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Unidade II
Unidade II
5 O MUNDO CONTEMPORÂNEO E SEUS PARADOXOS
Antes de entrarmos no mundo contemporâneo, precisamos trilhar alguns caminhos que nos levem 
a entender como ocorreu a passagem do mundo moderno ao mundo contemporâneo.
As formações das monarquias nacionais, o fortalecimento e enriquecimento da burguesia, o 
mercantilismo, a expansão marítima, o renascimento científico e cultural e os descobrimentos de 
novos territórios foram responsáveis por promover transformações profundas na Europa a partir 
do século XVII.
Todas essas transformações foram desencadeadas pela burguesia, ansiosa pelo poder econômico e 
político. Das conquistas burguesas, podemos destacar a substituição do regime monárquico‑absolutista 
pelo regime liberal‑capitalista, o desenvolvimento das indústrias, as mudanças no sistema de produção 
e a apropriação da mão de obra assalariada, tudo isso alicerçado pelos três poderes: Executivo, 
Legislativo e Judiciário.
As mudanças dos séculos XVII, XVIII e XIX foram marcadas pelas Revoluções Inglesa, Americana, 
Francesa e Industrial, responsáveis pelos avanços do sistema capitalista o qual nós conhecemos hoje. 
Essas revoluções revelam o triunfo da sociedade burguesa sobre o Antigo Regime monárquico e o 
declínio do poder da nobreza nas decisões políticas e econômicas.
A Revolução Inglesa do século XVII desempenhou papel importante na crise do antigo sistema 
colonial, já que a burguesia inglesa limitou o poder do rei e instaurou o regime parlamentarista composto 
por pessoas da sua própria classe social.
A Revolução Americana foi responsável pela ruptura entre os colonos americanos e os ingleses, por 
meio da Guerra de Independência Americana, em 1776, quando os americanos instauram o primeiro 
regime republicano democrático moderno desde os antigos romanos.
O iluminismo e a ilustração se caracterizaram pelo surgimento de concepções filosóficas, culturais, 
intelectuais e sociais que rejeitavam as tradições e procuravam dar ênfase ao uso da razão como forma 
de viver bem. Esse movimento influenciou sobremaneira os movimentos revolucionários que ocorreram 
na Europa e na América.
A Revolução Francesa foi um dos movimentos sociais e políticos mais importantes da Europa e 
teve influência em várias regiões do mundo, como no Brasil, através da Conjura Mineira e da Conjura 
Baiana. Nela, a burguesia francesa destituiu o rei e tomou o poder, inaugurando uma nova fase 
política, econômica e social para a França. Amparada pelas ideias iluministas de “igualdade, liberdade 
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e fraternidade”, a burguesia francesa assumiu o poder se preparando para o capitalismo industrial em 
seu país.
A Revolução Industrial teve enorme impacto sobre as estruturas econômicas e sociais da época e 
teve grande repercussão em todo o mundo, pois mudou o sistema produtivo da época. A substituição da 
energia humana pela máquina teve grande significado e ressonância na vida humana.
As mudanças ocorridas com a Revolução Industrial na Inglaterra rapidamente se propagaram pelo 
mundo, pois o empreendimento capitalista minava a ordem social dos outros povos, que na maioria se 
tornaram dependentes das empresas capitalistas europeias.
Não se trata de um estudo eurocêntrico que privilegia as classes sociais burguesas surgidas naquele 
continente, mas se refere à influência que essas revoluções causaram no mundo, pois as trocas 
econômicas e sociais continuaram ocorrendo para sustentar o novo sistema econômico, o capitalismo, 
como ressaltou Eric Hobsbawm:
Quando escrevemos a “história mundial” dos períodos precedentes, estamos 
na realidade fazendo uma soma das histórias das diversas partes do globo, 
que, de fato, elas haviam tomado conhecimento umas das outras, porém 
superficial e marginalmente, exceto quando os habitantes de uma região 
conquistaram ou colonizaram uma outra, como os europeus ocidentais 
fizeram com as Américas (HOBSBAWM, 1982, p. 67).
Por outro lado, não podemos perder de vista que as conquistas da burguesia europeia, tais como os 
ideais de igualdade perante a lei, os direitos do cidadão, a destruição dos privilégios da nobreza feudal, 
a produção em larga escala e o domínio das democracias liberais espalhadas por todos os lados, não 
diminuíram as desigualdades sociais, apenas serviram para cravar o domínio dessa burguesia pelo mundo.
5.1 A Era das Revoluções: a Revolução Inglesa do século XII
A Inglaterra, no século XVII, adquiriu um extraordinário poder econômico. Desde a época Tudor, 
com Henrique VIII e sua filha, Elizabeth I, ocorreram condições necessárias para que esse poder burguês 
gradualmente fosse se concretizando, uma vez que a família Tudor unificou o país, subjugou a nobreza 
e afastou o poder papal nos assuntos do reino, criando uma igreja nacional inglesa, a Anglicana. Além 
disso, a partir de um estado forte, passaram a pleitear as conquistas coloniais, sobretudo as terras 
coloniais da Espanha.
A dinastia Tudor conquistou a base para o desenvolvimento econômico do país, uma vez que detinha 
o monopólio sobre o sal, o sabão, o arenque e a cerveja, por meio das Companhias das Índias Orientais. 
Por causa disso, beneficiava a burguesia financeira e impedia a concorrência.
Tal conduta protegia apenas essa burguesia financial, mas não a burguesia comercial e os artesãos 
ingleses, que eram prejudicados com o aumento dos alimentos e produtos necessários às operações 
comerciais e artesanais.
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Nesse período, existia outro problema grave na economia inglesa: a questão da terra. Ocorre que a 
expansão do consumo de alimentos, a elevação dos produtos agrícolas e o consumo da lã elevaram o preço 
das terras, o que era incompatível com as medidas reais de conter o poder da nobreza dona de terras.
Os grandes e os pequenos produtores de terras tentaram, com essas medidas, realizar o cercamento 
dos campos, isto é, transformar as terras coletivas desocupadas em propriedades coletivas para a criação 
de ovelhas, já que a lã estava em alta.
Dessa forma, haveria uma expulsão em massa de posseiros para desenvolver investimentos de capital 
sobre a própria terra apenas para alguns produtores. O Estado tentava barrar o avanço dos cercamentos, 
deixando insatisfeita essa população mais vanguardista que desejava mudanças.
Aliados a esses produtores desejosos de cercamento, surgiram a burguesia mercantil, a nobreza mais 
progressista rural, os gentry, assim como as camadas urbanas intermediárias (jornaleiros e artesãos) 
contra os camponeses não proprietários que eram contra o cercamento dos campos, os yeomen.
Existiam ainda grandes proprietários que conservam as estruturas feudais em suas terras e viviam das 
rendas feudais cada vez mais diminuídas. Esses proprietários rurais continuavam dependentes do Estado, 
bem como os membros do alto clero, que também eram proprietários de terra e dependiam dos favores 
reais. Juntava‑se a esse grupo a burguesia financeira, que se beneficiava com os monopólios reais.
O Parlamento inglês, surgido no século XIII, era um corpo legislativo representado pelos nobres 
ingleses que tinham o poder de direito e foi regularizado pelo rei Eduardo I quando oficializou as 
assembleias. Nesse período conflituoso o Parlamento, que era representado pela burguesia e gentry, 
como o rei tinha o poder de fato, pretendia legitimar o seu poder como poder de direito e de fato.
O Parlamento tentou radicalizar ainda mais sua posição diante desse impasse identificando‑se com 
o puritanismo (calvinismo), que rejeitava o anglicanismo do poder real. Dessa forma, observamos o 
início da Revolução Inglesa através da Revolução Puritana, como o embate entre a burguesia e o rei 
para o domínio político.
Com a morte de Elisabeth I, quenão possuía herdeiros, em 1603, assumiu o trono Jaime I, rei da 
Escócia (1603‑1625), da Dinastia Stuart. Ele perseguiu os católicos e as seitas radicais e dissolveu o 
Parlamento várias vezes. Tais atos provocaram a emigração em massa de ingleses para a América do 
Norte. Os desentendimentos entre o rei e o Parlamento se intensificaram. Com a morte de Jaime I em 
1625, seu filho Carlos I assumiu o poder.
Carlos I (1625‑1648) tentou perpetuar a política de seu pai ao estabelecer novos impostos, mas foi 
impedido pelo Parlamento. Em 1628, depois de tantos problemas, o rei tentou convocar o Parlamento, que 
sujeitou o rei ao juramento da Petição dos Direitos, uma garantia à população contra os tributos e detenções 
ilegais, o controle da política financeira e do exército e a regularização na convocação do Parlamento.
O Parlamento sofreu um revés: Carlos I o dissolveu em 1629. Ele só voltou a se reunir em 1640, foi 
fechado novamente e reaberto em 1653.
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O primeiro movimento revolucionário inglês contra o rei ocorreu em 1640. Foi a Guerra Civil 
(1641‑1649). De um lado estavam os cavaleiros, isto é, o exército fiel ao rei, apoiado pelos senhores 
feudais, e do outro estavam os cabeças‑redondas, que recebiam esse nome por não usarem peruca e que 
estavam ligados à gentry. Eram forças que apoiavam o Parlamento.
O exército do Parlamento foi organizado por Oliver Cromwell de uma forma bastante inovadora, 
diferentemente dos cavaleiros medievais: era composto por camponeses (yeomen), com apoio financeiro 
da burguesia londrina e da gentry. O rei foi vencido em 1645 e refugiou‑se na Escócia, mas foi aprisionado 
e vendido pelo Parlamento escocês para o Parlamento inglês.
Vencedor, o Parlamento achou que era uma boa hora para negociar com a realeza e conspirar contra o 
exército do rei. Porém, esse exército estava organizado e influenciado por grupos radicais como os niveladores, 
que lutavam contra o descrédito do exército. Estes, que tinham um projeto político muito avançado, tentaram 
assumir o controle do exército em 1647, momento em que o rei fugiu novamente e rapidamente. Após a 
reorganização do exército, ocorreu uma limpeza no Parlamento, com a prisão de muitos deputados.
Após esses eventos, o rei Carlos I foi condenado e decapitado em 1649, a Câmara dos Lordes foi abolida 
e a República foi proclamada em 19 de maio de 1649. Esse período ficou conhecido como a República e 
o Protetorado de Cromwell (1649‑1658), quando uma nova depuração ocorreu no Parlamento e o poder 
executivo passou a ser exercido por um Conselho de Estado, comandado por Oliver Cromwell.
Oliver Cromwell reprimiu com firmeza rebeliões que ocorreram na Inglaterra, principalmente na 
Irlanda e na Escócia, procurou eliminar a reação monarquista e executou os principais líderes dos 
niveladores e dos escavadores, trabalhadores rurais que pretendiam se apossar das terras do Estado. 
Também o clero anglicano e muitos nobres foram dizimados durante o protetorado.
Em 1653, uma nova Constituição concedeu a Oliver Cromwell o título de Lorde Protetor da República. Apesar 
de se recusar a usar coroa, seus poderes eram tão absolutos quanto o de um rei. Ele impôs uma ditadura puritana 
intolerante. Morreu em 1658, e seu filho Richard Cromwell assumiu o poder, mas foi deposto em 1659.
Com a morte de Cromwell a dinastia Stuart volta em 1660 e Carlos II é proclamado rei da Inglaterra 
com poderes limitados pelo Parlamento. Beneficiado por um novo Parlamento de Cavaleiros, nobres 
realistas e grande número de anglicanos, surgiu uma nova onda contrarrevolucionária.
Carlos II autorizou os Atos de Navegação favoráveis ao comércio inglês e devido a isso se envolveu 
em uma guerra contra a Holanda.
Com a aprovação da Lei do Teste, em 1673, segundo a qual todo funcionário público deveria professar 
o anticatolicismo, o parlamento ficou dividido em dois grupos: os whigs, que eram contra o rei e a favor 
da burguesia e de mudanças revolucionárias, e os tories, que eram defensores feudais e ligados à antiga 
aristocracia feudal.
Após o reinado de Carlos II, subiu ao trono o seu irmão Jaime II, católico e amigo dos franceses. 
Foi destronado após ter tomado várias medidas em favor dos católicos. O Parlamento convocou então 
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Maria Stuart, filha de Jaime II e esposa de Guilherme de Orange, para ser a rainha da Inglaterra com seu 
esposo, que se proclamou rei com o nome de Guilherme III. Esse rei assinou a Declaração dos Direitos, 
segundo a qual o monarca não podia cancelar as leis parlamentares, o trono poderia ser entregue a 
quem o Parlamento quisesse após a morte do rei, inspetores controlariam as contas reais e o rei não 
deveria manter um exército em épocas de paz, o qual concedia amplos poderes ao Parlamento.
Este é o movimento revolucionário chamado de Revolução Gloriosa e marcou a ascensão da 
burguesia ao poder. O poder monárquico foi limitado e ficou à mercê das prerrogativas do Parlamento.
A Revolução Inglesa, dividida em Revolução Puritana (1649‑1658) e Revolução Gloriosa (1660‑1688), 
é conhecida como o primeiro movimento revolucionário da burguesia na história. Ela marcou o conflito 
entre o rei e o Parlamento e entre o absolutismo e o liberalismo, tendo como resultado a instauração de 
uma monarquia parlamentar na Inglaterra que permanece até hoje (ARRUDA, 1986, p. 97‑103).
A Independência dos Estados Unidos foi outro duro golpe à opressão monárquica e marca o 
rompimento do sistema colonial inglês na América, como veremos a seguir.
Datas importantes da Revolução Inglesa:
• 1603‑1625: reinado de Jaime I.
• 1625‑1642: reinado de Carlos I.
• 1628: Petição dos Direitos.
• 1640‑1653: Longo Parlamento.
• 1642‑1645: Guerra Civil.
• 1649: Carlos I é decapitado.
• 1649‑1660: República da Inglaterra.
• 1651: Atos de Navegação.
• 1653: Oliver Cromwell se torna Lorde Protetor.
• 1658: morte de Cromwell.
• 1660: restauração de Carlos II.
• 1688: Revolução Gloriosa.
• 1689: Declaração dos Direitos.
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5.1.1 A Revolução Industrial na Inglaterra
A Revolução Inglesa abriu caminho para uma das maiores transformações sociopolíticas e 
econômicas de que se tem notícia: sem os entraves propostos pelo monarca absolutista, a burguesia 
inglesa deu um grande passo em direção à Revolução Industrial, que se desenvolveu a partir da 
segunda metade do século XVIII.
A Revolução Industrial não foi uma revolução tecnológica que correspondeu à passagem da energia 
humana para a energia motriz, mas uma autêntica revolução em todos os sentidos da vida social, cultural 
e de mentalidades. A economia industrial protagonizou mudanças nos homens, nas mercadorias e nos 
serviços, desencadeando outras mudanças que iriam culminar nas transformações do século XIX, como 
salientou Maurice Dobb:
[...] o ritmo da modificação econômica, no que diz respeito à estrutura 
da indústria e das relações sociais, ao volume de produção e à extensão e 
variedade de comércio, mostrou‑se inteiramente anormal, a julgar pelos 
padrões dos séculos anteriores: tão anormal a ponto de transformar 
radicalmente as ideias do homem sobre a sociedade de uma concepção 
mais ou menos estática de um mundo onde, de uma geração para outra, 
os homens estavam fadados a permanecer na posição que lhes fora 
conferida ao nascer, e onde o rompimento com a tradição era contrário 
à natureza, para uma concepção de progresso como a lei da vida e do 
aperfeiçoamento constante como estado normal de qualquer sociedade 
sadia (DOBB, 1981, p. 258).
Para analisarmos as transformações ocorridas, devemos mapear os períodos do processo de 
industrialização:
• 1760 a 1850: período no qual a Revolução Industrial esteve restritaà Inglaterra e predominaram 
a produção de bens de consumo têxteis e a energia a vapor.
• 1850 a 1900: a revolução se espalhou por Bélgica, França, Alemanha, Itália, Rússia, América do Norte 
e Japão. As nações passaram a concorrer; as ferrovias se expandiram; houve o desenvolvimento 
dos bens de produção; surgiram outras formas de energia, como a energia hidrelétrica e os novos 
combustíveis derivados do petróleo; e ocorreu a invenção do motor a explosão e, com isso, uma 
revolução nos transportes marítimos e terrestres, tais como o barco a vapor e a locomotiva.
• 1900 até os nossos dias: surgimento dos grandes conglomerados industriais, as multinacionais, 
da produção automatizada, da sociedade de consumo de massas e dos meios de comunicação de 
massa. Revolução cibernética e Era da Informação.
Como disse Dobb (1981, p. 260), a essência da transformação estava na mudança do caráter da 
produção. Então, começaremos a nossa análise observando o processo de produção:
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• O artesanato foi o primeiro processo de produção industrial, surgido nos finais da era feudal. 
A produção era independente, e o artesão tinha seus próprios meios de produção: ferramentas, 
oficina e matéria‑prima. O artesão e o aprendiz realizavam todas as etapas de produção; eles eram 
agentes da produção.
• A manufatura resultou da ampliação do consumo e da necessidade de aumentar a produção. 
O comerciante manufatureiro distribuía a matéria‑prima para os artesãos para que pudessem 
trabalhar em suas casas, e, após ter realizado o trabalho, eles receberíam pelo produto acabado, 
como se fossem trabalhadores terceirizados. Com o tempo, a produção ficou mais elaborada, e 
surgiram artesãos para realizar esse trabalho. Aos poucos foram agregados em uma fábrica, onde 
cada um exercia sua função e não tinha mais controle sobre o seu produto. Ocorreu a divisão 
social do trabalho. O trabalhador era agente da produção, mas não controlava a confecção do 
produto até seu final, se responsabilizando apenas por uma parte do produto realizado. Essa foi 
considerada a primeira forma de produção industrial.
• A maquinofatura foi o momento no qual o trabalhador era submetido à realização de apenas 
uma etapa da produção, por meio de um trabalho mecânico. O trabalhador realizava seu trabalho 
por intermédio da máquina com uma grande rapidez, controlava a velocidade, alimentava a 
máquina e zelava pela sua manutenção. Nessa fase, o artesão não dominava o conhecimento 
total do produto. O trabalhador não era mais dono do produto realizado.
Para que ocorresse uma revolução no modo de produzir artesanalmente para a maquinofatura, 
era necessário:
• Mão de obra abundante.
• Disponibilidade de matérias‑primas.
• Mercado consumidor.
• Capital para investimentos.
• Maquinários.
• Local para que fosse instalada uma grande oficina.
Por que a Inglaterra foi pioneira nesse processo?
• Depois do decreto dos Atos de Navegação e Comércio, resultando no monopólio do comércio, os 
ingleses construíram um vasto império colonial fornecedor de matérias‑primas, principalmente o 
algodão, e consumidor de seus produtos manufaturados.
• Com o cercamento dos campos, o camponês migrou para as cidades, aumentando a oferta de 
trabalho e o consumo dos bens que produziam.
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• Os comerciantes acumularam capital durante o capitalismo comercial.
• Ocorreram as inovações técnicas como a lançadeira volante (tecelagem, inventada por John 
Kaye), Spinning Jenny (produção de fios, inventada por James Hargreaves), water frame 
(produzia fios mais grossos) e tear mecânico (tecelagem).
• O inglês Benjamin Huntsman inventou a técnica de fabricação de aço e, cem anos depois, Henry 
Bessemer inventou uma maneira eficaz de remoção de impurezas.
• Com os progressos siderúrgicos e de mineração, surgiram as máquinas a vapor, locomotiva 
(inventada em 1814 por George Stephenson) e barco (ARRUDA, 1986, p. 109‑10).
Em suma: a Inglaterra foi o cenário de uma revolução tecnológica, agrícola, demográfica e fabril, 
corroborada pelo sistema colonial, que auxiliou no desenvolvimento industrial.
Figura 4 – A invenção da Spinning Jenny, em 1767, aumentou a produtividade do trabalho dos artesãos
5.1.2 Como funcionava a exploração do trabalho no início da era industrial?
Karl Marx (1818‑1883), filósofo, economista e sociólogo alemão, estudou o modo de produção 
capitalista a fundo (ele trabalhou em uma fábrica inglesa para entender melhor o processo), a fim 
de compreender como se dava a exploração do trabalhador assalariado. O processo de trabalho era 
realizado da seguinte forma:
Matéria‑prima + força de trabalho (mental ou manual) + máquinas (ou instrumentos de 
trabalho) = produto final
O empresário era dono dos meios de produção: ele comprava a matéria‑prima, as máquinas e o local 
de trabalho eram de sua propriedade e o resultado do trabalho, o produto final era vendido no mercado 
por uma quantia bem superior àquela investida na produção. O operário vendia sua força de trabalho ao 
capitalista em troca de um salário, e com o dinheiro que recebia ele adquiria mercadorias para satisfazer 
suas necessidades básicas.
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Segundo Marx, o valor de troca de uma mercadoria era determinado pelo tempo de trabalho gasto 
para produzi‑la, chamado de Valor/Trabalho. Ocorre que o tempo gasto na criação de uma mercadoria 
não correspondia ao valor pelo qual ela era vendida. Os capitalistas adquiriam uma matéria‑prima e a 
força de trabalho por um valor, e quando o produto era finalizado eles vendiam pelo dobro do valor que 
investiram. O próprio trabalhador produzia a mercadoria por um preço mais baixo e consumia a mesma 
mercadoria que produziu por um preço mais alto (SINGER, 1987, p. 29‑30).
Esse processo, chamado de mais‑valia, pode ser explicado da seguinte forma: no processo de 
produção a mão de obra assalariada, ao trabalhar na elaboração da mercadoria, ou seja, ao trabalhar 
sobre a matéria‑prima com a ajuda de ferramentas ou máquinas, conservava o valor do capital constante 
para aquelas mercadorias. Porém, para cada novo produto elaborado pelo trabalhador, criava‑se um 
valor novo. Dessa forma, o trabalhador cria um novo valor de uso no produto além daquele que ele 
realmente vale (MARX; ENGELS, 1980, p. 357‑61).
Apesar disso, o salário pago para o trabalhador era mínimo diante do lucro produzido, ou seja, 
o ganho com a produção durante dez dias já pagaria o salário de um mês do trabalhador. Assim, o 
empresário pagava o valor equivalente de dez dias trabalhados e recebia a riqueza de graça produzida 
nos vinte dias restantes.
Ainda ocorria outro tipo de mais‑valia (relativa), ou seja, com as inovações técnicas e o sucesso e 
aumento da produção, o lucro era extraordinário em comparação ao salário pago ao trabalhador por 
trinta dias trabalhados. Da mesma forma, o lucro correspondia a dez dias trabalhados, porém o salário 
recebido era por trinta dias trabalhados.
Como o empresário deseja recuperar o capital que investiu, ele vende a mercadoria a um preço muito 
alto, que muitas vezes não é acessível para aquele consumidor mais pobre. Nesse início de Revolução 
Industrial, a mais‑valia representava a desproporção entre o valor do trabalho e o salário pago.
Dessa forma, com essa disparidade no sistema de produção, não tardaram a aparecer reações 
populares. Eric Hobsbawn (1982, p. 55), ao discorrer sobre a Revolução Industrial, expôs: “suas mais 
sérias consequências foram sociais: a transição da nova economia criou miséria e descontentamento, os 
ingredientes da revolução social”.
Ocorreram vários movimentos populares na Inglaterra contra esse sistema econômico que estava 
oprimindo os trabalhadores pobres. O ludismo (iniciadopor Ned Ludlam) foi um movimento que 
explodiu em 1811, no qual os trabalhadores quebravam as máquinas que julgavam responsáveis pela 
sua pobreza (ARRUDA, 1986, p. 111‑2).
Nas décadas de 1930 e 1940, surgiu o movimento que pedia melhores condições de trabalho. Ele 
durou alguns anos e contou com a realização de comícios e manifestações dirigidas por William Lovett, 
que redigiu a Carta ao Povo, documento no qual reivindicava uma série de exigências, como voto 
universal e secreto para o Parlamento, eleição anual, direito de concorrer ao Parlamento, abolição do 
censo de fortuna para os candidatos etc.
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Com o tempo, foram surgindo, na Inglaterra, associações chamadas de trade unions, que adquiriram 
um caráter reivindicatório, como os atuais sindicatos, e aos poucos foram conquistando o direito de 
greve e a legalização do primeiro sindicato inglês, no século XVIII.
Outras camadas da sociedade, tais como os pequenos comerciantes ou a pequena burguesia, também 
foram vítimas desse sistema industrial. Além disso, foi o empobrecimento da camada mais pobre da 
população que possibilitou aos ricos acumular capital e financiar ainda mais o desenvolvimento industrial.
Os descontentamentos ocorridos no século XVIII afloraram muitos outros movimentos na Europa 
e na América que engrossaram o caldo da insatisfação: os movimentos de 1848 na França, de cunho 
socialista, os democratas jacksonianos americanos e os radicais britânicos.
Por fim, a moderna sociedade do século XIX estava dividida entre aqueles que gastavam e aqueles que 
investiam. As classes mais ricas acumulavam renda com rapidez. A Inglaterra desenvolveu as fábricas e 
as ferrovias, enquanto a França desenvolveu as ideias, fornecendo temas e vocabulário da política liberal 
e radical‑democrática.
Os impactos da industrialização para a classe operária:
• Deslocamento em massa da população rural para as cidades.
• Vida em péssimas condições para a classe operária.
• O operariado, destituído dos meios de produção, era obrigado a vender a sua força de trabalho.
• Longas jornadas de trabalho – até 16 horas por dia.
• Intensificação da pobreza.
• Lei Senhor e Empregado, que protegia o empresário e previa o encarceramento do operário que 
abandonasse o trabalho.
• Salários baixos.
• Nenhuma garantia previdenciária ao operário.
• Não havia direito a descanso semanal nem férias.
• Menores salários ao trabalho infantil e das mulheres.
• Muitas vezes, empregavam‑se crianças de até 6 anos.
• Caso a mulher entrasse em trabalho de parto, ela iria para casa para ter a criança e deveria 
trabalhar no dia seguinte, sob pena de perda do dia trabalhado.
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• O salário era cada vez mais reduzido pela mecanização, que desqualificava o trabalho.
• Sem convênio médico, a média de vida da população era diminuída.
• Dadas as condições insalubres das fábricas, em geral sem ventilação e com péssima iluminação, os 
trabalhadores, ao saírem depois do expediente, contraíam doenças devido ao frio.
• O número de órfãos vagando pelas ruas era enorme.
• Não havia programas sociais.
• Não havia segurança no trabalho: muitos operários caíam e tinham seus membros amputados.
• Não havia socorro; caso houvesse um acidente o trabalhador era substituído e perdia o que tinha 
produzido.
• O perigo de acidentes era enorme devido à falta de horas de sono do operário, que muitas vezes 
chegava a cochilar em serviço.
• Os operários eram surrados caso chegassem atrasados.
• Os empregados tinham meia hora para o almoço, e esse período era descontado do salário.
• Devido ao alto custo de vida, muitos operários não tinham o que comer e, portanto, não almoçavam.
• Muitas crianças eram roubadas e vendidas como aprendizes sem receber um salário.
• Os patrões puniam as crianças com socos pela sua desatenção no trabalho.
• Devido às condições exaustivas, os pais perdiam o convívio com seus filhos.
• Muitas pessoas da mesma família chegavam a morrer de fome.
 Saiba mais
Um filme que retrata a Revolução Industrial de uma forma bem divertida 
é Tempos Modernos, com Charles Chaplin.
TEMPOS modernos. Dir. Charles Chaplin. EUA: United Artists, 1936. 
87 minutos.
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5.1.3 O iluminismo
O iluminismo foi influenciado pelas ideias do inglês John Locke e se desenvolveu no século XVIII, em 
grande parte na França. Esse movimento expressava o racionalismo, que se iniciou no Renascimento e 
culminou com o espírito que representava a ideologia da burguesia em ascensão.
O iluminismo influenciou a Revolução Francesa, as ideias revolucionárias da independência dos 
Estados Unidos, a independência das colônias latino‑americanas e a Inconfidência Mineira. Os escritos 
dos filósofos iluministas circulavam em vários lugares, engrossando a quantidade de pessoas revoltadas 
contra o absolutismo real.
O iluminismo não foi um movimento homogêneo, ou seja, não foi um modelo sistematizado de ideias, 
mas sim um conjunto de mentalidades que envolvia filósofos, economistas, matemáticos e intelectuais, 
fruto de uma época de transição.
As ideias iluministas se voltavam para a natureza e para a sociedade, sempre sustentadas pela razão, 
que seria um meio indispensável para o conhecimento da natureza e da sociedade e era um antídoto 
contra o fanatismo e o engano. As relações sociais também são reguladas por leis naturais.
Os iluministas veneravam a razão, a luz do conhecimento. Segundo eles, o conhecimento científico 
era essencial para o progresso da sociedade, e sem a ciência haveria o obscurantismo. Por isso, os 
filósofos se empenhavam no estudo das ciências naturais, da Matemática, da Astronomia, da Física e 
da Química, dentre outros estudos, estimulando o questionamento e a investigação. A educação seria 
responsável por uma boa formação do ser humano.
Segundo os filósofos iluministas, a Igreja era uma instituição dispensável, e até a crença, para eles, 
foi racionalizada. É o caso dos deístas, que acreditavam que Deus estivesse presente na natureza. As 
instituições religiosas eram julgadas intolerantes; suas ordens, consideradas inúteis. Os padres e outros 
religiosos eram considerados supersticiosos que realizavam um desserviço às pessoas, contaminando‑as 
com mentiras. Outros pensadores como Helvetius e Holbach defendiam o ateísmo, isto é, a ideia de 
Deus não existe, ele é uma invenção da época dos mitos.
Para os iluministas, os seres humanos nascem bons e iguais perante a natureza, porém se tornam 
desiguais diante de uma sociedade considerada desigual. A saída para isso estaria na modificação e 
correção da sociedade, dando mais liberdade de expressão e mais igualdade entre os seres sociais.
De acordo com os iluministas, o ser humano deveria buscar a felicidade, que seria garantida pelo 
governo através das leis. Isso contemplaria os direitos naturais do cidadão, ou seja: a liberdade 
individual, que garantiria a posse dos bens, a liberdade de expressão e a liberdade de escolha 
religiosa – até mesmo a escravidão e a servidão eram criticadas por eles –; a igualdade, que 
consistia na afirmação de que perante a lei e a justiça e perante os bens, todos deveriam ser iguais; 
e a fraternidade, condição altruísta e benevolente do ser humano, princípios esses defendidos pela 
franco‑maçonaria.
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Unidade II
Temerosos de perderem seu governo, alguns reis aderiram às ideias iluministas fazendo alianças com 
os pensadores iluministas, como é o caso do rei Frederico II, rei da Prússia, Catarina II, tzarina da Rússia, 
José II, imperador austríaco, além de Pombal, ministro português, e Aranda, ministro da Espanha.
Elesse aliaram aos filósofos a fim de melhorar a administração em seus reinos, potencializando 
a propaganda iluminista em seus países. Alguns desses reis deram liberdade de culto, estimularam o 
ensino básico e aboliram a servidão; outros fizeram reformas importantes para dinamizar o comércio. 
Esses reis eram chamados de déspotas esclarecidos.
Cabe salientar que o iluminismo foi um movimento da burguesia. Essa classe social pleiteava 
liberdade econômica e política (contra o monopólio real), igualdade social (eles queriam ter as mesmas 
prerrogativas da nobreza, pois os burgueses, apesar de ricos, tinham menos direitos que a nobreza) e 
fraternidade (princípios já defendidos pela maçonaria na Europa).
Esse movimento de depuração intelectual foi financiado pela burguesia como recurso para 
desenvolver técnicas de produção, com as invenções da mecânica, da física e da química. Além disso, o 
pensamento iluminista estava em comum acordo com o pensamento burguês, isto é, o iluminismo veio 
revigorar um novo paradigma ético, político e econômico condizente com os interesses burgueses.
Principais pensadores iluministas:
• Pensadores franceses:
— Montesquieu (1689‑1755): o Barão de Montesquieu, ou Charles Secondat, criou a obra 
Do Espírito das Leis (1748), na qual defendeu a separação dos três poderes do estado, ou 
seja, Executivo, Legislativo e Judiciário. Defendia a ideia da “divisão” do governo em três 
poderes independentes, a fim de limitar os abusos do governo absolutista. Em Cartas Persas, 
Montesquieu ridicularizou os costumes e instituições de seu tempo.
— Rousseau (1712‑1778): Jean Jacques Rousseau teve uma origem modesta e era contrário 
ao luxo e à vida mundana. Em seu livro Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre 
Homens (1755), Rousseau defendeu a ideia da bondade natural do ser humano, que se tornava 
pervertido por causa da sociedade em que vivia. Defensor da pequena burguesia, desejava a 
participação do povo na política por meio de eleições. Uma das suas obras mais importantes 
foi O Contrato Social. Escreveu ainda Emílio, onde propunha uma vida social simples.
— Voltaire (1694‑1778): François‑Marie Arouet, ou Voltaire, foi um crítico polêmico da religião 
e da monarquia. Defendia a liberdade intelectual. Em Cartas Inglesas, atacou o absolutismo e a 
intolerância religiosa. Escreveu Ensaio sobre os Costumes em 1756.
— Denis Diderot (1713‑1784): foi o criador da Enciclopédia, publicada entre 1751 e 1772, 
conjunto de 35 volumes sobre vários assuntos. Com a ajuda do matemático d’Alembert e 
outros colaboradores, Diderot propôs uma obra, e não apenas um dicionário, buscando criar 
um padrão de sabedoria que incluía vários campos do conhecimento humano.
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• Pensadores ingleses (fisiocratas):
— Adam Smith (1723‑1790): principal representante do conjunto de ideias chamado 
liberalismo econômico, de acordo com o qual a economia deveria ser dirigida pela natureza, 
sem interferência do Estado, a não ser para garantir o livre curso da natureza. Adam Smith 
era um fisiocrata (governo da natureza) e defendia a liberdade das atividades comerciais e 
industriais. Sua principal obra foi A Riqueza das Nações, de 1765, mostrando que o comércio 
era fonte de riqueza. Era adepto da célebre frase de Gournay: “Laissez faire, laissez passer” 
(Deixe fazer, deixe passar).
— John Locke (1632‑1677): o inglês John Locke é considerado o “Pai do Iluminismo”. Sua obra 
mais conhecida é Ensaio sobre o Entendimento Humano, de 1689. Locke criticou a Teoria do 
Direito Divino, argumentando que a soberania não reside no Estado, mas na população. Em 
Dois Tratados sobre o Governo, Locke negava a ideia de que Deus tivesse o poder sobre o 
destino dos homens e afirmava que a sociedade moldava o ser humano para o bem ou para 
o mal. Ele defendia a separação da Igreja e do Estado. Embora fosse adepto da igualdade 
humana, Locke foi defensor da escravidão, que, segundo ele, estava relacionada aos vencidos 
na guerra (ARRUDA, 1986, p. 115‑20).
 Saiba mais
Um filme que aborda a natureza do ser humano segundo as ideias de 
Rousseau é O Garoto Selvagem (L’Enfant Sauvage). Baseada no livro de Jean 
Itard (1774‑1838), médico psiquiátrico francês que se tornou responsável 
pela criação e educação de uma criança selvagem, a trama mostra o modo 
como reage uma criança selvagem em contato com a sociedade.
O GAROTO selvagem. Dir. François Truffaut. França: Les Productions 
Artistes Associés,1970. 85 minutos.
Sobre o filme, leia o texto a seguir:
FEIJÓ, M. C. O Garoto Selvagem em três tempos: Victor de Aveyron e 
uma história cultural da inteligência. Facom, São Paulo, n. 18, 2º semestre 
de 2007. Disponível em: <http://www.faap.br/revista_faap/revista_facom/
facom_18/martin.pdf>. Acesso em: 2 maio 2016.
5.1.4 A influência iluminista: a independência dos Estados Unidos
Os Estados Unidos foram os pioneiros na emancipação colonial, tornando‑se o primeiro país a 
romper com o sistema colonial vigente. Os ideais revolucionários dos colonos americanos, sustentados 
pelas ideias iluministas e no espírito autônomo que a metrópole de certa forma lhes concedia, foram 
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responsáveis pela soberania que conquistaram após a independência: eles se tornaram o primeiro país 
democrático e republicano desde a Roma Antiga (ARRUDA, 1986, p. 122‑8).
As diferenças existentes entre os tipos de construção, desenvolvimento e formas de exploração das 
treze colônias inglesas na América foram fundamentais para o sucesso desse movimento.
Nas colônias do Norte e do Centro, região colonizada por exilados ingleses, por questões religiosas 
ou políticas, em busca de um novo lar, predominavam pequenas e médias propriedades, policultura e 
trabalho livre. As colônias da chamada Nova Inglaterra tinham sua economia baseada em comércio, 
produção de manufaturados e consumo interno.
Como os produtos agrícolas produzidos nessas regiões eram semelhantes aos produzidos na 
Europa, a metrópole não se interessava muito em exercer um domínio mais rígido nesses territórios. 
É provável que devido a essa particularidade tenha se formado uma elite colonial ligada às atividades 
manufatureiras e comerciais com mentalidade capitalista ávida por investimentos, que aos poucos iria 
ultrapassar as fronteiras coloniais.
Além disso, os colonos do Norte se organizaram em comércios triangulares que gradativamente 
aumentaram o lucro de seus comerciantes. O comércio triangular abrangia América, África e Europa e era 
realizado da seguinte forma: comercializavam peixe, madeira, gado e alimentos com as Antilhas, de onde 
adquiriam rum, açúcar e melaço; e este último era transformado, nos portos de Nova York e Pensilvânia, em rum 
e enviado à África para a compra de escravos, que eram vendidos para as colônias sulistas.
Havia, ainda, outro triângulo, iniciado na Filadélfia, Nova York ou Newport, com carregamentos de 
açúcar e melaço trocados na Jamaica que iam para Inglaterra, onde eram barganhados por tecido e 
ferragens, até que voltavam ao ponto inicial.
Outro comércio muito ativo era transportar peixe, cereais e madeira serrada para Espanha e 
Portugal, onde adquiriam frutas, sal e vinho, que eram levados para a Inglaterra e trocados por produtos 
manufaturados que voltavam para a América. Com essa forma de barganha, os produtos ficavam mais 
baratos, principalmente os produtos manufaturados ingleses, que eram muito caros, aumentando o 
fluxo de renda dos comerciantes.
Com esse intrincado mecanismo comercial, que envolvia produtores e distribuidores, compradores 
e vendedores, enfim, todo tipo de negócio, não tardou para que fosse proclamado um autogoverno 
(self‑government), pois tinham certa autonomia para isso. Os colonos estavam habituados a estabelecer 
assembleias provinciais para debater e legislar sobre as questõeslocais. Esse grupo, sempre interessado 
em ampliar seus investimentos, terá uma importância muito grande na guerra de independência.
As colônias do Sul praticavam a economia agroexportadora e eram constituídas de grandes 
latifúndios e trabalho escravo. Como sua região é mais tropical, os colonos eram mais dependentes 
do mercado externo, de onde exportavam tabaco, anil e algodão, em troca da importação de produtos 
manufaturados e alimentos mais caros. Nessa região predominavam as regras do exclusivo colonial, 
como ocorria no Brasil, ou seja, as colônias só poderiam comprar e vender para sua metrópole.
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Depois da vitória da Inglaterra na Guerra dos Sete Anos (1756‑1763) contra a França, os ingleses 
decidiram intensificar a exploração colonial como forma de sanar os gastos com a guerra, que tinha 
esvaziado os cofres ingleses.
Assim, o Parlamento inglês tomou uma série de medidas que taxavam não apenas o contribuinte inglês, 
mas também os colonos norte‑americanos, criando um conjunto de leis que garantissem o monopólio 
do mercado consumidor para as suas manufaturas, dificultando, dessa forma, a compra e venda das 
manufaturas coloniais e, indiretamente, os comerciantes, que dependiam dessa compra e venda.
Assim, o Parlamento criou o Sugar Act, ou Lei do Açúcar (1764), que taxava todo açúcar que não 
viesse das Antilhas Britânicas. Já que o açúcar vendido aos ingleses pelos comerciantes nortistas vinha 
de uma transação comercial que envolvia trocas, isso prejudicou terrivelmente os comerciantes que 
dependiam do comércio triangular.
A Lei do Selo, ou Stamp Act (1765), exigia a selagem dos documentos, contratos de jornais e até 
mesmo baralho e dados, dentre outros produtos, e prejudicava a colônia, pois teriam de selar todos 
os documentos que circulavam na colônia, com lucros para a metrópole, enfraquecimento monetário 
interno e redução da capacidade de importar.
Após outras pressões impostas pela Inglaterra, a crise piorou em 1773 com a Lei do Chá ou Tea 
Act (1773), que dava plenos poderes à Companhia das Índias Orientais. Como vários políticos ingleses 
tinham interesses econômicos, essa lei determinava que os colonos (intermediários do chá) só poderiam 
comprar chá dessa empresa comercial.
A primeira reação ocorreu em Boston, onde comerciantes disfarçados de indígenas destruíram 
trezentas caixas de chá retiradas dos porões dos barcos ancorados no porto: foi o Boston Tea Party. Em 
1774, a crise entre ingleses e colonos se acirrou com as Leis Intoleráveis, que exigiam que o porto de 
Boston fosse interditado até que os prejuízos fossem ressarcidos.
No mesmo ano, em setembro, os colonos se reuniram no Primeiro Congresso Continental da 
Filadélfia para redigir um documento pleiteando o fim das Leis Intoleráveis e o fim das exigências 
da metrópole, mas o rei inglês declarou esses americanos rebeldes. Em 1775, ocorreu o Segundo 
Congresso Continental da Filadélfia, que tinha um caráter explicitamente separatista. Thomas 
Jefferson redigiu a Declaração de Independência, e George Washington, da Virgínia, foi nomeado 
comandante das tropas americanas.
Em 4 de julho de 1776, delegados de todos os territórios foram representar, na Filadélfia, seu apoio 
ao documento de declaração de independência redigido por Thomas Jefferson, Benjamin Franklin e 
Samuel Adams.
A guerra de independência teve início em 1775, com a tomada de Boston pelos americanos 
voluntários e alguns milicianos, mas com poucos quadros de apoio, pois os sulistas estavam um pouco 
divididos e os canadenses permaneciam fiéis à Inglaterra.
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A vitória final se deu quando os franceses, desejosos de se vingar dos ingleses, assinaram um tratado 
de amizade, aliança e comércio, transferindo dinheiro aos revoltosos e buscando alianças com os 
espanhóis. Os franceses, com La Fayette e Rochambeau, enviaram 7.500 expedicionários, engrossando o 
exército dos colonos e derrotando os ingleses.
Em 1783, foi reconhecida a independência dos Estados Unidos da América pelo Tratado de Versalhes 
com uma fronteira que iria desde os Grandes Lagos até o Mississippi. A França recuperou suas ilhas nas 
Antilhas (Santa Lúcia e Trinidad e Tobago) e a Espanha recuperou Minorca e a região do sul da Flórida.
Em 1787, foi promulgada a primeira Constituição americana com características republicanas, 
federativas (autonomia para os Estados membros da Federação) e presidencialistas, ficando 
estabelecido que o presidente seria eleito de quatro em quatro anos por uma assembleia de 
cidadãos. O Congresso americano teria duas câmaras: a Câmara dos Representantes e o Senado, 
além de uma Corte Suprema.
A Constituição americana, com fortes tendências iluministas, garantia tanto a propriedade privada, que 
era interesse da burguesia, quanto a escravidão e as liberdades individuais do cidadão em face do Estado.
Leia a seguir uma parte da declaração de independência redigida por Thomas Jefferson em 28 de 
setembro de 1775:
Declaração de independência dos Estados Unidos da América
Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário a um povo dissolver os laços 
políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que 
lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno para com as opiniões dos 
homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação. Consideramos estas verdades 
como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos 
direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de 
assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do 
consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de 
tais fins, cabe ao povo o direito de alterá‑la ou aboli‑la e instituir novo governo, baseando‑o em tais 
princípios e organizando‑lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar‑lhe a 
segurança e a felicidade. Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos 
há muito tempo por motivos leves e passageiros; e, assim sendo, toda experiência tem mostrado que 
os homens estão mais dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se desagravar, 
abolindo as formas a que se acostumaram. Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, 
perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi‑los ao despotismo absoluto, 
assistem‑lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos Guardiães para sua 
futura segurança. Tal tem sido o sofrimento paciente destas colónias e tal agora a necessidade que as 
força a alterar os sistemas anteriores de governo. A história do atual Rei da Grã‑Bretanha compõe‑se de 
repetidas injúrias e usurpações, tendo todos por objetivo direto o estabelecimento da tirania absoluta 
sobre estes Estados. Para prová‑lo, permitam‑nos submeter os factos a um mundo cândido [...].
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Nós, por conseguinte, representantes dos Estados Unidos da América, reunidos em Congresso 
Geral, apelando para o Juiz Supremo do mundo pela retidão das nossas intenções, em nome e por 
autoridade do bom povo destas colónias, publicamos e declaramos solenemente: que estas colónias 
unidas são e de direito têm de ser Estados Livres e Independentes; que estão desobrigados de qualquer 
vassalagem para com a Coroa Britânica, e que todo vínculo político entre elas e a Grã‑Bretanha está e 
deve ficar totalmente dissolvido; e que, como Estados Livres e Independentes, têm inteiro poder para 
declarar a guerra, concluir a paz,contrair alianças, estabelecer comércio e praticar todos os atos e ações 
a que têm direito os estados independentes. E em apoio desta declaração, plenos de firme confiança 
na proteção da Divina Providência, empenhamos mutuamente nossas vidas, nossas fortunas e nossa 
sagrada honra.
Fonte: Ishay (2007, p. 230).
5.1.5 A Revolução Francesa
A Revolução Francesa (1789‑1798) marcou o período das chamadas revoluções burguesas e teve 
um caráter mundial, pois os ideais revolucionários atingiram os Estados Unidos, o Brasil, a Inglaterra, 
a Bélgica, a Itália, a Suíça, a Irlanda, a Holanda, dentre outros. O perfil ideológico desse movimento 
espalhou‑se pelo mundo e voltou para a própria França nos anos de 1830 e 1848.
Esse evento histórico instaurou a Idade Contemporânea e é apontado por alguns autores como um 
movimento totalmente revolucionário, não apenas de caráter político, mas também uma ruptura brusca 
com os costumes e com as mentalidades, abrindo caminho para o capitalismo industrial francês.
A França pré‑revolucionária era agrária, com uma burguesia crescente nascida nos centros urbanos, 
como na maioria das cidades europeias, onde ocorreu a transição do modelo agrário para o modelo 
comercial e manufatureiro. Dos 25 milhões de habitantes, mais de 20 milhões moravam no campo e 
viviam como na sociedade feudal e estamental.
Podemos dividir a sociedade francesa da seguinte forma:
• Primeiro Estado: formado pelo alto clero, bispos e abades e pelo baixo clero, padres e vigários.
• Segundo Estado: formado pela nobreza do palácio, nobreza provincial, que vivia no campo, e 
nobreza de toga, constituída por burgueses que compraram títulos de nobreza.
• Terceiro Estado: formado por alta burguesia, média burguesia e baixa burguesia, o povo das 
cidades, os sans‑culottes (sem calção, ou seja, assalariados, artesãos, pequenos comerciantes etc.) 
e os camponeses.
O Primeiro e o Segundo Estado não pagavam impostos, recaindo a responsabilidade dos impostos 
para o Terceiro Estado. A monarquia francesa era absolutista e perdulária, controlando a arrecadação 
através de uma máquina administrativa incipiente. Além disso, o rei concedia muitos privilégios à 
nobreza e até abrigava nobres endividados em seu palácio.
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Para superar a crise, Luís XVI foi convencido a convocar a Assembleia dos Estados Gerais, que 
estava inativa desde1614. Ela ocorreu em 1789, no Palácio de Versalhes, morada do rei. A principal 
reinvindicação do Terceiro Estado era que o clero e a nobreza também pagassem os impostos. Porém, 
por uma manobra do Primeiro e do Segundo Estado, eles negaram o seu voto para que o rei fizesse reformas.
Fatos essenciais da Revolução:
• Em 15 de junho de 1789, o Terceiro Estado se proclamou Assembleia Nacional.
• Em 9 de julho, ela se transformou em Assembleia Nacional Constituinte.
• Em13 de julho, foram formadas as Milícias de Paris.
• Em 14 de julho, foi tomada a Bastilha. O povo abriu os seus portões e libertou as pessoas que 
estavam presas lá.
• Em 4 de agosto, foi aprovada a abolição dos direitos feudais.
• Em 26 de agosto, foi realizada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – Liberté, 
Égalité, Fraternité.
• Em 1790, foi aprovada a Constituição Civil do Clero, sendo confiscados os bens pertencentes 
ao clero.
• Em 1791, ficou pronta a nova Constituição, decretando três poderes: Executivo (caberia ao rei), 
Legislativo (Assembleia) e Judiciário. Os deputados teriam mandato de dois anos. O feudalismo foi 
abolido e foram proclamadas a igualdade civil e a manutenção da escravidão na colônia.
• Em 1793, ocorreu a oficialização da República. O rei Luís XVI foi decapitado. Tem início a Convenção 
Jacobina. Começa o período do “Terror”.
• Em 1794, Robespierre, líder jacobino, é deposto e decapitado.
• Em 1795, ocorre o Regime do Diretório.
• Em 1799, dá‑se o Golpe de 18 de Brumário de Napoleão Bonaparte.
Fases da Revolução Francesa:
• Fase da Monarquia Constitucional ou fase da Assembleia (1789‑1792). Dominada 
pelos girondinos, a alta burguesia, que se sentava à direita na Assembleia, foi a fase inicial 
das conquistas burguesas. Nesse período, em conluio secreto com o rei Luís XVI, o exército 
austro‑prussiano invade a França, temeroso com o processo revolucionário, mas foi derrotado. 
O rei foi julgado traidor.
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• Fase da Convenção ou República Jacobina (1792‑1795). Fase dominada pelos jacobinos 
(pequena e média burguesia) ou montanheses, pois se sentavam no alto na Assembleia, à esquerda. 
Eram liderados por Robespierre. Tinham apoio dos sans‑culottes, a população sem posse, e dos 
cordeliers, que tinham uma posição mais central. Existiam ainda os indulgentes, chefiados por 
Danton. Essa fase foi bastante radical, com a criação do Tribunal Revolucionário, que julgava os 
contrarrevolucionários e os condenava à guilhotina. O “Terror” atingiu os próprios membros da 
Convenção: Robespierre e Danton foram guilhotinados.
• Fase do Diretório ou da Reação Termidoriana (1795‑1799). Com a morte dos líderes jacobinos, 
o poder caiu com o pântano ou planície, grupo da alta burguesia de moral duvidosa, que instalou 
junto com os girondinos a fase da Reação Termidoriana. Marcada por uma série de golpes, tanto 
da direita quanto da esquerda, permitiu que um jovem oficial, Napoleão Bonaparte, desse um 
golpe e tomasse o poder.
Alguns autores, como o filósofo irlandês Edmund Burke, nascido em 1730, criticaram a revolução, 
acusando os revolucionários de exercerem um “poder arbitrário” e apontando o caráter nocivo desse 
movimento à sociedade. Como era tradicionalista, temia pelas mudanças rápidas, principalmente os 
equívocos que a Assembleia cometia e a violência cometida pelos jacobinos.
Já o historiador Albert Soboul (1974) realiza uma importante reflexão das mudanças ocorridas com 
o advento da Revolução Francesa, como o aniquilamento da antiga nobreza feudal e o surgimento das 
novas empresas agrícolas. Para esse pensador, a revolução aniquilou as antigas formas de se produzir no 
campo, bem como desarticulou as antigas formas de trabalho no campo.
Soboul destaca a transformação dos antigos camponeses em pequenos proprietários e empregadores 
de mão de obra rural, assim como o surgimento de pequenas fábricas montadas pelos pequenos 
artesãos. Os sans‑culottes e os desfavorecidos das cidades se transformaram em proletariado urbano e 
a burguesia francesa foi renovada. Os novos ricos abandonaram a especulação financeira e investiram 
esse capital no sistema produtivo.
No período do Diretório, no qual inexistia domínio político central, a França se aburguesou, 
preparando‑se para a chegada de Napoleão e sua fusão entre a nova burguesia e os pequenos 
proprietários de terras, identificando‑os com a ideia de nação e de propriedade burguesa.
Quando Napoleão retornou à França depois de ter combatido contra a Segunda Coligação 
Antifrancesa (Áustria, Rússia, Turquia e Inglaterra) em 1799, encontrou o país em ruínas. Auxiliado por 
membros do Diretório, ele deu um golpe e assumiu o poder.
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Unidade II
 Saiba mais
Um filme merece destaque sobre o período pré‑revolução: Maria 
Antonieta. Essa película retrata os abusos da corte francesa, na figura da 
rainha Maria Antonieta, esposa de Luís XVI, que resultou em uma reação 
revolucionária da burguesia e do povo. A diretora, para realizar o filme, 
contou com o apoio da historiadora francesa Evelyne Lever, que já havia 
realizado a biografia sobre essa rainha.
MARIA Antonieta. Dir. Sofia Coppola. EUA: American Zoetrope, 2006. 
123 min.
Leia também:
SOBOUL, A. História da Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.
Figura 5 – A Liberdade Guiando o Povo (1830), de Eugène Delacroix
5.1.6 A EraNapoleônica
No final do período do Diretório, a França apresentava grandes dificuldades financeiras, uma enorme 
inflação e corrupção administrativa, com a indústria e o comércio em ruínas, além de estar sofrendo 
com os partidários da nobreza, que ameaçavam as conquistas revolucionárias com a volta do Antigo 
Regime. A crise se agravava com potências como Áustria e Rússia pressionando as conquistas burguesas.
Ao dar um golpe e assumir o poder em 18 de Brumário, Napoleão Bonaparte, jovem general do 
exército francês, procurou fazer uma política de reconciliação, reforçando os ideais revolucionários 
através de medidas que estabeleciam a paz interna e a segurança da população.
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Em 1799, quando depôs o Diretório e dissolveu a Assembleia, Napoleão implantou o regime do 
Consulado (1799‑1802), uma espécie de ditadura militar disfarçada, apesar de aprovado pela Constituição 
de 1799 como um regime republicano. Ocorre que Napoleão recebeu muitos votos que lhe concederam 
poderes ilimitados no Consulado e obteve o título de primeiro‑cônsul por dez anos.
Durante esse período, Napoleão centralizou o poder nas mãos, publicando as leis e nomeando 
ministros, funcionários e juízes, já que o poder Legislativo estava muito enfraquecido. De posse dessas 
prerrogativas, Napoleão realizou diversas reformas:
• Fundação do Banco da França.
• Saneamento tributário, com a criação de um corpo de funcionários mais habilitados para 
arrecadar impostos.
• Nomeação dos funcionários públicos.
• Criação da Sociedade de Fomento à Indústria.
• Ensino secundário reorganizado.
• Criação da Escola Normal de Paris.
• Criação do Código Civil Napoleônico (1804), com os princípios do poder burguês.
• Redistribuição de terras aos camponeses e drenagem de pântanos.
• Realização de obras públicas, como a abertura de canais e a construção de estradas e portos. 
Também houve a reorganização da urbanização de Paris.
• Restabelecimento da paz com a Igreja Católica: os bispos eram indicados pelo governo e todos 
prestariam obediência a Napoleão; inclusive as bulas deveriam ser aprovadas por ele.
Com o êxito de sua reputação tanto internamente quanto externamente, em 1802, Napoleão 
tornou‑se cônsul vitalício e hereditário. Em 1804, foi implantada uma monarquia hereditária, a partir 
da qual Napoleão se proclamou imperador.
Napoleão foi sagrado pelo papa em Paris. Ele retirou a coroa do religioso e se coroou Napoleão I, rito 
este que demonstrou o poder absoluto do imperador e proclamava a volta da aliança do Estado francês 
com a Igreja Católica. Além disso, a antiga nobreza foi reconstruída através dos títulos que recebeu, e 
a burguesia sustentava o poder do imperador devido ao apoio que ele lhes concedeu ao estimular a 
indústria francesa.
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Unidade II
Figura 6 – Emperor Napoleon (1807), de Jacques‑Louis David
O governo de Napoleão foi despótico. Ele criou sua própria dinastia, nomeando parentes e generais 
para chefiar alguns Estados conquistados. Além de abolir as Assembleias, as liberdades individuais 
e políticas foram suspensas, e o imperador praticamente monopolizava as instituições políticas, 
educacionais, religiosas, sociais, dentre outras, provocando descontentamento da burguesia, que estava 
gradualmente perdendo sua liberdade comercial e individual.
Porém, a expansão imperial outorgou ao imperador poder ampliado pelas alianças que realizou 
externamente, assim como pelas conquistas fronteiriças, expandindo os limites da França e sendo 
protegido por um exército equipado e organizado.
Napoleão anexou o Piemonte, Parma e a ilha de Elba; a Suíça e a Holanda foram submetidas à 
França. O rei espanhol, Carlos IV de Bourbon, aliou‑se aos franceses.
Em 1803, o antagonismo entre França e Inglaterra se acirrou: a Inglaterra se uniu à Rússia e à Áustria 
para fazer frente aos franceses. Apesar de os ingleses vencerem os franceses no mar (em Trafalgar, na 
Espanha), os austro‑russos foram derrotados em Austerlitz, na Boêmia.
O saldo dessa guerra foi a separação da Áustria (e sua ruína), da Alemanha e da Itália, que já era 
domínio francês. A Alemanha permaneceu tutelada à França com a criação da Confederação do Reno 
e o apoio de dezesseis príncipes alemães. A Prússia foi desmembrada e a Rússia aliou‑se à França após 
tentativa frustrada de combater a França em 1806. Nesse período, o Leste europeu ficou sob o domínio 
russo e o Oeste ficou sob o controle francês.
Ainda em 1806, em seu pleno apogeu, com a Europa Ocidental submetida, Napoleão decretou o 
Bloqueio Continental contra a Inglaterra, impedindo que os países aliados à França fizessem comércio 
com os ingleses. Por meio desse bloqueio, o imperador ambicionava estrangular o comércio inglês. Dois 
países furaram o bloqueio: Portugal e Rússia.
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Dessa forma, Napoleão prejudicou a economia francesa, pois a falta de matérias‑primas entravava a 
indústria francesa, na medida em que impossibilitava a França de substituir as mercadorias inglesas nos 
mercados controlados por ele.
Como os países ibéricos não estavam cem por cento sob o controle napoleônico, a Inglaterra procurou 
garantir o comércio inglês com os seus aliados portugueses, instigando o príncipe regente português dom 
João VI a furar o bloqueio e fugir para o Brasil, onde deveria abrir os portos para seus aliados ingleses. Em 
1808, a família real portuguesa foge para o Brasil e na semana seguinte Napoleão manda invadir Portugal.
Napoleão deslocou suas tropas para o leste e invadiu a Espanha, tentando fazê‑la cumprir o bloqueio 
ao colocar seu irmão José Bonaparte, rei da Sicília, no trono espanhol.
Em 1812, a aliança entre França e Rússia terminou e os russos romperam o bloqueio. Napoleão 
invadiu a Rússia com mais de 500 mil homens. O exército russo, em vez de partir para o ataque, recuou e, 
como estratégia, abandonou e incendiou tudo por onde passavam (terra arrasada). Quando os franceses 
entraram em Moscou, fazia um frio tremendo, e o exército ficou sem água e provisões, sendo dizimado 
pelo frio e pela fome. Os homens que restaram dispersaram e apenas 50 mil chegaram à França.
O grande poderio do exército francês ficou manchado pela derrota na Rússia e Napoleão foi apontado 
como traidor da França. A Áustria e a Prússia uniram‑se à Rússia e venceram Napoleão na Batalha de 
Leipzig, em 1813.
Paris foi tomada pelos aliados da revolução a fim de restabelecer a monarquia deposta em 1792, 
obrigando Luís XVIII a aceitar o Tratado de Paris e assumir o trono. Napoleão foi aprisionado na ilha de 
Elba, mas em 1815 fugiu, instalando‑se em Paris durante 100 dias (Governo dos Cem Dias).
Apesar disso, a última coligação europeia formada por prussianos e ingleses contra a França derrotou 
Napoleão na Batalha de Waterloo. Napoleão foi obrigado a abdicar novamente e se exilou na ilha 
de Santa Helena, onde morreu em 1821. Os países europeus, procurando preservar a paz e conter as 
ameaças revolucionárias, criaram a Santa Aliança.
Apesar do avanço da burguesia francesa durante a revolução, houve um retrocesso no período 
napoleônico, pois, a despeito da fachada democrática, escondia‑se um ditador. Entretanto, Napoleão 
conseguiu reduzir a inflação, investiu em obras públicas e elaborou o Código Civil que refletia os ideais 
burgueses, como a proteção à propriedade privada, liberdade e igualdade.
 Saiba mais
Leia a obra a seguir:
ARRUDA, J. J. de A. História moderna e contemporânea. São Paulo: 
Ática, 1986.
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Unidade II
5.1.7 Os movimentos sociais na Europa: as revoluções liberais
Durante o século XIX, ressurgiram na Europa vários movimentos revolucionários,muitos notadamente 
de cunho liberal e outros que apresentavam um novo componente das lutas entre a burguesia e o 
proletariado, ou seja, a luta de classes.
A essa altura, a burguesia europeia se tornou a classe hegemônica que protagonizou o triunfo de 
uma nova concepção econômica: o capitalismo. Juntamente com esse novo sistema econômico, surgiu 
um modelo mais eficaz de Estado‑nação, mais definido territorialmente, com uma constituição que 
garantia os direitos civis, dentro dos limites possíveis da ordem burguesa.
Segundo o historiador Eric Hobsbawn (1982, p. 22‑3), o período retrata a evolução do capitalismo 
industrial em escala mundial, da burguesia triunfante e a ordem social que ela representa: o mundo das 
ideias, da razão, da ciência, do liberalismo e do progresso que a legitima.
Como resultado das desigualdades provocadas pelo capitalismo, surgiram aqueles que desejavam 
mudanças, democracia e direitos, ou seja, os excluídos da nova ordem burguesa. Muitos movimentos 
surgiram apelando por governos democratas e pela participação das massas nas políticas do Estado. Os 
movimentos nacionalistas são um exemplo disso, são movimentos de massa, muitas vezes representados 
pelas novas classes trabalhadoras.
As Revoluções Liberais do século XIX, em especial a de 1830 e a de 1848, na França, intencionaram 
varrer definitivamente o Antigo Regime e interromper a fase reacionária representada pelo Congresso 
de Viena (reunião de monarcas contra a onda revolucionária) e pela Santa Aliança (intervenção militar 
nos países que oferecessem perigo às monarquias).
A onda revolucionária conhecida como Primavera dos Povos apresentou contextos distintos. Na 
França, em 1830, forças distintas agiram nesse movimento. Carlos X ascendeu ao trono em 1824, 
depois de ter substituído seu irmão Luís XVIII, firmando uma tendência reacionária, abolindo a 
liberdade de imprensa e elevando o censo eleitoral. Uma revolta sangrenta depôs o rei, nos chamados 
Três Dias Gloriosos, liderada pelos republicanos, socialistas e liberais defensores das conquistas 
revolucionárias de 1789.
Na Revolução de 1848, também na França, uniram‑se liberais, nacionalistas e socialistas, uma nova 
força surgida com os movimentos de 1830. Essas forças lutaram juntas, em virtude dos acontecimentos 
que estavam ocasionando o descontentamento de todos, tais como crises de colheita, aumento dos 
preços dos produtos agrícolas e crise industrial.
Com a queda de Carlos X, subiu ao trono Luís Felipe, que enfrentava oposição da população, mas 
representava a burguesia. Em 1834, os operários de Lyon se rebelaram e o Partido Socialista fazia 
oposição ao rei. Em 1848, as jornadas revolucionárias cobriram Paris de barricadas, e o rei, abandonado 
pela Guarda Nacional, foi obrigado a abdicar.
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Um governo provisório composto de liberais e socialistas proclamou a III República Francesa. Porém, 
incapaz de resolver os problemas sociais e políticos do país, a República foi derrubada por um golpe 
dado por Luís Napoleão, implantando o II Império francês. Ele recebeu o título de Napoleão III.
Em 1848, ocorreu outra onda revolucionária, dessa vez na Itália, com as sociedades secretas 
(Carbonária) que desejavam a unificação dos Estados italianos e reformas liberais. Porém, a Áustria, 
que controlava a Itália, venceu os italianos ressurgentes, massacrando a revolução liberal nacionalista 
naquele país. (ARRUDA, 1986, p. 157‑66).
Na Bélgica, mantida sob o poder da Holanda, houve um movimento revolucionário que garantiu 
a sua independência. Na Alemanha, surgiram movimentos liberais e nacionalistas. Uma manifestação 
popular exigiu do rei da Prússia, Frederico Guilherme, uma Constituição. Entretanto, aproveitando a 
confusão, os príncipes alemães conseguiram abafar o movimento e dissolver a Constituinte.
Em alguns casos, os monarcas usaram de repressão para escamotear os movimentos, como é o caso 
da Revolução do Porto, em Portugal, em 1820, abafada pela França, e do movimento polonês e húngaro, 
derrotado pelos russos. Os eslavos também fracassaram. Na Grécia, o movimento revolucionário foi 
vitorioso, pois se tornaram independentes do Império Otomano.
A aniquilação do Estado absolutista era apenas uma questão de tempo, ainda mais com a onda 
nacionalista que assolava a Europa. Para a burguesia, era compatível que a ideia de um mundo de 
nações independentes e democráticas serviria ao mundo liberal, onde as novas nações‑estados seriam 
detentoras da língua nacional, educação secundária e superior e autonomia cultural, além de tudo.
Outra questão interessante diz respeito às imigrações de europeus para a América que ocorreram 
devido à onda revolucionária. Estados Unidos, Brasil e Argentina receberam levas de imigrantes em seus 
países, configurando uma nova sociedade e uma nova identidade nacional formada por indivíduos de 
várias nacionalidades.
 Observação
A partir da segunda metade do século XIX se intensificou a chegada 
de imigrantes europeus ao Brasil em busca de uma vida melhor, já que 
muitas regiões da Europa estavam em guerra ou fragmentadas. Migraram 
para a Região Sul imigrantes italianos (Rio Grande do Sul), alemães (Santa 
Catarina) e poloneses (Santa Catarina e Paraná). Já à Região Sudeste, 
chegaram muitos europeus, sobretudo italianos (São Paulo, Rio de Janeiro 
e Espírito Santo), que foram trabalhar nas fazendas de café, e, no início do 
século XX, houve a entrada de japoneses, que se dispersaram no interior de 
São Paulo para se dedicarem ao hortifrutigranjeiro.
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5.1.8 Uma nova opção ao trabalhador: o socialismo
Com a Revolução Industrial, alguns pensadores acreditavam em sociedades ideais em que todos 
vivessem de seu trabalho com igualdade de condições e direitos civis. Entretanto, o que se pode 
observar é que, com a evolução do sistema industrial, surgiu o chamado “capitalismo selvagem”, em 
que ocorreu uma generalizada exploração do trabalho humano por parte daqueles que detinham os 
meios de produção.
Expulsos do campo, os trabalhadores concentravam‑se nos grandes centros urbanos para conseguir 
trabalho e viviam da forma mais dramática possível, sofrendo todo tipo de exploração, desde a sofrida 
no trabalho até aquela das novas formas de vida impostas pelo meio social. Muitos indivíduos que 
migravam para a cidade tinham de abandonar suas raízes no campo e seus padrões culturais e se 
adaptar ao individualismo capitalista da cidade. Além disso, os trabalhadores não tinham proteção 
política alguma, isto é, não tinham direitos políticos e, caso fizessem greve, seriam presos.
Com o aparecimento do proletariado, surgiram novas ideias, como o anarquismo e o socialismo, 
dentre outras, que apresentaram propostas de como reverter o quadro de exploração social por meio 
de movimentos populares. Outros proletários se escolarizaram (pelo menos a sua segunda geração) e 
conquistaram algumas melhorias sociais através desses movimentos.
Com o tempo, surgiram pensadores que se opuseram à opressão no interior da fábrica e buscaram 
saídas para reorganizar uma sociedade mais igualitária. Foram os primeiros socialistas, chamados de 
utópicos, pois acreditavam em uma transformação pacífica do sistema capitalista.
Os percursores desse movimento foram os franceses Charles Fourier (1772‑1837), Saint‑Simon 
(1760‑1825), Louis Blanc (1811‑1882) e Pierre‑Joseph Proudhon (1809‑1865) e o inglês Robert Owen 
(1771‑1858). Louis Blanc participou da Revolução de 1848 e idealizava uma sociedade igualitária desde 
que o Estado se apropriasse de tudo. A defesa da igualdade, principal ideário dos socialistas utópicos, 
originou‑se de Jean Jacques Rousseau, que teria escrito que a propriedade privada era a origem das 
desigualdades (ARRUDA, 1986, p. 162‑4).
De acordo com esses pensadores, o socialismo poderiaser atingido de formas variadas: através da 
assistência do Estado, pelas associações dos trabalhadores, pela ação revolucionária ou pela anarquia, 
defendida por Proudhon e Mikhail Bakunin.
Robert Owen foi proprietário de uma grande indústria têxtil em New Lanark, na Inglaterra, e apesar 
de ser o dono dos meios de produção, propôs mudanças no interior da sua própria fábrica, como a 
redução da jornada de trabalho, a implantação de escolas para os filhos dos trabalhadores, a construção 
de casas para os operários e o aumento dos salários do proletariado.
Segundo Friedrich Engels (1820‑1895), os modelos criados pelos socialistas utópicos não poderiam 
ser executados devido a sua utopia. Somente com Karl Marx (1818‑1883) ocorreu uma proposta mais 
acabada de socialismo, o chamado socialismo científico.
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Em cooperação com Engels, Marx publicou o Manifesto Comunista e posteriormente O Capital, 
onde concebeu teorias sobre o capital e realizou análises profundas sobre a sociedade industrial. De 
acordo com esses socialistas, a melhoria das condições de vida dos trabalhadores viria através da luta de 
classes, ou seja, uma revolução proletária que destituiria a burguesia do poder dos meios de produção 
e o entregaria ao Estado inspecionado por um comitê operário. O proletário seria o promotor das 
transformações sociais e históricas (MARX; ENGELS, 1980, v. 1, p. 31‑3).
Marx teorizou o chamado materialismo histórico, teoria segundo a qual os movimentos 
políticos, intelectuais e sociais eram determinados conforme o modo de se produzir a vida material, 
demonstrando com isso que a esfera econômica estava acima da social e da cultural e, portanto, 
determinava a vida do indivíduo na sociedade.
Outra ideia desenvolvida por Karl Marx foi o chamado materialismo dialético, ou seja, os fenômenos 
que ocorrem na natureza e na vida humana estão em constantes transformações, e o proletariado é 
a única classe social capaz de destruir o capitalismo e a exploração do homem pelo homem (MARX; 
ENGELS, 1980, v. 3, p. 309‑20).
As ideias de Karl Marx apareceram não só como uma resposta para as desigualdades surgidas com a 
Revolução Industrial, mas também para as desigualdades ocorridas desde a Antiguidade e o advento da 
propriedade privada. Em seus estudos, Marx percorreu o caminho das transições dos diferentes modos 
de produção na história para demonstrar como a dicotomia da mais‑valia poderia ser superada.
Em resumo, as ideias do socialismo desenvolvido por Karl Marx se baseavam na socialização dos 
meios de produção, em que todas as formas de produção pertenceriam à sociedade, controladas pelo 
Estado através de uma economia planificada, sem a existência de classes sociais.
Os socialistas participaram ativamente do movimento revolucionário de 1848 na França, mas com 
a vitória da burguesia houve uma divisão entre os socialistas: os reformistas, que não acreditavam ser 
necessária uma revolução, e os anarquistas, que pregavam a destruição completa do Estado.
Na Alemanha, surgiu em 1870 o primeiro partido socialista: o Partido Operário Social‑Democrata, 
que se transformou em 1875 em Partido Social‑Democrata Alemão (PSDA). Em 1864, houve em Paris 
um encontro de todos os partidos socialistas na Primeira Internacional dos Trabalhadores.
Por volta de 1863, quando as greves operárias se desenvolveram com bastante intensidade na 
França e na Inglaterra, foram criados comitês operários e, posteriormente, revelando seu caráter de 
solidariedade internacional, eles foram criados na Polônia, na Alemanha e nos Estados Unidos. Em 28 
de setembro de 1864, realizou‑se a Assembleia Internacional em Londres e criou‑se a Associação 
Internacional dos Trabalhadores.
Com o surgimento de novos partidos socialistas e lideranças sindicais na Europa e a necessidade 
de agrupá‑los em uma ordem de caráter internacional, foi criada em 1889 a Segunda Internacional 
Socialista, que durou até 1914, e em 1919 foi criada a Terceira Internacional Socialista, com a intenção 
de discutir, em escala mundial, os rumos do movimento socialista (ARRUDA, 1986, p. 162‑4).
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Leia a obra a seguir:
MARX, K.; ENGELS, F. Obras escolhidas. São Paulo: Alfa‑Omega, 1980.
5.2 A independência das colônias latino‑americanas
Depois de quatro séculos de dominação colonial, ocorreu o processo de independência da América 
espanhola, a partir do século XIX. A Revolução Francesa de 1789 e os ideais revolucionários (iluminismo), 
bem como o desajuste espanhol devido às guerras napoleônicas, foram propícios para o processo de 
independência das colônias.
Os primeiros movimentos não eram separatistas, mas apenas em oposição aos abusos metropolitanos, 
ao absolutismo e ao mercantilismo. Além disso, o antigo sistema colonial espanhol encontrava‑se em 
crise devido à Revolução Industrial na Inglaterra, que necessitava de novos mercados consumidores e 
quebra de monopólios, sem mencionar a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, que 
influenciaram novas formas de governo.
Aliou‑se a esses fatos o progresso das colônias devido ao comércio ilegal, pois o contrabando de 
produtos ingleses fornecia produtos mais baratos que os espanhóis e portugueses. O desejo de libertação 
foi estimulado por Carlos III, rei espanhol que criou universidades e liberou o comércio nas colônias.
As manifestações pioneiras foram a de Tupac Amaru (líder indígena), em 1780, no Peru, e o 
Movimento Comuneiro, ocorrido em 1781, em Nova Granada. Apesar de terem sido sufocadas pela 
Espanha, serviram de exemplo para outros movimentos.
Os ideais revolucionários foram muito bem‑aceitos entre os criollos, elite letrada de descendentes 
de espanhóis nascidos na América. Eles eram desfavorecidos em relação aos chapettones, espanhóis 
que viviam na América e tinham muitos privilégios comerciais e direitos políticos.
Como o iluminismo defendia a queda de regimes que promovessem o privilégio de algumas classes 
sociais, esse ideal inspirou os criollos. Outras classes sociais, como a dos indígenas, mestiços e escravos, 
estavam extremamente descontentes com a situação de miséria e opressão promovida pela metrópole.
Os criollos, como Simón Bolívar, José de San Martín, José Sucre e Bernardo O’Higgins, 
conhecidos como os Libertadores da América, foram os personagens importantes desses episódios de 
emancipação colonial.
Bolívar foi um militar e político venezuelano que pertencia à elite criolla. Ele teve importância 
fundamental na independência da Colômbia, Equador, Venezuela, Panamá, Peru e Bolívia. Já o general 
argentino José de San Martín foi responsável pela libertação de Argentina, Chile e Peru.
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Outros líderes importantes foram o padre José Maria Morelos, um dos primeiros líderes da luta pela 
independência do México, e Agustín de Iturbide, que contribuiu para a independência do México e da 
América Central.
O processo de independência do México se deu por volta de 1810, quando um levante popular 
formado por mestiços e índios, liderados por Miguel Hidalgo, padre Morellos e Vicente Guerrero, 
reivindicou o fim da escravidão. A elite criolla assumiu o comando da luta com o general Iturbide, 
proclamando a independência em 1821.
A América Central, anexada ao México por Iturbide, proclamou‑se independente em 1823, originando 
as Províncias Unidas da América Central. Em 1838, as províncias desmembraram‑se e passaram 
a ser chamadas de Guatemala, Nicarágua, Honduras, Costa Rica e El Salvador. O Panamá se tornou 
independente em 1821; a República Dominicana, em 1844; e Cuba, em 1898.
Principais datas e fatos:
• 1810: início do processo de emancipação.
• 1811: independência do Paraguai.
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