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Transformações Históricas Contemporâneas

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Autora: Profa. Monica Buratto
Colaboradoras: Profa. Josefa Alexandrina da Silva 
 Profa. Ivy Judensnaider
Transformações 
Históricas Contemporâneas
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Professora conteudista: Monica Buratto
Monica Buratto possui graduação em História (1985), mestrado em Turismo (2001) e em Comunicação Social 
(2005), especialização em Tecnologia Educacional (2001) e pós‑graduação lato sensu em Educação Ambiental e 
Desenvolvimento Sustentável (2011). É professora‑adjunta na disciplina de História e Patrimônio Cultural no curso 
de Turismo da Universidade Paulista (UNIP). Ministrou aulas nas disciplinas de Museologia, Folclore, Evolução da Arte, 
Aspectos Históricos do Brasil, Patrimônio Cultural, Gestão dos Recursos Naturais e Culturais, Cultura Brasileira, História 
da Arte, História do Brasil, História Geral, Repertório das Artes Visuais, Teoria e Técnica da Comunicação, Cultura, Arte 
e Folclore, Homem e Sociedade, Antropologia e Cultura Brasileira nos cursos de Turismo, Publicidade e Propaganda, 
Secretariado Executivo Bilíngue, Letras e Ciências Biológicas e Biomédicas. Foi professora da disciplina História na rede 
pública, na Prefeitura Municipal de São Paulo, e na rede privada, no nível Médio e no Fundamental.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B945t Zacariotto, William Antonio
Transformações Históricas Contemporâneas. / Monica Buratto. 
– São Paulo: Editora Sol, 2016.
204 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑131/16, ISSN 1517‑9230.
1. Transformações históricas. 2. Contemporaneidade. 3. Relações 
internacionais. I. Título.
CDU 93/99
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Juliana Mendes
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Sumário
Transformações Históricas Contemporâneas
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
Unidade I
1 A TEORIA DA HISTÓRIA: O OLHAR SOBRE O PASSADO ................................................................... 13
1.1 O que é Teoria da História? .............................................................................................................. 15
1.1.1 O positivismo ............................................................................................................................................ 16
1.1.2 Historicismo .............................................................................................................................................. 17
1.1.3 Materialismo histórico .......................................................................................................................... 18
1.2 Novos paradigmas da Teoria da História .................................................................................... 19
1.2.1 A Escola dos Annales ............................................................................................................................. 19
1.2.2 A Nova História ........................................................................................................................................ 20
1.2.3 A Micro‑história ...................................................................................................................................... 20
1.2.4 A História Cultural .................................................................................................................................. 21
1.3 O pensamento contemporâneo sobre a história ..................................................................... 22
1.3.1 A Escola Inglesa ....................................................................................................................................... 23
1.3.2 Quantitativismo ....................................................................................................................................... 24
2 O MUNDO MODERNO E SUAS TRANSFORMAÇÕES: UMA INTRODUÇÃO ................................ 24
2.1 A passagem do feudalismo para o capitalismo ....................................................................... 26
2.2 As cidades medievais como precursoras do pré‑capitalismo ............................................. 28
2.3 Crise econômica nos séculos XIV e XV ......................................................................................... 30
2.4 Do pré‑capitalismo ao capitalismo comercial .......................................................................... 32
3 O MERCANTILISMO E A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA ............................................................ 34
3.1 A formação das monarquias nacionais ....................................................................................... 36
3.2 Mercantilismo: o acúmulo de capital .......................................................................................... 38
3.3 Relações internacionais do século XVI e a Revolução Comercial ..................................... 40
4 A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL ......................................................................................... 43
4.1 A colonização europeia na América e o Condado Portucalense ...................................... 43
4.1.1 O Brasil pré‑colonial (1500‑1530) ................................................................................................... 44
4.1.2 O Brasil colonial (1531‑1822) ............................................................................................................ 47
4.1.3 A descoberta do ouro no Brasil e a crise do mercantilismo .................................................. 50
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Unidade II
5 O MUNDO CONTEMPORÂNEO E SEUS PARADOXOS ........................................................................ 58
5.1 A Era das Revoluções: a Revolução Inglesa do século XII ................................................... 59
5.1.1 A Revolução Industrial na Inglaterra .............................................................................................. 63
5.1.2 Como funcionava a exploração do trabalho no início da era industrial? .......................65
5.1.3 O iluminismo ............................................................................................................................................. 69
5.1.4 A influência iluminista: a independência dos Estados Unidos ............................................. 71
5.1.5 A Revolução Francesa ........................................................................................................................... 75
5.1.6 A Era Napoleônica .................................................................................................................................. 78
5.1.7 Os movimentos sociais na Europa: as revoluções liberais ...................................................... 82
5.1.8 Uma nova opção ao trabalhador: o socialismo .......................................................................... 84
5.2 A independência das colônias latino‑americanas .................................................................. 86
5.2.1 A vinda da família real portuguesa ao Brasil: o Estado português no Brasil ................. 88
5.2.2 Independência do Brasil e Império brasileiro .............................................................................. 91
5.2.3 O caos imperial e o período regencial ............................................................................................ 94
6 A EXPANSÃO INDUSTRIAL DO SÉCULO XIX E O IMPERIALISMO .................................................. 98
6.1 Primeira Guerra Mundial (1914‑1919) ......................................................................................103
6.1.1 Revolução Russa de 1917 ..................................................................................................................105
6.1.2 A primeira crise do capitalismo: a Crise de 1929, nos Estados Unidos ..........................107
6.1.3 A Segunda Guerra Mundial ..............................................................................................................109
6.2 O Segundo Império brasileiro: a última monarquia .............................................................113
6.2.1 O Brasil República: a inserção no mundo capitalista .............................................................116
6.2.2 Governo Vargas: quase uma democracia .................................................................................... 118
6.2.3 O papel do Brasil nas Guerras Mundiais ..................................................................................... 122
6.2.4 As relações internacionais entre o Brasil e a América Latina ............................................ 123
6.3 A Guerra Fria e a soberania do Estado‑nação ........................................................................129
Unidade III
7 O MUNDO PÓS‑CONTEMPORÂNEO E OS NOVOS DESAFIOS .......................................................137
7.1 Internacionalização do capital: a passagem da sociedade nacional 
para a global ................................................................................................................................................137
7.2 Globalização e mundialização.......................................................................................................139
7.3 Neoliberalismo: o velho no novo, Estados liberais, empresas transnacionais ...........144
7.4 O capitalismo liberal: Consenso de Washington ...................................................................146
7.4.1 Wall Street .............................................................................................................................................. 148
7.4.2 A Inglaterra de Margaret Thatcher ............................................................................................... 150
7.4.3 Os Tigres Asiáticos ................................................................................................................................151
8 RELAÇÕES INTERNACIONAIS E GEOPOLÍTICAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO ................153
8.1 O mundo pós‑contemporâneo: anos dourados e anos 
difíceis no Brasil, da década de 1950 à de 1980 ...........................................................................157
8.1.1 A Ditadura Militar no Brasil ............................................................................................................. 159
8.1.2 Da década de 1980 à de 1990: quadro recessivo ................................................................... 162
8.1.3 O Estado liberal e o Estado social .................................................................................................. 164
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8.1.4 A inserção da economia brasileira na globalização ............................................................... 165
8.1.5 A integração regional da América Latina: do desenvolvimentismo 
do Mercosul aos Brics ................................................................................................................................... 167
8.2 Reações à globalização: os fóruns mundiais e o pensamento crítico ..........................173
8.2.1 Ideologia, ação e política .................................................................................................................. 177
8.2.2 A crise econômica de 2008 e as relações econômicas do início do século XXI ......... 179
8.2.3 O surgimento de grupos e mídias independentes .................................................................. 182
8.2.4 Tensões contemporâneas ................................................................................................................. 185
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APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Este livro‑texto traz a você os conteúdos da disciplina de Transformações Históricas 
Contemporâneas, que serão construídos respeitando as premissas básicas que orientam a missão 
da Universidade Paulista (UNIP) de atuar no progresso e no desenvolvimento da comunidade, 
fortalecendo os laços de solidariedade.
O viés histórico dessa disciplina nos conduz a compreender o indivíduo enquanto sujeito histórico 
que constrói o seu tempo e como ele pode se tornar um agente transformador da realidade que o cerca, 
quando conhece os mecanismos e acontecimentos do passado. A compreensão do passado nos leva ao 
entendimento das sociedades contemporâneas e nos convida a agir, levando em conta as mudanças 
ocorridas no tempo.
Assim, o conhecimento do passado, em uma perspectiva científica, nos leva ao entendimento 
da história não como aceitação ou comiseração, mas como um meio de apreender que as novas 
formas de dominação e o aparato ideológico que se apresentam nas sociedades atuais tiveram sua 
construção no passado.
A história é um instrumento, antes de tudo, de construção de identidades sociais, através da memória, 
que são passadas de geração a geração e consequentemente consolidam vínculos.
Nossa disciplina visa apresentar a conceituação de globalização, desde suas origens até suas atuais 
formas de manifestação. Para isso, iremos recorrer às origens do capitalismo como forma de entender 
o momento atual.
A partir da instrumentação conceitual recebida, podemos desenvolver as seguintes 
competências gerais:
• Senso crítico.
• Temporalidade.
• Contextualização.
• Espacialidade.
• Visão sistêmica.
• Consciência ético‑social.
• Desenvolvimento pessoal.
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Enquanto objetivos específicos da análise do assunto central da nossa disciplina (capitalismo/
globalização), podemos apontar:
• Identificar as forças que levaram ao surgimento do capitalismo.
• Analisar as características do capitalismo que se desdobraram ao longoda história.
• Compreender a importância dos protagonistas que atuaram nesse processo.
• Estabelecer relações entre o passado e a atualidade.
• Comparar as diversas explicações para os fatos.
• Trabalhar as dimensões do tempo, o que envolve duração, sucessão e simultaneidade.
Partindo‑se da contextualização do nosso tema central (processo capitalista) abordado neste 
trabalho, busca‑se a compreensão do momento atual e das condições que nos levam a viver na nossa 
sociedade, identificando os conflitos e problemas.
Ao refletir sobre as dimensões sociais, políticas e econômicas da globalização e as transformações no capital, 
emprego e trabalho na sociedade contemporânea, podemos vislumbrar saídas para uma sociedade melhor.
INTRODUÇÃO
Um dos temas mais controversos do nosso século é a revolução tecnológica. Ao traçar o 
desenvolvimento desse assunto, somos conduzidos ao tema fundamental que proporcionou o 
surgimento da revolução nas técnicas de produção: o capitalismo. O triunfo global do capitalismo, como 
nós vemos hoje, constitui‑se no tema mais importante da história, pois ele determina a forma pela qual 
a humanidade vive nas mais diversas sociedades.
Para compreendermos o momento atual, recorreremos a origens históricas que nos levem a pistas 
do surgimento capitalista. Nessa procura, iremos nos deparar com o desenvolvimento de uma economia 
baseada na livre‑iniciativa privada, na competição, no mercado, no capital. Como consequência disso, 
descobriremos quais são as explicações que existem para tornar inteligível um mundo dividido entre 
pobres e ricos, entre desenvolvidos e subdesenvolvidos.
Essa será uma tarefa árdua que irá nos fornecer elementos que nos levem a uma percepção 
mais aprofundada das transformações históricas contemporâneas. Assim, para se entender a 
contemporaneidade, investigaremos o capitalismo, pois acredita‑se que esse sistema econômico venha 
influenciando os acontecimentos do mundo ocidental e do oriental há mais de 200 anos.
Veremos como a metáfora do progresso capitalista substancializa‑se no mundo dos opostos: os 
vencidos e os vencedores, exploradores e explorados. Assim, a interpretação das fases capitalistas não 
pode ser objetiva, nem imparcial.
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Para descobrirmos como caminhar pelo tema, iremos entrar em contato com a Teoria da História, 
ou seja, como os historiadores ou pensadores navegam pela história, quais são os olhares que os 
historiadores devem ter para entender o processo histórico. Começaremos com a Teoria da História e 
seus diversos paradigmas históricos apresentados nas várias visões existentes sobre a história.
Também estudaremos as transformações fundamentais que ocorreram entre o feudalismo e o 
capitalismo; é o que os historiadores chamam de passagem do feudalismo para o capitalismo. Essa 
fase será chamada de mundo moderno, pois irá esclarecer como se originou o capitalismo na Baixa 
Idade Média. Iremos tratar de capitalismo comercial, mercantilismo, expansão comercial e marítima 
europeia e descoberta do Brasil e seus desdobramentos, abrangendo do século XII ao XVIII.
Em nossa reflexão, recorreremos às origens históricas do mercantilismo e do liberalismo econômico 
para podermos entender como se deu o surgimento da Revolução Industrial na Inglaterra e sua expansão 
pelo mundo, bem como o início processo de globalização.
Dando prosseguimento aos nossos estudos, veremos o chamado mundo contemporâneo, com a 
crise do capitalismo comercial e as revoluções burguesas que irão dar sustentáculo para o surgimento da 
Revolução Industrial. Vamos estudar o processo de libertação da América e o Brasil e suas monarquias.
Iremos conhecer quais os movimentos sociais que surgiram para combater o abuso cometido no 
interior das fábricas e outros movimentos de contestação, bem como os movimentos liberais a favor 
da burguesia. Nesse período, veremos a expansão capitalista pelo mundo e o conflito mundial que dela 
resultou: a Primeira Guerra Mundial.
Também aprenderemos sobre o neocolonialismo ou imperialismo europeu e sua influência na África 
e na Ásia, bem como a expansão do mercado industrial e as questões que influenciaram as duas grandes 
guerras mundiais e suas consequências na divisão do mundo em blocos econômicos e hegemônicos 
com a Guerra Fria.
No plano nacional, estudaremos as influências da Revolução Industrial na América Latina e a inserção 
do Brasil no mundo globalizado, a partir da vinda da corte portuguesa ao Brasil, e os mecanismos políticos, 
econômicos e sociais que se formaram a partir desse evento e que mudaram os rumos do Brasil Colônia.
Posteriormente, veremos a Revolução Russa, o antídoto para o capitalismo e a crise capitalista de 
1929. Ainda estudaremos a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria e o Brasil nesse contexto, a República 
brasileira e as relações internacionais entre os países latino‑americanos. Esse período abrange do século 
XIX ao XX.
Na sequência, serão apresentados o mundo pós-contemporâneo e os novos desafios, o que 
inclui temas como a internacionalização do capital, a passagem da sociedade nacional para a global, 
o que é globalização e mundialização, o neoliberalismo, os Estados nacionais, assim como as relações 
internacionais e geopolíticas. Veremos a história da República brasileira, a inserção da economia 
brasileira na globalização e como as crises capitalistas afetaram o mundo. Esse período refere‑se ao 
final do século XX até o século XXI.
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Esperamos que esse conteúdo, com o auxílio das dicas, livros, textos e filmes, sirva de instrumento 
para você desenvolver consciência e senso crítico, assim como para que você, aluno, possa distinguir as 
linguagens e a ideologia que estão por trás dos discursos, sejam eles impressos, visuais, auditivos etc.
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TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS CONTEMPORÂNEAS
Unidade I
1 A TEORIA DA HISTÓRIA: O OLHAR SOBRE O PASSADO
Quando entramos em contato com a história de uma nação ou de um povo, podemos conhecer 
a sua herança cultural substancializada nas culturas material (edifícios) e imaterial (sabedorias, 
conhecimentos) produzidas através do tempo. Dessa forma nos apropriarmos do simbolismo desses 
bens a fim de reconhecer as realizações e os acontecimentos que marcaram aquela sociedade.
Muitas vezes nos identificamos com os símbolos e o conteúdo histórico de um povo, justamente 
porque nos remetem aos conteúdos simbólicos da nossa própria história: quando entramos em contato 
com determinados bens culturais tangíveis, isto é, bens materiais, tais como edifícios arquitetônicos 
e objetos, eles nos despertam imagens simbólicas relacionadas ao nosso próprio passado cultural e 
histórico e nos ligam ao nosso imaginário e repertório simbólico.
Isso ocorre devido ao fato de que a história dos povos não está alijada ou desenvolveu‑se isoladamente 
da dos seus vizinhos, mas está vinculada parcialmente ou integralmente à construção histórica de outras 
sociedades e outros povos de acordo com cada época. Quando nos voltamos ao passado histórico de 
determinado povo, podemos perceber e compreender quais são as características essenciais daquela 
sociedade e quais são as características adquiridas pelo intermédio e contato com outras culturas e 
outras ideias, tais como modos de produzir, de administrar, de comandar, de comercializar, de agir, de se 
comportar etc.
Se analisarmos a história da antiguidade dos povos, poderemos perceber que do intercâmbio 
comercial entre esses povos surgiram trocas culturais importantes que facilitaram o avanço 
tecnológicoe os processos de invenção e integração do homem com o meio ambiente. Até mesmo as 
guerras, a expansão comercial e a dominação de alguns povos sobre outros permitiram o desenrolar 
de novas mentalidades e mudanças de comportamento, tanto para os povos dominantes quanto 
para os dominados.
A despeito de a história local estar vinculada à história mundial, o historiador tem a tarefa de 
capturar registros, de investigar acontecimentos e relatos do passado a fim de identificar, interpretar 
e reconhecer as características intrínsecas da sociedade estudada e estabelecer conexões com 
outras sociedades, já que elas muitas vezes se comunicam. Como exemplo, podemos citar a história 
do Brasil: não é possível compreender a história do povo brasileiro sem antes analisarmos a de 
Portugal, já que estes foram responsáveis pela colonização e pela transferência de grande parte da 
sua cultura para o Brasil.
Por meio das variadas fontes históricas, tais como documentos, livros, manuscritos (fontes escritas), 
desenhos, pinturas, fotografias (fontes iconográficas), relatos, depoimentos (fontes orais), dentre outras, 
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Unidade I
o historiador sistematiza, analisa e interpreta os dados encontrados com o objetivo de chegar a respostas 
para as questões que o afligem, depois de uma investigação meticulosa do objeto histórico. Os vestígios 
históricos fornecem pistas do objeto de estudo: a tarefa do historiador é ir além daquilo que ele está 
vendo, com a finalidade de chegar a um significado, mesmo aqueles incorporados nos símbolos.
A compreensão do passado humano ocorre a partir das pistas deixadas pelo ser humano e pelo 
grupo. Essas pistas podem ser escritas, materiais não escritas, imateriais, dentre outras que não estão 
registradas fisicamente, e quando investigadas minuciosamente, com o auxílio de técnicas e métodos, 
levam o pesquisador a uma fidedignidade dos fatos pesquisados e, por isso, a um melhor entendimento 
das mudanças ocorridas na humanidade.
O estudo da história pode estimular a memória do grupo social e incentivar um sentimento de 
pertencimento àquele grupo, na medida em que o conhecimento histórico nos leva a certa emancipação 
e liberdade em reconhecer‑nos como sujeitos e agentes históricos, além de nos permitir maior 
envolvimento com o grupo social. Entretanto, é preciso distinguir a institucionalização da memória, a 
memória dita oficial, isto é, aqueles elementos que caracterizam a cultura nacional e forjam a identidade 
de um povo, como no caso brasileiro, a língua e a história dos vencedores, produzidas por uma elite 
dominante e, portanto, pertencente ao domínio da ideologia, como forma de dominação.
Segundo Carr (1978, p. 55‑6), a história se distingue das outras ciências na medida em que 
lida com algo que é único, particular, ao contrário da ciência, que lida com o geral e o universal, 
além de não ter condições de prever algo. O historiador não vive de previsões, ele não pode semear 
profecias e não dá lições. O estudo da história é essencialmente subjetivo, na medida em que o 
homem se percebe.
É a partir desse último argumento que a investigação histórica se depara com algumas interrogações 
que iremos abordar no próximo tema: a questão da subjetividade no conhecimento da história e as 
diferentes visões que os historiadores têm perante os fatos e acontecimentos que são colocados à sua 
frente e os perigos e armadilhas que podem surgir com isso.
Outra questão diz respeito ao próprio caráter do estudo de história. As várias abordagens no modo 
de se pensar a história variam de acordo com a época em que o pensamento foi concebido e se refletem 
no modo de se abordar a história e outras questões, como a do sujeito/pesquisador, que também é um 
sujeito histórico, refletindo sobre os temas do presente e do passado.
De qualquer forma, é possível que o estudo da história lide com certa dualidade: ele se relaciona 
tanto com o nível de acontecimentos como também com rupturas estruturais, tais como as revoluções, 
fundamentais para a compreensão do fluxo histórico.
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TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS CONTEMPORÂNEAS
 Saiba mais
Para saber mais sobre o assunto, leia o livro indicado a seguir:
CARR, E. H. Que é história? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
Sobre fontes históricas, pesquise na obra a seguir, especialmente entre 
as páginas 201 e 310:
SCHAFF, A. História e verdade. São Paulo: Martins Fontes, 1978.
1.1 O que é Teoria da História?
Não há uma concepção única de interpretar e entender o passado. No decorrer da própria história, 
os pesquisadores elaboraram teorias distintas e concepções para se estudar o passado, com diversas 
práxis (práticas) para apreender o objeto histórico. É o que podemos chamar de Teoria da História, 
a teoria produzida pelo conhecimento dos historiadores e pela prática historiográfica, ou seja, a 
escrita da história.
As diferentes orientações cognitivas que acompanhavam os historiadores, de acordo com cada época, 
abordavam o objeto histórico de maneira distinta, desenvolvendo com isso uma epistemologia da história, 
ou seja, um conhecimento diverso da história. Cada período é marcado por paradigmas, isto é, modelos 
teóricos que acompanham a história, principalmente os modelos criados pelas Ciências Humanas.
Dentre as várias correntes, destacam‑se:
• Positivismo.
• Historicismo.
• Materialismo histórico.
• Escola dos Annales.
• Nova história.
• Micro‑história.
• História cultural.
O século XIX foi muito importante para o estudo da história. Nele surgiram concepções fundamentais 
que iriam consagrar progressos na historiografia, além de ter desdobramentos consideráveis por todo o 
século XX.
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Unidade I
A hermenêutica, corrente historiográfica que prega o método estritamente hermenêutico, ou seja, 
interpretativo, foi também uma das correntes dominantes, sobretudo no século XIX.
Nesse século surgiram três abordagens e paradigmas (modelos) distintos para o estudo da história: o 
positivismo, o historicismo e o materialismo dialético. Vamos entrar em contato com esses paradigmas a 
seguir. Dentre as principais correntes, ressaltamos o positivismo, o historicismo e o materialismo histórico.
1.1.1 O positivismo
Esta teoria foi desenvolvida por Augusto Comte por volta do século XIX. Surgiu como herança do 
Iluminismo. Essa concepção defendia o conhecimento científico como único e verdadeiro, e os fatos 
históricos deveriam ser comprovados por métodos científicos reconhecidos. Segundo essa ideia, os fatos 
deveriam ser comprovados cientificamente, e só assim estariam carregados de verdade, principalmente 
os documentos governamentais, que traziam uma verdade indiscutível. Os positivistas tinham grande fé 
na ciência e rejeitavam qualquer tipo de crença.
Os positivistas afastaram‑se do teocentrismo e ligaram‑se ao humanismo. O estudo de história 
tornava‑se factual e narrativo. Amparavam‑se no Evolucionismo, ou seja, teoria da evolução das 
espécies (do ser mais primitivo ao mais complexo), na evolução da sociedade da barbárie até a civilização. 
Acreditavam que as sociedades europeias fossem mais evoluídas, pois eram mais civilizadas do que as 
outras, uma vez que eram mais desenvolvidos tecnologicamente.
Características:
• Legado do iluminismo.
• Conhecimento objetivo, como nas Ciências Naturais;
• Método de abordagem do objeto histórico próximo ao método das Ciências Naturais.
• Imparcialidade do sujeito.
• Neutralidade do historiador.
• Universalidade da história.
• Base no etnocentrismo,ou seja, o grupo étnico europeu era o centro de tudo.
• Ideia de progresso, principalmente a das sociedades europeias.
• Estudo principalmente da história dos grandes líderes políticos europeus.
• História descritiva, factual e episódica.
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1.1.2 Historicismo
Corrente surgida também no século XIX. Teve como expoentes Leopold Ranke, Johann Gustav 
Droysen, Wilhelm Dilthey, Hans Georg Gadamer, Paul Ricouer, Benedetto Croce e Karl Mannheim, 
sociólogo húngaro que seguia o historicismo.
Características:
• Atenção à subjetividade do sujeito que constrói a história.
• Compreensão, e não apenas explicação da história.
• Método de abordagem do objeto histórico próximo ao método das Ciências Sociais.
• Corrente relacionada às Ciências Sociais e ao estudo do comportamento humano.
• Opunha‑se à ideia de universalidade: a história da humanidade espelha a história de todas as 
outras sociedades.
• A história deveria encontrar um método próprio.
• O historiador estaria sujeito ao seu próprio tempo, e isso influenciava a abordagem da histórica.
• Cada sociedade tem sua própria singularidade, e a sua história não está sujeita à história universal.
• O historicismo relacionou‑se com a ideia proposta por Hegel: o sujeito da história é o espírito objetivo.
• O historicismo estava ligado ao ideal romântico do século XIX.
 Saiba mais
Para se aprofundar um pouco mais no historicismo, dê uma olhada 
no texto:
REIS, J. C. O historicismo, a descoberta da História. Disponível em: 
<http://locus.ufjf.emnuvens.com.br/locus/article/download/2437/1734>. 
Acesso em: 3 maio 2016.
Leia também a obra a seguir:
BARROS, J. D. Teoria da História: os primeiros paradigmas – positivismo 
e historicismo. Petrópolis: Vozes, 2011. v. II.
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1.1.3 Materialismo histórico
Abordagem teórico‑metodológica desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels em meados do 
século XIX. Essa abordagem situa‑se na compreensão da história através de conceitos criados no decorrer 
dos estudos de Marx sobre o capitalismo e no desenvolvimento material humano. Essa abordagem 
metodológica vincula o estudo da História com o estudo da Economia já iniciado anteriormente, em 
1843, por Jérôme Blanqui.
Características:
• Compreensão da história a partir do materialismo histórico e do materialismo dialético.
• A dialética, proposta por Marx e Engels, refere‑se às contradições da sociedade surgidas a partir 
do modo de se produzir.
• O método dialético compreende que qualquer fenômeno não pode ser explicado ou dissociado 
dos outros fenômenos que o circundam.
• A natureza está sempre se transformando, está sempre em transição. A natureza material 
determina nosso pensamento.
• A vida material determina a vida social e política do indivíduo: as forças de produção – isto é, o 
modo de se produzir em uma sociedade – determinam a vida do indivíduo nessa sociedade.
• Compreensão da história a partir da luta de classes, ou seja, servos x senhores, proletários x 
burgueses etc.
• A ideia de práxis une a teoria e a prática para o entendimento da história.
• Olhar para as bases econômicas e sociais da sociedade e suas contradições.
• Marx e Engels, ao formularem os pressupostos da dialética, alicerçaram‑se na dialética de Hegel 
(dialética idealista), ou seja, o diálogo, o debate, em que há uma contraposição de ideias que 
começam com uma tese, que gera uma antítese, resultando em uma síntese.
 Saiba mais
Leia sobre a obra de Karl Marx:
MARX, K.; ENGELS, F. Obras escolhidas. v. 1. São Paulo: Alfa‑Omega, 1980.
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1.2 Novos paradigmas da Teoria da História
No princípio do século XX, a investigação histórica foi enriquecida por algumas releituras dos 
paradigmas do materialismo dialético, com o surgimento da Escola dos Annales e a nova história. Temos 
ainda a micro‑história e a história cultural como decorrentes do ideário da nova história.
Grosso modo, o estudo de história foi polarizado entre a história enquanto investigação e ensaio 
filosófico e a história enquanto verificação científica. Porém, no final do século XX, os historiadores 
afastaram‑se um pouco da história/ciência, a história mais controlável pelos procedimentos 
metodológicos, e se aproximaram da história/ensaio, configurando novas perspectivas de abordar a 
história (CARDOSO; BRIGNOLI, 1981, p. 39‑49).
A pós‑modernidade e suas novas compreensões de mundo conduziram o discurso e a pesquisa 
histórica à rejeição das explicações conservadoras da história, tornando‑os mais relativos e mais 
próximos da narrativa histórica, da criação literária, da análise semiótica e da microantropologia.
1.2.1 A Escola dos Annales
Nasceu na França, em 1929, com o surgimento da revista Annales d’Histoire Économique et Sociale, 
criada por Marc Bloch e Lucien Febvre. Fernand Braudel corresponde à segunda fase dos Annales, que 
surgiu por volta de 1950; Jacques Le Goff e Pierre Nora representam a terceira fase; e Georges 
Duby e Jacques Revel correspondem à quarta fase, de onde se desenvolveu a história cultural. 
Eles foram pioneiros na abordagem de uma nova história, na medida em que rejeitavam a forma como 
os positivistas tratavam o estudo da história, proclamando uma guerra contra a história tradicional, 
factual, e a história política, apesar de não apresentarem nenhuma proposta de revolução como os 
marxistas apresentaram. Esses historiadores foram responsáveis por incorporar à história métodos 
utilizados nas Ciências Sociais, tratando dessa forma o modo de investigação histórica de uma forma 
multidisciplinar, incorporando outras ciências, como Psicologia, Economia, Sociologia e Geografia para 
auxiliar nos estudos históricos. Outro nome dos Annales: François Dosse.
Características:
• Diálogo entre a História e as Ciências Sociais.
• Estudo nos documentos arquivados.
• Emprego de novos tipos de fontes históricas.
• Nova abordagem: história social.
• Prática da interdisciplinaridade.
• Combina‑se a história de longa duração com o estudo da história social, econômica e das pessoas 
em seu meio.
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• Incorpora outros conhecimentos, como demografia, estudo do meio etc.
• Valoriza a história‑problema.
Fernand Braudel, da segunda geração dos Annales, concebeu uma nova abordagem de investigação: a 
história das mentalidades e da organização social. Outras fontes, como as arqueológicas, eram utilizadas 
no estudo da história. A História poderia dialogar com a Geografia, surgindo a Geo‑história. O tempo 
histórico não é homogêneo. Ele identificou três níveis de acontecimentos históricos que apresentam 
ritmos distintos e, portanto, investigação diferenciada que variam segundo o tempo e a duração: a 
história episódica de curta duração, a história conjuntural e seus ritmos mais lentos e a história estrutural 
de maior duração (CARDOSO; BRIGNOLI, 1981, p. 27).
No Brasil, temos os trabalhos da historiadora Mary Del Priore, que se aprofundou na história das 
mentalidades. Seus livros História da Criança no Brasil (1991), História das Mulheres no Brasil (1997) e 
História do Amor no Brasil (2005) apontam para as experiências nessa abordagem histórica.
1.2.2 A Nova História
Foi outra corrente da historiografia surgida na década de 1970, a terceira geração da Escola dos 
Annales. Organizada peloshistoriógrafos Jacques Le Goff e Pierre Nora, herdeiros da Escola dos Annales, 
recebeu esse nome devido à publicação da obra Fazer a História. Essa concepção corresponde ao estudo 
da história das mentalidades, ou seja, o estudo das estruturas mentais das sociedades como forma de 
compreender as estruturas sociais.
Características:
• Contrapunham‑se à história dos grandes homens e dos fatos.
• Todos os seres humanos são portadores de uma história, ou seja, fazia‑se o estudo do homem comum.
• Estudo do mundo rural.
• Estudo multidisciplinar.
• Emprego dos mesmos métodos de abordagem utilizados por Fernand Braudel: a história dos 
acontecimentos (curto prazo), das conjunturas (médio prazo) e das estruturas (longo prazo).
• Os historiadores utilizavam de fontes imateriais para a interpretação da história.
1.2.3 A Micro-história
Foi concebida a partir da publicação da coleção intitulada Microstorie por Carlo Ginzburg e Giovanni 
Levi entre os anos de 1981 e 1988. Essa abordagem trata de recortes temáticos da história favorecendo 
o sujeito individual.
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Características:
• Privilegia fatos relevantes específicos dentro do contexto estudado que são desprezados em 
outras abordagens.
• Utiliza‑se de fontes históricas que são desconsideradas e sem importância.
• Análise do cotidiano das comunidades (história do cotidiano) e das pessoas anônimas que 
influenciam no fato estudado.
• Microcontextos, história microscópica.
• Utiliza‑se da narração e da descrição para apresentar o recorte histórico.
 Saiba mais
Vale a pena ler:
GINZBURG, C. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2007.
O autor faz uma analogia entre o fio do relato e os rastros que a 
história nos deixa com o mito grego do labirinto de Dédalo, onde habitava 
o Minotauro, e o fio de Ariadne, que conduziu Teseu para fora do labirinto 
após ter matado o Minotauro: “o fio do relato, que ajuda a nos orientarmos 
no labirinto da realidade – e os rastros” (2007, p. 7) para narrar diversos 
recortes que vão desde a conversão de judeus de Minorca até feiticeiras e 
xamãs europeus.
Leia também:
VAINFAS, R. Os protagonistas anônimos da história: micro‑história. Rio 
de Janeiro: Campus, 2002.
1.2.4 A História Cultural
Surgida na década de 1970, conforme apontou Peter Burke, historiador inglês, procurou estabelecer 
vínculos entre a investigação histórica e as práticas e representações relacionadas à cultura. Burke definiu 
os historiadores culturais como indivíduos que estudavam o passado através das artes, da literatura, do 
simbólico, dos significados, das práticas religiosas etc. Para isso, tornou‑se evidente a conexão entre a 
História e a Antropologia, já que a história utilizava o referencial conceitual oriundo das Ciências Sociais 
sobre “cultura” e “sociedade”. Os temas da história cultural persistem até hoje nos meios acadêmicos.
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Características:
• História das classes baixas, pessoas comuns como objeto de estudo.
• História do corpo.
• História da música, da literatura e da arte.
• Imaginário cultural.
• Identidade individual.
• Observação e estudo dos rituais.
• História cultural da política.
• Narrativa histórica.
• Nova história cultural – formas linguísticas de apreensão da realidade.
• O discurso e a linguagem.
 Saiba mais
Leia a obra a seguir:
BURKE, P. O que é história cultural? Tradução: Sergio Góes de Paula. 2. 
ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
1.3 O pensamento contemporâneo sobre a história
O pensador francês Michel Foucault (1926‑1984) indagou sobre a verdade produzida pela pesquisa 
histórica e seus efeitos e impactos na formação do presente do indivíduo. Foucault elaborou um estudo 
sobre os sistemas de exclusão gerados pelo Ocidente: a ciência médica e psiquiátrica que preconizava a 
loucura, os sistemas de vigilância, as prisões e a sexualidade. Segundo ele, determinadas problemáticas 
da história são verdades produzidas e passageiras.
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 Saiba mais
Leia a obra a seguir:
FOUCAULT, M. Estruturalismo e pós‑estruturalismo 1983. Tradução: 
Elisa Monteiro. Rio de Janeiro: Forense, 2008. (Coleção Ditos e Escritos II: 
Arqueologia das Ciências e História dos Sistemas de Pensamento).
Se quiser entender mais sobre o pensamento de Michel Foucault, assista 
ao seguinte documentário:
FOUCAULT por ele mesmo. Dir. Philippe Calderon. França: Arte, 2003. 
62 minutos.
1.3.1 A Escola Inglesa
A Escola Inglesa do Marxismo foi representada por Edward Thompson (História da Classe Operária 
Inglesa), Eric Hobsbawm (A Era do Capital e A Era das Revoluções) e Raymond Willians (História Social). 
Outro teórico que seguiu o materialismo histórico foi o húngaro Georg Lukács.
Os teóricos, muitos deles ligados ao partido comunista britânico do Pós‑Guerra, renovaram a historiografia 
marxista e elaboraram uma investigação criteriosa sobre classes operárias inglesas, como fez Thompson.
Eric Hobsbawm, historiador inglês, desde a década de 1970 apresentou uma nova abordagem 
marxista da história com os erros e acertos de Karl Marx: no caso, o conceito de modo de produção 
auxilia na identificação das forças sociais. Ele conduziu uma nova historiografia apresentando uma 
pesquisa com o estudo de movimentos populares, de identidades e sua influência nas transformações 
estruturais. Também fortaleceu a imparcialidade do historiador, na medida em que muitos tendem a 
legitimar sua ideologia através de seus livros. A história de Hobsbawm ocupou‑se do estudo das “Eras” 
da história – a Era dos Impérios, a Era das Revoluções, a Era do Capital – e das grandes transformações 
econômicas e políticas ocorridas que influenciaram a história moderna.
Hobsbawn acreditava que a desconstrução dos mitos da história nas escolas fosse fundamental para 
se libertar do controle exercido pelos poderosos na sociedade.
 Saiba mais
Leia a obra de Hobsbawn:
HOBSBAWM, E. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
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1.3.2 Quantitativismo
A década de 1960 também foi marcada pelo surgimento do Quantitativismo, modelo iniciado na 
história econômica que abrange também os estudos sócio‑históricos, mas que recorre à estatística e à 
quantificação – por exemplo, o crescimento da população, o aumento das cidades etc. – como recurso 
para o entendimento da história (CARDOSO; BRIGNOLI, 1981, p. 280).
Desde as últimas décadas do século XX tem ocorrido certa crise de paradigmas. Alguns modelos 
antigos continuam sendo seguidos na interpretação da história, como o modelo marxista, mas surgem 
outros que aproximam a história da literatura e da narrativa. Essa crise de paradigmas causa angústia nos 
pesquisadores, como argumenta Elias Thomé Saliba (1992): a crise ocorre devido ao desencantamento e 
à dúvida em relação ao futuro, pois a história atual reproduz as particularidades e as exigências políticas 
de cada sociedade e nas exigências mundiais.
O autor refere‑se à história como uma escrita sobre o presente e a crise de paradigmas advém da 
imprevisibilidade do futuro. Talvez, segundo ele, a história não precise mais de paradigmas para ser 
percebida, já que hoje o sentido de história é muito distinto do que outrora foi.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o assunto, leia a indicaçãoa seguir:
SALIBA, E. T. Mentalidades ou história sociocultural: a busca de um eixo 
teórico para o conhecimento histórico. Revista Margem, São Paulo, n. 1, 1992.
2 O MUNDO MODERNO E SUAS TRANSFORMAÇÕES: UMA INTRODUÇÃO
Para podermos compreender as transformações históricas contemporâneas, é indispensável que nos 
reportemos às origens históricas que contribuíram para que houvesse as mudanças que experimentamos 
hoje em dia.
A nossa história começa na Europa, não porque europeus são considerados uma “raça superior” ou 
são os mais inteligentes do planeta, mas sim porque lá ocorreram transformações significativas que 
mudaram e vêm transformando o mundo até hoje.
Essas transformações, como o mercantilismo, o liberalismo econômico, a Revolução Industrial, o 
neocolonialismo e o imperialismo, dentre outros acontecimentos, referem‑se a um conjunto de ações 
humanas que provocaram transformações profundas do ponto de vista social, político, econômico, 
ambiental e comportamental a nível mundial e impulsionaram importantes mudanças nas sociedades 
em vários cantos do planeta.
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Dessa forma, o contato com esses acontecimentos passados nos ajuda a elaborar interpretações que 
tragam significado para o mundo atual, inclusive daquelas regiões mais longínquas.
Temas atuais, como globalização e mundialização, têm raízes nos primórdios do mercantilismo, na 
colonização e na expansão de mercados iniciados no século XV, como será demonstrado adiante.
Além disso, questões contemporâneas semelhantes àquelas de que temos notícia hoje em dia, tais 
como a imigração e a expatriação de africanos e sírios para a Europa, têm vínculos com o imperialismo 
ou o neocolonialismo aplicado pelos europeus no final do século XIX e início do século XX e com os 
processos de descolonização principiados no Pós‑Guerra.
Dessa forma, não é possível pensarmos nos acontecimentos do presente isolados dos fatos passados, nem 
pensarmos em episódios estanques separados de outros contextos históricos: o passado está vivo no presente, 
ele se torna o espaço de discussão para a compreensão do presente e pode ser reelaborado de acordo com as 
diversas teorias e os vários modelos de interpretação que existem no conhecimento histórico.
Portanto, as experiências do presente são como ecos do passado, que é recuperado através da 
memória histórica como estratégia de compreensão e legitimação dos acontecimentos atuais. Ao 
analisarmos os discursos contemporâneos sobre a atividade humana, tanto nos contextos econômicos 
quanto nos sociais e políticos, devemos recorrer à coleta de informações do passado, transformando‑o 
em uma experiência da atualidade com o objetivo de entendimento do cotidiano na atualidade.
Não se trata de recorrermos a uma linearidade cronológica dos fatos passados, mas sim de nos 
ocuparmos da compreensão e reflexão dos acontecimentos essenciais que modificaram a vida de boa 
parte da humanidade que experimenta semelhantes formas de viver.
De fato, podemos identificar algumas diferenças culturais, tais como religiosas e comportamentais, 
entre os povos; entretanto, apesar dessas diferenças, a humanidade segue vinculada ao contexto 
mundial, principalmente no campo da economia, que é globalizada. Isso quer dizer que a economia é 
transnacional e o capital é reproduzido em escala mundial, e assim a economia local torna‑se província 
da economia mundial.
Os processos e a organização sociais estão sob o domínio dos componentes ideológicos da 
cultura, representados pelo poder e pela superestrutura da sociedade local e vinculados aos modelos 
internacionais. Dessa forma, poderemos capturar as influências do passado nas transformações 
históricas da contemporaneidade destrinchando os aspectos essenciais que deram origem ao mundo 
pós‑contemporâneo.
Esses aspectos essenciais dizem respeito às rupturas que ocorreram na estrutura da sociedade, como as 
revoluções que influenciaram significativamente muitas sociedades mundiais, conforme será tratado a seguir.
Grosso modo, a separação serial das épocas históricas se dá da seguinte forma:
• História antiga: por volta de 3000 a.C a 476 d.C. – fim do Império Romano.
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• História medieval: por volta do século V ao século XV (1453 – tomada de Constantinopla).
• História moderna: século XV até século XVIII (1789 – Revolução Francesa).
• História contemporânea: século XVIII até nossos dias.
Para que possamos compreender o período atual, isto é, o mundo da pós‑modernidade, como alguns 
autores intitulam (BAUMAN, 1999), ou pós‑contemporâneo, iremos iniciar nossa viagem a partir do 
final da história medieval para mostrar como se deu o início do capitalismo, ou o pré‑capitalismo.
2.1 A passagem do feudalismo para o capitalismo
O feudalismo foi um sistema de produção ocorrido na Europa Ocidental por volta dos séculos V ao 
XV e caracterizado pela produção agrícola, cujas relações sociais eram predominantemente servis, de 
produção ou de prestações de serviços compulsórios do servo ao seu senhor, como definiu Maurice 
Dobb (1981, p. 43), um dos historiadores que mais se dedicaram ao estudo do feudalismo.
As origens do feudalismo remontam ao declínio do Império Romano, quando os romanos passaram 
a migrar das cidades para o campo (êxodo urbano) devido aos ataques dos povos germânicos, chamados 
bárbaros pelos romanos, a fim de se protegerem.
A formação do feudo, isto é, grandes extensões de terra ou latifúndios, deu‑se gradualmente. Ele 
pertencia a um único dono, o senhor feudal, originando um sistema de exploração consentida pelo 
servo (o trabalhador da terra), já que o dono, o seu senhor, cobrava tributos pelo uso de suas terras. O 
servo não era escravo, era um homem livre, porém estava preso à terra, já que dependia da sua própria 
produção para sobreviver e, além disso, deveria produzir para o senhor feudal como forma de pagar pelo 
usufruto do lugar.
O feudo era autossuficiente, ou seja, produzia tudo para a subsistência dos habitantes do lugar e 
incluía espaços para a produção de pães, serralheria, olaria, produção artesanal, prados e pasto, além 
das áreas produtivas comuns (usufruto do servo) e particulares (a produção era exclusiva para o senhor) 
e também áreas de convivência: a aldeia onde moravam os servos e o castelo destinado ao senhor e a 
sua família e os cavaleiros (o exército do senhor) que protegiam o feudo de ataques de povos bárbaros 
(ARRUDA, 1990, p. 359‑60).
A produção agrícola era pequena devido à tecnologia primitiva empregada no processo de produção, 
e, portanto, o excedente de produtos era baixo. Na economia feudal, as moedas, apesar de existirem, 
eram escassas, pois a população vivia de trocas.
O sistema feudal era um sistema baseado em trocas – proteção e usufruto da terra por trabalho –, 
mas era um sistema desigual e ilusório no qual as pessoas eram manipuladas pela Igreja Católica a 
perpetuarem seus costumes e valores nessa condição. Apesar disso, esse sistema começou a apresentar 
sinais de enfraquecimento com a introdução de novos elementos que desmontaram a sua estrutura.
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Com o tempo, foram introduzidas melhorias no sistema produtivo com o aperfeiçoamento das 
técnicas agrícolas. Foram pequenas novidades, como o surgimento da charrua, tipo de arado de ferro 
que facilitava o cultivo, além da rotação dos campos de produção. Dessa forma, a produção aumentou, 
e houve um significativo aumento da população.
Outras novidadesocorreram, como a introdução de moinhos de vento que substituíam a mão 
de obra humana no fabrico da farinha, produto fundamental para produção de pães, liberando os 
camponeses para produzirem outros alimentos. Alimentando‑se melhor, as pessoas passaram a viver 
mais, favorecendo o aumento demográfico.
Apesar disso, houve também um aumento da população nobre; por isso, aumentou‑se a parcela da 
sociedade que não era produtiva e que dependia da produção do trabalho dos camponeses. Devido a 
isso, essa nobreza desejosa de ampliar seus rendimentos passou a aumentar as obrigações devidas pelo 
servo pelo uso de suas terras, facilitando a fuga de parte dos camponeses para as cidades, já que estas 
não apresentavam mais perigos de invasões. Ocorreu um verdadeiro êxodo rural.
Muitas das camadas de camponeses marginalizados, bem como de nobres excluídos do direito de 
herdar bens de seus pais que não tinham terras para deixar aos seus filhos, foram convocados pela Igreja 
para as Cruzadas (do século XI ao XIII), isto é, exércitos europeus representados pela Igreja Católica 
que foram libertar a Terra Santa, região de Jerusalém que tinha sido tomada pelos muçulmanos como 
resultado da Guerra Santa.
Ao entrarem em contato com o Oriente, por meio de uma guerra, os europeus conheceram um 
mundo distinto daquele em que viviam com muitos produtos e culturas diferentes. Com isso, muitas 
mercadorias foram entrando na Europa, o que provocou uma verdadeira transformação no sistema 
de trocas.
As feiras medievais, locais onde os comerciantes, originários dos feudos, faziam seus negócios, se 
dinamizaram com a introdução de novos produtos, a recirculação das moedas e a reinvenção das trocas 
comerciais. Muitos locais onde existiam essas feiras se transformaram em cidades.
É importante ressaltar que as terras do burgo (castelo fortificado para a defesa) eram pertencentes 
ao senhor feudal e posteriormente foram muradas, enquanto os habitantes do entorno, os comerciantes, 
chamados de burgueses (habitantes do burgo), originários da fuga dos feudos, dinamizavam o comércio 
local, transformando por completo o modo de produção feudal.
Exemplo de aplicação
Apesar da rudeza das cidades medievais de que se tem notícia, Pieter Bruegel, que nasceu por volta 
de 1525, perto de Antuérpia, hoje território da Bélgica, conseguiu retratar, na obra a seguir, brincadeiras 
infantis: neste cenário lúdico, os adultos parecem crianças e se divertem junto com elas. Todos interagem, 
o que contrasta com a rigidez e a dificuldade em que viviam. As cidades eram insalubres e barulhentas 
devido ao crescimento do comércio, e viver nelas era quase uma aventura.
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Figura 1 – Jogos Infantis (1560), de Pieter Bruegel, o Velho
Nessa obra, o artista apresenta uma possibilidade de diversão através de múltiplas brincadeiras, em 
um momento histórico que nega a brincadeira devido à seriedade do momento. Reflita a respeito da 
pintura, relacionando a rudeza vivida na época medieval e o sonho de criança retratado na tela.
2.2 As cidades medievais como precursoras do pré‑capitalismo
A história do crescimento das cidades medievais está vinculada à produção de excedente agrícola e 
ao aumento demográfico assistido na Europa Ocidental. Essas cidades surgiram por volta do século XI. A 
população urbana era formada pela chamada burguesia, que se dedicava ao comércio e ao artesanato, 
ao passo que no campo viviam a nobreza e o clero e os servos remanescentes produziam alimentos e se 
dedicavam à criação de animais. O campo abastecia as cidades.
Algumas cidades se formaram devido à existência de rios navegáveis, e, por isso, as relações comerciais 
já eram facilitadas, enquanto outras nasceram dos próprios núcleos feudais ou da iniciativa feudal em 
que predominavam as trocas comerciais. O surgimento das cidades é controverso, conforme retratou 
Maurice Dobb:
Sem dúvida, um grande número de cidades foi do tipo intermediário e seria 
difícil de classificar em qualquer dos campos. Com o correr do tempo, a linha 
divisória mudaria; as cidades antes dependentes se firmaram e conseguiam 
certa medida de independência, ou a liberdade de outras era eliminada em 
favor de maior controle feudal. Outras, que apresentavam toda [a] aparência 
de independentes, parecem muitas vezes terem sido, de início, dominadas 
por algumas famílias aristocráticas que possuíam alguma terra dentro da 
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cidade (como se mostrou característica frequente e importante de cidades 
italianas) (DOBB, 1981, p. 86).
Com o tempo, as cidades foram adquirindo autonomia e controlando as condições do mercado 
local (DOBB, 1981, p. 90), cujas mercadorias eram consumidas pelos nobres e por outras camadas da 
população endinheirada.
A nobreza residiu nas cidades italianas de Gênova e Veneza e em algumas da França e da Espanha. A 
partir do século XIII, a burguesia começou a se diferenciar de acordo com o volume de negócios e com 
o tipo de ofício praticado: a alta burguesia (os mais ricos) e a pequena burguesia.
A alta burguesia se dedicava aos negócios mais rentáveis, comercializando com os estrangeiros e 
dominando as maiores corporações de ofício. Ela muitas vezes monopolizava o governo das cidades. 
Já a baixa burguesia era caracterizada por pertencer às corporações menores e representava os 
comerciantes locais. 
Muitas cidades eram franqueadas, ou seja, seus habitantes tinham de pagar uma franquia ao senhor 
feudal local. Com o tempo, a população foi adquirindo certa autonomia e liberdade com o surgimento 
de ligas e confrarias, as corporações de ofício, para o artesão, e as guildas, para os comerciantes. Caso 
os habitantes do lugar conseguissem maior autonomia, como autogoverno, as cidades eram chamadas 
de comunas.
As corporações de ofício determinavam o preço do produto de acordo com a oferta e a procura, 
regulamentando o controle do mercado exterior e do interior, a qualidade, os salários da época e os preços 
do produto. As corporações de ofício reuniam alfaiates, sapateiros, carpinteiros, ferreiros, padeiros, tanoeiros 
(fabrica tonéis), pedreiros, fabricantes de velas, açougueiros, dentre outros (ARRUDA, 1990, p. 395‑6).
Toda a produção das cidades era organizada nas oficinas para cada tipo de trabalho. Cada oficina tinha 
um mestre de ofício, ou seja, o artesão dono da oficina, da matéria‑prima, de acordo com cada produção, 
e das ferramentas. O mestre era auxiliado por um oficial, que era um empregado artesão que recebia um 
salário. Os aprendizes de ofício eram, em geral, jovens que estavam na oficina para aprender um ofício, 
mas não recebiam salário. Havia ainda o jornaleiro, que ganhava por jornada de trabalho.
Tanto os mestres quanto os oficiais e aprendizes se ocupavam do mesmo processo de produção, ou 
seja, a mercadoria era produzida por uma única pessoa em todas as suas etapas, não como é realizado 
hoje em dia, quando o indivíduo se ocupa de apenas uma parte da produção.
As manufaturas produzidas nas oficinas eram vendidas pelos comerciantes, que distribuíam o 
produto tanto localmente quanto internacionalmente. Muitos desses comerciantes se transformaram 
em grandes mercadores.
O comércio internacional era uma das molas mestras desse pré‑capitalismo: baseava‑se na compra e 
venda de produtos orientais que chegavam à Europa através dos árabes muçulmanos que controlavam 
a caravana de produtos da Ásia para a Europa.
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Com o crescimento das cidades e o fluxo comercial, houve a necessidadede se desenvolver uma 
administração coletiva que regulasse as finanças públicas, na medida em que havia gastos com a 
defesa e com a construção de muralhas e de edifícios, dentre outros. Além disso, as cidades cresceram 
desordenadamente, sem nenhum planejamento, provocando vários problemas.
Nesse período, a organização social se modifica e apresenta uma nova configuração na outrora 
sociedade estratificada dominada por senhores e camponeses. Apesar de os senhores feudais ainda 
terem seus privilégios, surge uma camada de ricos comerciantes que desfrutavam das benesses que só 
o dinheiro poderia proporcionar.
Esses indivíduos e mais outros grupos, como os artesãos, coexistiam no ambiente urbano e disputavam 
vantagens, mas apenas a nobreza feudal e posteriormente os ricos mercadores tirariam mais proveitos 
políticos devido a suas posições.
Politicamente, as cidades medievais eram dominadas pelos senhores feudais que detinham a maioria 
das terras. Porém, com o tempo, a nobreza e os senhores tiveram seu poder diminuído, dando espaço 
para a ação política dos reis que ressurgiram como articuladores entre a nobreza e os comerciantes.
 Observação
Os produtos fabricados nas cidades eram realizados de forma manual 
e confeccionados, em geral, por um indivíduo, os artesãos, com a ajuda 
de aprendizes. As atividades mais comuns eram: padaria, metalurgia, 
ourivesaria, carpintaria, chapelaria, alfaiataria, tecelagem, tinturaria, 
entalhe de pedras, dentre outras atividades que abasteciam os moradores 
do campo e da cidade.
Os alimentos que guarneciam as cidades provinham do campo, que 
continuava a produzir gêneros agrícolas, tais como cereais, vegetais, leite 
e carnes bovinas, de porco, de frango e de peixe. Também eram produzidos 
vinho e vinagre. Com o tempo, as especiarias vindas do Oriente, como 
cravo, canela e noz‑moscada, passaram a abastecer as cidades, mas apenas 
a nobreza tinha condições de consumir os produtos importados da China 
e da Índia.
Havia ainda os ricos comerciantes ou mercadores, que abasteciam as feiras medievais dos produtos 
importados, e os banqueiros, que guardavam o dinheiro dos comerciantes mediante uma taxa, os juros 
de mora. Estes tinham um grande poder econômico nas cidades.
2.3 Crise econômica nos séculos XIV e XV
Em meio a um período de grande prosperidade, ocorreu uma grande catástrofe na Europa que 
provocou uma crise de retração do desenvolvimento econômico e demográfico.
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Com a fuga dos servos do feudo, a produção feudal crescia pouco ou ficava estagnada, causando 
uma baixa produção e um abastecimento incipiente de alimentos para as cidades. Isso enfraqueceu o 
organismo dos indivíduos, que ficaram sujeitos às doenças.
Como as cidades começaram a ficar superlotadas, era urgente solucionar o problema de saneamento básico, 
já que os hábitos de higiene eram incipientes, pois os habitantes da cidade jogavam excrementos a céu aberto.
A pavimentação das ruas seria uma solução, mas não acabava totalmente com a sujeira, que atraía 
ratos para a cidade e, consequentemente, doenças. Além disso, muitos animais circulavam no interior 
das vielas e ruas, despejando suas fezes no caminho.
Devido à higiene precária nas cidades, a peste negra, ou peste bubônica, isto é, doença propagada 
pela pulga do rato, alastrou‑se rapidamente, provocando muitas mortes e uma baixa demográfica, e, 
com isso, uma crise de retração, principalmente no que diz respeito ao crescimento econômico.
Trazida pelos mercadores, provavelmente do Oriente, por volta do século XIV, a peste negra espalhou‑se 
rapidamente por toda a Europa, dizimando 25 milhões de pessoas, tanto do campo quanto da cidade.
Outras doenças contagiosas se alastraram velozmente pela Europa, principalmente pelas cidades 
portuárias onde as moléstias eram trazidas pelos estrangeiros e navegantes que atracavam no porto 
suas embarcações vindas, sobretudo, do Oriente.
As doenças provocaram uma retração da produção no campo, na medida em que aldeias inteiras foram 
dizimadas com a peste e, portanto, não havia quem produzisse alimentos para serem comercializados 
nas cidades. Sem alimentos, os citadinos ficavam mais vulneráveis ainda às doenças que se espalhavam 
rapidamente, ocasionando mortalidade fulminante.
A crise de retração ocorrida no século XIV (ARRUDA, 1990, p. 424‑6) suspendeu temporariamente o 
desenvolvimento da economia, fazendo que houvesse uma baixa na produção e no consumo.
Como consequência dessa crise, ocorreram várias dificuldades que resultaram em outra crise, a do 
crescimento econômico. Os fatores foram:
• O conflito entre o sistema feudal no campo e o sistema capitalista das cidades: a produção de 
alimentos no campo era baixa devido às características do sistema feudal (autossubsistente) e não 
atendia à demanda das cidades, e a produção artesanal das cidades não conseguia vender seus 
produtos para a população do campo.
• Os produtos orientais, transportados pelos muçulmanos do Oriente até a Europa, encareceram 
muito devido aos vários intermediários que participavam do processo comercial, ao mesmo tempo 
em que diminuía o poder de compra da nobreza.
• Houve uma crise monetária, ou seja, havia uma escassez de moedas de ouro na Europa, e as já 
existentes eram escoadas para o Oriente.
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Unidade I
A solução para esses problemas seria encontrar uma saída que colocasse os mercadores europeus em contato 
direto com os fornecedores e produtores orientais, sem intermediários, a fim de comercializarem o produto a um 
preço melhor e mais justo. Isso só poderia ocorrer se os mercadores encontrassem novas rotas de comércio, pois 
as já existentes eram terrestres e monopolizadas pelos muçulmanos, que impediam a passagem.
Com a diminuição do poder aquisitivo dos senhores feudais, havia também a necessidade de 
encontrar mercados que consumissem os produtos europeus, manufaturados nas oficinas. Além disso, 
era necessário encontrar um lugar que fornecesse matéria‑prima para que fossem confeccionadas as 
moedas de ouro e prata como forma de injetar moedas no comércio europeu.
A expansão do mercado europeu dependia de medidas inovadoras que facilitassem a abertura de 
novos mercados fornecedores de matérias‑primas e consumidores de produtos europeus manufaturados.
Nesse período, o capitalismo deixa a primeira etapa (pré‑capitalismo) e passa para a segunda etapa, 
chamada de capitalismo comercial, que será o assunto do próximo tema.
 Saiba mais
Se quiser saber mais sobre o período de uma forma bem didática e de 
fácil compreensão, leia o livro:
ARRUDA, J. J. de A. História antiga e medieval. São Paulo: Ática, 1990.
2.4 Do pré‑capitalismo ao capitalismo comercial
A primeira fase do capitalismo, o pré‑capitalismo, surgiu por volta do século XII. Caracterizou‑se pela produção 
de bens não apenas para consumo imediato, mas também para trocas, engendrando um quadro mercantil.
Entretanto, a partir do século XVII, o capitalismo comercial se desenvolve como decorrência do 
acirramento das atividades mercantis, inaugurando uma nova etapa econômica não apenas para a 
Europa, mas também para o mundo, pois estavam envolvidos produtores e consumidores.
Podemos reconhecer que a denominação comercial provém da preponderância do capital mercantil 
sobre a produção e não tem completa relação com o trabalho assalariado, já que as relações assalariadas 
de produção como características do capitalismo não estão definidas ainda nesse período.
O fato é que o produtor independente vendia o produto de seu trabalho, mas não o seu trabalho. Quem 
tinha a maior parcela de lucro eraquem comprava e revendia a mercadoria, e não o produtor da mercadoria.
Para que isso acontecesse, era necessário repensar novas rotas de comércio, pois as que existiam 
eram dominadas pelos povos muçulmanos, que dominavam o comércio europeu e impunham seu 
preço de revenda.
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Nesse período, intensificou‑se a procura de novas rotas comerciais pelos europeus a fim de 
adquirir mercadorias estrangeiras e, com isso, ter a possibilidade de ampliação de mercados e de 
capital sem o intermediário.
Essa é uma fase de acúmulo de capital nas mãos dos comerciantes, que controlavam o mercado, e 
esse capital será posteriormente investido na produção de mercadorias, dando origem ao capitalismo 
industrial do século XVIII. Veremos adiante como o capitalismo comercial se consolidou.
Podemos então, classificar quatro fases do capitalismo:
• Pré-capitalismo: século XII ao XV.
• Capitalismo comercial: século XVII ao XVIII.
• Capitalismo industrial: século XVIII.
• Capitalismo financeiro: século XIX ao XX.
 Lembrete
Nesse período, o capital se acumulava por meio do comércio e da 
circulação de mercadorias, e não da produção de mercadorias, como ocorre 
no capitalismo industrial, em que o lucro provém do produto industrial.
Figura 2 – Casal Arnolfini (1434), de Jan van Eyck
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Unidade I
3 O MERCANTILISMO E A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA
Esse período que estamos estudando corresponde ao início da Idade Moderna. Uma das características 
marcantes desse período é que a riqueza dos indivíduos era medida pelo capital adquirido com a 
atividade comercial e artesanal, diferentemente da Idade Média, quando a riqueza era determinada pela 
quantidade de terras.
Para que ocorresse um desenvolvimento comercial intenso e acúmulo de riquezas, os mercadores 
precisavam da proteção de um governante forte que os representasse, que regulamentasse leis, que 
garantisse a ordem e a segurança e que organizasse as trocas comerciais com outras regiões. Essa ajuda 
veio através do fortalecimento do poder real.
O rei se beneficiava com a movimentação da economia, pois os impostos pagos pelos mercadores para 
que governasse aumentavam seu poder e lhe conferiam maior prestígio perante o reino e outros reinos. 
Os impostos eram recolhidos em dinheiro pelos funcionários reais. Além disso, a burguesia mercantil 
também se fortalecia com a organização da expansão comercial promovida pelo rei, na medida em que 
enriquecia cada vez mais com o afluxo de produtos.
Com o fortalecimento do poder real e a centralização política nas mãos de um governante poderoso, 
os reinos se transformaram em nações que concentravam recursos, pagos com os impostos, para a 
formação de um exército permanentemente equipado que assegurasse a ordem local. Além do mais, o 
fortalecimento da autoridade central possibilitou o surgimento de uma língua nacional que conferia 
identidade à jovem nação.
As regulamentações e os monopólios locais foram postos de lado, pois a nação era governada como 
um todo, apesar de o rei privilegiar sempre os mais ricos. Apesar disso, tanto os camponeses quanto os 
artesãos e os mercadores aprovaram a formação de um governo central, pois se sentiam protegidos.
Como na Idade Média os tributos eram direcionados aos senhores feudais e à Igreja, que conseguiu 
grande riqueza através das doações recebidas, reis e papas brigavam várias vezes, disputando o destino 
dos subsídios.
O rei adotou, então, um conjunto de práticas para facilitar o desenvolvimento do comércio e para 
obter e preservar riquezas em suas nações. Isso se deveu aos descobrimentos e à colonização de terras 
capazes de oferecer produtos primários através da sua exploração.
 Observação
Portugal e Espanha se tornaram os pioneiros nas descobertas de 
terras que fornecessem matérias‑primas; a Inglaterra se destacou no 
mercantilismo comercial; e a França se especializou no mercantilismo 
industrial com suas manufaturas de luxo.
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TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS CONTEMPORÂNEAS
O mercantilismo se baseou principalmente nas noções de balança de comércio favorável, monopólio 
comercial, protecionismo e sistema colonial. Essas práticas estavam interligadas e variavam de nação 
para nação.
Constituem práticas mercantilistas:
• Metalismo ou bulionismo: constitui‑se em uma das principais características do mercantilismo. 
Essa proposição se organizou na ideia de acúmulo de metais preciosos, principalmente ouro e 
prata. Quanto mais a nação tivesse esses metais, mais seria rica. Para isso, seria necessária a 
procura de um lugar que tivesse disponíveis os metais desejados. O elemento estratégico desse 
ponto foi a posse das colônias, o que provocou também uma disputa colonial entre as nações. 
Portugal e Espanha foram os pioneiros na corrida colonial. A Espanha dominava a exploração 
colonial na América, pois poderia importar tudo o que desejasse dos países estrangeiros, já 
que possuía muitas minas produtoras de prata no Peru e na Bolívia, e isso compensava a sua 
balança comercial. Com o tempo, Portugal também se apoderou da exploração do ouro em Minas 
Gerais, já que o Brasil era uma colônia portuguesa e, portanto, deveria fornecer matérias‑primas 
aos portugueses. Esse sistema se mostrou improdutivo e desastroso: a riqueza que as nações 
conquistaram desestimulou a produção agrícola e industrial em seu território, empobrecendo as 
pessoas que viviam no campo. No caso espanhol, os monarcas escoavam os metais preciosos para 
fora da Espanha para o pagamento das importações de mercadorias e manufaturas de luxo sem 
se incomodar com o desenvolvimento interno. Isso trouxe um futuro adverso para eles.
• Balança de comércio favorável: diretrizes que previam que as nações deveriam exportar mais do 
que importar, pois dessa forma as moedas não sairíam do território de uma forma descontrolada. 
Os países europeus exportavam muitos produtos, principalmente as manufaturas de luxo, que 
compravam do estrangeiro para as colônias e outras nações e recebiam matérias‑primas enviadas 
pelas colônias quase de graça. O sistema colonial possibilitou a manutenção da balança comercial 
favorável. Muitos países que não conseguiam obter metais através da exploração colonial 
procuravam aumentar suas exportações e diminuir suas importações, como é o caso da França, 
que desenvolveu manufaturas de luxo para atender ao mercado sofisticado da Europa. Além 
disso, os franceses ampliaram suas companhias de comércio e a construção naval. Dessa forma, 
aumentando os ganhos e diminuindo os gastos, os monarcas conseguiam acumular riquezas, 
comprar armas, construir navios e financiar guerras.
• Pacto colonial ou exclusivo colonial: estipulava que as colônias europeias na América 
deveriam fazer comércio apenas com suas metrópoles. A conquista e a exploração das colônias se 
constituem em uma das diretrizes mais importantes do mercantilismo. A premissa de vender caro 
e comprar barato deu muita notoriedade para os países europeus, que enriqueceram rapidamente. 
Esse sistema colonial transferiu lucros para a burguesia mercantil, aumentou o poder do rei e 
aumentou a riqueza nacional. O Brasil, colônia portuguesa, constituiu‑se em um dos exemplos 
que mais representaram o sistema e o pacto colonial. Não era permitido que a colônia fabricasse 
qualquer produto manufaturado, nem comprasse de produtores estrangeiros; ela deveria comprar 
tudo da metrópole, enquanto fornecia matérias‑primas para ela. A exploração do açúcar no Brasil 
afirmou o sistema colonial.

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