Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Andreia Mileski Zuliani Santos David Marlon da Silva Gestão de Pessoas na Administração Pública © 2016 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Editoração Produção de Materiais Didáticos Capa Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Andreia Mileski Zuliani Santos; Introdução Gestão de recursos humanos ou de pessoas? Capítulo 1 Estimado(a) estudante, o propósito deste capítulo, em um primeiro momento, consiste em apresentar noções de gestão de pessoas abordando seu processo evolutivo. Ao longo da leitura, você notará que a gestão de pessoas perpassa por três momentos: 1) a administração de pessoal focalizando as rotinas de registros, controle, folha de pagamento; 2) a administração de recursos humanos com a importância do ser humano nos processos de trabalho e maior preocupação com o ambiente de trabalho; 3) a gestão de pessoas ou ainda gestão com pessoas, em que se considera o trabalhador como capital humano capaz de gerar riquezas para a organização. Trazendo esse processo evolutivo para o contexto público, nota-se a urgência de um novo perfi l de gestor público, mais estratégico, empoderado, com capacidade de liderar em ambientes inconstantes, ético e que comporta-se como um catalisador de inovações. Em seguida, abordamos algumas teorias motivacionais relacionadas ao trabalho, entendendo que um dos desafi os da gestão de pessoal na esfera pública é desenvolver mecanismos efetivos de motivação, visto que a falta de motivação dos profi ssionais do setor público pode ser decorrente da carência de políticas de reconhecimento tanto funcionais quanto fi nanceiros. Na sequência, procura-se contextualizar o desenvolvimento 10 UNIUBE Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de: • Compreender a gestão de pessoas na contemporaneidade. • Conhecer as principais teorias motivacionais. • Contextualizar o desenvolvimento organizacional. • Abordar o desenvolvimento da gestão por competência no setor público. • Releitura contextualizada das fases da gestão de pessoas. • Análise das teorias motivacionais voltadas para o trabalho. • Desenvolvimento organizacional enquanto respostas às mudanças advindas do ambiente. • Incentivos na área de gestão por competências que contribuem para eleger as competências essenciais à organização. Objetivos Esquema organizacional, que norteou as organizações a encontrarem respostas para se adaptarem às mudanças decorrentes do avanço das tecnologias da informação e comunicação. Para finalizar, abordamos a gestão por competência fundamentada não só no conhecimento e habilidade, mas também na atitude do profissional. Há inúmeros modelos de gestão por competência que podem auxiliar as organizações. Além de apresentar esses temas fundamentais, convido-o(a) a aprofundar-se nas temáticas trabalhadas neste capítulo I, visto que entendemos que a leitura de materiais adicionais contribuirá ainda mais para o avanço de seu conhecimento. Dessa forma, estimado(a) estudante, leia! Dedique um tempo à leitura para que possa aprofundar-se nos temas aqui tratados. UNIUBE 11 Novo perfil da administração de pessoal1.1 Iniciaremos este estudo com algumas indagações: Gestão de Recursos Humanos ou Gestão de Pessoas ou, ainda, Gestão com Pessoas? Quando você, estimado(a) aluno(a), se depara com tantas termi- nologias, deve procurar identificar, em um primeiro momento, à qual época os estudiosos se referem e retratam em seus artigos e obras. Assim, para responder a tantos questionamentos, faz-se ne- cessário retomar, de forma breve, as fases da teoria administrativa explicitadas por Boas e Andrade (2009). As teorias administrativas e suas fases contribuíram para o desen- volvimento das organizações, influenciando diretamente a admi- nistração de recursos humanos. A industrialização clássica, subli- nhada pelo uso da estrutura piramidal mecanicista e burocrática, representou a primeira fase. Assim, com o objetivo de suprir as necessidades que emergiram em decorrência dessa primeira fase, surgiu a administração de pessoal, que, por sua vez, desenvolvia exclusivamente atividades burocráticas que asseguravam o aten- dimento da legislação trabalhista estabelecida em nosso país, no período de 1940. Com a nacionalização das indústrias, na década de 50, surge o de- nominado departamento de recursos humanos. Mais tarde, com a globalização na década de 90, surge uma nova revolução no cam- po da administração de recursos humanos. Há uma mudança de comportamento nas organizações marcada pelo avanço da tecno- logia da informação. 12 UNIUBE A ideia de que as pessoas são apenas “recursos” e custos para a organização começa a ser questionada por estudiosos e insti- tuições. É claro que as organizações necessitam de recursos fi- nanceiros, físicos, tecnológicos, de produção, entre outros, mas as pessoas são imprescindíveis. A partir disso, as pessoas deixaram de ser consideradas como recursos e passam a ser consideradas como capital humano. A partir do instante que as pessoas começam a ser visualizadas pelas organizações como peça chave do negócio, como diferencial competitivo diante do ambiente complexo, incerto, inconstante e ambíguo, a expressão Gestão de Pessoas ou Gestão com Pessoas começa a perdurar na literatura acadêmica. Segundo França (2009, p.5), a Gestão de Pessoal compreende um “conjunto das forças humanas voltadas para as atividades produ- tivas, gerenciais e estratégicas dentro de um ambiente organiza- cional”. Como as pessoas têm se tornado o foco de atenção das organizações contemporâneas, um dos desafios do gestor de pes- soal está em potencializar os conhecimentos e habilidades de sua equipe. Desse modo, a gestão de pessoal assume um papel estra- tégico nas organizações. Mas, afinal, você deve estar se perguntando: como é esse novo perfil da administração de pessoal? Entenda, prezado(a) estudan- te, que com o progresso da TI e com o aparecimento de softwares gerenciais cada vez mais sofisticados, há uma maior preocupação com o conhecimento organizacional. Em decorrência disso, as orga- nizações começam a direcionar seus esforços para a denominada gestão do conhecimento, definida por Lacombe e Heilborn (2008, p. 492) como o “conjunto de esforços ordenados e sistematizados visando a criar novo conhecimento, difundi-lo na organização para UNIUBE 13 os que dele precisam e incorporá-lo a produtos, serviços, sistemas, bem como a protegê-lo contra o uso indevido”. Saiba mais Amplie seus conhecimentos sobre a gestão do conhecimento na esfera pública fazendo a leitura da obra indicada a seguir: BATISTA, Fábio Ferreira. Modelo de Gestão do Conhecimento para a Administração Pública Brasileira: como implementar a gestão do conhecimento para produzir resultados em benefício do cidadão. Rio de Janeiro: IPEA, 2012. Disponível em: <http://www. en.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_mo- delodegestao_vol01.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2017. A gestão de pessoas se aplica a todo gestor, e não somente aos profissionais do departamento pessoal da organização. Fazer ges- tão com pessoas é conseguir extrair o que há de melhor em cada trabalhador, reunindo as forças humanas para alcançar o resultado organizacional de maneira eficaz. Estimado(a) aluno(a), antes de tratarmos sobre o novo perfil do gestor na esfera pública, precisa estar claro que, apesardas es- pecificidades que podemos encontrar nas organizações públicas e privadas, em ambas, existe um entendimento mútuo: a gestão organizacional. Em outras palavras, contrapondo gestão privada e gestão pública, permanece, pelo menos, o substantivo “gestão” em comum, o que configura que ambas não devem ser conhecidas como áreas de reflexão e ação totalmente independentes. 14 UNIUBE Ficou claro agora? Dessa maneira, continuando nossos estudos, convido-o(a) a conhecer alguns aspectos acerca da gestão pública, como seu conceito, papel e princípios: Gestão Pública é a prática que deve ser aprimora- da para o alcance de determinados fins: para re- duzir a pobreza, para melhorar a educação, para aumentar a competitividade da economia, para aumentar a conservação de recursos naturais, para preservar, estender e expandir a cultura. Em geral, essas são algumas das principais deman- das de uma sociedade, e todo o aperfeiçoamento da gestão do setor público deve ser orientado es- trategicamente para o atendimento desses obje- tivos, ou seja, do desenvolvimento econômico e social (NASCIMENTO, 2010, p. 1). Existe um consenso de que o papel do profissional público basea- do no modelo tradicional, burocrático e weberiano não tem atendi- do eficientemente as demandas do setor público. Em meados do século XX, surgiu a teoria de sistemas (TGS) formulada por Ludwig Von Bertalanfy (1901-1972), que intensificou a discussão de que indivíduos e organizações são sistemas abertos em constante inte- ração com o meio que os circunda. Sob a perspectiva sistêmica, Nascimento (2010, p. 2) tece consi- derações acerca da nova gestão pública que procura “enfatizar a eficiência e, principalmente, a gestão baseada na percepção da complexidade do ambiente e dos problemas enfrentados”. Esse seria um novo modelo de administração que reconhece e avalia a crise do Estado. Sumarizando, a nova gestão pública representa um movimento de transformação do Estado e da própria adminis- tração pública no Brasil. Dentre as características da nova gestão pública estão: UNIUBE 15 • A busca pela revitalização da função pública e profissionaliza- ção dos servidores governamentais. • A busca pela competência institucional, com ênfase na regu- lação e na proteção social. • O foco em resultados, mediante avaliação permanente. • O direcionamento da gestão para o cidadão-usuário. • A simplificação de procedimentos. • A transparência e acesso às informações públicas. • Os arranjos institucionais que visam à representação dos in- teresses coletivos e ao controle social. • A utilização pelo Estado de tecnologias emergentes de infor- mação (e-government). • A promoção de um empreendedorismo digital. • A busca pela equidade e diminuição de desigualdades so- ciais patrocinadas pela ação governamental (NASCIMENTO, 2010, p. 3-4). 16 UNIUBE Parada obrigatória Vamos expandir nossas fronteiras de conhecimento? Para compreender a expressão “Nova Gestão Pública”, é preciso conhecer os períodos paradigmáticos da administração pública no Brasil, apresentados por Keinert (1994): Períodos Contexto Institucional Paradigmas Fases Características do Campo da Administração Pública 1900-29 Estado regulador-liberal Administração Pública como Ciência Jurídica Legalismo 1930-79 Estado Administrativo Administração Pública 1930- 45 Racionalização Administração para o Desenvolvimento 1946- 64 Desenvolvimentismo Estado Intervencionista 1964- 79 Racionalidade e competência técnicas 1980-89 Mobilização Social Administração Pública como Ciência Política Democratização Conflito de interesses Recursos Escassos 1990... Redefinição do Papel do Estado Administração Pública como Administração Pública Capacidade polí- tica aliada à com- petência técnica Fonte: Keinert (1994, p.43). UNIUBE 17 Segundo Coelho (2009, p. 60), “a eficiência da administração pú- blica é, fundamentalmente, fator da eficiência dos seus gestores e servidores”. Mas gerir pessoas consiste um desafio e muito maior na esfera pública. Assim, com a redefinição do papel do Estado, quais seriam os poderes, deveres e características de um gestor público? Qual o perfil esperado? A organização pública permite aos seus gestores desenvolver projetos, realizar atividades, superar obstáculos, controlar seu ambiente, por meio da especialização de tarefas, da coordenação de es- forços, da unidade de direção e do uso inteligente dos recursos (SANTOS, 2006, p.21). Desse modo, o gestor público inserido no novo paradigma neces- sita ser um administrador completo, qualificado para analisar as especificidades das instituições públicas (KEINERT, 1994), visto que, completa Santos (2006, p. 13), os fins da gestão pública resu- mem-se em “buscar o bem comum da coletividade administrativa. Todavia o gestor público deve ser orientado para esse objetivo”. Desse modo, para que alcancem seus objetivos perante a coletivi- dade, os gestores públicos precisam fundamentar-se: Na presunção de papéis apropriados, na elabo- ração de diretrizes, tanto por parte do chefe do Executivo como do Legislativo e do Judiciário; ca- pacidade de incorporar as diretrizes adotadas a planos funcionais de operação; habilidade, por par- te daqueles encarregados das operações, para diri- gir e coordenar estas operações a fim de que sejam cumpridos os planos (SANTOS, 2006, p. 13). Mas em que consiste o novo paradigma? O aspecto central do novo paradigma é o conhecimento e a gestão do tripé: pessoas, pro- cessos e tecnologia. O conhecimento sempre foi fundamental para desenvolvimento de qualquer sociedade e economia. Portanto, para a organização pública atender as demandas da sociedade de 18 UNIUBE maneira eficaz, precisará das melhores pessoas (profissionais ta- lentosos), que são fonte de conhecimento e inovação; de proces- sos bem delineados e tecnologia. Assim, pode-se dizer que o gestor público no novo paradigma deve apresentar as seguintes características: ter visão holística e estra- tégica; capacidade de liderar, conduzindo a equipe ao alcance dos resultados, primando sempre pela motivação do servidor; ter ética, desassociando-se de planos de caráter partidário, para manter sua confiabilidade; buscar aprendizado contínuo principalmente em as- pectos da gestão (modelos, práticas, métodos, novas tecnologias, legislações etc.), tornando-se um dinamizador de inovações. 1.2 Estudo sobre a motivação humana no trabalho Além do conhecimento, pressupomos que o desempenho organi- zacional tanto público como privado depende, em grande parte, do comportamento humano. Ao tratarmos do fenômeno motivacional no trabalho, o objetivo da seção não está limitado em apenas apre- sentar conceitos e teorias mais destacados a respeito, mas busca sensibilizá-lo(a) para a importância da pessoa e sua relação com a instituição pública formada por suas particularidades e cuja falta de entendimento pode causar prejuízos à sua gestão. Esperamos que as contextualizações apresentadas sejam um estágio inicial de sua busca por mais conhecimentos nesse campo. Vamos prosseguir? O que motiva as pessoas? O que é estar motivado? Existe motiva- ção no setor público? Primeiramente, entenda que nós funciona- mos da seguinte forma: necessidade, impulso, ações, satisfação e novamente necessidade. UNIUBE 19 Prezado(a) estudante, revisite a literatura acadêmica! Perceba, que há inúmeros conceitos relacionados à motivação. Para que enten- da o fenômeno “motivação” convido você a compreender alguns conceitos básicos, segundo o dicionário eletrônico Dicio: • conceito de motivo - “razão, móvel; aquilo que nos leva a fazer algo, ou justifica o nosso comportamento; explicação, justificativa”; • conceito de ação - “resultado do fato de agir”. Logo, Qualquer ação ou manifestação observável das competências e características individuais como falar, pensar, escrever, decidir ou não fazer nada, é exemplode comportamento. [...] O comporta- mento é sempre motivado por alguma causa in- terna ao próprio indivíduo (motivos internos) ou alguma causa externa do ambiente (motivos ex- ternos) (MAXIMIANO, 2004, p. 277). À vista disso, Maximiano (2004, p.275) entende que o fenômeno motivação é “a energia ou força que movimenta o comportamento”. Sendo assim, engloba três propriedades: direção (direção para à qual a motivação leva o comportamento), intensidade (relevância da motivação) e permanência (constância da motivação). Logo, ao estudar o fenômeno motivação, faz-se necessário compreender os mecanismos que movimentam as pessoas. Lacombe (2011, p. 10) menciona que “as organizações são cons- tituídas de pessoas. Afinal, são elas que tomam decisões. Nada acontece numa organização até que as pessoas tomem decisões e operem em seu nome”. À vista disso, pode-se dizer que as or- ganizações não alcançam êxito sem um determinado nível de 20 UNIUBE comprometimento e esforço por parte de seus integrantes. Assim, faz-se necessário que os gestores compreendam o fenômeno mo- tivação, as razões que estimulam, conduzem e mantêm o compor- tamento humano nas organizações. A motivação na atividade profissional está relacionada ao trabalho em si, ao prazer de fazer algo e aos desafios enfrentados para se alcançar a excelência em resultados naquilo que o indivíduo gosta de fazer (MACÊDO, 2012). Os gestores, por terem uma função es- tratégica, são essenciais para promover a motivação no ambiente organizacional. As teorias a respeito do fenômeno motivação nas organizações surgiram na segunda metade do século XX e continuam em cons- tante pesquisa. Com o aparecimento de inúmeras teorias, as com- parações se tornaram complexas e dificultosas. Conforme Ferreira (2006, p. 4), “quando uma teoria é considerada válida, isto não anula automaticamente as demais. Na verdade, muitas são com- plementares e o desafio é juntá-las para tentar entender o seu inter-relacionamento”. Portanto, prezado(a) estudante, vamos examinar as teorias moti- vacionais consideradas relevantes e aplicáveis a situações de tra- balho, especialmente aquelas que pertencem a dois grupos, em especial, as teorias motivacionais de conteúdo e as teorias motiva- cionais de processo. As teorias motivacionais ‘de conteúdo’ englobam especificamente variáveis individuais ou situacio- nais que se supõem responsáveis pela conduta. A crítica geral a estas teorias é de que não explicam nem o processo, nem as condições sob as quais estas variáveis (individuais ou situacionais) ope- ram; finalmente, estas teorias também não indi- cam sob que condições aquelas variáveis não se UNIUBE 21 apresentam ou simplesmente não funcionam. As teorias motivacionais ‘de processo’, por sua vez, objetivam explicar o processo pelo qual a condu- ta se inicia, se mantém e termina. Estas teorias operam com variáveis maiores de processo e ex- plicam a participação de cada um, bem como a natureza de sua interação. [...] As recompensas, necessidades e incentivos são as três classes destas variáveis (LOBOS, 1975, p. 19). Fazem parte das denominadas teorias de conteúdo: Teoria da Hierarquia das Necessidades, Teoria ERC e Teoria dos Dois Fatores, que se centram nas necessidades, procurando investigar quais são os motivos específicos que fazem as pessoas agirem. A Teoria da Hierarquia das Necessidades, do americano e psicólo- go Abraham Maslow (1908-1970), preconiza que as necessidades humanas são de natureza biológica ou instintiva. Maslow defen- de que o ser humano está em constante batalha para satisfazer suas necessidades pessoais e profissionais. Em decorrência dis- so, o ser humano tem que realizar uma “escalada” hierárquica das necessidades para conquistar a autorrealização. Assim, arquiteta uma hierarquia representada na forma de uma pirâmide (figura 1.1) composta por 05 (cinco) níveis, em que as necessidades fisio- lógicas e de segurança fazem parte das necessidades primárias ou básicas, e as necessidades sociais, de autoestima e autorre- alização são as necessidades secundárias. Em resumo, a teoria de Maslow preconiza que, quando as necessidades de nível mais baixo começam a ser atendidas, as mais elevadas começam a imperar. As necessidades motivam a pessoa enquanto essas não estão sendo atendidas. 22 UNIUBE Figura 1.1 - Pirâmide das Necessidades - Maslow Fonte: O QUE… [2017, online]. Saiba mais Pioneira e precursora das teorias motivacionais contemporâneas, a teoria de Maslow passou por refl exões críticas. Convido-o(a) a fazer a leitura do artigo “Maslow desconhecido: uma revisão de seus principais trabalhos sobre motivação”. Disponível em: <http:// www.gerenciamento.ufba.br/Disciplinas/Lideran%C3%A7a/3%20 O%20Maslow%20desconhecido%20-%20uma%20revisao%20 de%20seus%20principais%20trabalhos%20sobre%20motivacao. pdf>. Acesso em: 19 jun. 2017. UNIUBE 23 Considerada um reexame da Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow, a teoria ERC (Existenciais, Relacionamento e Crescimento), proposta pelo psicólogo americano Clayton Alderfer, em 1969, defende que o ser humano motiva-se com base em três categorias de necessidades respectivamente: de existência (necessidades fisiológicas e de segurança – primeiros níveis de Maslow), de relacionamento (sociabilidade com família, colegas de trabalho, chefias – terceiro e quarto níveis da pirâmide de Maslow) e de crescimento (o ser humano necessita criar, sugerir, inventar, desenvolver seu potencial – quinto nível de Maslow) (ALDERFER, 1969). A satisfação das necessidades de crescimento, por exem- plo, contribui para o desenvolvimento de competências na resolu- ção de problemas. Enquanto Abraham Maslow visualizava as pessoas ascendendo em sua hierarquia das necessidades, Clayton Alderfer entendia que as pessoas ascendiam e descendiam na hierarquia das ne- cessidades. Essa teoria considera o princípio de frustração-regres- são. Isso quer dizer que uma necessidade abaixo pode ser ativada quando uma necessidade acima não for satisfeita. A teoria dos dois fatores, idealizada por Frederick Herzberg (1923 - 2000), fundamenta-se no ambiente externo e no trabalho do indi- víduo. Baseando-se em Krumm (2005), Macêdo et al. (2012, p.45) expõem que, na visão de Herzberg: a satisfação e desempenho elevados no cargo estão relacionados com o atendimento das ne- cessidades motivacionais do funcionário [...] e a motivação só brilha quando os fatores motivacio- nais estão razoavelmente atendidos. 24 UNIUBE Para Herzberg, a motivação para o trabalho depende de dois fa- tores somente: higiênicos e motivacionais. Os fatores higiênicos não afetam a motivação, mas sua falta é capaz de desmotivar o trabalhador, isto é, afetará negativamente o trabalho. Por isso, são entendidos como fatores de atração e retenção. Por outro lado, a presença dos fatores motivacionais é capaz de motivar os trabalha- dores, visto que estão vinculados à satisfação e ao reconhecimento profi ssional. De forma simplifi cada, pode-se resumir a teoria dos dois fatores observando a fi gura 1.2: Figura 1.2 - Teoria dos dois fatores Fonte: adaptada de Chiavenato (1999, p.287). Note na fi gura 1.2 que os fatores higiênicos focam a maneira como o funcionário se sente em relação à organização, enquanto que os fatores motivacionais focam como ele se sente em relação ao UNIUBE 25 cargo. É importante que o gestor encare esses dois fatores propos- tos por Herzberg como ferramentas para reter funcionários e/ou melhorar o ritmo de produtividade a partir da motivação deles. Sob a perspectiva dessa teoria, o fundamento do fenômeno motivação se revela na reestruturação dos cargos, tornando-os mais desa- fiantes e recompensadores. A teoria dos dois fatores foi criticada por não apresentar uma metodologia clara, observe que ela não considera as diferenças individuais nem define com consistência a relação existente entre satisfação e motivação.A teoria, apesar da vulnerabilidade, pode ser utilizada pelo gestor no sentido de identificar as condições intrínsecas e extrínsecas que atingem a satisfação do trabalhador público em relação ao cargo que desempenha. Saiba mais Estudos internacionais como o de Gabris e Simo (1995) busca- ram investigar se os empregados do setor público apresentam mo- tivos diferentes em relação às suas expectativas de trabalho em contraste com as pessoas que trabalham no setor privado. A pes- quisa demonstrou que, se a motivação do setor público existe, o seu efeito sobre o comportamento e as atitudes dos funcionários em relação às expectativas de trabalho e aos objetivos pessoais é insignificante. Para ler o artigo na íntegra, consulte: GABRIS, Gerald T.; SIMO, Gloria. Public sector motivation as an independent variable affec- ting career decisions. Public Personnel Management, v. 24, n. 1, p. 33-51, spr 1995. Disponível em: <http://journals.sagepub.com/ doi/abs/10.1177/009102609502400103>. Acesso em: 19 jun. 2017. 26 UNIUBE Na Teoria da Realização ou Teoria das Necessidades Socialmente Adquiridas, McClelland propõe que as necessidades podem ser aprendidas ou socialmente adquiridas ao longo da vida do ser hu- mano, assim que ele começa a relacionar-se com o ambiente. Essa teoria resume-se em três necessidades elementares: de realização (nR), de poder (nP) e de afiliação (nA). Ferreira (2006, p. 5-6), ao buscar entendimento em McClelland e Burham (1997), descreve que: A necessidade de realização (do inglês nAch – Need of achivement) representa um interesse recorrente em fazer as coisas melhor, ultrapas- sando os padrões de excelência. [...] As pessoas que tem a necessidade de realização como mo- tivadora, primeiramente focalizam o crescimento pessoal, em fazer melhor e preferencialmente so- zinhas. Em seguida querem feedback concreto e imediato do seu desempenho, para que possam dizer como estão se saindo. Um aspecto impor- tante é que elas evitam tarefas que veem como muito fáceis ou muito difíceis. Querem superar obstáculos, mas precisam sentir que o fracasso ou sucesso dependeu de suas próprias ações. Isto significa dizer que gostam de desafios com dificuldade intermediária A necessidade de poder (do inglês nPow – Need of power) vem do desejo de ter impacto, de ser forte e influenciar as pessoas (McCLELLAND, 1997), em outras palavras, vem da necessidade de fazer os outros se comportarem de uma ma- neira que não fariam naturalmente. As pessoas que têm esta necessidade em alta, gostam de estar no comando. Buscam a influência sobre os outros, preferem estar em situações competitivas e de status e tendem a se preocupar mais com o prestígio e a influência do que propriamente com o desempenho eficaz. A necessidade de afiliação (em inglês nAff – Need of Affiliation) vem da necessidade de afeição, do UNIUBE 27 desejo de possuir relacionamentos interpessoais agradáveis e estar bem com todo mundo. São pessoas que buscam a amizade e a cooperação. Uma característica das pessoas que possuem esta necessidade é que são mais propensas a fa- zerem concessões a demandas particulares. Por meio de sua teoria, McClelland define pontos essenciais a serem observados como, por exemplo: o esforço da pessoa em buscar feedbacks objetivos, a escolha de modelos para seguir, a definição de metas com propostas desafiantes e mais controle da pessoa para com seus desejos. Até aqui, examinamos as teorias motivacionais de conteúdo. A par- tir de agora, vamos conhecer as teorias motivacionais de processo, centradas em recompensas, necessidades e incentivos explicando como funciona o mecanismo da motivação. Contudo, focaremos apenas a teoria da expectativa e a teoria da equidade. A teoria da expectativa ou expectância, proposta por Victor H. Vroom, examina os mecanismos motivacionais com base em três pilares: 1. Expectância: aquilo que um indivíduo acredita ser capaz de fazer, após empreender um esforço. 2. Instrumentalidade: se o trabalho executado representa cla- ramente a possibilidade de se atingir um objetivo esperado. 3. Valência: representa a ligação entre objetivo a ser atingido e o valor que este objetivo tem para o indivíduo, ou seja, se ele é relevante, importante ou não (LÉVY-LEBOYER, 1994 apud FERREIRA et. al., 2006, p. 4). 28 UNIUBE A Teoria da Expectativa é contingencial, não havendo uma razão universal que explique as motivações das pessoas. A teoria preco- niza que a avaliação de desempenho adequada norteará o funcio- nário a perceber as recompensas organizacionais (financeiras ou não). Exemplo: aumento de salário, promoção, bonificação, posi- ção de maior status. No entendimento de Bergue (2010, p. 33), “um servidor público tenderá a empreender maior esforço no desenvolvimento de uma atividade quanto maior for sua percepção de que seu desempe- nho nessa atividade poderá ser melhor avaliado”. Ainda, segundo o autor, os gestores públicos não podem se limitar a apenas com- preender os fenômenos comportamentais da organização, mas de- vem formular políticas integralizadas de gestão com pessoas que reúnam carreira (progresso e valorização pessoal e profissional), remuneração e ambiente organizacional. Por fim, a teoria está re- lacionada com a avaliação de desempenho, tópico presente mas ainda muito discutido na Gestão Pública. Ampliando o conhecimento O behaviorismo, apesar de não focar especificamente a motiva- ção humana para o trabalho,contribui com alguns elementos que proporcionam entendimento dos mecanismos que ativam o com- portamento humano, principalmente em relação a recompensas (MAXIMIANO, 2012). Para compreendê-lo, consulte a obra: BAUM, William M. Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolu- ção. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?id=8E- V1F9tCw1AC&printsec=frontcover&dq=behaviorismo&hl=p- UNIUBE 29 t-BR&sa=X&ved=0ahUKEwi_2Ymqq5XUAhWGUZAKHVyACYU- Q6AEIMjAD#v=onepage&q=behaviorismo&f=false>. Acesso em: 19 jun. 2017. Segundo Maximiano (2012, p.262), o ponto central da teoria da equidade (ou teoria do equilíbrio) é a crença de que as recompensas de- vem ser proporcionais ao esforço e iguais para to- dos. Se duas pessoas realizam o mesmo esforço, a recompensa de uma deve ser igual à da outra. Para Ferreira et. al. (2006), “em termos organizacionais, a Teoria da Eqüidade tem forte relação com a remuneração e a distribuição de vantagens ou reconhecimento entre seus funcionários”. Reflita Suponha que dois servidores públicos apresentem remu- nerações semelhantes, mas desempenhos opostos ou, ainda, outra situação mais preocupante: um determinado servidor público manifesta um desempenho alto, mas sua remu- neração é menor comparada a de outro servidor que acabou de ingressar na área pública. De que maneira esses dois cenários po- dem afetar o comportamento ou ainda a motivação das pessoas? Proposta por J. Stacy Adams na década de 60, a teoria da equida- de mostra que as pessoas tendem a realizar comparações entre si no que diz respeito a remunerações e desempenho. Logo, quando há uma desigualdade, a pessoa sente-se injustiçada. O desequilí- brio gera sentimentos de descontentamento e pode afetar o com- portamento e desempenho da pessoa. 30 UNIUBE A teoria da expectativa contribui consideravelmente para o entendi- mento do comportamento do profissional público em vista do ambiente público ter forte tendência de beneficiar relações singulares, resultante da cultura patrimonialista da gestão pública de nosso país. Ademais, as políticas de carreira e remuneração no âmbito público, de certa forma, são ainda frágeis para justificar remunerações diferenciadas. Porém, há de ressaltar que nem tudo está perdido nesse campo! Existem algumas possibilidades: por meio de programas de reco- nhecimento, benefícios (vale refeição, alimentação, concessão de bolsas) de responsabilidade social (composição de equipesde au- xílio social para atuar em segmentos carentes), de remuneração variável (revezamento de gratificação, inclusão de parcela variável à cesta de remuneração) ou por habilidades adquiridas (cursos de desenvolvimento e treinamento), flexibilização do horário de tra- balho (regime de escala), é possível proporcionar melhores condi- ções para a motivação das pessoas que laboram no setor público. Note, prezado(a) aluno(a), que as teorias apresentadas sobre a motivação não são excludentes. 1.3 Desenvolvimento organizacional O desenvolvimento organizacional emerge na década de 60 em decorrência da necessidade de muitas organizações fazerem fren- te às mudanças ambientais, cada vez mais heterogêneas. A partir das demandas que surgiam incessantemente, estudiosos como Richard Beckhard, Warren Bennis, Edgar Schein, entre outros, de- senvolveram teorias, técnicas, métodos com o propósito de ajudar as organizações a passarem pelos desafios emergentes do mundo contemporâneo e a encontrarem o equilíbrio. Assim, UNIUBE 31 o desenvolvimento organizacional faz parte do campo de estudo do comportamento organizacio- nal. É uma atividade com início e fim definido; um programa ou projeto desenvolvido nas organiza- ções. Consiste num processo de mudança orga- nizacional, de forma planejada, abrangendo toda a organização, e que tem como meta levá-la de um estágio de menor para outro de maior eficácia (GOMES, 1978, p. 25). Diante da definição, pode-se inferir que o conceito central do de- senvolvimento organizacional abrange termos fundamentais como: mudança planejada, adaptação e flexibilidade. A organização con- temporânea torna-se flexível o suficiente para conseguir adaptar-se às mudanças dos sistemas com os quais ela interdepende e se inter -relaciona. A flexibilidade passa a estar presente no plano estratégi- co das organizações que necessitam adaptar-se a cenários sempre em mutação, principalmente em ambientes econômicos instáveis. Com o objetivo de lhe situar no período do surgimento do desen- volvimento organizacional, conheça algumas transformações que estavam ocorrendo nessa época no Brasil e no mundo. Saiba mais (1959) Início de um novo tempo na computação comercial. A IBM revolucionou os sistemas administrativos das empresas brasileiras, através do lançamento do primeiro computador eletrônico IBM: um RAMAC 305. (1960) A capital do Brasil - Rio de Janeiro - é transferida para Brasília. (1961) Construção do Muro de Berlim; primeiro homem entra no 32 UNIUBE espaço – o russo Yuri Gagarin; Jânio Quadros renuncia a presidên- cia do Brasil e João Goulart assume o poder. (1962) Brasil vence a copa do mundo no Chile, e o primeiro disco dos Beatles é gravado. (1963) Tem-se a primeira transmissão em cores da TV brasileira com a TV Tupi; o presidente dos EUA J. F. Kennedy é assassinado. (1964) Início da ditadura militar no Brasil. (1965) A música brasileira começa a fazer sucesso com a MPB, movimento cultural tropicalista. (1967) É realizado o primeiro transplante de coração humano na África do Sul. (1968) Martin Luther King, ativista que lutava em prol dos direitos civis, é assassinado; realiza-se o primeiro transplante de coração humano no Brasil. (1969) É realizada a Missão Apollo 11, com Neil Alden Armstrong; tem início o Movimento Hippie – Woodstock. Esses e outros acontecimentos, como novas tecnologias em diver- sas áreas do conhecimento, movimentos estudantis, problemas de desemprego, Guerra do Vietnã, conflitos sociais e raciais, apare- ciam no contexto americano. O Desenvolvimento Organizacional surge como uma resposta da organização às mudanças, abrangendo o sistema global da orga- nização e a modificação planejada, com o propósito de aumentar a eficiência (fazer o que é certo) e eficácia (fazer o que é certo mais UNIUBE 33 corretamente). Nas palavras de Gomes (1978, p. 32), “a mudança mais significativa dos órgãos de ARH está no abandono de uma posição reativa para outra pró-ativa, prevendo, antecipando e in- tervindo na organização, de modo a subsidiá-la naquilo que lhe é inerente: a administração das pessoas”. Considerando as escolas de administração mais recentes, os pres- supostos básicos do Desenvolvimento Organizacional são: 1. Acreditar na importância dos recursos humanos como instrumento de desenvolvimento organiza- cional. 2. Fundamentar-se na crença da aplicabi- lidade das ciências do comportamento na empre- sa, no tratamento dos problemas que envolvam os recursos humanos. 3. A necessidade do órgão de RH de fazer frente às constantes mudanças que ocorrem interna e externamente ao sistema da empresa, e que têm relação com Revista de Administração de Empresas técnicas, atividades administrativas e políticas de recursos humanos. 4. A mentalização de que o papel que cabe ao planejamento e administração dos RH, na socie- dade atual, é de dar condições para que também os empregados satisfaçam suas necessidades, e não só a organização, obtendo o crescimen- to de uma personalidade madura. 5. O sistema de RH deve estar devidamente integrado. Como todo sistema ele é composto de partes interde- pendentes, e não estanques, não sendo possível se preocupar em desenvolver uma só delas, em detrimento das demais. 6. O órgão de recursos humanos é na empresa o intermediário entre as exigências da empresa e dos empregados, de- vendo buscar uma interação e pontos comuns entre elas. (GOMES, 1978, p. 32). As mudanças ocorridas na esfera pública são constantes, podemos destacar algumas como: as reformas (administrativas, tributárias, previdenciárias etc.), alterações na legislação, introdução de novas 34 UNIUBE tecnologias de gerenciamento, entre outros. Entretanto, na organi- zação pública, predomina ainda a resistência à mudança quando comparada a organizações privadas. Normalmente, órgãos públi- cos permanecem na denominada “zona de conforto”. À vista disso, Junqueira (1992) faz questão de nos alertar que, para iniciar um processo de mudança planejada no setor público, fa- z-se necessário conscientizar e conseguir o comprometimento da maioria dos trabalhadores. Por outro lado, alguns grupos podem sentir-se ameaçados, podendo, inclusive, impedir o processo de mudança. Em suma, as propostas de mudanças na esfera pública na contemporaneidade devem privilegiar a lógica da prestação de serviços, e não a lógica burocrática, em vista de que a organização pública existe para prestar serviços à sociedade. Ampliando o conhecimento Para conhecer mais sobre a abordagem sistêmica da mudança or- ganizacional na administração pública, convido-o(a) a fazer a leitu- ra do artigo a seguir: SEABRA, Sérgio Nogueira. A nova administração pública e mudan- ças organizacionais. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, 35 (4), p. 19-43, jul./ago., 2001. Disponível em: <http:// bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6394/4979>. Acesso em: 19 jun. 2017. Há cenários organizacionais, por exemplo, que exigem esforços de desenvolvimento organizacional. Mas quais são os principais UNIUBE 35 cenários encontrados em uma organização, de forma geral, que justificam a aplicação do desenvolvimento organizacional? Vamos conhecer algumas situações elencadas por Chiavenato (1993, p. 624-625): • Necessidade de modificar uma estratégia administrativa (sistema de remuneração, pa- drões de comunicação, entre outros). • Necessidade de tornar a organização um cli- ma mais consistente com as necessidades individuais e com as necessidades constante- mente mutáveis do ambiente. • Necessidade de mudar normas “culturas”, ou seja, a cultura organizacional. • Necessidade de mudar estruturas e posições na organização. • Necessidade de otimizar a colaboração intergrupal. • Necessidade de planejamento e estabeleci- mento de metas, principalmente quando há envolvimento de várias pessoas. • Necessidade de mudança na motivação da equipe de trabalho, visando mudar amaneira pela qual o trabalho está organizado e pela qual as funções estão definidas. • Necessidade de adaptação a um novo ambiente. 36 UNIUBE Você notou a dimensão do processo de DO? Considerando tais situações, você deve estar se perguntando: a quem compete a res- ponsabilidade no processo de desenvolvimento organizacional? Conforme Lobo (1975, p. 22), “a implantação e manutenção do processo de DO é responsabilidade conjunta do pessoal de cúpula da empresa e de um agente de mudança”. Desse modo, no enten- dimento de Penengo (1997), cabe ao gestor: atuar como facilitador ou sensibilizador do pro- cesso de mudança por meio da promoção de uma cultura de vínculo institucional, do desenvolvimen- to de valores de compromisso e colaboração e do incentivo à capacidade criativa e inovadora dos empregados, ou seja, refutar os paradigmas tra- dicionais do processo de mudança (PENENGO, 1997 apud BATISTA, el. al. 2013,p. 7). Atenção, prezado(a) estudante! O desenvolvimento organizacional constitui um processo que envolve coleta de dados, diagnóstico organizacional e ação de intervenção com o propósito de facilitar o crescimento e desenvolvimento das organizações inseridas num mundo mais dinâmico e complexo. Reflita Considerando que a organização está em constante intera- ção com o ambiente, quais as tendências para a administra- ção pública e como o gestor público pode se antecipar a elas. Precisa ficar claro para você que o DO não está restrito a solu- cionar problemas pontuais ou corriqueiros da organização, seja ela pública, seja ela privada, mas fomentar novas aprendizagens UNIUBE 37 organizacionais, encontrando novas maneiras de responder e lidar com problemas. Ademais, engloba não deixar que a organização estacione em suas atividades, fazendo com que seja proativa e antecipe-se a eventos futuros. Enfim, seu fundamento está em en- contrar caminhos sólidos para tratar com assuntos organizacionais. 1.4 Gestão por competências Contar com pessoas capacitadas para o desempenho de uma de- terminada função advém de longo tempo. Sob a perspectiva taylo- rista de seleção e treinamento, as organizações buscavam aperfei- çoar em seus funcionários habilidades essenciais para o exercício de determinadas atividades, porém essas limitavam-se a questões técnicas ligadas ao trabalho e à especificação do cargo. Nesse âm- bito, entendia-se por competência, segundo Pires et. al. (2005, p. 4), “um conjunto de conhecimentos e habilidades que credencia- vam um profissional a exercer determinada função”. Mas o que mudou? Pires et. al. (2005, p. 13) nos explicar que: Em decorrência das pressões sociais e do au- mento da complexidade das relações de trabalho, as organizações passaram a considerar, no pro- cesso de desenvolvimento de seus empregados, não só conhecimentos e habilidades, mas tam- bém aspectos sociais e atitudinais. À vista disso, em tempos hodiernos, o modelo Gestão por Competências entende que a competência do funcionário vai além do conjunto de conhecimentos (o saber) e habilidades (saber fa- zer). Considera também as atitudes (saber ser) do profissional. Observe as três dimensões da competência na figura 1.3 a seguir: 38 UNIUBE Figura 1.3 - Três dimensões da competência Fonte: CHA… (2012, online). No cenário contemporâneo, as competências humanas almeja- das pela organização em um processo seletivo devem estar em consonância com as competências organizacionais e objetivos estratégicos. Ampliando o conhecimento Prahalad e Hamel (1990) e Fleury (2001) dedicaram-se a fazer uma releitura do conceito de competência diante das demandas emergentes da contemporaneidade. Convido-o(a) a fazer a leitura dos artigos a seguir: - PRAHALAD, C. K. e HAMEL, Gary. The Core Competence of the Corporation, Harvard Business Review, may-june, 1990. Disponível em: <https://www.profrandes.com.br/userfi les/37e- 2f78e93b640608ec17b8de1b6d4b5.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2017. UNIUBE 39 - FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o conceito de competência. Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 5, n. spe, p. 183-196, 2001. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552001000500010>. Acesso em: 19 jun. 2017. Na perspectiva de Boas e Andrade (2009, p. 198), “a gestão de pessoas por competência leva em consideração tanto as compe- tências individuais quanto as competências organizacionais”. Por meio de modelos de gestão por competências, pode-se diagnos- ticar problemas, otimizar processos, reavaliar competências ne- cessárias para o alcance dos objetivos organizacionais. Mas qual modelo utilizar? Estimado(a) estudante, basta fazer uma busca na literatura acadê- mica especializada em gestão por competência ou ainda em sites corporativos de organizações que você encontrará inúmeros mo- delos. Todavia, cabe lembrar que a adoção de um modelo deve estar em conformidade com o negócio, a missão, a visão de futuro e os valores da organização. Saiba mais Gestão de Pessoas no Século XXI A globalização e a aceleração tecnológica estão tornando o mer- cado cada vez mais competitivo. As organizações estão evoluindo impulsionadas pelas constantes mudanças externas. 40 UNIUBE Para permanecerem competitivas e eficazes, em longo prazo, as empresas precisam gerir mudanças em seus produtos, serviços, estratégias, tecnologias e, sobretudo, possuir uma equipe de cola- boradores bem treinados e capacitados para o novo contexto global. “As empresas de sucesso no século XXI serão aquelas que conse- guirem captar, armazenar e alavancar melhor o que seus emprega- dos sabem.” Lewis Platt - CEO da HPa. “As pessoas constituem o principal ativo da organização. Daí a ne- cessidade de tornar as organizações mais conscientes e atentas para seus funcionários. A Gestão de Pessoas é função que permite a colaboração eficaz das pessoas para alcançar os objetivos orga- nizacionais.” (Chiavenato, 2005) Sendo assim, o desempenho de uma organização e sua excelên- cia operacional dependerão principalmente das competências de seus colaboradores. As competências essenciais de uma organi- zação são a expressão das competências que os seus membros possuem. Investir no desenvolvimento dos seus colaboradores sig- nifica investir no desenvolvimento da organização. O sucesso de uma empresa depende das pessoas que compõem a equipe de trabalho. A gestão de competências torna-se um grande diferencial competitivo porque busca desenvolver cada colabora- dor em três áreas fundamentais: conhecimento (saber), habilidade (fazer) e atitude (ser). O mapeamento individual de competências revela os gaps de com- petências de cada componente da equipe de trabalho e aponta quais são as necessidades específicas de treinamento. O gap de compe- tências é a lacuna que existe entre o perfil ideal de competências do cargo ou função e as competências do colaborador, ou seja, o que o UNIUBE 41 colaborador precisa adquirir ou desenvolver de conhecimento, habi- lidade e atitude para o seu melhor desempenho profissional. A empresa precisa possuir um desenho de todas as suas funções ou cargos especificando as competências necessárias. Este ca- dastro auxiliará o gestor no momento de recrutamento, seleção e contratação de novos colaboradores. É fundamental também pos- suir o perfil individual de cada colaborador da empresa, pois será utilizado no momento de traçar os treinamentos anuais, composi- ção de equipes de trabalho, liderança de projetos, promoções de pessoas, etc. A gestão eficaz de pessoas visa desenvolver com excelência as se- guintes etapas: selecionar e contratar, aplicar segundo as compe- tências individuais, recompensar, desenvolver, manter e monitorar. É necessário ressaltar que a qualidade de vida no trabalho aumen- ta a produtividade do colaborador e auxilia a retenção de talentos. Um bom gestor de pessoas estará atento ao clima organizacional e periodicamente fará pesquisase reuniões de avaliação do nível de satisfação dos colaboradores. Ao identificar insatisfações, deverá agir imediatamente com medidas que garantam a saúde emocional da equipe de trabalho. A recompensa do colaborador não deve se limitar apenas ao salá- rio, mas também a sua valorização e realização pessoal completa. As empresas que investirem o melhor em seus colaboradores, re- ceberão como resultado o melhor de suas competências. Fonte: NOVAES, Danyelle da Silva. Gestão de Pessoas no Século XXI. Portal Educação. 30 nov. 2011. Disponível em: <http://www. portaleducacao.com.br/administracao/artigos/10243/gestao-de-pes- soas-no-seculo-xxi#!2#ixzz3YkyJmYIy>. Acesso em: 19 jun. 2017. 42 UNIUBE Saiba mais Conforme Silva e Mello (2013, p. 114), “a gestão por competências tornou-se referencial para a gestão de pessoas do setor público federal desde a publicação do Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, que estabeleceu a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal (PNDP)”. À vista disso, o setor público tem adotado a gestão por competên- cia como alternativa de gestão flexível, empreendedora, buscando otimizar a qualidade e a eficiência dos serviços públicos. O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e a Agência Nacional de Energia Elétrica são exemplos de organizações que aplicaram alguns pressupostos da gestão por competência (BRANDÃO; BABRY, 2005). Todavia, na perspectiva de Amaral (2008), a abordagem ainda é embrionária e tem gerado dúvidas quanto a sua aplicabilidade na esfera pública brasileira. Na mesma linha, Guimarães (2000, p. 139) apresenta alguns quesitos que podem justificar tal dificuldade: a gestão baseada nas competências implica o atendimento de algumas condicionantes, isto é, a existência de uma estratégia corporativa, de um ambiente organizacional inovador e criativo e de políticas e diretrizes de gestão coerentes e con- sistentes entre si. O atendimento dessas condi- ções não é tarefa fácil em organizações públicas. Brandão e Babry (2005) não deixam também de alertar que alguns processos atribuídos à gestão por competências na esfera públi- ca necessitam de estudos mais sólidos. Para tanto, levantaram alguns questionamentos interessantes que merecem uma pausa para reflexão: UNIUBE 43 Pode o setor público instituir formas de remune- ração variável baseadas na expressão de com- petências profissionais? Como realizar concursos públicos com base nas competências mapeadas? Quais as implicações da gestão por competên- cias no provimento de cargos de confiança? Em que medida a expressão de competências profis- sionais, por parte dos servidores públicos, expli- ca o desempenho organizacional? (BRANDÃO; BABRY, 2005, p. 190). Prezado(a) estudante, conseguiu encontrar respostas para algu- ma dessas indagações? Esperamos ter despertado em você pelo menos algum insight. Essas e muitas outras indagações na área pública ainda não apresentam respostas absolutas. Ampliando o conhecimento Leitura interessante para adquirir conhecimento sobre como iniciar uma avaliação de competências. MARQUES, Fernanda. Guia de mapeamento e avaliação de competências para a administração pública. Poder executi- vo. Brasília: Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Secretaria de Gestão Pública, 2013. Disponível em: <http://www. gespublica.gov.br/sites/default/files/documentos/guia_de_referen- cia_pratico-mapeamento-14-08-13.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2017. 44 UNIUBE Dicas Como podemos iniciar um mapeamento de competências? 1. Investigue as percepções de competências organizacionais. Como? Extraindo da cultura e da estratégia organizacional todas as informações capazes de definir atributos de competência váli- dos para todos na organização. 2. Investigue as percepções de competências para os cargos a serem mapeados: Como? Levantando as informações específicas acerca dos cargos que permitirão elencar os atributos de competência necessários a cada um deles. 3. Retire das percepções os atributos de competência impres- cindíveis para a eficácia do colaborador no cargo. Como? Elaborando para cada cargo uma lista dos atributos (co- nhecimentos, habilidades e atitudes) necessários ao melhor de- sempenho do profissional no cargo. 4. Agrupe os atributos similares. Como? Analisando o conjunto dos atributos, buscando similarida- des que facilitem a criação das competências. 5. Defina e forme as competências para cada cargo. Como? Definindo as competências específicas por meio dos gru- pos de atributos. Fonte: Ruzzarin (2002 apud AMARAL et. al. 2008, p. 9). UNIUBE 45 Considerações finais Chegamos ao final do capítulo I, esperamos que você tenha com- preendido as fases da gestão de pessoas. Vimos que o homem dei- xou de ser visto como um anexo de uma máquina, em que seu papel era restrito, sendo antes apenas completar no processo produtivo e passando a ser considerado o capital humano da organização. O entendimento dessa evolução permite que você perceba que, diante do paradigma vigente, espera-se também um novo perfil do profissional público. A busca por inovações, visão holística, éti- ca, sabedoria, liderança, bom senso e domínio de diversas áre- as de conhecimento são algumas das características almejadas. Pessoas qualificadas fazem a diferença e, na esfera pública, faz-se necessário o reconhecimento das competências. Vimos também que as teorias motivacionais não são excludentes, e que o gestor pode fazer uso delas conforme as demandas de sua equipe. Com os conteúdos reunidos no capítulo I fica mais fácil compreender por que os gestores públicos precisam se adaptar ao novo cenário. Desse modo, queremos convidar você a se aprofun- dar nos temas propostos dentro do contexto público. Quanto à abordagem do tema Gestão por Competências, a inten- ção foi apresentar apenas os aspectos mais relevantes e também despertar sua curiosidade para pesquisar modelos de gestão por competências que se alinham à organização. Dessa forma, podemos concluir este capítulo enfatizando que o investimento em pessoas de forma estratégica pode trazer resulta- dos positivos para a organização. Esperamos que tenha aproveitado este material dedicando-se às leituras sugeridas ao longo do capítulo. 46 UNIUBE UNIUBE 47 Andreia M. Zuliani Santos Introdução Agentes públicosCapítulo 2 Caro(a) aluno(a), esperamos que você tenha se familiarizado com a gestão de pessoas na administração pública, tema fundamental para garantir a efi ciência pública. Independentemente de sua formação e profi ssão, esse conhecimento será colocado em prática em algum momento de sua vida. Sabemos que a administração pública compreende um conjunto de órgãos que relacionam-se entre si com o propósito de cumprir os propósitos do Estado. À vista disso, neste segundo capítulo, trataremos do agente público apresentando alguns conceitos e suas classifi cações, base fundamental para compreender o aparato público. Além disso, recomendo que você busque conhecer detalhadamente a estrutura da administração pública, conhecimento que o auxiliará nos conteúdos trabalhados no capítulo. Portanto, recomendo que se esforce, dê o seu melhor e não fi que restrito apenas ao que foi apresentado no capítulo. Separe também um tempo para consultar as leis que tratam dos agentes públicos. Vamos lá? 48 UNIUBE • Entender cargo, função pública, emprego público. • Conhecer os agentes públicos. • Compreender as classificações dos agentes públicos. • Conceitos introdutórios: cargo, função e emprego no contexto público • Agentes públicos e suas classificações Objetivos Esquema Conceitos introdutórios2.1 Retomando o capítulo I, o modelo da administração pública brasi- leira contemporânea é o gerencial apesar de ainda utilizar-se da burocracia e apresentar traços/práticas sutis do modelo patrimonia- lista. O que precisa ficar claro prezado estudante é que enquanto o modelo de administraçãopública burocrática propriamente dito orienta-se para os processos, o modelo de administração gerencial orienta-se para os resultados. Veja a explanação a seguir: Para que se proceda ao controle dos resultados, descentralizadamente, em uma administração pú- blica, é preciso que políticos e funcionários públi- cos mereçam pelo menos certo grau de confiança. Confiança limitada, permanentemente controlada por resultados, mas ainda assim suficiente para permitir a delegação, para que o gestor público possa ter liberdade de escolher os meios apro- priados ao cumprimento das metas prefixadas. Na administração burocrática essa confiança não existe. [...] Sem algum grau de confiança, contudo, é impossível obter cooperação e, embora a admi- nistração seja um modo de controle, é também UNIUBE 49 um modo de cooperação (BRESSER-PEREIRA; SPINK, 2005, p.30). O propósito de qualquer órgão público é proporcionar serviços pú- blicos eficientes (com qualidade, menor custo e menor tempo) para a sociedade. À vista disso, a prestação do serviço público depende de pessoas qualificadas. Por isso, uma gestão de pessoas adequa- da às demandas e a valorização do ser humano contribuirão para a qualidade dos serviços públicos. A gestão de pessoas é contingencial e situacio- nal, pois depende de vários aspectos, como a cultura que existe na organização, da estrutura organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos, do estilo de gestão utilizado e de outras variáveis importantes (CHIAVENATO, 2008, p. 8). Importante! A Gestão Estratégica de Pessoas na esfera pública deve contribuir para a eficiência e eficácia organizacional. Prezado(a) estudante, estamos vivendo um momento de transição. Um momento que requer um Estado capaz de interagir com o pú- blico de modo transparente superando modelos burocráticos pri- mitivos. Essa nova postura do Estado na Era da Informação e do Conhecimento não será possível e nem viável sem a contribuição dos agentes públicos. 50 UNIUBE Figura 2.1 - Agentes públicos e suas contribuições Fonte: MACROVECTOR [2017]. De acordo com Santos (2006, p. 43), “cada agente público é desig- nado para uma parte específica do trabalho global de uma organi- zação pública”. Desse modo, antes de tratarmos dos agentes pú- blicos e suas categorias, outros elementos precisam ser elucidados como: cargo, função pública e emprego público. Sob a perspectiva de Santos (2006, p. 101), cargo público “é a unidade de competência indivisível, previsto em número certo, com denominação própria, colocado à disposição por pessoas jurídicas de direito público”. Os cargos públicos podem ser categorizados da seguinte maneira: comissão, efetivo e vitalício. Complementa Souza (2010, p.33) que a nomeação para cargo efetivo pressu- põe a aprovação em concurso público de provas ou de provas de UNIUBE 51 títulos, mas a aprovação em concurso não enseja o direito adquiri- do à nomeação. Segundo Bittencourt (2005, p. 71), a função pública compreen- de “o conjunto de atribuições as quais não correspondem nem a cargo nem a emprego, ou seja, trata-se de um conceito residual”. Corresponde a um conjunto de concessões dadas aos agentes públicos que engloba a função temporária e de confiança. Cardoso e Pedro (2011, online) mencionam que emprego público, passou a ser utilizado também para designar uma unidade de atribuições, dis- tinguindo-se pelo tipo de vínculo contratual, sob regência da CLT, enquanto o ocupante de cargo público tem vínculo estatutário, está contido na lei que instituiu o regime jurídico único. Parada obrigatória Qual a diferença entre cargo em comissão e função de confiança? Ambos os cargos são criados por lei e se destinam apenas às atri- buições de direção, chefia e assessoramento na administração pública federal e são respectivamente preenchidos ou exercidos mediante livre nomeação pela autoridade competente, na contra- partida das respectivas livres exoneração e dispensa, a qualquer tempo (ad nutum), seja a pedido, seja de ofício, pela mesma auto- ridade que nomeou. A diferença reside no fato de que as funções de confiança são exer- cidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, 52 UNIUBE enquanto os cargos em comissão podem ser preenchidos por ser- vidores que já detenham cargos efetivos de carreira, de acordo com percentuais estabelecidos na sua lei de criação. Isso signifi- ca que, devendo ser ocupados por um percentual mínimo legal de servidores de carreira, pode-se ter então as vagas restantes dos cargos em comissão ocupadas por pessoas sem vínculo definitivo com a administração. Fonte: ASCOM. Agentes Públicos e Agentes Políticos. Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União. 2 maio 2014. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/sobre/perguntas-frequen- tes/atividade-disciplinar/agentes-publicos-e-agentes-politicos>. Acesso em: 20 jun. 2017. 2.2 Agentes públicos e classificações Você sabe o que é um agente público e como são classificados? Os agentes públicos são aqueles que desempenham uma função pública, independentemente do modo de investidura no cargo ou vinculação, logo: quem quer que desempenhe funções estatais, en- quanto as exercita, é um agente público. Por isto, a noção abarca tanto o Chefe do Poder Executivo (em quaisquer das esferas) como os senadores, deputados e vereadores, os ocupantes de cargos ou empregos públicos da Administração direta dos três Poderes, os servidores das autarquias, das fundações governamentais, das empresas públi- cas e sociedades de economia mista nas distintas órbitas de governo, os concessionários e permis- sionários de serviços públicos, os delegados de função ou ofício públicos, os requisitados, os con- tratados sob locação civil de serviços e os gesto- res de negócios públicos (MELLO, 2014, p. 249). UNIUBE 53 Figura 2.2 - Serviço público com qualidade Fonte: GAJUS [2017]. Agente público é pessoa física que presta um serviço para a ad- ministração pública direta ou indireta. Essas duas categorias de Instituições possuem algumas distinções, vejamos: A administração direta inclui os serviços de- sempenhados pela estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios (no caso da administração federal). A administração indireta ou descentralizada inclui as autarquias, empresas públicas, que desempenham ativida- des que lhes foram atribuídas (ou descentraliza- das) (COSTIN, 2011, p. 29). Nas palavras de Paludo (2010, p.31): 54 UNIUBE As entidades de administração indireta exercem de forma descentralizada as atividades adminis- trativas ou exploram a atividade econômica e en- contram-se vinculadas aos órgãos da administra- ção direta (Ministério correspondente). Em regra, quando prestam serviços públicos de interesse público, são denominadas autarquias ou funda- ções; quando exploram a atividade econômica, referem-se às empresas públicas e sociedades de economia mista (PALUDO, 2010, p. 31). Ampliando o conhecimento Conheça as entidades da administração pública indireta acessan- do o site: <http://resumojuridicoaqui.blogspot.com.br/2016/05/direito-admi- nistrativo-administracao.html>. Acesso em: 20 jun. 2017. O agente público pode ter um vínculo que pode ser estatutário (por meio de um estatuto, ou seja, uma lei que rege determinada ca- tegoria) ou vínculo empregatício por meio da CLT, mesmo regime para quem deseja contratar para laborar no comércio. Essas pes- soas prestam um serviço para a União, para um Estado, para o Distrito Federal ou para um determinado Município. Até aqui você estudou os conceitos iniciais que oferecem suporte para o entendimento da figura do agente público. Agora é chegado o momento de conhecer as particularidades de cada agente públi- co. Vamos lá? UNIUBE 55 2.2.1 Agentes Políticos É uma espécie de agente público. Entende-se por agentes políticosaquelas pessoas que têm uma função pública vinda de eleição. Num entendimento mais elaborado: Exercem típicas atividades de governo e exercem mandato, para o qual são eleitos, apenas os Chefes dos Poderes Executivos federal, estadual e muni- cipal, os Ministros e Secretários de Estado, além de Senadores, Deputados e Vereadores. A forma de investidura é a eleição, salvo para Ministros e Secretários, que são de livre escolha do Chefe do Executivo e providos em cargos públicos, median- te nomeação (DI PIETRO, 2010, p. 513). Figura 2.3 - Agentes Políticos são decididos por eleição. Fonte: MEDINA [2017]. 56 UNIUBE Compreendem agentes políticos, considerando o poder executivo, os chefes dos executivos (contemplando as três esferas da admi- nistração pública) e seus respectivos vices, ministros de Estados, secretários municipais e estaduais; membros do poder legislativo (senadores, deputados federais e estaduais e vereadores; no po- der judiciário, os magistrados, integrantes do Ministério Público e os Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas (FARIA, 2007). Estes últimos foram incluídos por uma decisão do STF. Ressalta Meirelles (2003, p. 76) que “existem normas específicas para a escolha, investidura, conduta e processo por crimes funcio- nais e de responsabilidade, que são privativos dos agentes polí- ticos”. De outro modo, há algumas condições para a escolha dos agentes políticos. Essas foram desdobradas pela denominada Lei da “Ficha Limpa”. Saiba mais Entenda a lei da ficha limpa, acessando os links a seguir: Disponível em: <http://www.politize.com.br/lei-da-ficha-limpa-en- tenda/>. Acesso em: 20 jun. 2017. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/institucional/escola-judiciaria -eleitoral/revistas-da-eje/artigos/revista-eletronica-eje-n.-3-ano-4/a- -importancia-dos-direitos-politicos>. Acesso em: 20 jun. 2017. UNIUBE 57 2.2.2 Servidores Públicos Os servidores públicos também são espécies de agentes públicos - pessoas físicas que prestam serviço para a administração direta ou indireta, possuindo um vínculo empregatício ou estatutário, em que sua remuneração é paga pelos cofres públicos. Muitos pensam que agente público é a mesma coisa que servidor público, a esse respeito Mello (2014, p. 248) esclarece que “os servidores públicos são uma espécie dentro do gênero ‘agentes públicos’”. Vamos conhecer alguns exemplos de servidores públicos? • Funcionário público: sujeito ao regime estatu- tário ocupando cargo público. • Servidores estatutários ocupam cargos públi- cos e cujo vínculo laboral com o ente estatal é regulado por estatuto próprio – o estatuto dos servidores públicos, instituído na forma prevista no artigo 37, inciso II, da Constituição Federal. • Empregado público: sujeito ao regime celetis- ta (CLT – Consolidação das Leis do Trabalho), admitido por meio de concurso, ocupando em- prego público, cujo provimento se efetiva tam- bém nos termos do artigo 37 da Constituição Federal. Todavia, com exceção daqueles per- tencentes ao quadro de funcionários cinco anos antes da proclamação da Constituição Federal de 1988, os quais eram nomeados. (BERGUE, 2010, p. 16) 58 UNIUBE Reflita Os servidores do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal são empregados públicos ou funcionários públicos? E, por fim, o servidor temporário: pessoa que desempenha função de caráter particular, por tempo determinado (contrato), sem vín- culo com cargos ou emprego público, sob regime administrativo especial (Lei 8.745/1993). Passamos na sequência para os particulares em colaboração. Mas colaboração com quem? Vamos compreender melhor? 2.2.3 Agentes Particulares em Colaboração Os agentes particulares em colaboração compreendem pessoas físicas que prestam serviço ao Estado, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração. Tal vínculo pode ocorrer de três modos segundo Di Pietro (2010): • Delegação do Poder Público: empregados de organizações concessionárias ou permissionárias dos serviços públicos, serviços notariais e de registro, leiloeiros, tradutores, intérpre- tes públicos, sob a fiscalização do Poder Público e remunera- dos por particulares. • Requisição, Nomeação ou Designação: para o exercício de funções públicas relevantes, como jurado, prestação de ser- viço militar ou eleitoral, etc.; não cabe remuneração. UNIUBE 59 Exemplificando: quando você for convocado para atuar como mesá- rio para eleição, estará atuando como um agente particular em cola- boração. Você terá no máximo uma ajuda de custo para alimentação. • Gestores de Negócios: encarregam-se de determinada fun- ção pública em momento de emergência como, por exemplo, em epidemias, enchentes e assim por diante. Perceba, estimado(a) estudante, que os diferentes vínculos dos agentes públicos para com a Administração Pública geram rela- ções de inúmeras naturezas, que, por conseguinte, proporcionam inúmeras perspectivas de análise das organizações públicas. Sintetizando O termo agente público abrange inúmeros segmentos do servi- ço público. Está ligado ao Estado por alguma espécie de vínculo transitório ou sem remuneração, podendo ocupar cargo, função, emprego ou mandato. Desse modo, pode-se dizer que o agente público compreende toda pessoa física que realiza a prestação de serviços ao Estado, o que nos leva a compreender que seu exercí- cio representa a vontade estatal em todas suas esferas. Considerações finais Ao concluir a organização deste capítulo, não podemos deixar de inferir que a administração pública apresenta desafios constantes para alcançar cada vez mais a eficiência. Inovar para adequar-se às demandas do mundo contemporâneo e valorizar profissionais são apenas alguns desses desafios. 60 UNIUBE Compreendemos, ao longo deste capítulo, quem são os agentes públicos e suas classificações, conhecimento fundamental para a sua formação em administração pública. Vimos também que a ad- ministração pública direta é o Estado desempenhando a gestão pú- blica por si, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios. E a administração indireta ocorre quando o Estado cria as funda- ções, autarquias, sociedade de economia mista, empresa pública e consórcios públicos. Você também estudou a distinção de cargo, função pública e em- prego público, bem como as diferenças das espécies de agentes públicos. Esperamos que você tenha adquirido uma visão mais clara e articulada sobre os diferentes modos de investidura e as inúmeras relações que o serviço público abrange. Tratar dos agentes públicos envolve aprofundamentos que, com certeza, podem resultar em mais campos a serem explorados. À vista disso, encerramos o capítulo com a esperança de que você vá mais além e pesquise sobre os direitos e deveres dos agentes públicos. Explore o máximo possível este capítulo preparado espe- cialmente para você! UNIUBE 61 David Marlon da Silva Introdução Regimes jurídicos funcionais Capítulo 3 Prezado(a) aluno(a), nesta disciplina, você já pôde ver que o termo agentes públicos refere-se, de forma ampla e genérica, às pessoas físicas (ou naturais) que prestam serviços à Administração Pública ou realizam atividades de sua responsabilidade. Com base na legislação brasileira, em especial a Constituição Federal de 1998, que é a Carta Magna, verifi camos a existência de 03 (três) espécies de agentes públicos, sendo eles: os agentes políticos, servidores públicos (que também são denominados como agentes administrativos) e os particulares em colaboração (que exercem função sem serem titulares de cargos ou empregos públicos). Em que pese a necessidade de sabermos a distinção e as peculiaridades de cada tipo de agente público, neste capítulo, iremos tratar especifi camente dos servidores públicos, em razão dos diferentes tipos de regimes jurídicos funcionais aos quais podem ser submetidos por força do cargo ou emprego que ocupam em uma repartição de entes federativos, em suas autarquias ou fundações públicas (AdministraçãoPública Direta e Indireta). Note-se que o regime jurídico é o conjunto de normas (direitos e obrigações) aplicáveis a cada agente administrativo, responsável por regular o vínculo existente entre esse e a Administração Pública. 62 UNIUBE Atualmente, no Brasil, encontramos os seguintes regimes jurídicos em vigor: • estatutário; • trabalhista ou celetista; • especial; • único. Os agentes administrativos ocupantes de cargos públicos, os quais foram aprovados em concurso público, estão submetidos ao regime estatutário, que é uma lei específica editada pelo próprio ente federativo para reger a relação que se estabelece com o servidor (direitos e obrigações, remuneração, responsabilidades, benefícios etc.). No caso da União, o servidor público federal é regido pela Lei 8.112/90. E os demais entes da federação, Estados, Distrito Federal e Municípios possuem lei específica, editada por eles próprios, isto é, cada Estado e cada município possui seu próprio estatuto. Todavia, há agentes administrativos que, apesar de também aprovados em concurso público, são contratados como empregados públicos. Nesse caso, estão obrigados à legislação trabalhista, em especial, à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). É o que ocorre, por exemplo, no caso dos agentes que trabalham nos Correios, que é uma empresa pública. Visando a uma excepcional necessidade pública temporária, com hipóteses previstas em lei, a Constituição Federal também previu a existência de funções temporárias. Os agentes que são contratados nessa condição estarão obrigados à uma lei específica, criada tão somente para atender a excepcionalidade temporária. A esse regime se dá o nome de regime especial. UNIUBE 63 E, por fim, é também muito importante saber que a Constituição Federal vedou a possibilidade de a Administração Pública, em uma mesma repartição, aplicar regimes jurídicos diferentes ou mistos. Isso significa que, toda vez que se tratar de cargos públicos, os agentes administrativos estarão automática e obrigatoriamente vinculados ao regime jurídico estatutário, e os empregados públicos, ao regime celetista e assim por diante. Se você pretende prestar concurso público e se estabelecer com um agente administrativo da Administração Pública, seja ela direta ou indireta, então deve-se atentar a cada um dos regimes, pois terá efeito direto em sua carreira. Conhecer e saber identificar cada um dos regimes e seus efeitos e implicações na vida do agente público é crucial, inclusive para que possa obter aprovação no concurso, seja ele federal, estadual ou municipal. Além disso, você deve se atentar aos princípios constitucionais e da administração pública, pois são responsáveis por reger a atividade do agente público. Direitos, obrigações, deveres e responsabilidade estão muito claros na Constituição Federal e nas leis infraconstitucionais que regulam as matérias. Assim, não demore e comece já a estudar! Mãos à obra. E não se limite a este material. Vasculhe as referências bibliográficas aqui indicadas para que você possa se aprofundar mais e mais. 64 UNIUBE Após os estudos realizados a partir deste capítulo que aborda os regimes jurídicos funcionais, é esperado que você esteja apto a: • Compreender os tipos de regimes jurídicos a que são submetidos os agentes administrativos. • Conhecer os efeitos e consequências de cada regime jurídico. • Identificar o regime jurídico aplicável em razão do cargo, função ou emprego público. • Compreender os efeitos do regime jurídico na vida do agente público. Neste capítulo, vamos ver: • Regime estatutário • Regime trabalhista ou celetista • Regime especial • Regime único Objetivos Esquema Regime estatutário3.1 É no regime jurídico que residem os direitos e os deveres de seus destinatários, que, no caso em questão, são os servidores públicos ocupantes de cargos públicos e o Poder Público. Segundo nos ensina Carvalho Filho (2010, p. 647), “regime jurídi- co, como se sabe, é o conjunto de regras de direito que regulam determinada relação jurídica [...]”. UNIUBE 65 No artigo 39 da Constituição Federal de 1988, vemos que o legis- lador estabeleceu que “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídi- co único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas”. Na definição de Carvalho Filho (2010, p. 647), ao tratar do assunto, “Regime estatutário é o conjunto de regras que regulam a relação jurídica funcional entre o servidor público estatutário e o Estado. Esse conjunto normativo [...] se encontra no estatuto funcional da pessoa federativa”. Como vimos anteriormente, o servidor público é uma espécie do gênero agentes públicos e também pode ser denominado como agente administrativo, que se refere àqueles que possuem uma relação com a Administração Pública direta ou indireta de natureza profissional e com habitualidade, mediante aprovação em concurso público (de provas ou de provas e títulos, conforme art. 37, inciso II, da Constituição Federal), cuja relação de trabalho é disciplinada por diplomas legais específicos, denominados estatutos. Importante! O servidor público ocupante de cargo público é submetido ao regi- me jurídico estatutário único. Contudo, não existe um só estatuto que abranja todos os servidores federais, estaduais e municipais. No nível federal, ou seja, com relação aos servidores vinculados à Administração Pública da União, o estatuto do servidor público civil foi instituído pela Lei 8.112/90. Portanto, todo servidor público da União se submete a essa lei. 66 UNIUBE Enquanto isso, os servidores públicos dos Estados, Distrito Federal e Municípios se submetem ao estatuto criado por cada um desses entes federativos. Isso significa que cada um deles terá sua própria lei que institui o estatuto de seus servidores. Há duas características marcantes do regime jurídico funcional es- tatutário, que são a pluralidade normativa e a ausência de vínculo contratual entre as partes. A pluralidade normativa se refere à inexistência de um único estatu- to funcional. Isso porque cada Município e Estado poderá criar seu próprio estatuto. Aliás, sobre essa característica, o autor Carvalho Filho (2010, p. 648) complementa: Cada pessoa da federação [...] precisa ter a sua lei estatutária para que possa identificar a discipli- na da relação jurídica funcional entre as partes. Há, pois, estatutos funcionais federal, estaduais, distrital e municipais, cada um deles autônomo em relação aos demais, porquanto a autonomia dessas pessoas federativas implica, necessaria- mente, o poder de organizar seus serviços e seus servidores. A segunda característica do regime estatutário é inexistência de vínculo contratual entre as partes envolvidas, isto é, não há relação contratual entre o servidor público estatutário e o Poder Público. Em razão da ausência da natureza contratual no regime estatutário, a doutrina pátria define o vínculo entre o servidor público estatutário e a pessoa federativa como um vínculo jurídico-administrativo. Com isso, os novos servidores, ao serem investidos no cargo, ingres- sam numa situação jurídica delineada previamente, a qual não po- derá ser modificada, mesmo que haja a anuência da Administração Pública. O estatuto é instituído por lei, portanto trata-se de uma UNIUBE 67 norma pública obrigatória, que define direitos e obrigações e não pode ser derrogada pelas partes envolvidas. Dica Caso queira saber as normas aplicáveis aos servidores públicos federais, acesse a Legislação Consolidada do Servidor Público de autoria do Senado Federal, a qual abrange as disposições constitu- cionais e as demais leis aplicáveis. Dinsponível em: <https://www2. senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70308/000070308.pdf?se- quence=10>. Acesso em: 21 jun. 2017. Por fim, temos que nos ater ao fato de que os servidores públicos
Compartilhar