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Unidade I TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS CONTEMPORÂNEAS Profa. Monica Buratto Para podermos compreender as transformações históricas contemporâneas é indispensável que nos reportemos às origens históricas que contribuíram para houvessem as mudanças que experimentamos hoje em dia. Se vivemos em um mundo predominantemente capitalista, em que a maneira de viver é determinada por esse sistema econômico, então devemos ir às raízes desse fato, ou seja, no surgimento da burguesia e do capitalismo. Antes, porém, veremos como os pensadores estudavam e estudam a história, qual método de abordagem utilizavam e utilizam para podermos entender melhor qual abordagem usar na compreensão desses fatos históricos. O olhar sobre o passado A compreensão do passado humano ocorre a partir das pistas deixadas pelo ser humano e pelo grupo. Essas pistas podem ser escritas, materiais não escritos, imateriais, dentre outras que não estão registradas fisicamente e, quando investigadas minuciosamente, auxiliadas por técnicas e métodos, leva o pesquisador a uma fidedignidade dos fatos pesquisados. No decorrer da própria história, os pesquisadores elaboraram teorias distintas e concepções para se estudar o passado e com diversas práxis (prática) para apreender o objeto histórico. É o que podemos chamar de Teoria da História. A Teoria da História – o olhar sobre o passado Positivismo: teoria desenvolvida por Augusto Comte por volta do século XIX. Essa concepção defendia o conhecimento científico como único e verdadeiro e os fatos históricos deveriam ser comprovados por métodos científicos reconhecidos. Tinha grande fé na ciência e rejeitava qualquer tipo de crença. Ligava-se ao humanismo e ao evolucionismo (as sociedades europeias eram mais evoluídas do que outras). Para eles, a história era descritiva, factual e episódica. Historicismo: expoentes – Leopold Ranke, Johann Gustav Droysen, Wilhelm Dilthey, Hans Georg Gadamer, Paul Ricouer, Benedetto Croce e Karl Mannheim. Características: atenção à subjetividade do sujeito que constrói a história e método de abordagem parecido com o das Ciências Sociais. Século XIX – Teoria da História Materialismo histórico: abordagem teórico-metodológica desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels. Vinculava o estudo da história com o estudo da economia. Características: compreensão da história a partir do materialismo histórico e materialismo dialético; a dialética refere-se às contradições da sociedade surgidas a partir do modo de se produzir; o método dialético compreende que qualquer fenômeno não pode ser explicado ou dissociado dos outros fenômenos que o circundam; a natureza está sempre se transformando, está sempre em transição; a vida material determina a vida social e política do indivíduo: as forças de produção, isto é, o modo de se produzir em uma sociedade determina a vida do indivíduo nesta sociedade. Século XIX – Teoria da História Escola dos Annales nasceu na França, em 1929, com Marc Bloch e Lucien Febvre (1ª fase), Fernand Braudel (2ª fase – 1950), Jacques Le Goff e Pierre Nora (3ª fase – 1970) e Georges Duby e Jacques Revel (4ª fase – história cultural). Foram contra a história tradicional, factual e a história política, incorporaram à história métodos utilizados nas Ciências Sociais, utilizavam estudos de documentos arquivados e outras fontes históricas, história social e interdisciplinaridade. No Brasil, os trabalhos da historiadora Mary Del Priore se aprofundaram na história das mentalidades. Nova história: Jacques Le Goff e Pierre Nora (história das mentalidades): todos os seres humanos são portadores de uma história, estudo do homem comum; estudo do mundo rural e estudo multidisciplinar. Novos paradigmas da Teoria da História – século XX Micro-história foi concebida por Carlo Ginzburg e Giovanni Levi (1981 e 1988). Essa abordagem se utiliza de recortes temáticos da história, favorecendo o sujeito individual, privilegia fatos relevantes específicos dentro do contexto estudado que são desprezados em outras abordagens e analisa a história do cotidiano. História cultural: Peter Burke (1970). Conexão entre a história e a antropologia, história das classes baixas, pessoas comuns como objeto de estudo, história do corpo, história da música, literatura e da arte, imaginário cultural, identidade individual e formas linguísticas de apreensão da realidade. Novos paradigmas da Teoria da História – século XX Michel Foucault (1926-1984) elaborou um estudo sobre os sistemas de exclusão gerados pelo Ocidente: a ciência médica e psiquiátrica que preconizava a loucura, os sistemas de vigilância, as prisões e a sexualidade. Escola Inglesa: representada por Edward Thompson (“História da classe operária inglesa”), Eric Hobsbawm (“A Era do Capital” e “A Era das Revoluções”) e Raymond Willians (História Social). Estavam ligados à historiografia marxista e elaboraram uma investigação criteriosa sobre classes operárias inglesas, como fez Thompson. Quantitativismo (anos 1970) iniciado na história econômica, abrange os estudos sócio-históricos, recorrendo à estatística e à quantificação. O pensamento contemporâneo sobre a história Assinale a alternativa incorreta sobre o estudo da história. a) O estudo da história pode estimular a memória do grupo social e incentivar um sentimento de pertencimento àquele grupo. b) O conhecimento histórico nos leva a uma emancipação e liberdade ao reconhecermo-nos como sujeitos e agentes históricos. c) Várias abordagens no modo de se pensar a história que variam de acordo com a época em que o pensamento foi concebido e que refletem no modo de se abordar a história. d) A questão da subjetividade no conhecimento da história e as diferentes visões que os historiadores têm perante os fatos não têm importância na análise histórica. e) Não é possível compreender a história do povo brasileiro sem antes analisarmos a história de Portugal e transferência de grande parte da sua cultura para o Brasil. Interatividade Resposta “d” A questão da subjetividade no conhecimento da história e as diferentes visões que os historiadores têm perante os fatos não têm importância na análise histórica. Resposta A passagem do feudalismo para o capitalismo – com as melhorias no sistema produtivo no interior do feudo e o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas, como o surgimento da charrua, tipo de arado de ferro que facilitava o cultivo, além da rotação dos campos de produção e moinhos de ventos, a produção aumentou e houve um significativo aumento da população. Com o desejo da nobreza, dona dos feudos, em aumentar os tributos e as obrigações devidas pelo servo, houve uma fuga de parte dos camponeses para as cidades, já que estas não apresentavam mais perigos de invasões. Ocorreu um verdadeiro êxodo rural. O mundo moderno e suas transformações: uma introdução Camponeses marginalizados e nobres excluídos do direito de herdar bens de seus pais que não tinham terras para deixar aos seus filhos foram convocados pela Igreja para as guerras (Cruzadas) no Oriente. Eles entraram em contato com produtos e culturas diferentes. As mercadorias trazidas do Oriente foram entrando na Europa e provocando uma verdadeira transformação no sistema de trocas. As feiras medievais, local onde os comerciantes faziam seus negócios, dinamizaram-se com a introdução de novos produtos, a recirculação das moedas e a reinvenção das trocas comerciais. Muitos locais se transformaram em cidades. Os burgueses (habitantes do burgo), originários da fuga dos feudos, dinamizavam o comércio local e mudaram o sistema feudal. O mundo moderno e suas transformações: uma introdução O crescimento das cidades medievais está vinculado à produção de excedente agrícola e ao aumento demográfico assistido na Europa ocidental.Essas cidades surgiram por volta do século XI. A população urbana era formada pela chamada burguesia que se dedicava ao comércio e ao artesanato, ao passo que no campo viviam a nobreza e o clero, em que servos remanescentes produziam alimentos e se dedicavam à criação de animais. O campo abastecia as cidades. As cidades medievais como precursoras do pré-capitalismo Os produtos fabricados nas cidades eram realizados de forma manual e confeccionados, em geral, por um indivíduo, os artesãos, com a ajuda de aprendizes. As atividades de padaria, metalurgia, ourivesaria, carpintaria, alfaiataria, tecelagem, tinturaria, entalhe de pedras etc. abasteciam os moradores do campo e da cidade. Os alimentos que guarneciam as cidades provinham do campo, que continuava a produzir gêneros agrícolas, tais como: cereais, vegetais, carnes bovinas, de porco e de frango; leite e peixe. Produziam vinho e vinagre. Com o tempo, as especiarias vindas do Oriente, como cravo, canela e noz-moscada passaram a abastecer as cidades, mas apenas a nobreza tinha condições de consumir os produtos importados da China e da Índia. As cidades medievais como precursoras do pré-capitalismo Havia, ainda, os ricos comerciantes ou mercadores que abasteciam as feiras medievais dos produtos importados e os banqueiros que guardavam o dinheiro dos comerciantes mediante uma taxa, os juros de mora. Esses tinham um grande poder econômico nas cidades. Muitas cidades eram franqueadas, os habitantes tinham que pagar uma franquia ao senhor feudal local. Com o tempo, a população foi adquirindo certa autonomia e liberdade e se transformaram em comunas. Politicamente, as cidades medievais eram dominadas pelos senhores feudais que detinham a maioria das terras; mas, com o tempo, a nobreza e os senhores perderam seu poder para a ação política dos reis. As cidades medievais como precursoras do pré-capitalismo Com a fuga dos servos do feudo, a produção feudal crescia pouco ou ficava estagnada, causando uma baixa produção e um abastecimento incipiente de alimentos para as cidades. Isso enfraqueceu o organismo dos indivíduos que ficaram sujeitos às doenças. Ocorreu a peste negra (doença do rato) no século XIV, dizimando 25 milhões de pessoas, tanto do campo quanto da cidade. Crise econômica nos séculos XIV e XV As doenças provocaram uma retração da produção no campo, não havia quem produzisse alimentos para serem comercializados nas cidades. Sem alimentos, os citadinos ficavam mais vulneráveis ainda às doenças que se espalhavam rapidamente, ocasionando mortalidade fulminante. A crise de retração, ocorrida no século XIV, suspendeu o desenvolvimento da economia, fazendo com que houvesse uma baixa na produção e no consumo. Crise econômica nos séculos XIV e XV A primeira fase do capitalismo, o pré-capitalismo, corresponde à primeira fase do capitalismo e surgiu por volta do século XII. Caracterizou-se pela produção de bens não apenas para consumo imediato, mas sim para trocas, engendrando um quadro mercantil. A partir do século XVII, o capitalismo comercial se desenvolve como decorrência do acirramento das atividades mercantis, inaugurando uma nova etapa econômica para o mundo, não apenas para a Europa, pois estavam envolvidos produtores e consumidores. Nesse período intensificou-se a procura de novas rotas comerciais pelos europeus a fim de adquirir mercadorias estrangeiras e, com isso, a possibilidade de ampliação de mercados e de capital sem o intermediário. Do pré-capitalismo ao capitalismo comercial Pré-capitalismo = séculos XII a XV. Capitalismo comercial = séculos XVII a XVIII. Capitalismo industrial = século XVIII. Capitalismo financeiro = séculos XIX ao XX. Fases do capitalismo Assinale a alternativa correta sobre o capitalismo comercial: a) Podemos reconhecer que a denominação “comercial” provém da preponderância do capital mercantil sobre a produção e não tem relação com o trabalho assalariado. b) As relações de mercado como características do capitalismo não estão definidas ainda no período do capitalismo comercial. c) No pré-capitalismo, o produtor independente, artesão, vendia o produto de seu trabalho, bem como o seu trabalho. d) Quem tinha a maior parcela de lucro é quem comprava e revendia a mercadoria, assim como o produtor da mercadoria. e) A fase de acúmulo de capital nas mãos dos comerciantes que controlavam o mercado implicou no investimento da produção de mercadorias, dando origem ao capitalismo industrial do século XII. Interatividade Resposta “a” Podemos reconhecer que a denominação “comercial” provém da preponderância do capital mercantil sobre a produção e não tem relação com o trabalho assalariado. Resposta A formação das Monarquias Nacionais: para que ocorresse um desenvolvimento comercial intenso e acúmulo de riquezas, os mercadores precisavam da proteção de um governante forte que os representasse, regulamentasse leis, que garantisse a ordem e a segurança e que organizasse as trocas comerciais com outras regiões e essa ajuda veio pelo fortalecimento do poder real. O rei se beneficiava com a movimentação da economia, pois os impostos pagos pelos mercadores para que governasse aumentava seu poder e lhe conferia maior prestígio perante o reino e por outros reinos. O mercantilismo e a expansão marítima europeia O rei adotou, então, um conjunto de práticas para facilitar o desenvolvimento do comércio e para obter e preservar riquezas em suas nações. Isso se deveu aos descobrimentos e à colonização de terras capazes de oferecer produtos primários por meio da sua exploração. Portugal e Espanha se tornaram os pioneiros nas descobertas de terras que fornecessem matérias-primas. Já a Inglaterra se destacou no mercantilismo comercial e a França se especializou no mercantilismo industrial com suas manufaturas de luxo. Mercantilismo: o acúmulo de capital Metalismo ou Bulionismo: ideia de acúmulo de metais preciosos, principalmente ouro e prata – quanto mais a nação tivesse esses metais, mais seria rica. Para isso, seria necessária a procura de um lugar que tivesse disponível os metais desejados, a posse das colônias e a disputa colonial entre as nações. Portugal e Espanha foram os pioneiros na corrida colonial. Balança de comércio favorável: as nações deveriam exportar mais do que importar. Assim, as moedas não saíram do território de uma forma descontrolada. Os países exportavam muitos produtos, principalmente as manufaturas de luxo, para as colônias e outras nações e recebiam matérias-primas enviadas pelas colônias quase de graça (sistema colonial). Mercantilismo – características Pacto Colonial ou Exclusivo Colonial: as colônias europeias na América deveriam fazer comércio apenas com suas metrópoles. A conquista e a exploração das colônias favoreceram o vender caro (Europa) e comprar barato (colônia). O sistema colonial transferiu lucros para a burguesia mercantil, aumentou o poder do rei e aumentou a riqueza nacional. Não era permitido que a colônia produzisse qualquer produto manufaturado e nem comprasse de produtores estrangeiros, ela deveria comprar tudo da metrópole, enquanto fornecia a elas matérias-primas. Protecionismo: política que restringia as importações com pesadas taxas alfandegárias e até mesmo proibia a entrada de artigos importados no país. Isso estimulava a indústria nacional. Mercantilismo – características Os séculos XVI e XVII, na Europa, foram marcados pela Revolução Comercial. Essa mudança foi resultado da formação gradativa de mercados nacionais, devido ao intenso comércio que vinha alterando o cenário econômico de várias regiões da Europa como as cidades italianas de Gênova e Veneza, que desde o século XI vinham monopolizando as relações comerciais entre o Ocidente e o Oriente(Alexandria e Constantinopla). A verdadeira revolução no comércio só se concretizaria se os Estados nacionais emergentes quebrassem o monopólio comercial das cidades italianas e se lançassem em busca de novos mercados e formas que pudessem baratear o produto importado do Oriente. Relações internacionais do século XVI e a Revolução Comercial A procura de novas rotas comerciais que não fossem as rotas terrestres, já dominadas e ocupadas pelos mouros, a busca por metais preciosos que suprissem a nova ordem monetária europeia, a conquista de novos lugares que fornecessem matérias-primas e alimentos, assim como a disposição e o interesse real em patrocinar as expedições marítimas (mercantilismo) transformaram a Europa em um continente muito rico. Os produtos coloniais, a exploração de metais preciosos e o escravismo tornaram muitos comerciantes endinheirados, além de outras camadas da sociedade, tais como pequenos comerciantes, senhores de terras coloniais, camadas médias da população e ainda revolucionaram as relações internacionais. Relações internacionais do século XVI e a Revolução Comercial A expansão portuguesa: África, Índia, China, Japão e Brasil. A expansão espanhola: América. A expansão francesa: América do Norte e Antilhas. A expansão inglesa: América do Norte. Colônias holandesas: América do Sul e Antilhas. Colonizações do século XV Sobre o mercantilismo e suas implicações é correto afirmar: a) A burguesia mercantil não se fortalecia com a organização da expansão comercial promovida pelo rei, pois tinha que pagar muitos tributos a ele. b) Com a centralização política nas mãos de vários governantes em um só reino, eles passaram a concentrar recursos. c) O fracasso de uma autoridade central possibilitou o surgimento de uma língua nacional, autonomia e identidade da jovem nação. d) Os reis europeus adotaram um conjunto de práticas para facilitar o desenvolvimento do comércio e para obter e preservar riquezas em suas nações. e) A Inglaterra se destacou no mercantilismo industrial e a França se especializou no mercantilismo metalista em suas colônias. Interatividade Resposta “d” Os reis europeus adotaram um conjunto de práticas para facilitar o desenvolvimento do comércio e para obter e preservar riquezas em suas nações. Resposta A fim de compreendermos a história do Brasil desde os seus primórdios, devemos conhecer a história de Portugal, assim como procurar entender como se formaram as monarquias e como os reis utilizaram as técnicas mercantilistas para promover o desenvolvimento do Estado português. Cronologia: 1139 – formação de Portugal – 1º rei: Dom Afonso Henrique (Dinastia de Borgonha). 1383 – Revolução de Avis – rei: D. João de Avis. 1413 – Portugal inicia a expansão ultramarina. 1494 – Tratado de Tordesilhas. A colonização europeia na América e o Condado Portucalense Cronologia: 1500 – descoberta intencional do Brasil – Pindorama (palavra de origem tupi: Pi’dob: palmeira + orama: terra das palmeiras). 1501 – 1ª expedição exploradora comandada por Gaspar de Lemos e Américo Vespucci – verificação do pau-brasil. 1503 – 2ª expedição: Gonçalo Coelho e Américo Vespucci – contrato entre comerciantes: Fernão de Noronha e o rei para a exploração do pau-brasil. 1504 – introdução do sistema de capitanias hereditárias. 1515 – expedição de reconhecimento da costa brasileira. 1516 – expedição de defesa de Cristóvão Jacques. 1526 – 2ª expedição de defesa. O Brasil Pré-Colonial (1500-1530) É com Martin Afonso de Souza que se inicia a colonização portuguesa. Ele trouxe 400 homens, animais e mudas de plantas. Formou a vila de São Vicente e o nosso primeiro engenho de cana-de-açúcar. Entrou também em contato com os líderes indígenas locais, dentre os quais um português chamado João Ramalho, que, segundo se conta, já estava em nosso país desde 1497. Iniciada a colonização, também começou a escravidão indígena. Muitos colonos, já acostumados com o serviço escravo na corte, quiseram obrigar os índios a trabalhar em suas lavouras. Os padres jesuítas, interessados em sua catequese, foram contra. O Brasil Pré-Colonial (1500-1530) Povos nômades vieram à América por volta de 40 mil anos atrás. Um desses povos deu origem ao tupi-guarani, uma das sete grandes famílias que constituíam o grupo linguístico Macro Tupi. Iniciou-se a migração desses povos pelo rio Amazonas, devido ao crescimento demográfico e à desertificação do território tribal, chegando ao litoral do Brasil e expulsando os tapuias (os outros) que eram do grupo linguístico Jê e que também já haviam expulsados os habitantes originais do litoral, os chamados homens dos sambaquis. Entre o grupo linguístico Jê encontravam-se os aimorés, os timbiras, os caiapós e os xavantes. O Brasil Pré-Colonial (1500-1530) – primeiros habitantes Organização das tribos: tabas – aldeias independentes, formada por várias malocas, dispostas em volta de uma praça central. Cada maloca abrigava várias famílias e tinha um chefe, o morubixaba. Todos obedeciam um conselho de pessoas mais velhas e ao chefe religioso: o pajé. Atividades econômicas: caça, pesca, coleta de frutos e raízes e agricultura (milho e mandioca). Não praticavam o pastoreio nem o comércio. Fabricavam utensílios de cerâmica, pedra, madeira, ossos e fibras vegetais. Organização social: muitos grupos praticavam a poligamia e havia divisão sexual do trabalho. Herança cultural: rede para dormir, mandioca, milho, guaraná, ervas medicinais, canoas, jangadas, coivara, cipó, danças, palavras indígenas, cânticos etc. O Brasil Pré-Colonial (1500-1530) – primeiros habitantes O pau-brasil foi a primeira forma de exploração do Brasil, Ibirapitanga, como era chamado pelos índios; devido à tinta que soltava, após a fervura era chamado de pau tinta. Era levado para a Europa e comercializado para o tingimento de tecidos. A mão de obra utilizada para a extração do pau-brasil era indígena e o pagamento era na forma de quinquilharias (escambo: uma troca de mercadoria por outra) e a madeira era armazenada nas feitorias. O rei de Portugal doou a 12 donatários ou capitães donatários (ricos portugueses) 15 lotes de terra. Os donatários recebiam apenas a posse e deveriam explorá-la por conta própria: ela era alienável, hereditária e indivisível. Apenas duas capitanias tiveram êxito: São Vicente (Martim Afonso de Souza) e de Pernambuco (Duarte Coelho). Pau-Brasil e Capitanias Hereditárias Sociedade açucareira (1580-1700): a cana-de-açúcar já era produzida nas ilhas do Atlântico (Madeira, Açores e Cabo Verde) desde o início do século XV. Os primeiros engenhos foram instalados em São Vicente. Com a ocupação do Nordeste, o litoral e seu solo (massapé) tornaram-se excelentes para o cultivo da cana-de-açúcar. A agroindústria açucareira era formada por: casa-grande, capela, senzala e terras. Os holandeses financiavam os equipamentos e distribuíam o açúcar na Europa. O produto saia bruto do Brasil até os portos portugueses e lá ia para a Holanda para ser refinado e distribuído. Os portugueses eram intermediários entre a produção e a distribuição do produto. Os holandeses, quando foram impedidos de contatar os portugueses para a obtenção do produto, invadiram o Nordeste, sendo que o auge da produção açucareira se deu no governo de Maurício de Nassau-Siegen (1624-1654). Os holandeses tomaram o tráfico escravo na África. Os holandeses foram expulsos do Nordeste na Batalha de Guararapes. O Brasil Colonial (1531-1822) – sociedade açucareira O Brasil Colonial (1531-1822) – sociedade açucareira Produção do açúcar: o açúcar era colhido e levado para a moenda, onde a cana era moída, resultando na garapa. A moenda era movida por energia hidráulica (engenho real) ou trapiches (tração animal). A garapa era cozida na fornalhae depois levada à casa de purgar e o açúcar era quebrado e encaixotado. Outras atividades econômicas do latifúndio: tabaco, aguardente, algodão e pecuária. A sociedade açucareira era considerada patriarcal, imóvel e dividida entre senhores e escravos. Devido às lutas internas, tribos africanas escravizavam os vencidos que eram vendidos aos comerciantes portugueses. A maior utilização do negro como mão de obra escrava básica na economia colonial deve-se, principalmente, ao tráfico negreiro, atividade altamente rentável, tornando-se uma das principais fontes de acumulação de capitais para metrópole. As etnias negras eram os bantos (Congo, Guiné e Angola) e os sudaneses. Desde fugas isoladas, passando pelo suicídio, pelo banzo (nostalgia que fazia o negro cair em profunda depressão, levando-o à morte) e pelos quilombos, várias foram as formas de resistência do negro à escravidão, sendo a formação dos quilombos a mais consequente. Os quilombos eram aldeamentos de negros que fugiam dos latifúndios, passando a viver comunitariamente. O maior e mais duradouro foi o quilombo dos Palmares, surgido em 1630, em Alagoas, estendendo-se em uma área de 27 mil quilômetros quadrados até Pernambuco. Seu primeiro líder foi Ganga Zumba, depois seu sobrinho Zumbi, que tornou-se a principal liderança da história de Palmares. Zumbi foi covardemente assassinado, em 1695, pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, contratado por latifundiários da região. Os quilombos: a resistência Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, a Coroa portuguesa encontrou uma nova fonte de renda para atingir o propósito mercantilista – a do metalismo. A exploração do ouro no Brasil colocou a metrópole portuguesa em uma posição de destaque perante as outras nações europeias. Em 1718 – descobertas minas na Bahia, Goiás e Mato Grosso. Formas de exploração: faisqueira e lavras. Exploração de diamantes: monopólio da Coroa (distrito diamantino). Intendência das Minas: fiscalizava a administração e a exploração do ouro. Casas de fundição (1719) fiscalizavam a exploração do ouro: Revolta de Vila Rica. A descoberta do ouro no Brasil Quinto: os mineiros deveriam pagar um quinto do ouro para a Coroa portuguesa. Isso resultou na Inconfidência Mineira. Descaminhos do ouro: contrabando. Mobilidade social: nessa sociedade, o escravo poderia comprar sua liberdade. Tratado de Methuem: a dívida dos portugueses com os ingleses era paga em ouro. Consequências da exploração do ouro: aumento das cidades, da população e do consumo; surgimento do patriarcalismo urbano e desenvolvimento das artes. A descoberta do ouro no Brasil A descoberta do ouro acabou por ter tido consequências negativas para Portugal. O ouro de Minas Gerais exerceu uma grande atração, o que levou muita gente a imigrar para essas terras, enfraquecendo a agricultura no Brasil e despovoando ainda mais os campos na metrópole. Portugal ficava cada vez mais dependente da Inglaterra, pois comprava as manufaturas inglesas e pagava em ouro. O ouro conseguido no Brasil era rapidamente escoado na compra de produtos importados. D. João V, que cobrava um quinto de toda a produção aurífera, utilizou essa riqueza para ostentar uma imagem de poder e magnificência, permitindo-lhe, entre outras coisas, mandar construir o Convento de Mafra, utilizando ouro na sua construção. A descoberta do ouro no Brasil O mercantilismo envelheceu. Novas formas de se produzir e de reger ou chefiar uma nação foram surgindo no início do século XVIII. A burguesia ansiava pelo poder para diminuir o domínio do rei e conquistar maior liberdade comercial. O sistema colonial entrou em crise; Portugal e Espanha não acompanharam as mudanças que estavam ocorrendo em outras regiões europeias e o sistema escravista era incompatível com os anseios da sociedade burguesa. O sistema escravista era bastante ineficiente e distinto do sistema industrial que estava se formando na Inglaterra: apesar da mais valia, isto é, a exploração do escravo ser bastante parecida com a exploração do operário das indústrias inglesas, o escravo não consumia mercadorias, pois não ganhava salário. A crise do mercantilismo Sobre a colonização portuguesa no Brasil, podemos afirmar: a) De 1500 a 1630, Portugal, mais interessado em suas colônias nas Índias, não demonstrou interesse pelo Brasil. b) Com a perda do monopólio do comércio das especiarias para os ingleses, os portugueses começaram a olhar melhor para a sua colônia brasileira. c) No período Pré-Colonial, os portugueses enviaram ao Brasil expedições colonizadoras de exploração. d) No período Pré-Colonial ocuparam-se da exploração e da exploração do ouro no Brasil, já que encontravam bem fácil nessas terras. e) Quando os colonizadores chegaram às terras brasileiras encontraram uma grande variedade de povos indígenas, principalmente os bantos e os tupis. Interatividade Resposta “b” Com a perda do monopólio do comércio das especiarias para os ingleses, os portugueses começaram a olhar melhor para a sua colônia brasileira. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!