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Profa. MSc. Yvonne Klimesch UNIDADE I Estudos Disciplinares Análise de Liquor Humor aquoso que está localizado no cérebro e na medula. Produto de filtração do sangue com pouca célula e pouca proteína, glicose e enzima. Preenche os ventrículos cerebrais, o espaço subaracnoideo e o canal da medula. Funções: Proteção física do encéfalo e da medula. Distribuição e remoção de substâncias nutritivas e metabólicas. Análise que fornece informações importantes sobre o diagnóstico etiológico (meningites), acompanhamento de processos inflamatórios infecciosos, neoplasias e mieloma múltiplo. Importância da análise. Meningites. Doenças inflamatórias. Imunológicas. Citológicas. Líquido cefalorraquidiano Meningites: Inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Transmissão é de pessoa a pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe. Período de incubação: 2 a 10 dias, em média de 3 a 4 dias. Bacterianas, virais, fúngicas e tuberculosas. Líquido cefalorraquidiano Espaço subaracnoideo Fonte: adaptado de: NEVES, Paulo Augusto. Líquido cefalorraquidiano, São Paulo: Roca, 2011. Manual Roca de Técnicas de Laboratório; 3, p. 1. Meningite – sintomas clínicos: Febre, cefaleia intensa, náusea, vômito, rigidez da nuca, prostração e confusão mental. Sinais de irritação meníngea, acompanhados de alterações do líquido cefalorraquidiano (LCR). Casos mais graves – delírio e coma. Complicações: Perda da audição, distúrbio de linguagem, retardo mental, anormalidade motora e distúrbios visuais. Líquido cefalorraquidiano Principais agentes causadores da meningite: Líquido cefalorraquidiano Bactérias Vírus Outros Neisseria meningitidis RNA vírus Fungos Haemophilus influenzae Enterovírus Cryptococcus neoformans Streptococcus pneumoniae Arbovírus Candida albicans e C tropicalis Mycobacterium tuberculosis vírus do sarampo Protozoário Staphylococcus aureus vírus da caxumba Toxoplasma gondii Escherichia coli arena vírus Tripanossoma cruzi Klebsiela sp HIV 1 Plasmodium sp Enterobacter sp DNA vírus Helmintos Salmonella sp adenovírus cisticercose (Cysticercus cellulosae) Proteus sp vírus do grupo Herpes tuberculose Listeria movocytogenes varicela zoster bacilo de Koch leptospira sp Epstein Barr Fonte: autoria própria Perfil liquórico: Líquido cefalorraquidiano Fonte: adaptado de: Guia de Vigilância Epidemiológica. Caderno 12. Secretaria de Vigilância em Saúde / MS. Exames laboratoriais Meningites Encefalites Neurocisticerose Meningoencefalia por fungos Normal Bacteriana Tuberculosa Viral Aspecto Turvo Límpido ou ligeiramente turvo (opalescente) Límpido Límpido Límpido ou ligeiramente turvo Límpido Límpido Cor Branca-leitosa ou ligeiramente xantocrômica Incolor ou xantocrômica Incolor ou opalescente Incolor Incolor Incolor Incolor, cristalino “água de rocha” Coágulo Presença ou ausência Presença (Fibrina delicada) ou ausência Ausente Ausente Ausente Ausente Cloretos Diminuídos Diminuídos Normal Normal Normal Normal Glicose Diminuída Diminuída Normal Normal Normal Normal 45 a 100 mg/dl Proteínas totais Aumentadas Aumentadas Levemente aumentadas Discretamente aumentadas Discretamente aumentadas Discretamente aumentadas 15 a 50 mg/dl Globulinas Positiva (Gama- globulina) Positiva (alta e gama- globulinas) Negativa ou positiva Aumento discreto (Gama- globulina) Normal Aumento (Gama- globulina) Leucócitos 200 a milhares (neutrófilos) 25 a 500 (Linfócitos) 5 a 500 (Linfócitos) 1 a 100 (Linfócitos) 1 a 100 (Linfócitos) 1 a 100 (Linfócitos ou cosinófilos) 0 a 5 mm3 VDRL - - - - - - Contra- imunoeletroforese (CIE) Reagente* - - - - - Látex Reagente* - - - - - Microscopia Positiva para DGN, BGN, CGP, BGP ou não Negativa Gram* Negativa (Gram) Negativa (Gram) Positiva (tinta nanquim para C. neoformans ou para Candida sp Negativa (Gram) Cultura Crescimento em Agar chocolate* Crescimento em meio de Lovestein- Jansen - Crescimento em meio Sabouraud e Agar sangue - - Líquido cefalorraquidiano Fonte: adaptado de: MUNDT, Lillian A. & SHANAHAN, Kristy. Exame de Urina e de Fluidos Corporais de Graff. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. Células normais no LCR Análise das células com características anormais: Células com alterações malignas. Aumento do tamanho do núcleo. Hipercromasia nuclear. Contorno irregular do núcleo. Nucléolo alterado. Relação do núcleo com citoplasma variável. Células agrupadas – cluster celular. Líquido cefalorraquidiano (citomorfologia) Células neoplásicas presentes no LCR de paciente com câncer de pulmão. Fonte: PEREIRA, H. G. S.; VIEGAS, A. A. Meningite neoplásica: achados laboratoriais, 2015. As funções do líquido cefalorraquidiano (LCR) incluem todas as seguintes, exceto: a) Remoção de resíduos metabólicos. b) Produção de ultrafiltrado de plasma. c) Fornecimento de nutrientes para o SNC. d) Proteção do cérebro e da medula espinhal. e) Manter a integridade da barreira hematoencefálica. Interatividade As funções do líquido cefalorraquidiano (LCR) incluem todas as seguintes, exceto: a) Remoção de resíduos metabólicos. b) Produção de ultrafiltrado de plasma. c) Fornecimento de nutrientes para o SNC. d) Proteção do cérebro e da medula espinhal. e) Manter a integridade da barreira hematoencefálica. Resposta Dosagens de imunoglobulinas no liquor – importância: Imunoglobulinas presentes no LCR são provenientes do soro. Determinar se as imunoglobulinas encontradas no LCR são sintetizadas no SN ou derivam do soro. Diferenciação de doenças: Esclerose múltipla. Guillian Barré. Líquido cefalorraquidiano (doenças inflamatórias) Fonte: adaptado de: J. Allergy Clin Immunol. 2010, fev., 125(2 0 2): S41–S52. doi:10.1016/j.jaci.2009. 09.046. Esclerose múltipla: Doença neurológica desmielinizante, autoimune e crônica provocada por mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem a bainha de mielina que reveste os neurônios das substâncias branca e cinzenta do sistema nervoso central. Pacientes são geralmente jovens, mulheres com 20 a 40 anos, não tem cura. Líquido cefalorraquidiano (doenças inflamatórias) Fonte: adaptado de: Multiple Sclerosis. N. Engl. J. Med. 378;2 nejm.org January 11, 2018. Multiple sclerosis. Nat Rev. Dis. Primers 4, 43, 2018. Esclerose múltipla – aspectos laboratoriais do liquor: Células aumentadas (<100 mm3 – mononucleares) Proteínas aumentadas (45 – 100 mg/dL) Imunoglobulinas aumentadas IgG index IgG > 0,7 Bandas oligoclonais presentes no liquor Líquido cefalorraquidiano (doenças inflamatórias) Fonte: Multiple Sclerosis. N. Engl. J. Med. 378;2 nejm.org January 11, 2018. Multiple sclerosis. Nat Rev. Dis. Primers 4, 43, 2018. BOC BOC SORO LCR SORO LCR SORO Síndrome de Guillian Barré: Doença de caráter autoimune que acomete primordialmente a mielina da porção proximal dos nervos periféricos de forma aguda ou subaguda. Aproximadamente 60% a 70% dos pacientes com SGB apresentam alguma doença aguda precedente (1 a 3 semanas antes). A infecção por Campilobacter jejuni é a mais frequente (32%), Citomegalovírus (13%), vírus Epstein Barr (10%). Líquido cefalorraquidiano (doenças inflamatórias) Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Síndrome de Guillain-Barré Portaria SAS/MS nº 1171, de 19 de novembro de 2015. Fonte: http://www.saudedoviajante.pr.gov.br/galeria/13/147/Sindrome-de- Guillain-Barre-SGB.html Síndrome de Guillian Barré: Células normais (< 5/mm3) mononucleares Proteínas aumentadas (>100 mg/dL) Imunoglobulinas aumentadas IgA, IgM e IgG Bandas oligoclonais presentes no soro e no liquor Líquido cefalorraquidiano (doenças inflamatórias) Fonte: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Síndromede Guillain- Barré Portaria SAS/MS nº 1171, de 19 de novembro de 2015. S LCR Análise imunológica do liquor: Permite confirmar a presença de anticorpos contra determinadas doenças. Neurocisticercose. Neurotoxoplasmose. Neurochagas. Herpes vírus I e II. CMV. Rubéola. Líquido cefalorraquidiano Fonte: adaptado de: AFTER, R. A.; GOLDSBY, T. J.; KINDT, B. A.; OSBORNE. Kuby Immunology, 4th ed. W. H. Freeman and Company, 2000, p. 162. ELISA indireto antígeno absorvido no poço lavagem lavagem lavagem anticorpo específico liga-se ao antígeno anticorpos ligados à enzima ligam-se aos anticorpos humanos substrato é adicionado e convertido pela enzima à uma determinada cor. A coloração é proporcional à quantidade de anticorpo A presença de bandas oligoclonais no liquor e a ausência no soro ocorrem no caso de: a) Mieloma múltiplo. b) Neoplasia de SNC. c) Esclerose múltipla. d) Infecções virais. e) Hemorragia cerebral. Interatividade A presença de bandas oligoclonais no liquor e a ausência no soro ocorrem no caso de: a) Mieloma múltiplo. b) Neoplasia de SNC. c) Esclerose múltipla. d) Infecções virais. e) Hemorragia cerebral. Resposta São entregues ao laboratório três tubos com LCR com sangue visível, uniformemente distribuídos de um paciente com 75 anos de idade, desorientado. Os resultados dos testes iniciais são os seguintes: Contagem de hemácias: 250. Proteínas: 159 mg/dL. Glicose: 70 mg/dL. Bacterioscópico: não foram encontrados microrganismos. Diferencial: neutrófilos: 68%; monócitos: 3%; linfócitos: 28%; eosino 1%. Qual a condição mais provável indicada por esses resultados? Explique sua resposta. Laboratorialmente como é possível diferenciar hemorragia subaracnoidea de um acidente de punção? Explique como é feita a contagem global de hemácias e leucócitos. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 1 Qual a condição mais provável indicada por esses resultados? Explique sua resposta. Resposta: Hemorragia cerebral pela presença de hemácias, coloração do líquido e história do paciente. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 1 Laboratorialmente como é possível diferenciar hemorragia subaracnoidea de um acidente de punção? Resposta: Prova dos 3 tubos. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 1 LCR hemorrágico prova dos 3 tubos centrifugação hemácias clareia à medida que se troca de tubo mantém-se hemorrágico à medida que se troca de tubo sobrenadante xantocrômico sobrenadante incolor íntegras degeneradas ou parcialmente degeneradas hemorrágico no sistema LCR acidente de punção Fonte: autoria própria Explique como é feita a contagem global de hemácias e leucócitos. Resposta: Contagem de células na câmara de Fuchs Rosenthal. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 1 Contar todas as células encontradas no quadrados e dividir por 3,2 Fonte: autoria própria Fonte: acervo pessoal A.M.O, 5 anos, é admitida na urgência pediátrica de um hospital com temperatura de 40 ºC, letargia e rigidez cervical. Uma punção de liquor foi realizada e três tubos foram coletados e levados ao laboratório. Os resultados iniciais são os seguintes: Aspecto: turvo. Contagem de leucócitos: 800 células por µL. Contagem diferencial: 80% linfócito, 15% monócito, 5% neutrófilo. Proteína: 65 mg/dL. Glicose: 70 mg/dL. Bacterioscópico: não foram vistos microrganismos. A partir desses resultados, que diagnóstico preliminar o médico poderia considerar? O resultado do bacterioscópico tem algum significado especial? O número de linfócitos tem algum significado para o diagnóstico? Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 2 A partir desses resultados, que diagnóstico preliminar o médico poderia considerar? Resposta: Meningite. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 2 O resultado do bacterioscópico tem algum significado especial? Resposta: Para o caso clínico em questão, não. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 2 O número de linfócitos tem algum significado para o diagnóstico? Resposta: Sim, pois se trata de uma meningite viral. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 2 O teste de escolha para detectar a Neurocisticercose é: a) Cultura. b) Dosagem de proteína. c) ELISA indireto. d) Coloração de Gram. e) Esfregaço. Interatividade O teste de escolha para detectar a Neurocisticercose é: a) Cultura. b) Dosagem de proteína. c) ELISA indireto. d) Coloração de Gram. e) Esfregaço. Resposta Uma paciente com 35 anos é admitida no hospital com sintomas de visão turva, fraqueza e perda da sensibilidade das pernas. Uma punção lombar é realizada e obteve os seguintes resultados: Aspecto: límpido e coloração incolor. Contagem de glóbulos brancos: 35 células com 90% linfócitos. Glicose: 60 mg/dL (plasma: 100 mg/dL). Proteína: 60 mg/dL (soro: 8 g/dL). Albumina: 40 mg/dL (soro: 6 g/dL). Imunoglobulina G: 20 mg/dL (soro: 2 g/dL). Nomeie e efetue o cálculo para determinar a integridade da barreira hematoencefálica. Está intacta? Efetue o cálculo para determinar se a IgG está sendo sintetizada no SNC. Qual o significado do resultado? Qual o diagnóstico sugerido? Se fosse feita uma eletroforese, qual seria o resultado esperado? Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 3 Nomeie e efetue o cálculo para determinar a integridade da barreira hematoencefálica. Está intacta? Resposta: Albumina: 40 mg/dL (soro: 6 g/dL). Índice da albumina no LCR/ albumina no soro = 40/6 = 6,7. Sim, está intacta. Valores de referência: índices abaixo de 9,0 representam BHE intacta. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 3 Efetue o cálculo para determinar se a IgG está sendo sintetizada no SNC. Qual o significado do resultado? Resposta: Índice de IgG = 10/6,7 = 1,5 (Valores acima de 0,7 indicam produção de IgG dentro do SNC) Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 3 IgG no LCR (mg/dL)/ IgG no soro (g/dL) albumina no LCR (mg/dL)/ albumina no soro (g/dL) Índice de IgG = Qual o diagnóstico sugerido? Resposta: Esclerose múltipla. Pelos sintomas apresentados, pelas características e pelas concentrações do liquor. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 3 Se fosse feita uma eletroforese, qual seria o resultado esperado? Resposta: Presença de bandas oligoclonais apenas no liquor indicando produção apenas intratecal de IgG. Líquido cefalorraquidiano – caso clínico 3 BOC BOC SORO LCR SORO LCR SORO Fonte: Multiple Sclerosis. N Engl J Med 378;2 nejm.org January 11, 2018 Multiple sclerosis. Nat. Rev. Dis. Primers, 4, 43 2018. A integridade da barreira hematoencefálica é medida utilizando-se: a) Índice de albumina LCR/albumina sérica. b) Relação globulina LCR/globulina sérica. c) Índice de albumina LCR. d) Índice de IgG no LCR. e) Dosagem de proteínas totais no soro. Interatividade A integridade da barreira hematoencefálica é medida utilizando-se: a) Índice de albumina LCR/albumina sérica. b) Relação globulina LCR/globulina sérica. c) Índice de albumina LCR. d) Índice de IgG no LCR. e) Dosagem de proteínas totais no soro. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!