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Clínica Integrada I Mariana Santos HEPATOPATIAS GORDUROSA, ALCOÓLICA E MEDICAMENTOSA Caso clínico João, 40 anos, médico, casado, vem para consulta para avaliação de alteração nos exames laboratoriais. Uso de medicamentos: Ibuprofeno 1x na semana para cefaleia tensional. Nega doenças prévias. Nega tabagismo ou uso de drogas. Bebe cerveja (5 latas) 3x por semana. HF: Pai IAM aos 45 anos. Exames: TGO 60 U/I (VR até 40), TGP 80 U/I (VR até 40). Colesterol total 220, HDL 35 mg/dL, triglicérides 210 mg/dL, glicemia 102. Exame físico normal. IMC 28 kg/m2. Joao tem uma dislipidemia mista, pré-diabetico e IMC alterado. Anamnese Consumo de álcool Doenças familiares (Doença de Wilson...) Comportamento sexual (Hepatites virais) Exposição parenteral o Uso de drogas injetáveis o Acidentes perfuro-cortantes o Transfusão sanguínea o Tatuagem Uso de medicamentos e ervas hepatotóxicas Hipóteses Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) Hepatites virais Hepatite medicamentosa Hepatite alcoólica Hepatite autoimune Doenças metabólicas Doenças colestaticas Propedêutica Solicitar avaliação hepática completa (GGT, FA, BB, albumina, RNI) e hemograma. Função: bilirrubinas, albumina e RNI. Colestase: GGT e FA. O hemograma é pra saber se tem plaquetopenia, pq é muito comum no hepatopata crônico por conta do hiperesplenismo (a fibrose do fígado aumenta a pressão portaç, o baço cresce e começa a fazer muito hemocaterese [hemácias envelhecidas são destruídas por fagocitose e o ferro contido nas partículas de hemoglobina são liberadas de volta ao organismo] e então, a plaqueta cai. Etiologia: anti HCV, HbsAG, anti mitocôndria, anti musculo liso, FAN, imunoglobulinas, ferritina, saturação de transferrina, HbA1c Outros: alfa 1 antitripsina, ceruloplasmina (investigar aumento de cobre) Imagem: US de abdome Etiologia das Hepatites Hepatite viral crônica o HBV/HDV o HCV Hepatite autoimune Alcoolismo Doenças colestáticas o Cirrose biliar primaria o Colangite esclerosante primária o Atresia de vias biliares o Síndrome de Alagille o Fibrose cística o Colestase familiar intra-hepática progressiva Doenças metabólicas o DHGNA o Deficiência de A1AT o Doença de Wilson o Hemocromatose hereditária o Tirosinemia... Outras o Toxicas o Amiloidose o Hiperoxalúria o Defeitos no ciclo da ureia o Sindrome de Budd-Chiari o Tumores neuroendócrinos o Doença policística Funções do fígado Excreção/secreção: ácidos e sais biliares, colesterol, pigmentos biliares (bilirrubina), agua e eletrólitos, fosfolípides Síntese: proteica (exceto Hb e Ig), fatores de coagulação, colesterol e triglicérides, carboidratos Armazenamento: glicogênio, vitaminas, ferro e sangue Imunológica: fagocitose e secreção de IgA Detoxificação: medicamentos, álcool e produtos do metabolismo (amônia) Conjugação da Bilirrubina Clínica Integrada I Mariana Santos Fluxograma de um Guideline para avaliação de pacientes com aminotransferases elevadas: Primeiro fazemos a anamnese que vamos verificar consumo alcoólico, se tem doença metabólica, se teve exposição a alguma substancia, se teve comportamento de risco para Hepatites virais, histórico familiar e comorbidades. E depois, vamos fazer uma subestratificação conforme o que encontrarmos. E hoje nós vamos trabalhar com a elevação das aminotransferases na Hepatite, mas em geral nós temos aquele que está com insuficiência hepática - mandamos direto para a internação; o que está com a bilirrubina só isolada – podemos pensar em Síndrome de Gilbert, por exemplo; aquele com colestase – aí já pensamos mais na parte obstrutiva. Pensando então, na elevação das aminotransferases na Hepatite (primeiro quadrinho amarelo da esquerda) – paciente não tem sinal clinico de insuficiência hepática, mas tem elevação de aminotransferases – então, o Guideline sugere que façamos função hepática completa + hemograma + Ultrassom. Além disso, ele sugere que começamos pelos exames mais comuns - sorologia de Hepatite B e C, dois testes da Hepatite autoimune, Imunoglobulinas, Ferritina e saturação de transferrina (para pesquisar doenças hereditárias, como hemocromatose) e HbA1c (para avaliar a presença de S. Metabólica). Bom, se o paciente tem um DM2 ou sobrepeso com dislipidemia e Hipertensão – vamos considerar esse paciente com provavelmente Hepatopatia gordurosa não alcoolica desde que os exames mais comuns (citados acima) estejam negativos e depois, vamos partir para avaliação de risco para fibrose (ai já sabemos que o que está causando esse problema é a síndrome metabólica e sobrepeso, mas preciso dizer ao meu paciente se aquilo já causou algum dano irreversível). Mas se o paciente tem um ultrassom normal e uma investigação negativa para as outras doenças que pesquisamos e o paciente continua com as aminostransferases elevadas e sem perfil de síndrome metabólica, encaminhamos esse paciente para investigação de causas mais raras. O Joao (nosso paciente acima) caiu no lado onde caracterizamos ele como portador de síndrome metabólica e essa seria a possível etiologia da elevação das transaminases. E ai além das medidas não farmacológicas que passamos pra ele, vamos precisar oferecer medicamentos e dizer que precisamos procurar se já tem fibrose em seu fígado. Questionários Antes de chegar na parte da fibrose, uma coisa que gera muita dúvida é se o consumo alcoólico é abusivo ou não. Então, todo paciente que refere uso de álcool, deve responder a dois questionários: AUDIT-C e CAGE. O CAGE não serve para ver dano hepático, é apenas para verificar se tem sinal de dependência alcoólica; e o paciente responde sim ou não as seguintes perguntas: Alguma vez sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber? As pessoas o (a) aborrecem porque criticam o seu modo de beber? Se sente culpado (a) pela maneira com que costuma beber? Costuma beber pela manhã (ao acordar), para diminuir o nervosismo ou a ressaca? Pelo AUDIT avaliamos se o paciente está consumindo uma dose toxica de álcool. Começamos pelo AUDIT-C se ele der baixo risco, paramos por ai, mas se ele der alto risco fazemos o AUDIT completo. Enfim, o AUDIT quantifica o tanto de álcool que o paciente está ingerindo. Nele o paciente responde através de números que melhor correspondem a situação deles. Sendo o resultado o seguinte: Consumo de Baixo Risco – 0 a 7 pontos; Consumo de Risco – 8 a 15 pontos; Uso Nocivo ou Consumo de Alto Risco – 15 a 19 pontos; Possível Dependência – 20 ou mais pontos; Máximo – 40 ponto. E as perguntas: Com que frequência consome bebidas que contêm álcool? Quando bebe, quantas bebidas contendo álcool consome num dia normal? Com que frequência consome seis bebidas ou mais numa única ocasião? Nos últimos 12 meses, com que frequência se apercebeu de que não conseguia parar de beber depois de começar? Nos últimos 12 meses, com que frequência não conseguiu cumprir as tarefas que habitualmente lhe exigem por ter bebido? Nos últimos 12 meses, com que frequência precisou beber logo de manhã para “curar” uma ressaca? Clínica Integrada I Mariana Santos Nos últimos 12 meses, com que frequência teve sentimentos de culpa ou de remorsos por ter bebido? Nos últimos 12 meses, com que frequência não se lembroudo que aconteceu na noite anterior por causa de ter bebido? Já alguma vez ficou ferido ou ficou alguém ferido por você ter bebido? Já alguma vez um familiar, amigo, médico ou profissional de saúde manifestou preocupação pelo seu consumo de álcool ou sugeriu que deixasse de beber? Algoritmo de doença hepática relacionado ao álcool: Se temos um paciente que bebe <35 (mulher) e < 50 (homens) unidades por semana com AUDIT-C < 5 - é classificado como baixo risco. Se temos um paciente que bebe < 35 (mulher) e < 50 (homens) unidades por semana com AUDIT – C ≥ 5 – passamos pro AUDIT completo. Se o AUDIT completo der < 7 – é classificado como baixo risco. Se o AUDIT completo der entre 8-19 – vamos orientar o paciente a uma interrupção do consumo alcoólico, caso ele não consiga vamos encaminhar para um serviço de acompanhamento de alcoolismo. E acompanhamos se ele realmente parou de beber a GGT (analisa dano hepático por bebida alcoólica). Se o AUDIT completo der > 19 – classificado como alto risco. Se temos um paciente que bebe ≥ 35 (mulher) e ≥ 50 (homens) unidades por semana – já é classificado como paciente de alto risco de dano alcoólico. Perguntinha: qual transaminase está geralmente mais aumentada em caso de lesão hepática alcoólica? TGO, ela fica o dobro do TGP. DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) Ex.: João parou de beber, mas as aminotransferases continuaram aumentadas e nos excluímos todas outras etiologias, podemos pensar em DHGNA. Na imagem ao lado N= fígado normal e F= fígado esteatotico (grande, amolecido, capsula fica inervada). A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) compreende espectro de lesões que vão desde a esteatose, esteatoepatite e cirrose até ao carcinoma hepatocelular, sendo a EHNA a forma progressiva da DHGNA. Aumento do risco cardiovascular – resposta inflamatória fica exacerbada Custo anual nos EUA > 100 bilhões de dólares Principal etiologia de hepatopatia crônica no Ocidente Incidência no ocidente 28/1000 pessoas/ano Será a principal indicação de transplante no futuro Histologia: 1° imagem: hepatócitos normais 2° imagem: presença de gotículas de gordura dentro do hepatócito – balonização. E além disso, nesse fígado já tem processo inflamatório. Se só tem balonização = esteatose; se já tem inflamação junto = esteatohepatite. Clínica Integrada I Mariana Santos Suspeita de esteatose: Hepatomegalia Aminotransferases são discreta (2 a 3 vezes LSN) e persistentemente (duas ou mais ocasiões) elevadas em indivíduos sem qualquer causa que justifique estas alterações (exclusão de outras doenças hepáticas). Causas Obesidade e sobrepeso (80%) Dislipidemia (72%) o Aumento triglicérides e redução do HDL colesterol o Diabetes mellitus (44%) o Resistência insulínica Outros: o Uso de alguns medicamentos, esteroides anabolizantes, toxinas ambientais o Outras doenças como síndrome da apneia do sono, hipotireoidismo e síndrome do ovário policístico. Evolução DHGNA A evolução clínica é: Primeiro temos um hepatócito normal que vai sofrendo agressão → começa a encher de gotículas de gordura → vai balonizando e a resposta inflamatória começa a acontecer com presença de infiltrado inflamatório → hepatócito começa a sofrer apoptose. Nos EUA 25% dos adultos são esteatoticos, 5-6% tem inflamação (esteatohepatite) e 1-2% vão desenvolver cirrose. Investigação US de abdome Painel hepático completo Exclusão de outras causas: alcoolismo (14 drinks/semana para mulheres e 21 para homens), hepatite viral, etc. Escores de risco de fibrose (Fib 4, NFS) Outros exames (elastografia, tomografia, ressonância e espectroscopia) Biopsia hepática Imagem: US, RNM: Ultrassom normal e alterado: vai me mostrar pela ecogenicidade que vai ficando mais próxima de gordura no fígado esteatotico. RM normal e alterada: intensidade de sinal muda e apresenta Hepatomegalia. Hepatócitos balonizados e infiltrado inflamatório. Hepatócito com fibrose – cirrose. Clínica Integrada I Mariana Santos Testes adicionais (a prof colocou em inglês, mas a mãe ta exxtourada e achou em português, beijos) Esse Guideline sugere alguns exames. E coloca outros caso você não ache a causa através dos exames de padrão – então, ele não é para todo mundo, é para aquele paciente que você não encontrou síndrome metabólica e nem nenhuma dessas outras doenças e o paciente persiste com as aminotransferases elevadas. Outras causas (esse eu não achei em port ): Nosso paciente: nós definimos que o João não tem essas outras causas, e como ele tem S Metabolica, definimos que ele tem uma DHGNA; e nos temos que avaliar se ele tem ou não fibrose. Vamos usar o escore FIB-4 que do Joao deu 1.4. Se der < 1,3 é baixo risco, não precisa seguir com a propedêutica e > 3.25 é um paciente de alto risco de fibrose precisa ir pra biopsia hepática. Então, o Joao esta entre esses valores, e ai precisamos fazer o ELF teste ou a elastrografia (mede a rigidez do órgão) e dependendo do valor direcionamos apenas para acompanhamento ou para biopsia. Clínica Integrada I Mariana Santos Indicações para biopsia hepática Suspeita de esteatoepatite e no diagnostico diferencial com outras doenças crônicas do fígado Risco elevado de ter esteatoepatite e/ou fibrose avançada sugerida pelos escores (Fib4, NFS) e/ou elastografia hepática ou RNM. Síndrome metabólica não controlados com medidas comportamentais depois de 6 meses Queremos saber qual é o grau de fibrose, qual o grau de inflamação e se possui fibrose. Presença de goticulas de gordura (setas amarelas), celulas inflamatórias em permeio aos hepatocitos na hepatite (setas azuis) e a presença de fibrose (setas vermelhas). Tratamento – orientação nutricional Modificações no estilo de vida para mitigar a esteatohepatite não alcoólica Perder 7% do peso corporal se estiver com sobrepeso ou obeso Limitar o consumo de bebidas enriquecidas com frutose Limitar o consumo de álcool (<1 bebida / dia para mulheres e <2 bebidas / dia para homens) Beber duas ou mais xícaras de café com cafeína diariamente Atividade física 150 min/semana Tratamento medicamentoso Pioglitazona – pode ser utilizada em pacientes com NASH confirmada por biopsia Vitamina E 800 UI/dia – pode ser utilizada em pacientes não diabéticos com NASH confirmada por biopsia Metformina, Omega 3 a ácido ursodeoxicólico não estão indicados no tratmaneto de NASH Obesidade: análogo de GLP1??, Orlistate? Cirurgia bariátrica? Estatinas podem ser utilizadas (caso indicadas), exceto na cirrose descompensada) Relembrando aquele caso clinico após 3 meses... Iniciou atividade física 5x na semana Melhorou a dieta Parou de beber TGO 30 mg/dL, TGP 35 mg/dL LDL 130 mg/dL, TG 100 mg/dL, HDL 38 mg/dL Falar com o Joao para continuar mantendo esse ritmo, pois está indo muito bem. Se ele parar, o quadro pode voltar. Hepatopatia alcoólica Principal causa de cirrose na Europa O álcool tem alto potencial para causar lesão hepatocelular aguda ou crônica, com esteatose, esteatoepatite e cirrose Cirrose – prevalência de 10-15% das pessoas que consomem > 50 g de álcool/dia por 10 anos. Mulheres são mais suscetíveis. História natural: Clínica Integrada IMariana Santos DALY (disability-adjusted life-years) Hepatopatia alcoólica Responsável por 3,8% da mortalidade global e por 4,6% dos DALYs por morte prematura 15% (58.000.000) dos europeus bebem excessivamente (>40g/dia para homens e 20g/dia para mulheres) O que é uma dose? Teor alcoólico x 0,8 = quantidade de álcool Cerveja: 4-12% Ice: 5,5% Vinho: 11-14% Martini: 16% Campari: 38% Rum, cachaça, vodca e whisky: ≈ 40% (Vodca Balkan: 88%, Wray & Nephew White Overproof Rum 68%) Gin: 40-48% Absinto: 69-90% (proibida a venda no Brasil) Consumo abusivo Álcool e mulheres... Duas vezes mais sensíveis ao álcool Desenvolve doença hepática alcoólica em menor consumo e tempo. Diminuição da desidrogenase alcoólica gástrica Maior produção de gordura corporal Alteração na absorção alcoólica durante o ciclo menstrual O álcool é convertido em acetoaldeido que vai inibir a liberação de VLDL, vai aumentar a síntese de ácidos graxos que vai reduzir a oxidação de ácidos graxos e tudo isso vai gerar acumulo de gordura. Clínica Integrada I Mariana Santos Diagnóstico Informação verbal fornecida pelo paciente e/ou familiares Anamnese o História de consumo pregressa o Quantidade de ingestão o Sintomas o Caracterização de síndrome de abstinência o Doenças mentais e orgânicas associadas o Concomitância de tabagismo e outras drogas o História familiar correlacionada e o Grau de dependência Cooperação do entrevistado Com frequência, os pacientes não irão relatar o consumo real de álcool e existe uma tendência a minimizar os sintomas correlacionados A entrevista perde sua eficácia especialmente para indivíduos em graus iniciais de problemas relacionados ao álcool. Diagnostico dependência CAGE (Cutting down; annoyance; guilty; eye opner) o 0-1: sem problema o ≥: clinicamente significante Exame físico Neuropatia periférica e hipogonadismo Achados laboratoriais Macrocitose (sens. 27-52%, espec. 85-91%) o Devido a hemólise acentuada das hemácias, a deficiência de folato e a uma toxicidade direta do álcool sobre a medula AST < 300 e relação AST/ALT > 2:1 o No alcoolismo há deficiência de piridoxina, co-fator necessário a síntese de ALT o AST > 500 UI/L ou ALT>200 sugere outra etiologia Hipoalbuminemia – desnutrição e/ou cirrose Saturação de transferrina aumentada pela redução da transcrição de hepcidina Gama-GT aumentada (sens. 69-73%, espec. 65-80%) o Mais utilizado pelo baixo custo e disponibilidade o Influenciado pelo consumo de álcool, IMC e gênero CDT (tranferrina deficiente de carboidrato) aumentada Baqueteamento digital Telangiectasias cutâneas Hipertrofia parotídea bilateral Contraturas de Dupuytren** Eritema palmar Ginecomastia Clínica Integrada I Mariana Santos o Apresenta sensibilidade entre 58-69% especificidade entre 82-92% o A elevação de TDC e proporcional ao grau de consumo de etanol, seja aguda ou cronicamente o Esses resultados podem ser falseados em condições de deficiência de tranferrina total, como na gestação e em algumas hepatopatias. Histologia Necrose Esteatose Deposito de colágeno intrasinusoidal ou pericentral Balonização Inflamação lobular com polimorfonucleares Corpúsculos de Mallory-Denk (agregados de citoqueratina e outras proteínas citoplasmáticas) Tratamento Abstinência alcoólica Baclofeno – agonista de receptor do ácido y-aminobutírico (GABAb) o Única droga testada em alcoolistas com disfunção hepática o Aumenta a taxa de abstinência e evita recidiva Benzodiazepínicos (padrão ouro) o Diazepam e clordiazepóxido – maior proteção contra convulsões de delirium o Lorazepam e oxazepam – mais seguros em idosos e com disfunção hepática Naltrexona, Dissulfiram, Topiramato, Acamprosato, Ondansetrona, Clonidina, Atenolol, Carbamazepina, Acido Valpróico... Síndrome da abstinência alcoólica Doença grave que afeta os dependentes, com sintomas surgindo 6-24h após súbita descontinuação (ou redução) do consumo de álcool Sinais e sintomas o Hipertensão arterial e taquicardia o Tremores, hiperreflexia o Irritabilidade e ansiedade o Cefaleia, náuseas e vômitos o Delirium tremens, convulsões, coma, parada cardíaca e óbito. Hepatite alcoólica Agudização de uma doença hepática crônica, com desenvolvimento de icterícia e/ou ascite Pode apresentar febre, perda de peso, desnutrição, Hepatomegalia dolorosa Diagnóstico definitivo = biopsia hepática Tratamento de HA Clínica Integrada I Mariana Santos Tratamento Reposição calórica e proteica (1,5g/kg) Hepatite alcoólica grave o Corticosteroides o Pentoxifilina o N-acetilcisteina Suplementação vitamínica (acido fólico e complexo B – encefalopatia de Wernicke) Tratamento das complicações: encefalopatia, ascite, PBE... Prognostico Escores – identificam risco de morte em 1-2 meses o Maddrey – Bilirrubina e RNI o MELD – Bilirrubina, creatinina e RNI o GAHS – Bilirrubina, creatinina, RNI, leucócitos e idade o ABIC – Idade, bilirrubina, RNI e creatinina Escore de Maddrey – avaliamos exames laboratoriais e verificamos a gravidade. Recomendações Políticas de preço para reduzir consumo Restringir locais de venda Banir propaganda direta ou indireta Disponibilizar atendimento em unidades de saúde de atenção primaria para tratamento Médicos devem, rotineiramente, avaliar o consumo alcoólico, AUDIT é o gold standard Abstinência é a mais efetiva orientação Hepatite induzida por drogas Mais de 250 diferentes drogas 80% medicamentos e 20% ervas e suplementos alimentares (era 7% em 2005) Toxicidade direta ou idiossincrática Direta – “esperada”, frequente, dose relacionada. Elevação de ALT, necrose hepática aguda. o Paracetamol (em altas doses pode ter lesão de hepatócito), niacina, amiodarona (EV), cocaína, ecstasy, quimioterápicos. o Acidose lática (lesão mitocondrial) + esteatose + falência hepática (LASH) – rara, mas muito grave: Stavudina, Didanosina, Tetraciclina (EV), Aspirina Idiossincrática – rara, dose independente (pode tomar um comprimido só e desenvolver hepatite toxica Clínica Integrada I Mariana Santos grave), reação alérgica acompanhada de febre e eosinofilia, “inesperada”. Pode ser no momento ou até mesmo uns 30 dias depois de tomar o medicamento. o Isoniazida (1:500), Amoxicilina/Clavulanato (1:2.500), Diclofenaco (1:30.000). Diagnostico Exclusão: o História compatível o Sorologia viral negativa o Sem álcool, sepse, choque ou autoimunidade o Imagens de fígado e vias biliares normais Escore de casualidade: o Definitivo: >95% - sim o Muito provável: 75-94% - sim o Provável: 50-74% - sim o Possível: 25-49% - não o Improvável: <25% - não Pode ser diagnosticada dias após a interrupção do medicamento Amoxacilina/clavulanato: aparece 5-35 dias após o início do medicamento, melhora em 5-20 dias após a interrupção, pode ser colestatica Recuperação total na maioria dos casos após 2 a 3 meses Principais suplementos envolvidos(EUA): Slim Quick, Hydorxycut, Herbalife, Right Approach, Airbone e Move Free. Paracetamol Uso crônico de doses de 4g/dia pode levar a elevação transitória de ALT, assintomática, resolvendo rapidamente após a redução da dose ou mesmo sem alterar a dose Toxicidade ocorre com superdoses (geralmente superiores a 15g/dia); 24 a 72h após há elevação de ALT (>2000) e 48 a 96h, sintomas: icterícia, confusão, falência hepática, óbito (principalmente alcoolistas e desnutridos).
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