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Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL LOMBALGIA SANARFLIX 1 1. Conceito Dor que ocorre na região lombar Temporalidade: ❖ Aguda → um mês; maioria autolimitada ❖ Subaguda → entre um mês e três meses ❖ Crônica → acima de três meses 2. Epidemiologia 90% dos adultos tem um episódio durante a vida adulta 90-95% das lombalgias agudas são originadas de situações banais 85% são idiopáticas e autolimitadas em 4-6 semanas 5-10% estão associadas a patologias mais graves A lombalgia encontra-se no top 10 dos sintomas que mais levam o paciente ao médico da família Prevalência varia entre 7,6-37% com pico de prevalência entre 45-60 anos 1/3 dos custos com incapacidade nos EUA são atribuídos à lombalgia com o gasto superior a 100 bilhões de dólares por ano 3. Etiologias Mecânica: ❖ Anomalias congênitas → espinha bífida, sacralização/lombarização ❖ Degenerativa → espondilartrose, espondilólise/listese ❖ Síndrome discogênico → prolapso discal ❖ Traumatismos Inflamatória: ❖ Espondolite anquilosante → doença que causa a fusão das artérias ❖ Artrite reumatoide ❖ Fibromialgia ❖ Osteomielite Infecciosa: ❖ Prevalência menor que 0,01% ❖ O paciente sempre refere uma febre prévia ❖ Relaciona-se com o uso de drogas intravenosas ❖ Relaciona-se com infecção recente ❖ Maior prevalência do estafilococos (+) → S.aureus ❖ Mal de pott → tuberculose óssea ❖ Brucelose ❖ Abscesso Metabólica: ❖ Osteoporose ❖ Osteomalácia ❖ Hiperparatireoidismo Tumoral: ❖ Relaciona-se com a perda de peso ❖ Geralmente com pacientes acima de 50 anos ❖ Dor noturna ❖ Cansaço associado a lombalgia ❖ Tumor intradurais ou extradurais ❖ Podem ser benignos ou malignos Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL LOMBALGIA SANARFLIX 2 ❖ Destaque para o mieloma múltiplo ou metástase de um carcinoma ❖ Podem ser tumores primários ou metastáticos Dor visceral referida: ❖ Vascular → aneurisma de aorta; dissecção ❖ Geniturinário → endometriose, gravidez tubária, cólica renal e prostatite ❖ Gastrointestinal → pancreatite, úlcera gastroduodenal e carcinoma de cólon 4. Origem da dor na lombalgia Musculoesqueléticas (inespecíficas) → vasta maioria ❖ Contratura ❖ Miofascial: ➢ Dor profunda associada a queimação ➢ Localizada em um lado do pescoço ➢ Sensibilidade a pressão ➢ Banda tensa → cordão de tensão ➢ Pontos de gatilho → trigger points ❖ Whiplash ❖ Dor ou rigidez associada ao movimento ❖ Relação com postura, posição do sono ❖ Pode não ter um precipitante claro ❖ Dor à palpação da musculatura ❖ Pode persistir até seis semanas ❖ Diagnóstico clínico ❖ Evolução benigna ❖ Imagem não é necessária se o quadro é típico Espondilose (osteófitos ou bico de papagaio): ❖ Doença degenerativa do arcabouço ósseo da coluna que origina proeminências ósseas que podem comprimir ou não estruturas nervosas ❖ Frequentemente presente em assintomáticos ❖ Pode levar à radiculopatia Estenose de canal: ❖ Compressiva degenerativa na maioria das vezes ❖ Claudicação neurogênica → dor nas pernas ao andar ❖ Geralmente presente nos idosos ❖ Melhora ao sentar ou pender para frente ❖ Pode ter exame neurológico normal ❖ Diferencial com causas vasculares Fraturas vertebrais Ligamentos interespinoso → região mais posterior das vertebras Apófises articulares Articulação sacroilíaca Discos intervertebrais → hérnia discal provoca dor e radiculopatia lombar ❖ Discopatia degenerativa → dificuldade de distribuir a pressão; muito presente em pacientes assintomáticos; pode causar dor ou rigidez com movimentação; exacerbado por posições contínuas (ex. dirigir); limitação de movimentação por dor; diagnóstico clínico associado a RNM (suporte) ❖ Radiculopatia → comum (ex. hérnia discal, osteófito); raro em processos infecções (ex. Herpes Zoster) ou neoplasias; dor irradiada (“ciática”) seguindo um padrão de Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL LOMBALGIA SANARFLIX 3 dermátomo; diagnóstico clinico associado a RNM; pode eventualmente ter fraqueza (ex. L5 pé caído); pode melhorar em seis semanas; imagem não é necessária para todos (especialmente os pacientes que não possuem sinais de alarme) Irritação mecânica ou química da dura mater: ❖ Mielopatia → etiologia mais comum é a compressiva (degenerativa, tumoral, abcesso) ou podem ser de origem desmielinizaste, vascular; apresenta quadro neurológico (fraqueza muscular; piramidal; nível sensitivo; disfunção esfincteriana); diagnóstico associado a RNM (fundamental neste grupo) 5. Quadro clínico Depende da causa Tempo é importante História detalhada Exame físico e neurológico Identificar os sinais de alarme 6. Exame físico Exame neurológico focais: ❖ Força ❖ Piramidal ❖ Sensibilidade Amplitude do movimento Palpação da musculatura Manobras radiculares: ❖ Manobra de Spurling → deixa a cabeça do paciente levemente rotacionada para o lado doloroso e dá um cascudo ou pressiona; ❖ Manobra de Laségue → limitação a partir de 60 graus ❖ Teste manual de distração do pescoço → realizada com tração vertical em sentido superior aplicada simultaneamente sob a mandíbula e occipital; o teste é positivo se a dor diminuir quando a cabeça é levantada, indicando que a pressão sobre as raízes nervosas foi aliviada. ❖ Teste de tensão no membro superior de Elvey → representa um sinal de tensão da raiz da extremidade superior; é realizada com a cabeça girada contralateralmente e o braço abduzido com o cotovelo estendido. A reprodução dos sintomas do braço é considerada positiva. Sinais de alarme → requer imagem e muitas vezes de forma urgente Sinal de Lhermitte → paciente flete o pescoço e sente um choque descendo por toda a espinha; sugere lesão cervical; pode indicar desmielinização progressiva (ex. esclerose múltipla) 7. Diagnóstico Uso dos guidelines (2007) American College of Physicians (APC) e American Pain Society (APS) para realizar o diagnóstico e o tratamento da lombalgia História clínica: ❖ Lombalgia não específica ❖ Lombalgia com radiculopatia ou estenose do canal vertebral (irradiação para os MMII) ❖ Lombalgia associada a uma causa ❖ Incluir avaliação psicossocial (risco de incapacidade crônica; ganho secundário) Caracterização da lombalgia: ❖ Local Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL LOMBALGIA SANARFLIX 4 ❖ Duração dos sintomas ❖ Modo e tempo de início ❖ Irradiação ❖ Características da dor ❖ Intensidade ❖ Frequência ❖ Fatores de agravamento ❖ Fatores de alívio ❖ Sintomas associados O exame de imagem e outros exames complementares: ❖ Não devem ser realizados rotineiramente nos pacientes com lombalgia inespecífica ❖ São exames indicados nos pacientes com lesão neurológica ou perante a uma suspeita clínica de uma lombalgia específica Raio X → em teoria pode ser o primeiro exame Contraste → em casos de infecção ou neoplasia Angio (RNM ou TC) → em casos de dissecção Eletroneuromiografia → para as radiculopatia Liquor → pouco utilizado; quadros infecciosos ou carcionomatoses Laboratório geral TC e RNM: ❖ Indicações → lesão neurológica; suspeita de uma patologia subjacente; sintomatologia arrastada; tratamento ineficaz ❖ RNM é melhor que a TC, se disponível → sem radiação, melhor visualização dos tecidos moles e do canal vertebral ❖ Pacientes com lombalgia persistente e sinais ou sintomas de radiculopatia ou estenose lombar → devem realizar RNM (preferencialmente) ou TC, se candidatos a cirurgia ou injeção epidural com corticosteroides Yellow-flags → identificar problemas psicossociais: ❖ Recuperação lenta pode resultar de fatores psicossociais não detectados ou não revelados ❖ Culpabilização de determinadas tarefas e atividades → evita-las ❖ Aversão ao trabalho → origem da dor Red-flags:❖ História: ➢ Início gradual ➢ Menor que vinte e maior que cinquenta anos ➢ Dorsalgia ➢ Superior a seis semanas ➢ História de trauma ➢ Febre, calafrios, suor noturno ➢ Perda de peso ➢ Piora com o repouso ➢ Analgesia ineficaz ➢ História de neoplasia ➢ Imunossupressão ➢ Procedimentos → bacteremia ➢ Drogas endovenosas Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL LOMBALGIA SANARFLIX 5 ❖ Exame físico: ➢ Febre ➢ Hipotensão ortostática ➢ Hipertensão extrema ➢ Palidez ➢ Massa abdominal pulsátil ➢ Sensibilidade das apófises espinhosas ➢ Sinais neurológicos focais ➢ Retenção urinária aguda 8. Tratamento Não farmacológico: ❖ Lombalgia aguda → repouso; termoterapia (calor (B)); manipulação vertebral na fisioterapia (B/C); terapêutica farmacológica (B) ❖ Lombalgia subaguda ou crônica → exercícios* (B); agentes físicos** (I); massagem (C); terapia congnitivo-comportamental (B); acupuntura (B); back scholls (C); terapêutica farmacológica (B) *Amplitude articular; flexibilidade; recuperação do potencial muscular analítico e global; propriocepção; recuperação funcional e adaptação ao esforço **Transcutaneous Eletrical Nerve Stimulation (TENS); USG; laser; correntes interferenciais Farmacológico: ❖ Dirigida à etiologia → antibacterianos, citostáticos ❖ Analgesia multimodal: *Antidepressivos; antiepiléticos e corticoides também podem ser associados a terapêutica Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL LOMBALGIA SANARFLIX 6 Cirúrgico: ❖ Decúbito ventral ❖ IOT ❖ Eletrocautério bipolar ❖ Fluoroscopia ❖ Dois grandes grupos: ➢ Descompressão neurais → aumentar o espaço para as estruturas ➢ Fixações → aproximar a anatomia do “normal” e fixar os segmentos Osteomusculares → tratamento clínico Radiculopatia → tratamento clínico ou cirúrgico Mielopatia compressiva → avaliação cirúrgica Estenose lombar → avaliação cirúrgica Cauda equina → avaliação cirúrgica Neoplasia → avaliação cirúrgica Abscesso → antibioticoterapia e/ou avaliação cirúrgica 9. Mapamental
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