueologia de contrato, 
7 
 
 
realizada por empresas de consultoria, ou profissionais autônomos, para 
atender ao chamado do salvamento do patrimônio da humanidade. Afinal, 
os vestígios arqueológicos são patrimônio público. O desenvolvimento 
nacional depende da construção de grandes empreendimentos que atendam 
às necessidades da população, como usinas hidrelétricas, estradas, ferrovias, 
linhas de transmissão de energia, mineração etc. As possibilidades de 
encontrarmos vestígios arqueológicos nos locais onde serão construídos 
estes empreendimentos são ENORMES. Cabe ao empreendedor 
(obrigatoriamente, por lei) contratar uma equipe de arqueólogos para 
que ela faça a consultoria local, averiguando a presença de sítios 
arqueológicos, diagnosticando o impacto, e realizando o resgate do material 
que pode ser encontrado. Em alguns casos, tamanha seja a importância dos 
“achados”, o arqueólogo deve, junto ao empreendedor, repensar o projeto do 
empreendimento. Esta ascensão vem ocorrendo desde a vigência da 
resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente 001/1986) que 
obriga o resgate de sítios arqueológicos sujeitos à destruição por obras que 
causam impacto em área ambiental, desde o começo dos anos 2000 esta área 
tem crescido rapidamente. 
Infelizmente, a mídia (TV, revistas e jornais) ainda não dá a devida 
atenção à importância e à quantidade das pesquisas arqueológicas no Brasil. 
A profissão só foi regulamentada muito recentemente (Abril de 2018). Isso 
afeta o reconhecimento da arqueologia brasileira por parte do grande público. 
É uma profissão relativamente recente no Brasil. Os atuais cursos de 
graduação surgiram todos a partir de 2005, e o número de pós-graduações só 
veio a crescer também nos últimos anos. Isso reflete num número muito baixo 
de arqueólogos profissionais atuando no Brasil. Não se ouve falar muito em 
arqueólogos brasileiros porque somos poucos. Então, se você gostaria de ser 
arqueólogo, não perca tempo e entre numa universidade e faça uma 
graduação em arqueologia! Se você já possui um título de bacharel, você 
também pode tentar entrar num mestrado ou doutorado em arqueologia. Já 
existem muitos cursos de graduação e pós-graduação em Arqueologia. Torne-
se um profissional da área e contribua com o resgate do conhecimento da 
humanidade. 
8 
 
 
Subáreas da Arqueologia 
Assim como qualquer outra ciência, a Arqueologia é subdividida em diversas 
áreas. A Biologia, por exemplo, possui subáreas como a genética, botânica, 
zoologia, etc. A Geologia possui a estratigrafia, hidrogeologia, geomorfologia, 
etc. A Física possui a física quântica, termodinâmica, eletromagnetismo, etc. 
E por aí vai… 
Conheça então as subáreas da Arqueologia. Basta clicar sobre o nome da 
subárea desejada para ler mais a respeito. Elas estão listadas por ordem 
alfabética. 
Arqueobotânica - A arqueobotânica, também conhecida como 
paleoetnobotânica, é a disciplina da arqueologia dedicada ao estudo de 
vestígios botânicos (restos de plantas e algas) encontrados em sítios 
arqueológicos. Tem como objetivo de entender como um determinado grupo 
se relacionava com as plantas no passado. A arqueobotânica pode contribuir 
para explicar como os humanos utilizaram as plantas para diversos fins como 
alimentação, combustível, construção de abrigos, defumação, obtenção de 
cinzas, cozinhar alimentos, queimar cerâmicas, etc. A origem da agricultura 
e a domesticação de plantas (como o milho, feijão e abóbora), são exemplos 
de estudos em que a arqueobotânica tem grande contribuição. 
 
9 
 
 
Os amidos são exemplos de microrresíduos vegetais encontrados em 
artefatos de pedra, artefatos de cerâmica, e até mesmo nos dentes de 
esqueletos arqueológicos. Crédito da foto: Museu Nacional, UFRJ. 
Os arqueobotânicos usam vários métodos para recuperar e identificar esses 
vestígios. Um dos métodos utilizados para recuperar macrovestígios é 
peneirar o material escavado em um recipiente com água, os vestígios menos 
densos flutuam na água enquanto a sujeira e os restos mais densos se 
depositam no fundo da peneira. Esse método é denominado flotação. 
A identificação desses macrovestígios pode ser realizada de diversas formas, 
dependendo do tipo de vestígios. Carvões são observados em um 
microscópio de luz refletida; microvestígios geralmente precisam de um 
tratamento de extração e só então, são observados em um microscópio de luz 
transmitida; restos de frutos e sementes geralmente são identificados através 
da sua morfologia externa, da qual são geralmente tomadas várias medições, 
em alguns casos apenas uma boa lupa é o suficiente. A identificação é feita 
através da observação de padrões que cada planta tem em sua forma, esses 
padrões são então comparados com espécimens atuais ou com a bibliografia 
especializada. Ter uma coleção de referência de plantas modernas ou, um 
atlas de identificação que mostra a forma de várias plantas, é essencial para 
um resultado confiável da identificação. 
Microvestígios (como por exemplo fitólitos e pólen) exigem procedimentos de 
extração mais complexos, alguns envolvem a utilização de produtos químicos, 
equipamentos e instalações que atendam ao protocolo utilizado. A 
identificação dos microvestígios segue a mesma lógica dos macrovestígios, 
onde são observados os padrões morfológicos que são comparados com 
coleções de referência ou atlas de identificação. 
Arqueologia Amazônica - A Arqueologia Amazônica, ou melhor, as 
Arqueologias na Amazônia, buscam através das diferentes materialidades e 
abordagens, compreender a longa história de ocupação humana, desde o 
povoamento antigo que remonta mais de 12 mil anos atrás até os momentos 
recentes de nossa história contemporânea. 
Ao pensar na Arqueologia Amazônica, é automático as pessoas relacionarem 
esta ao estudo dos “cacos” deixados pelos povos indígenas antes do início do 
10 
 
 
processo da colonização europeia. A Arqueologia Amazônica busca entender 
as formas das mudanças e permanências do modo de vida dos grupos 
humanos que ocuparam ao longo do tempo o território Amazônico. 
 
Exemplos de cerâmica arqueológica da região amazônica. 
Crédito: Fotomontagem de Claide Moraes; fotos dos fragmentos: Edvaldo 
Pereira; fotos dos vasos: Claide Moraes; desenho em pontilhismo: Val 
Moraes. 
No entanto, é preciso entender que os atores envolvidos no processo de 
ocupação da Amazônia, não se resume ao protagonismo dos povos 
indígenas. Para entender mais sobre a nossa longa história de ocupação, é 
necessário compreender que o pêndulo da História balança em várias 
direções. 
De um lado, temos os povos indígenas que deixaram evidências das antigas 
aldeias, cemitérios, monumentos de pedra, geoglifos, paliçadas defensivas, 
elevações de terra e outras modificações na paisagem e manejo dos 
ecossistemas (terras pretas, terras mulatas e manejo florestal). 
 
11 
 
 
Exemplo de um sítio arqueológico do Estado do Acre conhecido como “geóglifo”. 
Crédito: Diego Gurgel/Divulgação/Setul 
As pesquisas desenvolvidas procuram entender a organização social, a 
emergência das sociedades complexas (ex: cacicados), universo simbólico e 
arte indígena (ex: cerâmica e arte rupestre), densidade populacional e práticas 
funerárias, as interações e trocas entre indígenas e indígenas (na Amazônia, 
entre Amazônia e Andes, ou Amazônia e Ilhas do Caribe por exemplo) no 
passado anterior ao contato. 
Do outro lado, após o processo de colonização, emergiram interações entre 
os povos indígenas, europeus e africanos. Como resultado, se encontra na 
Amazôniaos sítios arqueológicos de contato, as edificações como as 
fortificações de pedra ou feitas de taipa, igrejas e cemitérios, quilombos, 
mocambos, cidades e instalações industriais. 
 
Exemplo de fortificação de pedra do período colonial no Estado do Amapá, 
Fortaleza de São José de Macapá. Crédito: Trip Advisor. 
Surgem pesquisas que visam compreender a arqueologia da escravidão e 
diáspora africana, encontros coloniais, arqueologia urbana, arqueologia do 
capitalismo e industrial (ex: primeiras indústrias que se instalaram na região e 
que hoje se encontram entregues em alguns casos em estado de abandono). 
12 
 
 
 
Exemplo da ruína industrial da Fordlândia, no Estado do Pará, criada para 
abastecer matéria prima (borracha) para a produção de pneus em Detroit, 
EUA. Crédito: Lugares Esquecidos. 
Na Amazônia, as múltiplas vozes das comunidades ribeirinhas tradicionais e 
suas relações com o patrimônio arqueológico emergem como temas de 
interesse da pesquisa arqueológica. Nas comunidades ribeirinhas 
tradicionais, as contribuições da Arqueologia visam fortalecer o interesse e a 
valorização do patrimônio arqueológico e perceber como as pessoas 
incorporam nas suas narrativas a presença dos vestígios arqueológicos. 
 
Na Vila de Joanes, no Marajó Estado do Pará, é comum as crianças 
possuírem pequenas coleções de moedas. Fonte: Bezerra, 2011, p. 66. 
13 
 
 
Arqueologia de ambientes aquáticos: subaquática/marítima/náutica 
A Arqueologia de ambientes aquáticos é um ramo da Arqueologia dedicado 
ao estudo dos registros arqueológicos inseridos em ambientes úmidos e dos 
reflexos sociais intrínsecos aos diferentes contextos aquáticos. Apesar 
de ainda carregar o estigma de ser um ramo do mergulho, devido ao fato de 
muitas vezes ser necessária a utilização do mergulho científico como uma 
técnica de acesso aos sítios arqueológicos submersos, cabe reforçar que as 
diferenças impostas pelo ambiente aquático não a descaracterizam como 
sendo outra ciência. 
 
Monumento submerso de Heracleion, Egito Antigo. Fonte: Huffington Post. 
O uso do termo Arqueologia de ambientes aquáticos, adotado atualmente 
no contexto brasileiro, é uma escolha que, dentro das discussões conceituais 
deste fazer arqueológico torna-se o mais abrangente e flexível. Portanto, 
partilhamos uma postura que se preocupa com a garantia de uma base sólida 
e complacente de discussão, que contribua para o fortalecimento de um corpo 
conceitual básico, mas que vise não estabelecer linhas estanques de 
discussão, sendo assim, não traria limitações ao processo de construção do 
pensamento arqueológico, possibilitando uma “melhor compreensão das 
formas de interação entre os diferentes ambientes aquáticos e as inúmeras 
sociedades humanas ao longo do tempo e do espaço” (DURAN, 2008: 76). 
14 
 
 
 
Uma escavação subaquática. 
Logo, buscamos com essa Arqueologia ter a capacidade de análise das várias 
práticas (econômicas, sociais e, sobretudo simbólicas), resultante da 
interação humana com um espaço particular e diferenciado do terrestre: o 
espaço aquático. 
Arqueologia Cognitiva - Arqueologia cognitiva é a subárea da arqueologia 
cujo objetivo compreender como o conhecimento humano é construído, 
aplicado e transmitido nas sociedades humanas. Em outras palavras, 
arqueologia cognitiva é a aplicação de abordagens da Ciências Cognitivas na 
Arqueologia. 
Cognição é o termo utilizado para se referir aos processos de construção e 
transmissão do conhecimento. A ciência cognitiva estuda esses processos e 
seus resultados materiais. Já na arqueologia os vestígios arqueológicos é que 
são usados como fonte de estudo, pois eles são um resultado da ação do 
conhecimento humano. 
Apesar de a Arqueologia, de um modo geral, buscar entender o conhecimento 
que os humanos tinham no passado, apenas os estudos que focam nas 
capacidades da construção e transmissão deste conhecimento podem ser 
considerados como estudos de Arqueologia Cognitiva. Estes estudos podem 
ser feitos através de análises de Evolução Cultural e Paleoneurologia, por 
exemplo. 
15 
 
 
 
Exemplo de estudo paleoneurológico que utiliza tomografias para análise das 
feições neurológicas fossilizadas de hominíneos ancestrais. Crédito: Center 
for Cognitive Archaeology, UCCS. 
É muito comum para pesquisadores que não trabalham com esta subárea 
confundirem estudos de cognitivos com estudos simbólicos. Não é raro se 
deparar com alguns pesquisadores que denominam seus estudos como 
estudos de Arqueologia Cognitiva para tratar apenas de estudos de 
representações rupestres, arte mobiliar, estruturas simbólicas, iconografia, 
linguagem e semiótica. No entanto, a cognição abrange processos que vão 
muito além do pensamento simbólico, ou apenas de suas mentes individuais, 
lidando também com processos individuais corporais e coletivos culturais. 
Portanto, há de se tomar cuidado para não confundir Arqueologia Cognitiva 
com Arqueologia do Simbólico! Em muitos momentos estas subáreas 
trabalham juntas, mas elas também podem funcionar muito bem separadas 
em diversos momentos, assim como qualquer subárea da arqueologia. 
Arqueologia de Contrato (ou preventiva) - A Arqueologia de Contrato, 
também conhecida como Arqueologia Consultiva ou Arqueologia Preventiva, 
não é necessariamente uma subárea da arqueologia, mas sim um campo de 
atuação que profissionais de arqueologia podem seguir no Brasil, assim como 
a arqueologia acadêmica. 
Na Arqueologia de Contrato profissionais de arqueologia são empregados por 
empresas públicas ou privadas para a realização do licenciamento 
(concessão de permissão, licença) do projeto que a empresa quer 
16 
 
 
implementar. Os arqueólogos irão avaliar qual será o impacto que bens 
arqueológicos sofrerão por causa da construção e da atividade do projeto em 
questão. Arqueólogo que trabalha por contrato tem como principal 
responsabilidade a elaboração de um parecer que decidirá o futuro dos 
vestígios arqueológicos que serão impactados pelo projeto em questão, 
podendo até mesmo ter que realizar o resgate ou salvamento, que é a retirada 
dos vestígios arqueológicos de um sítio que infelizmente será destruído pelo 
projeto. 
A Arqueologia de Contrato é fruto de leis em diferentes países que visam 
proteger os bens e os patrimônios arqueológicos. No Brasil, essa legislação 
têm sua data inicial em 30/11/1937, quando foi assinado o Decreto-Lei número 
25, que organizava a proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. No 
entanto, essa lei se restringia a proteção apenas a bens que já haviam 
passado pelo processo de tombamento (que é o reconhecimento do valor 
histórico de algo, transformando-o em patrimônio oficial público). A proteção 
aos bens arqueológicos não tombados foi ampliada a partir da assinatura 
da Lei Federal no 3.924, em 26/7/1961. Esses bens arqueológicos são por 
sua vez protegidos pela Lei 3.924/61 que proíbe, em todo o território nacional, 
o aproveitamento econômico, a destruição ou mutilação dos monumentos 
arqueológicos. 
A Arqueologia de Contrato se tornou um campo de atuação no Brasil apenas 
em 1986, a partir da publicação da RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de 
janeiro de 1986, do IBAMA, que obriga todas as construtoras a realizarem um 
levantamento ambiental e cultural nas áreas que serão afetadas de alguma 
forma por um grande empreendimento. Consecutivamente, arqueólogos são 
contratados para procurar e salvar vestígios arqueológicos que podem ser 
destruídos pelo empreendimento. 
A Arqueologia de Contrato é a principal responsável por encontrar vestígios e 
sítios arqueológicos no Brasil nas últimas décadas, devido ao fato de a maior 
parte da atividade arqueológica realizada no país ser fruto de pesquisas feitas 
no licenciamento ambiental. Só para ter ideia, na década de 2000 a 
Arqueologia de Contrato era responsável por mais de 95% das pesquisas 
realizadas no país com autorizaçãodo IPHAN – Instituto do Patrimônio 
17 
 
 
Histórico e Artístico Nacional. Sendo assim, ela é a principal responsável pela 
proteção dos vestígios arqueológicos no Brasil e, portanto, extremamente 
importante para sua preservação. 
Arqueologia Egípcia - A Arqueologia Egípcia trata da análise de antigos 
textos, artefatos, arquitetura egípcia, etc, e seu intervalo de estudo abrange 
toda a história da ocupação humana no atual território do Egito, embora exista 
uma preferência em se abordar mais o período faraônico. O órgão 
responsável pela fiscalização e regulamentação das pesquisas de 
Arqueologia no Egito é o do Ministry of State for Antiquities (MSA), através 
do Supreme Council of Antiquities (SCA), que é semelhante ao IPHAN no 
Brasil. 
Existe muita confusão acerca da diferença entre Arqueologia Egípcia e 
Egiptologia, mas em termos gerais a distinção está no fato de que possuir uma 
formação na segunda não habilita ninguém para exercer a primeira, uma vez 
que a Arqueologia é uma disciplina que necessita de treinamentos 
específicos. Já a Egiptologia é o estudo da extinta civilização egípcia 
agregada com outras disciplinas, tais como a própria Arqueologia ou História, 
Artes, Literatura, etc. 
Existe muita confusão acerca da diferença entre Arqueologia Egípcia e 
Egiptologia, mas em termos gerais a distinção está no fato de que possuir uma 
formação na segunda não habilita ninguém para exercer a primeira, uma vez 
que a Arqueologia é uma disciplina que necessita de treinamentos 
específicos. Já a Egiptologia é o estudo da extinta civilização egípcia 
agregada com outras disciplinas, tais como a própria Arqueologia ou História, 
Artes, Literatura, etc. 
18 
 
 
 
Descoberta da Tumba de Tutankhamon pelo arqueólogo Howard Carter em 
1922. Fonte: Dynamichrome 
No Brasil é possível tornar-se um arqueólogo-egiptólogo apresentando uma 
conclusão de curso com uma pesquisa dedicada ao Antigo Egito em alguns 
dos cursos de Arqueologia regulamentados pelo MEC espalhados pelo país, 
mas o aluno precisa ter consciência de que poucos possuem a boa sorte de 
ter um professor interessado em orientar seus projetos. 
Arqueologia Experimental - Arqueologia experimental é a subárea da 
arqueologia responsável pela aplicação de experimentos práticos a fim de 
testar hipóteses sobre a produção de utilização de artefatos e estruturas e 
aquisição de consumo de alimentos de sociedades antigas. 
19 
 
 
 
Acima à esquerda: Replicação de uma ponta de flecha de pedra lascada a 
partir de métodos e técnicas pré-históricas. Abaixo à esquerda: Cozimento de 
vasilhames cerâmicos ameríndios replicados. À direita: Atividades de 
replicação de acampamentos do paleolítico no Museu Land of Legends, 
Dinamarca. 
A arqueologia experimental se divide em três categorias básicas de 
atividades: 
1. Os experimentos de replicação – Esta é a categoria mais desenvolvida na 
arqueologia mundial, na qual arqueólogos replicam materiais arqueológicos a 
partir dos mesmos métodos e técnicas usados pelas sociedades estudadas. 
Nessa categoria estão incluídos os experimentos de oficinas de pedra lascada 
e cerâmica, produção de roupas e alimentos, etc. 
2. Os experimentos de simulação – Esta é a categoria que realiza simulações 
práticas de formação de sítios arqueológicos e dos efeitos naturais que sítios 
e artefatos sofrem ao longo do tempo (tafonomia). 
20 
 
 
3. Teste de técnicas de pesquisa modernas – Esta categoria é a que realiza 
testes técnicas modernas em artefatos replicados ou sítios simulados a fim de 
garantir seu sucesso antes de aplicar em artefatos e sítios originais. 
A arqueologia experimental, apesar de sua importância para testar hipóteses, 
é aplicada por poucos arqueólogos. No Brasil, por exemplo, os primeiros 
arqueólogos a aplicarem abordagens experimentais em suas pesquisas ainda 
são raros. 
Arqueologia do Gênero - A Arqueologia de Gênero surgiu nos anos 1980 em 
um contexto no qual a arqueologia Pós-Processual começa a questionar as 
abordagens positivistas da Arqueologia Processual e sua pressuposta 
objetividade. 
Esse novo viés apontou a existência conceitual no Processualismo de uma 
superioridade moderna e, por conseguinte, de uma superioridade masculina, 
já que os homens controlavam esse processo através do domínio das 
tecnologias, da ocupação de postos especializados de trabalho e das 
tecnologias bélicas. 
“A projeção positivista que a arqueologia fazia do presente ao passado, não 
só legitimava a sociedade do presente, mas também a sociedade patriarcal 
do presente” 
(Hernando Gonzalo, 2007. p.2). 
A abertura proporcionada pelo viés Pós-Processualista abriu caminho para 
outras compreensões da realidade, para o entendimento do ser humano como 
agente social e histórico e sua interação com a materialidade e o meio 
ambiente, bem como para inclusão dos sujeitos invisibilizados e, por 
conseguinte, para o resgate das populações colonizadas e das mulheres no 
registro arqueológico. 
Pesquisadores como Berrocal, Díaz-Andreu, Sanchéz-Romero, Silva e 
colegas alertam contudo para as diferenças cruciais entre arqueologia de 
gênero e arqueologia feminista. A primeira é derivada da segunda e tem por 
objetivo se ocupar de todos os gêneros (inclusive das crianças) e não só 
centrar-se nas mulheres, como a arqueologia feminista, sendo esta uma 
arqueologia empirista. Tal abordagem, contudo, recebeu certas críticas por 
parte de autoras feministas que, segundo Berrocal, consideram a arqueologia 
21 
 
 
de gênero como um produto da falta de compromisso político com o 
feminismo, o que tem sido contestado em publicações mais recentes. 
Gênero e Arqueologia: 
 
Logo da Zine sobre Machismo na Arqueologia. Crédito: Erêndira Oliveira. 
Na sociedade ocidental, cristã e capitalista a definição do gênero da pessoa, 
define-se essencialmente pelo corpo, de acordo com especificação do seu 
dimorfismo sexual biológico. No entanto, há inúmeros casos de controvérsias, 
e não é um assunto de hoje, como já tratou Foucault. 
Os fatores biológicos, identidades sexuais e papeis sociais estão longe de 
serem equações simples e diretamente relacionadas. Cada vez mais os 
movimentos sociais de minorias em direitos (LGBT, de mulheres, feministas), 
a psicologia, as ciências humanas (sociologia, antropologia) e a história 
apresentam argumentos e pesquisas que desconstroem a polarização dos 
dois gêneros: o feminino e o masculino. Dentro dessa polarização não cabe 
toda diversidade de pessoas que existem e do que sentem e pensam sobre si 
mesmas. 
O entendimento de gênero, portanto, não passa única e exclusivamente pela 
orientação e identidade sexual, mas por uma série de práticas sociais. Desde 
que nascemos nosso corpo vai sendo moldado essencialmente em duas 
instâncias: a física (práticas de higiene, saúde e bem-estar) e a social (modos 
de vestir, de portar diante do coletivo, de comer, de falar, etc). Essa 
construção social e cultural do corpo tem vários objetos e lugares que auxiliam 
22 
 
 
na definição do gênero, por exemplo: as peças de vestuário (roupas de 
meninas, roupas de meninos, roupas neutras, unissex), os brinquedos (de 
menina, de menino, coletivos) e até mesmo os cômodos e os móveis de uma 
casa participam da construção de gênero. Nesse sentido, muitos autores 
apontam que além dos papéis sociais e de identidade certas fases da vida 
como a infância e a velhice são em si gêneros constituídos. 
São justamente certos tipos de objetos (itens de uso pessoal ou utilitários) e 
espaços (áreas de habitações, de trabalho ou mesmo de sepultamento dos 
mortos) de uma cultura do passado que a pesquisa arqueológica, 
incorporando os questionamentos da teoria de gênero, pode atuar. Em 
contextos de arqueologia histórica esse tipo de abordagem pode ser bastante 
frutífera, pois além do próprio sítio e do objeto arqueológico, há também 
informações de contexto históricoe social. 
No entanto, no caso da arqueologia feita sobre outros povos, filosoficamente 
e socialmente distintos da nossa sociedade, como o caso da arqueologia dita 
“pré-histórica” brasileira, os conceitos de construção da pessoa e por 
consequência do gênero são muito diferentes do nosso, para isso é muito 
importante se fundamentar em exemplos etnográficos. O antropólogo Pierre 
Clastres relacionou a identidade feminina à coleta de frutos e o cesto com 
objeto emblemático, e a caça à identidade masculina, associada ao arco na 
sociedade Guayaki no Paraguai. Esse mesmo autor cita dois exemplos de 
homens que pararam de caçar, um aceito pela sociedade ao assumir uma 
nova identidade carregando seu cesto e outro ridicularizado por não se 
integrar nem a identidade masculina nem a feminina carregando o arco e o 
cesto ao mesmo tempo. 
O gênero além de ser uma área temática potencial para ser explorada e trazer 
aprofundamento na pesquisa arqueológica, também tem forte papel político. 
A discussão da construção de gênero (muito em voga em políticas públicas e 
demandas sociais nos últimos anos) e de igualdade de direitos (de 
reconhecimento identitário, acesso à educação, saúde, trabalho, etc.) são 
pautas atuais. No entanto, todas as arqueologias são construções hipotéticas 
e teóricas do presente sobre passado. Então, refletir sobre o gênero e sua 
construção no passado é uma forma não somente de ampliar temáticas em 
23 
 
 
arqueologia, mas também de propor interpretações mais abertas e menos 
carregadas dos preconceitos ocidentais, como o machismo, a homofobia e a 
manutenção do patriarcado. 
Arqueologia Histórica - é mais comumente entendida no continente 
americano como sendo a subárea da disciplina que têm como foco estudar o 
processo dos impactos que as sociedades tiveram com a expansão europeia 
(colonialismo) nas grandes navegações e que coincide com a formação e 
expansão do sistema capitalista no mundo. Esta abordagem surgiu na década 
de 1980 quando o foco das pesquisas arqueológicas mudou para a 
recuperação de passados e identidades de grupos subalternos que foram 
marginalizados e/ou silenciados nos registros escritos (como por exemplo os 
escravizados, as vítimas das repressões das ditaduras, indígenas, etc). Essas 
mudanças nos focos de pesquisa incentivaram arqueólogos a refletir o antigo 
conceito de arqueologia histórica gerando este conceito que é a compreensão 
de Arqueologia Histórica como Arqueologia do Mundo Moderno. Arqueólogos 
que seguem essa abordagem buscam explorar como o mundo moderno foi 
produzido usando os vestígios materiais para pesquisar de forma crítica os 
efeitos do colonialismo e da expansão do capitalismo nas sociedades³. 
Mas ainda hoje o termo é compreendido de diferentes formas por 
arqueólogos. Podemos identificar semelhanças entre várias definições e 
coloca-las dentro de três conjuntos. A principal diferença entre esses 
conjuntos se dá pelo fato de uma se referir ao método empregado no estudo, 
outra por uma demarcação no tempo e, por fim, uma terceira marcada por um 
processo global (que é a definição já explicitada). 
 
24 
 
 
Exemplo de vestígios históricos estudados por arqueólogos: Cachimbos, 
louças, metais, vidros, etc. 
Arqueologia Histórica nos faz pensar primeiramente na conjunção de 
arqueologia com história. De fato, alguns arqueólogos definem a arqueologia 
histórica pela presença de documentos escritos na sociedade a ser 
investigada de forma que os estudos são feitos a partir da junção dos dados 
arqueológicos com os dados históricos. Este conceito dado a partir do método 
(da agregação dos registros escritos aos vestígios arqueológicos no estudo) 
foi bastante criticado por alguns pesquisadores. Alguns observam que rejeitar 
modelos de sociedades não ocidentais ou não alfabetizadas como sendo 
“sem história” é fruto de um imperativo político. Outras críticas partem de uma 
visão mais arqueológica, dizendo que embora as presenças de documentos 
oferecem oportunidades únicas na análise arqueológica, as fontes escritas 
são simplesmente outra forma de cultura material. ¹ Um outro problema com 
essa definição é a de que aqueles que estudam os períodos para os quais os 
documentos existem, particularmente aqueles fora das Américas, não se 
referem a si mesmos como “arqueólogos históricos”. Em vez disso, eles 
rotulam seu trabalho ou pelo período geral, como Arqueologia Romana ou 
Pós-medieval, ou por foco regional, como egiptologia ou estudos de gregos 
clássicos.² 
 
Sítio arqueológico histórico Cais do Valongo (Rio de Janeiro), escolhido como 
patrimônio mundial pela UNESCO. Crédito: TOMAZ SILVA (AGÊNCIA 
BRASIL) 
25 
 
 
Outros arqueólogos definem a Arqueologia Histórica como o campo da 
arqueologia que estuda a expansão colonial europeia e subsequentes povos 
pós-colombianos. A data de 1500 DC seria o demarcador de onde a 
arqueologia começaria a ser histórica. Principalmente na América do Norte, 
com a criação da Sociedade de Arqueologia Histórica nos Estados Unidos na 
década de 1960 o rótulo “Arqueologia Histórica” vem demarcar o estudo de 
as sociedades coloniais pós-colombianas e alfabetizadas, distintas do estudo 
dos indígenas pré-contato.² 
Arqueologia da Paisagem 
A Arqueologia da Paisagem é tão antiga quanto à própria Arqueologia, 
afinal as arqueólogas e arqueólogos sempre estiveram interessados no 
espaço, e consequentemente na Paisagem, sendo investigadas como 
entidades econômicas, sociais, políticas e simbólicas. 
 
Reserva Biológica Santa Isabel, Sergipe. Nessa unidade de conservação 
foram identificados 17 sítios arqueológicos implantados sobre dunas 
holocências. Foto: Almir Brito Jr., 2014 
A Arqueologia da Paisagem estuda a percepção de grupos sobre uma 
paisagem socialmente construída dentro da sua mente, atribuindo-lhe 
significado. Então, os elementos da implantação da Paisagem são culturais e 
partilhados dentro de um grupo, sem inferiorizar a percepção individual. Para 
a Arqueologia é necessário estudar os elementos da implantação na 
Paisagem, que compartilhados por um grupo, resultam em maneira 
semelhante de perceber a paisagem. 
26 
 
 
 
Reserva biológica Santa Isabel, Sergipe. Nessa unidade de conservação 
foram identificados 17 sítios arqueológicos implantados sobre dunas 
holocênicas. Foto: Almir Brito Jr., 2014. 
Portanto, a Paisagem (arqueológica) que é percebida e compreendida 
pelo grupo que a ocupou, possui características que são resultados de 
construções sociais a partir das relações dos fatores naturais/humanos e 
individuais/compartilhados, sendo identificadas dentro de evidências 
arqueologicamente perceptíveis. A principal questão para o uso da 
Arqueologia da Paisagem é entender que o conceito de Paisagem é 
polissêmico e varia intensamente entre grupos humanos. 
Arqueologia Pré-Histórica - apesar de ser um termo bastante usado, não 
possui uma definição concreta de fato, já que o próprio termo “pré-história” 
não tem uma definição clara, e raramente é utilizado no meio acadêmico. O 
termo pré-história é utilizado popularmente para se referir a um período muito 
antigo, anterior ao uso dos instrumentos de metal, anterior a invenção da 
escrita, e anterior ao sistema capitalista e de Estado; para e referir às 
sociedades que produziam industrias de pedra lascada, de osso e de 
cerâmica, e que deixaram registros rupestres em cavernas e paredões de 
rochosos. 
Mas é complicado chamar algo de pré-histórico só pela ausência da escrita, 
de dinheiro, ou de artefatos metálicos. Os europeus em 1500 são 
considerados como uma sociedade do período histórico, mas nem todos os 
grupos humanos europeus dessa época possuíam sabiam ler ou escrever, 
mas nem por isso eram chamados de pré-históricos. Já a sociedade Maya, 
deste mesmo período, é considerada uma sociedade pré-histórica, apesar de 
27 
 
 
já ter desenvolvido um Estado, um sistema de escrita,e até mesmo usufruir 
de alguns artefatos de metal. 
Essa divisão entre Arqueologia Histórica e Pré-Histórica parte de uma visão 
eurocentrista que considera outras sociedades, em especial aquelas 
invadidas pelos navegantes Europeus a partir do século 15, como sociedades 
pré-históricas; sociedades que ainda não possuem uma história. Essa visão 
eurocentrista é, obviamente, carregada de preconceitos. Portanto, 
arqueólogos atuais evitam o uso destes termos. 
Infelizmente, o termo “pré-história” se tornou extremamente popular no último 
século, e é utilizado popularmente por aqueles que sequer sabem o seu 
significado. Se por um lado na Europa ainda se considera como período 
histórico o período após a invenção da escrita, no continente americano 
consideramos que toda as sociedades possuem história. E portanto, 
chamamos as sociedades que nunca tiveram contato com os 
invasores/colonizadores europeus de sociedades pré-coloniais. Portanto, Se 
você ouvir o termo Arqueologia Pré-Histórica, ele se refere à Arqueologia feita 
sobre sociedades que nunca tiveram contato com invasores europeus. 
Não existem livro a serem recomendados para ficar a par deste tema. Afinal, 
os únicos livros que tratam de “arqueologia pré-histórica” são relativamente 
ultrapassados. Atualmente, os estudos arqueológicos são subdivididos pelos 
métodos ou objetos de estudo, e não pela cronologia. 
Arqueologia Pública - A Arqueologia Pública é uma subárea da Arqueologia 
que se dedica a pensar a sua relação com o público. Mas o que seria 
exatamente esse público? E por que é importante que essa área exista? 
 
28 
 
 
Arqueóloga Ana Paula Tauhyl conversando com alunos de Ensino Médio da 
Escola Emygdio de Barros sobre a Arqueologia das cidades gregas antigas, 
no MAE/USP, em 2012. Foto: Tatiana Bina. 
Por um bom tempo a Arqueologia foi vista por muitas pessoas como ocupação 
de uma elite interessada em relíquias e civilizações antigas. Um exemplo 
disso é a imagem que o cinema passa da Arqueologia para o público em geral: 
o arqueólogo aventureiro distante da realidade nossa de cada dia. Ou então 
a Arqueologia era entendida como terreno de amadores que traziam teorias 
sem embasamento científico algum, como a participação de extraterrestes na 
construção de monumentos do passado. 
Alguns arqueólogos e arqueólogas já vinham se preocupando com esse 
distanciamento do público e faziam projetos para alcançar as pessoas, mas 
só a partir dos anos 70 que esse movimento ganhou o nome de Arqueologia 
Pública. Dos anos 90 pra cá, o campo de atuação tem se fortalecido e hoje é 
bastante vasto, incluindo a preocupação com a preservação de sítios 
arqueológicos (já que são patrimônios públicos), a divulgação do 
conhecimento produzido por arqueólogos e arqueólogas (e de como é feita a 
produção desse conhecimento) e a participação das comunidades locais e de 
diferentes grupos sociais nas próprias pesquisas, desde a concepção inicial 
até a escavação. Assim, a Arqueologia incorpora novas vozes na definição 
dos objetos a serem pesquisados e também na interpretação dos achados. 
Portanto, quando falamos em público, a quem nos referimos? A Arqueologia 
estuda as sociedades por meio das coisas que elas produziram e das quais 
se utilizaram e isso diz respeito a todos e todas. Conhecer sociedades de 
outros tempos, além de nos mostrar realidades diversas, pode nos fazer 
pensar como nós lidamos com o mundo material que nos rodeia. Olhar o outro 
para entender a nós mesmos. Esse é o convite da Arqueologia Pública. 
Arqueologia da Repressão e Resistência - A arqueologia da repressão e 
resistência tem por objetivo estudar o passado em contextos de violência e 
conflitos. Essa definição foi utilizada com a finalidade de desenvolver uma 
Arqueologia política que tivesse como foco o estudo dos processos de 
violência política na América Latina, entre as décadas de 1960 e 1980.¹ A 
arqueologia da repressão e resistência trata de estratégias repressoras 
aplicadas pelos grupos dominantes em questão, e as práticas 
de resistência exercidas pelos indivíduos que passaram por tais situações, 
visto que também são atores dentro da sociedade e desenvolvem meios para 
“resistir” ao que é imposto. 
Tradicionalmente, os conflitos têm sido interpretados de acordo com a lógica 
dos grupos sociais dominantes. A arqueologia, até meados da década de 
29 
 
 
1960, se direcionava também a analisar os fatos históricos pelo viés das 
ideologias conservadoras. O processo de transformação dos estudos 
arqueológicos e a mudança de foco – do ponto de vista dos grupos 
dominantes a uma arqueologia focada no discurso das minorias e das “outras 
histórias” foi gradual. A arqueologia da repressão e da resistência é um campo 
com grande potencial para a construção de um passado recente. A 
materialidade acessada em tempo presente possibilita a construção 
de discursos, e pode ser vista como ferramenta para a construção de sujeitos 
e subjetividades.² 
 
Escavação arqueológica no Club Atlético – Centro clandestino de detenção 
na Argentina. Fonte: https://www.argentina.gob.ar 
No contexto das ditaduras, a arqueologia aparece como uma forma de contar 
as histórias dos grupos e indivíduos que sofreram nas mãos dos regimes; já 
que documentação e registros oficiais a respeito dos centros de tortura e dos 
mortos nesse período são praticamente inexistentes. No caso dos 
“desaparecidos” – aqueles levados clandestinamente a locais destinados a 
tortura e assassinato – a arqueologia tem um papel ainda mais incisivo: o de 
recuperar as histórias e identificar onde essas pessoas estiveram, o que 
sofreram, onde (e se) estão enterradas; tirá-las do “desaparecimento”. 
Arqueologia do Simbólico - Arqueologia do Simbólico é a subárea da 
arqueologia que estuda as representações simbólicas presentes em sítios 
arqueológicos. São considerados como representações simbólicas: pinturas 
rupestres, gravuras rupestres, artefatos e estruturas que possuem formas 
geométricas intencionais, formas antropomorfas, zoomorfas, 
etc. Tais vestígios podem ser considerados como frutos de atividades rituais 
e simbólicas de acordo com o modo como se apresentam. A classificação 
destes vestígios como “simbólicos” variam muito de arqueólogo para 
arqueólogo, pois cada pesquisador pode ter uma interpretação diferente do 
outro sobre a existência de um significado simbólico ou não para certos 
vestígios arqueológicos (Ex: A forma das pirâmides pode ter uma função 
puramente funcional, e não simbólica). 
Cuidado para não confundir Arqueologia do Simbólico com Arqueologia 
Cognitiva. Apesar de ambas as subáreas trabalharem juntas, principalmente 
30 
 
 
em estudos das origens da linguagem e das representações rupestres, elas 
também podem ser aplicadas separadamente em diversos contextos. 
Diferentes abordagens de estudo são aplicadas para estudos destas 
representações, desde análises de formas e contornos, estudos 
iconográficos, estudos da produção dessas representações, das inserções 
destes símbolos na paisagem, e outras abordagens pretensiosas que 
tentam até inferir significados para estas antigas representações. No entanto, 
inferir significados simbólicos nestes objetos pode ser considerado um ato 
não-científico, geralmente sendo um ato de pura especulação (interpretar sem 
evidencias), de modo que os pesquisadores tendem a apenas aceitar que tais 
símbolos possuiriam um ou mais significados no passado. 
 
Arqueologia do simbólico, portanto, não trata de inferir significado aos 
símbolos do passado, mas buscar por padrões, frequências e modos de 
produção das representações simbólicas presentes em sítios arqueológicos 
a avaliar o nível de importância que tais símbolos teriam dentro de seus dados 
contextos. 
 
Os estudos de Arqueologia do Simbólico mais realizados atualmente 
são sobre pinturas e gravuras rupestres em abrigos pré-históricos, iconografia 
das decorações de vasilhames cerâmicos, artefatos de decoraçãocorporal 
(colares, tembetás, brincos, etc), geoglifos, estruturas megalíticas, padrões de 
31 
 
 
sepultamentos humanos, artefatos de rocha com formas não funcionais 
(zoólitos, muiraquitãs, estatuetas, etc), instrumentos musicais, monumentos 
históricos, até mesmo sobre as escolhas de matérias-primas para produção 
de artefatos e alimentos, e até mesmo acústica de sítios arqueológicos. 
Arqueologia Urbana - Há quem diga que fazer Arqueologia Urbana é fácil. 
Estando em uma cidade, não existe aquela necessidade de grandes 
deslocamentos da equipe e de equipamentos, de acampar no meio do mato, 
de caminhadas sem fim. É muito mais tranquilo! Temos que lidar apenas com: 
a curiosidade sem fim do público, o tráfego incessante de veículos e pessoas, 
o sol refletindo no asfalto, a precariedade da infraestrutura pública (escassez 
de sanitários). Uma brisa reconfortante pode se tornar sua pior inimiga, ela 
leva facilmente uma pilha de folhas (seu trabalho de dias). E não, você não 
está em campo aberto para correr atrás delas. 
Selva de pedra! Mas há aquelxs arqueólogxs interessadxs a voltar suas 
pesquisas para as cidades, seja através de escavações e/ou de 
levantamentos que registram as feições, atributos e distribuições espaciais de 
ruas, praças, prédios, monumentos e demais construções existentes. 
 
Escavação da Praça Tamandaré, Rio Grande, RS. Foto: Rodrigo Valentini, 
Maio de 2015. 
Segundo o arqueólogo americano Edward Staski, a Arqueologia Urbana pode 
ser definida como: 
32 
 
 
“O estudo das relações entre cultura material, comportamento humano e 
cognição num assentamento urbano”. 
(Edward Staski, 1982:97) 
Antes de ser entendida como o emprego de técnicas arqueológicas na cidade, 
podemos pensar a Arqueologia Urbana como uma Arqueologia da Cidade, 
onde o arqueólogo questiona-se justamente sobre os processos de 
urbanização e suas consequências na vida em sociedade. Nenhum local ou 
vestígio pode ser pensado isoladamente. 
Este tipo de Arqueologia é capaz de trazer à tona indícios da complexidade 
de construção de uma cidade, onde diferentes etnias, grupos 
socioeconômicos, políticos e religiosos, onde diferentes ideias e ideais 
conviveram ao longo do tempo. É, assim, capaz de despertar nos indivíduos 
que habitam a cidade uma reapropriação de sua própria história e de seu 
patrimônio, proporcionando uma nova relação com espaços cotidianos. 
Estudos Líticos - Os estudos líticos são uma série de estudos científicos 
realizados a partir da aplicação de abordagens multidisciplinares sobre 
vestígios de pedra lascada e polida. São estudos que buscam entender como 
os artefatos de pedra lascada eram produzidos e utilizados por grupos 
humanos. 
 
O desenho técnico dos artefatos é um dos métodos de estudo para 
entendimento da produção dos artefatos líticos. Crédito da foto: Juca. 
Dentre as principais abordagens estão: 
33 
 
 
 A Tecnologia Lítica – que busca entender os métodos e técnicas de 
produção e utilização dos artefatos a partir da observação de uma série de 
características específicas presentes nos artefatos (acabados ou inacabados) 
e dos resíduos de produção, além de mensurações e realização de desenhos 
e esquemas técnicos. 
 A Traceologia Lítica – que busca entender a funcionalidade e o 
funcionamento dos artefatos a partir da análise das marcas de utilização nos 
gumes e nas áreas de encabamento dos artefatos. 
 A Análise Microrresidual – que busca entender a funcionalidade e o 
funcionamento dos artefatos a partir da identificação de micro resíduos 
orgânicos (ex: sangue, amidos, fitólitos, etc). No caso dos líticos, estes micros 
resíduos estão geralmente preservados nos gumes e nas áreas de 
encabamento dos artefatos. 
 A Arqueologia Experimental – que busca testar as hipóteses sobre quais 
métodos e técnicas de produção e utilização foram utilizadas para realizar 
determinadas atividades. No caso dos líticos, esta abordagem é realizada a 
partir da replicação dos artefatos através dos mesmos materiais, métodos e 
técnicas identificadas nas análises tecnológicas; e na sua utilização nos 
mesmos materiais identificados nas análises traceológicas e micro residuais. 
 A Morfometria Geométrica – que busca entender os padrões estilísticos dos 
artefatos a partir da observação das formas e mensuração sistemática dos 
artefatos acabados. 
Os estudos líticos estão entre os estudos mais importantes e mais realizados 
na arqueologia, uma vez que os vestígios de pedra lascada e polida 
correspondem a mais de 95% dos vestígios encontrados em sítios 
arqueológicos, dada sua excelente capacidade de preservação ao longo do 
tempo e por ser, na maioria dos sítios arqueológicos conhecidos, o único 
registro de atividades humanas (e hominídeas) realizadas ao longo de 3,5 
milhões de anos. 
Estudos Cerâmicos - Em arqueologia, os estudos cerâmicos são aqueles que 
envolvem a análise de conjuntos desse tipo de conjunto de artefato. Estes 
estudos são multidisciplinares e buscam compreender como as vasilhas foram 
produzidas, utilizadas e descartadas. 
 
Exemplos de vasilhames cerâmicos de grupos Wai wai (esquerda) e Asurini 
(direita). Crédito da foto: Meliam Gaspar. 
34 
 
 
Os estudos que envolvem material cerâmico acontecem em três eixos 
principais: 
 Tecnológico: pretendem compreender as questões que envolvem a produção 
da vasilha cerâmica, isto é, descrições dos fragmentos cerâmicos indicando 
sua técnica de manufatura, tipo e espessura do antiplástico (que é um produto 
acrescentado à massa de argila para que quando a vasilha vá ao fogo para a 
queimada não trinque ou quebre), espessura do fragmento e indicações dos 
tipos de tratamento de superfície, sendo: acabamentos plásticos (corrugado, 
ungulado, inciso e escovado) ou acabamentos não-plásticos (acabamentos 
que envolvem pintura e os seus grafismos). 
 Morfológico: esse tipo de estudo busca identificar as formas das vasilhas 
produzidas a partir de procedimentos que envolvem desenhos das bordas. 
Nesse tipo de análise são observados e descritos os tipos de bordas, tipos de 
lábio, silhueta, contorno e diâmetro dos vasilhames. Atualmente existem 
técnicas computacionais em que os desenhos das bordas fragmentadas das 
vasilhas são escaneados e é possível inferir o formato e por sua vez, o volume 
dos vasos cerâmicos (ex: Software Blender3D que tem código aberto). 
 Estilístico: esse tipo de análise busca identificar e descrever a localização dos 
campos em que os grafismos estão desenhados na superfície da vasilha. 
Ainda nesse quesito de análise tenta-se identificar a presença e cor do engobo 
ou banho utilizado durante o processo de acabamento e decoração dos vasos 
cerâmicos. 
Os estudos cerâmicos ainda podem envolver abordagens teóricas conhecidas 
em outras áreas da arqueologia, como a Cadeia Operatória, que são as 
descrições que envolvem os processos de produção, utilização, abandono, 
reutilização, descarte e resgate das vasilhas cerâmicas. 
A Arqueometria é uma outra abordagem da Arqueologia que pode auxiliar 
durante a análise das vasilhas cerâmicas, já que ela é um conjunto de técnicas 
e testes físico e químicos de laboratório auxiliam durante a descrição desses 
processos que envolvem a vida da vasilha. 
Outra subárea da Arqueologia que pode oferecer auxílio para a compreensão 
dos conjuntos cerâmicos é a Etnoarqueologia, que busca, a partir da 
observação de grupos indígenas vivos, explicar os processos de produção 
das vasilhas de antigamente. A analogia é técnica utilizada pelos 
pesquisadores para aproximar a realidade dos indígenas atuais aos grupos 
da pré-história. 
Etnoarqueologia - A etnoarqueologia é o estudo etnográfico feito por 
arqueólogos(as) em sociedades atuais com o objetivo de obter informações 
que ajudem a compreender sociedades do passado. Ou seja, é o estudo que 
arqueólogos(as) fazem utilizando a etnografia (um método antropológico que 
está relacionado à descrição de um grupo humano) para estudaros processos 
de produção, distribuição, consumo e descarte de objetos em uma sociedade 
atual para fazer uma analogia com uma sociedade do passado. 
Um exemplo é o estudo etnoarqueológico realizado por Lewis Binford com os 
Nunamiut no Alasca. O objetivo de sua pesquisa era ver como o 
35 
 
 
comportamento dessa sociedade se reflete nos objetos utilizados por elas. 
Assim, ele poderia melhor compreender as sociedades que viveram no 
período glacial na Europa (no caso os Musteriense, um grupo cultural que 
viveu entre 300000 e 40000 antes do presente). Ele escolheu fazer o trabalho 
etnográfico com os Nunamiut porque estes viviam em um ambiente parecido 
com o grupo o qual Binford pretendia entender (no caso os Musteriense). É 
importante notar que Binford acreditava que se duas sociedades vivem em 
um ambiente semelhante, o seu comportamento seria também semelhante (e 
portanto os objetos também). 
 
Livro de Lewis Binford, sobre seu estudo etnoarqueológico mais famoso. 
A pesquisa etnoarqueológica busca então, fornecer informações sobre como 
as pessoas no passado podem ter vivido a partir da observação de sociedades 
semelhantes do presente. Ao olhar para a forma como diferentes grupos 
sociais vivem e se comportam hoje, arqueólogos(as) buscam entender melhor 
os vestígios materiais deixados pelas sociedades anteriores e inferir como 
eram usados e por quê. A etnoarqueologia também pode ajudar na 
compreensão da forma como um objeto foi feito e qual a função deste objeto. 
Geoarqueologia - A Geoarqueologia é o estudo de interface entre as 
Geociências e a Arqueologia, seu conceito surgiu a partir dos anos 1970. 
Auxilia na compreensão da transformação do ambiente pelo homem ao longo 
do tempo e também está relacionada com os estudos a respeito da formação 
dos sítios arqueológicos. 
36 
 
 
De forma geral pode ser classificada em dois campos: um relacionado ao 
estudo da paisagem, com a utilização de sensoriamento remoto, 
levantamentos topográficos, análises de imagens aéreas e de satélites, etc. E 
o outro campo relacionado ao estudo do solo onde se encontra o sítio 
arqueológico, verificando as camadas estratigráficas, realizando análises 
físico-químicas e micromorfológicas. Para que o Geoarqueólogo possa fazer 
a sua contribuição às questões da Arqueologia, este deve recorrer ao conjunto 
de conceitos, métodos e técnicas de diversas outras ciências. Entre estas 
estão as Ciências da Terra, como a Pedologia, Geografia Física, Climatologia, 
Geodésia entre outras. 
 
Exemplo de estudo estratigráfico de um sítio arqueológico. Versão modificad 
de original por Crow Canyon. 
Até hoje se discute a autonomia e definição da disciplina, assim como os seus 
limites. Da mesma forma que a Geoarqueologia pode correr o risco de invadir 
outras áreas como a Arqueometria, ela pode também sofrer uma crise de 
identidade ao se tornar uma disciplina muito mais “geo” do que arqueológica. 
O importante é não se limitar às restrições de nomenclaturas e divisões e 
subdivisões da arqueologia, mas sim realizar um trabalho sério e com 
37 
 
 
comprometimento que vise contribuir para a construção do conhecimento 
sobre o passado do ser humano. 
Paleoantropologia (Evolução Humana) - O termo Paleoantropologia, hoje, 
é utilizado para se referir à subárea da arqueologia responsável pelo estudo 
da Evolução Humana, ou mais especificamente, das espécies hominínias 
(com maior ênfase nas nossas espécies ancestrais e menor ênfase nos 
humanos modernos). As espécies estudadas pela paleoantropologia incluem 
todas aquelas ancestrais do gênero Homo até o nosso ancestral em comum 
com os bonobos e chimpanzés. É importante notar que a definição utilizada 
hoje para o termo “paleo-antropo-logia” difere da original, já que ela provém 
do grego, que significa estudo/discurso sobre humanos antigos. Neste sentido 
paleoantropologia e arqueologia seriam sinônimos, mas não é o caso. 
Enquanto a arqueologia estuda absolutamente tudo sobre a história 
biocultural dos seres humanos, a paleoantropologia é uma subárea focada 
nos ancestrais dos humanos modernos. 
 
Espécies hominíneas já descobertas. As mais recentes descobertas não 
constam na imagem acima. 
Considerando a paleoantropologia como uma subárea ou disciplina da 
arqueologia, as teorias, métodos e técnicas científicas de pesquisa são 
absolutamente os mesmos. A diferença está apenas na maior antiguidade dos 
achados e no maior estudo de fósseis, já que os esqueletos de humanos 
38 
 
 
modernos e hominínios mais recentes nem sempre passam por processo de 
fossilização. 
Ainda que muitos estudos da paleoantropologia ganhem mais atenção pelo 
estudo dos fósseis, a partir de 3 milhões de anos o estudo dos hominínios 
também é extremamente focado no estudo dos artefatos de pedra lascada, 
pois é a partir deste período que eles passam a ser fabricados. Além disso, 
eles são muito mais numerosos que os fósseis e se preservam muito melhor, 
além de serem os mais antigos vestígios daquilo que consideramos como 
cultura material. 
Zooarqueologia - Dentro da arqueologia temos uma área de pesquisa que 
se ocupa da identificação e interpretação de restos faunísticos (restos de 
animais). Esse campo de estudo se chama Zooarqueologia ou Arqueologia 
dos Animais. 
De acordo com as arqueólogas Elizabeth J. Reitz e Elizabeth S. Wing a 
zooarqueologia é responsável pelo estudo dos remanescentes faunísticos 
presentes nos sítios arqueológicos. O zooarqueólogo, então, seria o 
responsável pela análise, identificação e interpretação desses remanescentes 
no contexto arqueológico. 
 
Sepultamento de um cachorro encontrado no sítio conchífero Broad Reach 
no litoral dos Estados Unidos, datado entre 1,500 e 200 anos atrás. Foto: TRC 
Companies, Inc. 
Podemos encontrar na literatura os termos: Arqueozoologia e Zooarqueologia, 
trata-se de diferenciações que historicamente, marcavam diferenças e graus 
de influência da antropologia e biologia nos estudos dos remanescentes 
ósseos, por exemplo, o termo arqueozoologia marcava um interesse na fauna, 
39 
 
 
mais do que na relação dessa fauna com populações humanas, assim como 
o termo zooarqueologia que priorizava muito mais a relação da fauna com os 
humanos. Hoje, apesar dessa diferenciação, esses termos acabam se 
misturando e por fim significando a mesma coisa. 
Na zooarqueologia, o zooarqueólogo tenta compreender as relações 
estabelecidas entre os animais e as populações humanas que viveram no 
passado. É comum o zooarqueólogo se deparar com uma grande quantidade 
de ossos em seu trabalho, pois é um vestígio arqueofaunistico que se 
preserva. Contudo, não só de ossos é feita a zooarqueologia. 
Jacopo de Grossi Mazzorin, um autor italiano, fez uma pequena listagem dos 
objetos de estudo que se inserem no campo zooarqueológico: Restos de 
moluscos (nesse caso, como dificilmente o tecido mole se conserva, o que 
resta para os arqueólogos são as conchas), insetos, exoesqueletos, ovos de 
parasitas, corpos congelados, ossos, restos de pele e pelo e coprólitos 
(fezes). 
Dentre as principais informações produzidas pela zooarqueologia podemos 
citar: 
 Informações paleoambientais/paleoclimáticas: a presença ou ausência de 
determinados animais sensíveis a mudanças climáticas podem ser 
indicadores de alterações no clima. 
 Bioestratigrafia:pode guiar o arqueólogo numa datação relativa (uma forma de 
situar o material arqueológico no tempo sem datação com C14, por exemplo, 
usando apenas informações estratigráficas) em que a presença de 
determinado repertório faunístico é comum e recorrente em determinados 
níveis e períodos arqueológicos. 
 Dieta:em contexto arqueológico, o material zooarqueológico pode indicar as 
opções alimentares feitas pelos grupos humanos, preferências alimentares 
podem ser observadas a partir da presença e ausência de determinados 
animais no contexto arqueológico, sempre levandoem consideração, é claro, 
os aspectos tafonomicos que afetam as condições de preservação do material 
faunístico naquele contexto. 
 Tafonomia: indica acontecimentos posteriores a morte e/ou ao soterramento 
dos ossos dos animais (queima, abrasão, quebra, etc) mostrando atividades 
40 
 
 
humanas e propositais (preparo de alimento e artefatos) assim como não 
humanas (pisoteamento por outros animais e mesmo a abrasão dos ossos 
pela ação do sedimento), a tafonomia é suma importância para entender 
também o por que determinados ossos se conservam e outros não, já que a 
densidade óssea mostra que ossos mais robustos tendem a se conservar 
melhor do que ossos mais finos e menores, assim como dentes que devido a 
sua composição também tendem a se conservar com mais facilidade do que 
outras partes anatômicas dos animais. 
 Aspectos simbólicos: As pinturas rupestres são exemplo da importância da 
fauna na pré-história, assim como os artefatos feitos em ossos que são muitas 
vezes encontrados em enterramentos mostrando um uso simbólico dos 
animais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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