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Psicopatologia_evolucionista

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Psicopatologia Evolucionista 
Objetivo 
Fornecer um 
panorama geral sobre 
a proposta da PE na 
compreensão das 
desordens mentais 
Agenda 
Saúde/Doença 
Psicopatologia evolucionista 
Considerações finais 
Vulnerabilidade ao 
adoecimento 
Desordens 
O paradigma evolucionista 
O paradigma evolucionista 
Abordagem Evolucionista 
• Os indivíduos sofrem pressões ambientais, que 
fazem com que aumente o número daqueles com 
maior aptidão. 
– Sobrevivência 
– Reprodução 
 
 
 
Charles Darwin 
Saúde/doença 
• Saúde é definida em termos da capacidade de 
funcionamento normal – “prontidão” de cada 
parte interna para executar todas as funções 
normais, em ocasiões específicas 
(estatisticamente falando). 
Saúde e Doença 
Saúde – Geralmente associada a padrões 
biológicos inerentes ao funcionamento da 
espécie. 
Saúde e Doença 
Conceito de Patologia 
• A patologia, em termos clássicos e abrangentes, é a 
disfunção de uma ou mais capacidades que leva a 
um quadro de insuficiência do organismo na 
manutenção da vida. 
 
• Psicopatologia - quando o comportamento esperado 
de uma pessoa, ou eventualmente de um grupo de 
pessoas, foge àquilo que é esperado como referência 
de determinada sociedade. 
Conceito de Patologia 
• Desafio: identificar claramente o que separa as 
desordens mentais da normalidade 
 
 
 
 
 
• Vídeos de entrevistas de diagnóstico: 69% dos 
psiquiatras americanos diagnosticaram 
esquizofrenia contra 2% do mesmo diagnóstico 
entre os britânicos 
Psicopatologia Evolucionista 
Como podemos pensar as 
psicopatologias numa perspectiva 
evolucionista? 
 
 
Psicopatologia Evolucionista 
Há universalidade nas psicopatologias? 
• Jane Murphy (1976) – investigou se as 
desordens mentais estavam associadas ao 
aprendizado e à construção de normas sociais 
 
• O fenômeno em si, foi observado, com 
variação no “rótulo” atribuído ao mesmo 
As desordens mentais são adaptações? 
 
Psicopatologia Evolucionista 
Psicopatologia Evolucionista 
• Fator fundamental: desordens mentais não 
foram moldadas pela seleção natural, não 
sendo, portanto, adaptações 
 
• Talvez a pergunta adequada seria: Por que a 
seleção natural tornou nossa mente 
vulnerável às desordens? 
Psicopatologia Evolucionista 
• Desenvolvimento de modelos biológicos e de 
conceitos para compreender as funções dos 
processos neurais e psicológicos envolvidos nas 
desordens mentais e como eles foram moldados pela 
seleção durante nossa história evolutiva (Del Giudice, 
2016) 
Del Giudice, 2016 
 
Há sintomas adaptativos nas desordens 
mentais? 
 
Psicopatologia Evolucionista 
• Função dos sintomas: 
–Mecanismos de defesa: 
• Rubor, calor, tumor, dor: mecanismos de defesa 
natural 
• Sintoma é a unidade 
• Sintoma tem uma função adaptativa 
– Intensidade e duração do sintoma - Doença 
Psicopatologia Evolucionista 
• Capacidades cognitivas e emocionais e os 
comportamentos correspondentes evoluíram 
em função de problemas de relevância 
adaptativa. 
• A psique também evoluiu de modo a resolver 
desafios adaptativos. 
Psicopatologia Evolucionista 
Portanto... 
• Para a PE, no que se refere às psicopatologias: 
– Compreensão do valor adaptativo do sintoma 
– Discussão sobre a forma de expressão do sintoma 
(intensidade e duração de expressão) 
– Discussão sobre o(s) contexto(s) de expressão do 
sintoma que pode compor um quadro específico 
1. Desajuste temporal (nossos corpos 
têm de lidar com ambientes 
modernos) 
2. Infecções: corrida armamentista 
(bactérias/vírus) 
3. Limitações: há algumas coisas que, 
simplesmente, a seleção natural não 
pode fazer – não há replicações 
perfeitas 
Seis razões evolutivas pelas quais somos 
vulneráveis ao adoecimento 
Randolph Nesse 
Nesse, 2019 
4. Trade-offs: tudo em nosso corpo tem 
vantagens e desvantagens 
5. Reprodução: a seleção natural 
maximiza reprodução, não saúde 
6. Respostas defensivas: respostas como 
dor e ansiedade são úteis diante de 
ameaças 
Seis razões evolutivas pelas quais somos 
vulneráveis ao adoecimento 
Randolph Nesse 
Nesse, 2019 
Desordens 
• A reação de ansiedade é adaptativa? 
 
• Ansiedade: reação natural do organismo, 
relacionada com dúvida ou expectativa – 
preparação do indivíduo para a ação 
• Transtorno de ansiedade, possível causa: 
redução de GABA e serotonina no SNC 
(interferem na resposta ao estresse) 
Transtornos de ansiedade 
Transtorno Obsessivo-compulsivo 
• Necessidade de controle das situações; a 
ansiedade se expressa na falta (real ou 
percebida) desse controle 
 
• Dificuldade em frear os 
pensamentos/comportamentos, causando 
intensa ansiedade e despertando 
comportamentos exacerbados 
 
 
Transtorno Obsessivo-compulsivo 
• Obsessões: pensamentos, impulsos ou imagens 
que são percebidas como intrusivas ou 
indesejáveis 
 
• Compulsões: comportamentos repetitivos ou 
atos mentais 
Transtorno Obsessivo-compulsivo 
• Sintomas do TOC: podem incluir temas como 
contaminação/limpeza, simetria/ordem, 
checagem e acumulação 
 
• Alguma obsessão, em nível baixo pode ser 
considerada adaptativa? 
 
 
Transtorno de ansiedade social 
• Ansiedade em situações nas quais há chance 
de crítica 
• Situações provocam sintomas (podendo 
chegar a um ataque de pânico) 
• Preocupação em demonstrar os sintomas de 
ansiedade – gerando mais ansiedade 
• Evitação ou enfrentamento das situações com 
muito sofrimento 
• Prejuízo social, ocupacional 
 
• Sintoma do medo. Medo é uma forma de 
autoproteção 
• Ataque de pânico: medo abrupto ou desconforto 
intenso 
• Reação desproporcional e exacerbada a um 
sentimento de perigo, inadequada no tempo e na 
intensidade 
• Sintomas: palpitações, suor, tremor, náusea, medo de perder o 
controle, ficar louco, morrer ou ter um ataque cardíaco 
Transtorno do Pânico 
• Sintoma em foco: tristeza. 
 
• A emoção pode ser compreendida como 
adaptativa. Somos capazes de sentir emoções e 
de despertar emoções no outro 
Depressão 
• Sintomas: 
– Humor deprimido (vazio, triste, sem esperança; chora 
constante) 
– Interesse ou prazer diminuído 
– Significante perda ou ganho de peso 
– Insônia ou hirpersonia 
– Agitação ou retardo psicomotor 
– Sentimentos de inutilidade 
– Diminuição da concentração 
– Ideação suicida 
Depressão 
• Causas: multifatorial 
 
– Causas genéticas – gene receptor da ocitocina 
(resultando em baixos níveis de ocitocina) 
 
– Causas neuroendócrinas – redução de 
noradrenalina e serotonina no SNC (sobretudo no 
sistema límbico) 
 
Depressão 
Por que eventos estressantes levam 
algumas pessoas à depressão e a 
outras não? 
Regulação de quanto tempo 
o NT vai se manter na fenda 
2003 
1037 crianças 
(acompanhadas 
longitudinalmente 
dos 3 aos 21 anos) 
847 participantes (testados 
aos 26 anos) 
- 3 grupos com base no 
genótipo: 
- s/s homozigotos 
- s/l heterozigotos 
- l/l homozigotos 
- Busca por eventos 
estressantes entre 21 e 
25 anos 
- Identificação de 
depressão aos 26 anos 
Alelo “s” (curto): associado com baixa eficiência de transcrição 
do promotor da serotonina 
Humanos com uma ou duas cópias do “s” exibem mais 
atividade neuronal na amígdala em situações de medo 
2003 
Transtorno de 
Personalidade 
Antissocial 
Transtorno de Personalidade Antissocial 
• “Os indivíduos com Transtorno de Personalidade 
Antissocial descumprem leis, se envolvendo 
constantemente em atos delinquentes. Na infância os traços 
de personalidade já estão presentes, sendo as crianças 
diagnosticadas como Transtorno de Conduta. 
Frequentemente eles não possuem empatia e tendem a ser 
insensíveis e cínicos e a desprezar os sentimentos, direitos e 
sofrimentos alheios. Eles podem exibir um encanto 
superficial e não-sincero, ser bastante volúveis e ter 
facilidade com as palavras. Falta de empatia, autoestima 
enfatuada e encanto superficial são aspectos habitualmente 
incluídos nos conceitos tradicionais de psicopatia.” 
 
• Prevalência: 3 a30% (amostras clínicas), 3% (homens) e 
1% (mulheres) para amostra comunitária. 
• O Transtorno de Personalidade Antissocial vai 
contra ao que é proposto pelas teorias que 
tentam explicar o comportamento prossocial? 
 
Transtorno de Personalidade Antissocial 
• Causas próximas: 
– Genéticas 
– Disfunções cerebrais (Sistema Límbico, Lobo pré-
frontal). 
– Ambientais 
Transtorno de Personalidade Antissocial 
Transtorno de Personalidade Antissocial 
• Causas últimas: 
– Exacerbação do comportamento natural humano 
de agressividade. 
– A maior agressividade pode ter favorecido alguns 
indivíduos no ambiente ancestral – Situações mais 
desfavoráveis. 
Transtorno de Personalidade Antissocial 
Esquizofrenia 
Esquizofrenia 
Esquizofrenia 
sintomas chamados de 
produtivos, como delírios 
e alucinações, e sintomas 
negativos, como redução 
da afetuosidade e das 
vontades 
Esquizofrenia 
• Culturalmente, o esquizofrênico representa o 
estereotipo do "louco", um indivíduo que produz 
grande estranheza social devido às suas 
diferenças para com a realidade reconhecida 
• Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam, 
em geral, por distorções características do 
pensamento, da percepção e por inadequação 
dos afetos. 
• Usualmente o paciente com esquizofrenia 
mantém clara sua consciência e sua capacidade 
intelectual 
Esquizofrenia 
• Culturalmente, o esquizofrênico representa o 
estereotipo do "louco", um indivíduo que produz 
grande estranheza social devido às suas 
diferenças para com a realidade reconhecida 
• Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam, 
em geral, por distorções características do 
pensamento, da percepção e por inadequação 
dos afetos. 
• Usualmente o paciente com esquizofrenia 
mantém clara sua consciência e sua capacidade 
intelectual 
Esquizofrenia 
• Os transtornos esquizofrênicos se 
caracterizam, em geral, por distorções 
características do pensamento, da percepção e 
por inadequação dos afetos 
• O olhar evolucionista: prejuízos no 
desenvolvimento da ToM 
 
Esquizofrenia - causas 
• Bases biológicas 
• Parece haver um componente genético 
– Se tiver um avô com a esquizofrenia o fator risco 
sobe para 3% 
– Se um dos pais ou um irmão sofre de 
esquizofrenia o risco é de 10-20% 
– Se ambos pais sofrem de esquizofrenia o risco é de 
40-50% 
 
Esquizofrenia - causas 
• Bases biológicas 
– Alterações dopaminérgicas 
– Menor número de 
receptores de dopamina do 
tálamo 
Esquizofrenia - causas 
• Bases biológicas 
– Alterações dopaminérgicas 
– Menor número de receptores 
de dopamina do tálamo 
– O tálamo funciona como uma 
espécie de filtro do cérebro, 
"peneirando" um sinal antes 
que ele possa chega ao córtex 
cerebral, a sede dos processos 
ligados ao pensamento 
racional 
Menos receptores = 
menos filtros = 
menor rigidez 
Esquizofrenia - causas 
• Bases biológicas 
– Alterações dopaminérgicas 
– Menor número de 
receptores de dopamina do 
tálamo 
– Criatividade – pessoas 
muito criativas também têm 
menos receptores de 
dopamina no tálamo 
Esquizofrenia - causas 
• Efeitos ambientais 
 
– Estresse causa esquizofrenia? 
• Situações constantes de estresse também são 
uma possível causa, desde que associadas a 
outros fatores de risco 
Considerações finais 
• A taxa de mutação pode ser mais rápida que a 
“exclusão” feita pela seleção natural. 
• A patologia pode não prejudicar a reprodução. 
• A patologia pode trazer ganhos secundários que 
beneficiam o indivíduo. 
• Os traços patológicos podem ser vistos como 
“estratégias” na perspectiva evolucionista. 
• A seleção natural “favorece” os mais aptos e não 
os mais felizes. 
Considerações Finais 
“Uma visão evolutiva explica porque nós temos 
desejos, porque não podemos satisfazê-los e 
porque é tão duro deixá-los de lado: nossos 
cérebros foram moldados para beneficiar aos 
nossos genes, não a nós mesmos” 
 
(Randolph Nesse, 2019) 
 
Fornecer um 
panorama geral sobre 
a proposta da PE na 
compreensão das 
desordens mentais

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