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AULA 3 ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR Prof. Cesar Alberto Sinnecker 2 CONVERSA INICIAL Esta aula tem por objetivo apresentar a você elementos de gestão de projetos de investimentos no comércio internacional e se encontra dividida nos seguintes tópicos: • Tema 1 – Projetos internacionais: motivações e riscos • Tema 2 – Gestão estratégica • Tema 3 – Estratégia para projetos internacionais • Tema 4 – Cooperação internacional • Tema 5 – Empreendedorismo internacional TEMA 1 – PROJETOS INTERNACIONAIS: MOTIVAÇÕES E RISCOS A gestão de projetos tende a se concentrar em decisões sobre como atingir metas a curto prazo. As atividades de gerenciamento de risco são frequentemente vistas como despesas de pouco ou nenhum retorno e geralmente não são implementadas ou, se implementadas, lhes são destinados poucos recursos ou um gerenciamento ineficiente. Todos os projetos possuem riscos interligados. Nas organizações de gerenciamento de projetos mais maduras, essas metas de projeto estão diretamente ligadas aos objetivos de negócios estratégicos, dando a essas organizações uma poderosa vantagem competitiva. As empresas que adotam métodos reconhecidos de gerenciamento de projetos, como avaliação detalhada dos objetivos, tabelas, cronogramas e custos, têm um desempenho favorável e são mais bem-sucedidas em seus projetos. Crédito: PMI. O gerenciamento de projetos sem a devida consideração e integração do gerenciamento de riscos não é um verdadeiro gerenciamento de projetos. O gerente de projeto deve ser capaz de entender os principais problemas que afetam o escopo do projeto e ter a sagacidade de comunicá-los de forma eficiente às 3 partes interessadas. Isso vai ser determinante para que a gerência executiva resolva os problemas ativos do projeto. O risco do projeto é definido, em Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos: Pmbok guide (PMI, 2018) como “Um evento ou condição incerta que, se ocorrer, tem um efeito positivo ou negativo em pelo menos um dos objetivos do projeto.” Figura 1 – Capa em inglês do livro A Guide to the Project Management Body of Knowledge: Pmbok Guide Fonte: PMI, 2017. Os objetivos do projeto são definidos como escopo, tempo, custo e qualidade. A abordagem do Project Management Institute – PMI (2018) para gerenciar o risco do projeto consiste nas seguintes diretrizes: a. Planejar o gerenciamento de riscos: essa etapa inicial define como o gerenciamento de riscos será realizado (a metodologia). O seu objetivo final é desenvolver um plano de gerenciamento de risco que descreva como funcionará todo o processo de gerenciamento de risco de ponta a ponta. b. Identificar riscos: essa etapa requer que você desenvolva uma lista de riscos por projeto, atividade, pacote de trabalho etc. Durante essa etapa, você define o risco, atribui ao projeto a propriedade inicial, define as causas do risco, desenvolve respostas iniciais e categoriza cada risco. O principal 4 resultado de identificar riscos é um documento conhecido como registro de riscos. c. Realizar análise qualitativa de riscos: é a primeira etapa da avaliação. Esse é um processo subjetivo. Durante essa etapa, você usa o registro de riscos para classificá-los por probabilidade (probabilidade de ocorrência do risco) e impacto (efeito da consequência do risco no projeto). No final dessa etapa, liste todos os riscos e estabeleça uma pequena seleção de riscos que devem ser gerenciados de forma mais agressiva. O registro de riscos é atualizado na conclusão dessa etapa. d. Realizar análise quantitativa de riscos: essa etapa é opcional – o gerente de projeto decide ou não cumpri-la. Essa decisão é determinada por fatores como tempo, prioridade do projeto, nível de esforço em comparação com os benefícios etc. Esse método de avaliação analisa numericamente o impacto de vários riscos para o projeto, o que ajuda a determinar a probabilidade de que os resultados orçamentários e cronológicos declarados possam ser alcançados. O registro de riscos também é atualizado, na conclusão dessa etapa. e. Planejar respostas aos riscos: durante essa etapa, desenvolva respostas aos riscos. O nível de detalhe de cada resposta é ditado pela prioridade do risco e as respostas abordam tanto os riscos positivos (oportunidades) quanto os negativos (ameaças). O registro de riscos também é atualizado, na conclusão dessa etapa. Além disso, acordos contratuais podem ser desenvolvidos para apoiar respostas que requerem o envolvimento de terceiros. f. Monitorar e controlar os riscos: essa é a etapa final do processo de gerenciamento de riscos. Durante essa etapa, monitore e reavalie os riscos no registro de riscos. Implemente respostas aos riscos, conforme necessário. Identifique riscos novos ou emergentes que não foram identificados durante a atividade de identificação de riscos. Além disso, avalie a eficácia do programa de risco para o projeto como um todo. Procure gatilhos – sinais de alerta precoce de que um risco ocorreu ou ocorrerá. O registro de riscos também é atualizado, durante essa etapa. 5 1.1 Os quatro domínios da gestão de riscos de projetos Uma governança eficaz de riscos de projeto se baseia em quatro principais domínios de concentração: 1. Comunicação de riscos: a. liderar a função de gerenciamento de riscos aplicando habilidades interpessoais para aumentar a consciência do valor do gerenciamento de risco; b. reunir informações relevantes usando fontes humanas e automatizadas para avaliar e comunicar a sensibilidade das partes interessadas ao risco; c. documentar as informações relacionadas aos riscos usando ferramentas e técnicas padrões, para estabelecer e manter um entendimento comum dos riscos; d. criar relatórios de status regulares usando métricas de desempenho conforme as especificadas no plano de gerenciamento de riscos, para atualizar as partes interessadas. 2. Análise de riscos: a. identificar todos os riscos relevantes (positivos e negativos), usando fontes humanas e automatizadas para avaliar o(s) impacto(s) potencial(is) desses riscos; b. avaliar os atributos dos riscos identificados usando ferramentas e técnicas qualitativas e quantitativas, a fim de estabelecer um contexto uniforme para o processo de resposta aos riscos; c. priorizar os riscos avaliados com base na sensibilidade coletada das partes interessadas, para facilitar a decisão e a ação; d. estabelecer limites de controle completando uma avaliação de tolerância ao risco para influenciar a resposta ao risco e monitorar tendências. 3. Planejamento de resposta a riscos: a. desenvolver uma estratégia de resposta aos riscos (positiva e negativa), com base na política e nas informações coletadas durante a análise de riscos, a fim de garantir que haja uma ação oportuna e definida, quando necessário; b. desenvolver uma abordagem de contingência usando a estratégia de respostas e cenários relevantes, a fim de se preparar para a ocorrência de riscos antecipados e eventos imprevistos; 6 c. apresentar recomendações às principais partes interessadas com base nos valores de resposta aos riscos e outras influências, a fim de obter autorização para a execução de um plano de resposta. 4. Governança de riscos: a. registrar as lições aprendidas por meios formais e informais para incorporá- las ao planejamento de riscos futuros; b. refinar as políticas e práticas de risco usando as lições aprendidas para melhorar a eficácia do gerenciamento de riscos; c. criar o plano de gerenciamento de riscos usando políticas e padrões relevantes para direcionar as atividades de gerenciamento de riscos; d. estabelecer métricas para processos de gerenciamento de riscos, definindo linhas de base para avaliar o desempenho do projeto; e. avaliar o desempenho do processo usando métricas estabelecidase ferramentas padrões para impulsionar melhorias no processo de gerenciamento de riscos; f. monitorar o desempenho do gerenciamento de riscos usando o plano de resposta ao risco, para iniciar as ações corretivas; g. identificar políticas e padrões relevantes usando fontes internas e externas, a fim de integrar os elementos aplicáveis ao plano de gerenciamento de riscos. TEMA 2 – GESTÃO ESTRATÉGICA A gestão estratégica define técnicas de projetos com a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas para atender os requisitos do planejamento de expansão do projeto. O risco é visto como um estado de incerteza que pode causar danos e perdas significativas ao projeto. 7 Figura 2 – Gestão estratégica de projetos Crédito: Michail Petrov/Shutterstock. A elaboração da estratégia pode ser dividida em três tarefas, segundo Thompson e Strickland III (2003): 1. desenvolvimento de uma visão estratégica e da missão do negócio; 2. estabelecimento de objetivos de desempenho; 3. refinamento da estratégia para produzir os resultados desejados. A visão estratégica é convertida em metas de resultados e marcos de desempenho por meio dos objetivos, que representam o compromisso gerencial de produzir resultados específicos por determinado tempo. Por esse motivo, o gerente de projeto deve ter conhecimento da missão e da visão da empresa, pois elas definem o que é a organização e para onde ela irá, com seus objetivos e metas de longo prazo. O estabelecimento de metas é um processo que ocorre de cima para baixo, racional e sistematicamente, mediante desdobramento dos objetivos da empresa como um todo em segmentos os quais as unidades e gerentes dos níveis mais baixos se encarregam de atingir, isso resultando em um plano estratégico consistente, coeso e coordenado (Thompson; Strickland III, 2003). Desse modo, a estratégia é responsabilidade dos diferentes níveis da organização, conforme a Figura 3. 8 Figura 3 – Pirâmide de elaboração de estratégia Fonte: elaborado com base em Thomson; Strickland III, 2003, p. 56. Mayrink, Macedo-Soares e Cavalieri (2009) mostram que o gerenciamento de projetos estratégicos pode não ser corretamente implementado devido a: • uma estrutura organizacional inflexível, funcional e hierárquica; • uma cultura organizacional pouco adaptável a mudanças; • uma insuficiência na geração de caixa da empresa. Por outro lado, ele pode ser facilitado por: • planejamento estratégico integrado na empresa; • gestão de qualidade da operação e segurança na empresa; • habilidades e competências da área de nível internacional da organização. Um equívoco comum é pensar que gestão estratégica é complementar ao conjunto de processos de gerenciamento de projetos. Uma abordagem mais apropriada é ver a gestão estratégica como o núcleo da abordagem geral de gerenciamento de projetos. A gestão de riscos eficaz é fundamental para o sucesso do projeto e deve ser contínua e voltada para o futuro. O desenvolvimento da estratégia exige olhar para o futuro do negócio. Uma vez que não existem fatos sobre o futuro, o futuro é mais bem descrito em termos estatísticos, como distribuições de probabilidades de incertezas tendo uma grande influência sobre o sucesso ou não da estratégia. A maioria das organizações constrói seu plano estratégico em modelos de planilhas que exibem metas de vencimento, orçamento, valor presente líquido, taxa interna de retorno ou taxas de juros. Em uma base regular, esses modelos são construídos sob a suposição de que seus desenvolvedores conhecem todos os seus frames e parâmetros 9 relacionados com bastante certeza. Tal comportamento, porém, pode comprometer o processo de tomada de decisão. Por isso, compreender a existência de incertezas nos fatores de negócios que contribuem para o sucesso ou fracasso da estratégia é fundamental para a tomada de boas decisões. Por meio da simulação probabilística, podemos quantificar diversos aspectos relevantes ao processo de tomada de decisão, tais como: • Quão propensos e confiantes estamos de alcançar uma meta específica? • Quão diferentes são os resultados em comparação com os resultados esperados? • Quão diferentes são os resultados em uma análise de trade-off? • Quais motivadores de risco devem ser direcionados para aumentar a chance de sucesso do plano estratégico? Considerar as incertezas ao realizar suposições significa ser realista em relação à tomada de decisões. TEMA 3 – ESTRATÉGIA PARA PROJETOS INTERNACIONAIS No último século, observamos que negócios locais passaram a rumar para mercados globais, tornando o processo de competição mais intenso e complexo. Cada negócio, setor, empresa precisou melhorar seu sistema para poder competir com seus concorrentes. A estratégia a ser abordada no gerenciamento de projetos internacionais é aplicada para facilitar a organização e garantir que o projeto seja realizado com o máximo de eficiência, dentro do prazo, orçamento e expectativas do cliente. Em primeiro lugar, todo projeto é temporário. Ele tem uma data de início e uma data de fim. Pode durar uma semana, um mês e não se confunde com operações em andamento, em que se incluem a maior parte das atividades como contabilidade e recursos humanos. O trabalho de um projeto é realizado por uma equipe organizada; sendo assim, os projetos têm de passar a sensação de serem eventos planejados e intencionais. Trabalhos bem-sucedidos não acontecem por acaso, nem espontaneamente. Em segundo lugar, cada projeto cria um produto ou serviço único. A entrega do projeto é a razão pela qual ele foi realizado. A ideia geral é que o produto ou serviço seja padronizado. Tomemos como exemplo a indústria aeronáutica, em que vários modelos de aeronave podem parecer iguais para a 10 maioria das pessoas, mas cada um é altamente personalizado para a necessidade de cada comprador. Existem duas situações associadas ao sucesso de um projeto: 1. os critérios usados para definir e medir o sucesso do projeto; 2. os fatores que influenciam criticamente o sucesso do projeto. Geralmente, o triângulo de gerenciamento de projetos, também denominado triângulo de ferro, consiste nos fatores de custo, tempo e qualidade e é usado para medir o sucesso de um projeto. Figura 4 – Triângulo de ferro Fonte: Sinnecker, 2021. Consistem em estratégias para orientar o projeto internacional: • Compreender o que o sucesso significa para o projeto. O gestor deve conduzir um projeto desde a sua concepção até a sua conclusão observando seu início, planejamento, execução, monitoramento/controle e encerramento. Normalmente, sucesso significa que o projeto é concluído conforme orçamento, cronograma, no escopo designado e resultando em uma entrega de qualidade. • Compreender que desafios podem impactar o sucesso do projeto. Existem muitas questões a serem levadas em consideração num projeto, tais como escopo; custo; horas de trabalho; qualidade; objetivo geral; recursos. Todas elas são interdependentes e se comunicam. • Recorrer ao Pmbok guide para embasar o projeto antes de desenvolver seu planejamento de gestão. O Pmbok é um guia, uma 11 ferramenta que apresenta processos e técnicas de gestão de projetos. Apesar de cada projeto possuir características e especificidades próprias que o diferenciam, esse guia orienta a atuação dos gestores de projetos em diversas áreas, apresentando-lhes as melhores e mais seguras práticas e processos (PMI, 2018). • Documentar o processo. Com o conhecimento se acumulando em um projeto, cabe organizar: a. um documento contendo descrição detalhada do trabalho necessário para entregar o projeto conforme cronograma e orçamento previamente estabelecidos; b. um documento formal contendo a forma de execução do projeto. • Entender que evoluir deve ser uma constante. É fundamental se terem mente que um projeto não é um plano estanque, estático, finalizado. É um documento vivo que vai evoluindo com o tempo e absorvendo as necessidades emergentes no decorrer do processo. TEMA 4 – COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Até que ponto os empreendimentos cooperativos são mesmo cooperativos? O que significam exatamente negócios cooperativos? Cooperação internacional é o processo pelo qual organizações de diferentes países unem esforços e trocam conhecimentos para atingir um objetivo comum. Tendo as empresas, ao longo da história, realizado sua expansão até mercados internacionais, disso derivou uma grande competição, sobretudo pelo desenvolvimento da tecnologia e da facilitação para entrada de produtos em alguns mercados. Para continuarem competitivas e se manterem no mercado internacional, muitas empresas repensaram seus modelos de gestão e passaram a incluir a cooperação com outras empresas internacionais como uma forma de garantir o acesso a recursos de ordem estratégica, a participação nos mercados, em organismos profissionais e na tecnologia. As alianças estratégicas são atrativas porque o risco de investimentos em mercados desenvolvidos e avançados tecnologicamente é geralmente alto. Sendo assim, a parceria distribui os custos com pesquisa e, assim, as despesas de cada parceiro, reduzindo os custos gerais de cada empresa, individualmente. Existem vários ganhos internos que são obtidos com a cooperação internacional, como: 12 • Qualidade: a qualidade é considerada como um fator de diferenciação em relação à concorrência e com ela obtêm-se vantagens competitivas no mercado. A cooperação entre empresas pode resultar em maior desempenho de qualidade, tendo em vista o compartilhamento mútuo de habilidades e atributos de material, know-how, modos de gestão de produção. Assim, a produção realizada conjuntamente pode aumentar a produção, também aperfeiçoada pelos conhecimentos conjuntos. E, além disso, os parceiros podem se beneficiar da imagem do produto do concorrente aliado. • Redução de custos: ao existir um sistema de cooperação entre empresas, as atividades ao longo da cadeia serão combinadas e isso poderá resultar em redução dos custos de produção, compartilhamento de pessoal, componentes e tecnologia de vários produtos ou serviços. • Redução de riscos: a cooperação oferece um potencial de redução de riscos, já que a produção é diversificada, oriunda de várias empresas. • Aumento de volume de produtos: a cooperação proporciona algo que uma empresa realizar sozinha demanda um maior custo, que é justamente o aumento do portfólio de produtos. Ao se unirem esforços, experiências e tecnologias de empresas do mesmo ramo, há grandes possibilidades de se diversificar a oferta de produtos. Se tendem a aumentar os custos de desenvolvimento a cada nova geração de produtos, exponencialmente se alavancam também as margens de lucro das empresas participantes. 4.1 Teoria dos jogos O princípio estratégico básico da teoria dos jogos relativo à cooperação é a estratégia tit-for-tat, ou seja, cooperar com quem coopera e não cooperar com quem trai (Axerold, 1986; Bêrnie, 2004; Marinho, 2005). No caso de jogos repetitivos, a disposição de um jogador pode ser a de cooperar com o outro porque tem expectativas de que ocorram interações entre eles. Contudo, se o jogador estiver nas rodadas finais, a opção mais vantajosa é mudar seu comportamento de cooperativo para desertor (não cooperativo). Isso se dá porque existe vantagem em se deixar de ser cooperativo quando se está nas rodadas finais. Isso não elimina a premissa de que, numa interação com perspectivas de se realizar durante um logo período, ou repetidas vezes, deve-se trabalhar em regime de cooperação e não de traição. Dessa forma, a cooperação irá depender da 13 expectativa de interações futuras para determinar se a melhor estratégia é cooperar ou não cooperar. Segundo Bêrnie (2004), a estratégia tit-for-tat apresenta quatro virtudes: é simples, porque tem um comportamento discriminatório direto – não recompensa o mal com o bem; seu caráter provocador não tolera comportamentos desagradáveis por parte de outros jogadores; permite a recomposição das relações entre pessoas e suas instituições, mediante perdão; e, por fim, é clara, evita a emissão de sinais que podem ser mal interpretados e gerar confusão e retaliações desnecessárias. Se não existir essa estratégia, quem coopera irrestritamente acaba sendo explorado. 4.2 O dilema do prisioneiro Axerold (1986) afirma que o dilema do prisioneiro, na sua formulação abstrata, deixa de lado muitas lacunas essenciais, as quais conferem a cada interação real seu caráter único e exclusivo. Entre os exemplos do que é deixado de lado estão: a possibilidade de comunicação verbal, a influência direta de terceiros, as dificuldades de colocar em prática uma decisão determinada e a incerteza do que realmente tenha feito o outro jogador na jogada anterior. Dilema do prisioneiro Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia. A polícia tem provas insuficientes para os condenar, mas, separando os prisioneiros, oferece a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros, confessando, testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre enquanto o cúmplice silencioso cumpre dez anos de sentença. Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só pode condená-los a seis meses de cadeia cada um. Se ambos traírem o comparsa, cada um leva cinco anos de cadeia. Cada prisioneiro faz a sua decisão sem saber que decisão o outro vai tomar, e nenhum tem certeza da decisão do outro. A questão que o dilema propõe é: o que vai acontecer? Como cada prisioneiro vai reagir? O dilema dos prisioneiros é um problema da teoria dos jogos e um exemplo claro, mas atípico, de uma situação que, a princípio, leva um jogador a trair o outro, mas em que, curiosamente, ambos os jogadores obteriam um resultado melhor se colaborassem um com o outro. Infelizmente (para os prisioneiros), cada 14 jogador é incentivado individualmente a defraudar o outro. Esse é o ponto-chave do dilema. TEMA 5 – EMPREENDEDORISMO INTERNACIONAL O empreendedorismo constitui-se numa área de estudos recente da administração. O termo empreendedor tem origem francesa (entrepreneur) e significa aquele ente que assume risco e começa algo novo. O termo foi utilizado por volta de 1800 por Jean Baptiste Say (citado por Drucker, 1987), um economista francês, com o intuito de distinguir o indivíduo que consegue transferir recursos econômicos de um setor com baixa produtividade para um setor com produtividade elevada e com maiores rendimentos. Nas últimas décadas, o empreendedorismo se tornou um sonho para muitos ao redor do mundo. No entanto, poucos entendem a importância e a complexidade de se transformar um sonho em realidade. Embora começar um negócio do zero exija certos traços pessoais como paixão, autoconfiança, alta motivação e coragem (qualidades pessoais difíceis de desenvolver) e possa oferecer a quem o realiza um cabedal de benefícios, o sucesso de um novo negócio, em geral, demanda muito tempo e investimento. Em contraste com o empreendedorismo multidoméstico, o empreendedorismo global é centralizado e controlado pelo escritório doméstico e busca maximizar a eficiência global. Sob essa estratégia, os produtos são muito mais padronizados do que personalizados para mercados locais. As unidades de negócios estratégicas que operam em cada país são consideradas interdependentes, e o escritório doméstico tenta obter a integração entre essas empresas. Portanto, uma estratégia global enfatiza economias de escala e oferece maiores oportunidades de se utilizar inovações desenvolvidas no nível corporativo ou de um país em outros mercados. Por que o empreendedorismo internacional é importante? • Criação de valor e conhecimento:a internacionalização oferece grandes oportunidades de inovação e empreendedorismo. O estudo do empreendedorismo internacional cresceu rapidamente nas últimas décadas, atraindo teóricos em todas as partes do mundo. • Oportunidades: o trânsito por diferentes culturas gera variadas oportunidades. No mercado doméstico, lutamos para desenvolver ideias. 15 Mas, no exterior, as oportunidades se apresentam a você, muitas vezes. O importante é você estar presente nos mercados em que pretende empreender. • Independência econômica: aqueles que não tiverem medo de correr o risco e começarem um negócio novo acabarão se tornando empresários de sucesso. Steve Jobs, Bill Gates, Mark Zuckerberg foram alguns que decidiram doar seus esforços e economias às próprias ideias. Sem dúvida alguma, pode-se dizer que esses empresários mudaram a forma como as pessoas percebem o mundo, não apenas do ponto de vista empresarial. A construção criativa e não convencional de negócios se tornou parte da sociedade moderna. Além de facilitarem nosso dia a dia, eles se tornaram fonte de inspiração e motivação para muitas pessoas ao redor do mundo. • Indivíduo tornar-se seu próprio patrão: o empreendedorismo internacional significa liberdade de tomar decisões, com cada um fazendo aquilo pelo qual se apaixone, se comunicando com o mundo, diferentemente de quando você trabalha para outra pessoa. • Impacto na economia: além de todos os aspectos positivos de se ter um próprio negócio, o empreendedorismo desempenha um grande papel no desenvolvimento econômico internacional e, portanto, essa importância não pode ser minimizada. A opinião geral é que as grandes empresas são as que têm um impacto mais significativo no crescimento da economia. No entanto, ao contrário, são os pequenos negócios que mais estimulam as economias locais. Frequentemente, as empresas empreendedoras desempenham um papel muito relevante no desenvolvimento econômico não apenas em nível nacional, mas também na economia global. Além disso, um dos aspectos mais importantes do empreendedorismo é que ele cria oportunidades de emprego; portanto, afeta as sociedades locais de maneira muito positiva. Particularmente hoje em dia, quando a maioria dos países, em todo o mundo, enfrenta um desemprego crescente, a importância do empreendedorismo não deve ser subestimada. • Redução das taxas de desemprego: reduzir as taxas de desemprego é uma das mudanças sociais positivas proporcionadas pelo empreendedorismo. 16 REFERÊNCIAS MAYRINK, E. F.; MACEDO-SOARES, D. van A.; CAVALIERI, A. Adequação estratégica de projetos: o caso da Eletronuclear. RAP: Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 43, n. 6, p. 1.217-1.250, nov./dez. 2009. PMI – Project Management Institute. A Guide to the Project Management Body of Knowledge: Pmbok Guide. 6. ed. Filadélfia, 2017. _____. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos: guia Pmbok. 6. ed. [S.l.], 2018. THOMPSON, A. A.; STRICKLAND III, A. J. Planejamento estratégico: elaboração, implementação e execução. 1. ed. São Paulo: Thompson Pioneira, 2003. 431 p.
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