de Injunção, o mais correto seria ‘impetrar’]. Lembrar que ‘mandado’ implica em uma ‘ordem’, por isso é impetrado e concedido. Habeas corpus é a garantia do direito fundamental de liberdade de locomoção. A ordem em questão deve agir contra ilegalidade ou abuso de poder. No início do século passado, passou a ser utilizado o HC no ordenamento brasileiro também para proteger outros direitos fundamentais, como a liberdade de reunião e associação etc., pois não havia outra ação constitucional para garantir de maneira célere direitos fundamentais evidentemente violados. Esse período de interpretação extensiva ficou conhecido como “doutrina brasileira do Habeas Corpus”, que foi até 1926, em revisão constitucional que determinou expressamente que o HC seria utilizado apenas e exclusivamente para a proteção do direito de locomoção. Essa corrente jurisprudencial e doutrinária, porém, teria sido a que criou o embrião do mandado de segurança. Presente na CF/88 em seu art. 5º, LXVIII. LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Partes: impetrante (quem ajuíza a ação), paciente (quem é favorecido pela ordem) e impetrado (autoridade coatora). Impetrante normalmente não é o paciente, mas é possível. Seu objetivo é garantir a liberdade de locomoção. Espécies: preventiva (chamado de ‘salvo-conduto’) e repressiva (HC liberatório). Não é preciso ter advogado ou seguir formalidade para impetrar HC, só é preciso que a petição seja redigida em português e seja encaminhada para o juízo competente, e proteja o direito de locomoção, questionando ilegalidade ou abuso de direito. ( 5º LXVIII, remissão ao 142, § 2º (exceção à regra do HC, punições disciplinares militares) O STF tem jurisprudência já consolidada que faz leitura restritiva dessa regra, que não deve ser avaliado o mérito, mas os pressupostos de legalidade: se a autoridade é competente, se cabe a prisão (se o código disciplinar prevê a pena prisional etc.). Seria possível impetrar HC se há questionamento em relação aos pressupostos de legalidade. Se HC for impetrado para trancar inquérito, só é possível se o crime em questão tiver como sanção prevista a prisão ou outra medida que limite ou afete a liberdade de locomoção. Mandado de Segurança Surge, historicamente, com a “doutrina brasileira do Habeas Corpus”, que se desenvolveu entre 1891 e 1926. Presente na CF/88, em seu art. 5º, LXIX. LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público; Se o direito líquido e certo em questão não diz respeito à liberdade de locomoção (HC) ou o direito ao acesso a informações que o Estado tenha a respeito do impetrante (Habeas Data), é cabível mandado de segurança. Direito líquido e certo, em MS, significa direito comprovado e claro, provado ‘de plano’: não há fase probatória em MS, já deve ser impetrado instruído com todas as provas. A lógica é: se um direito é violado e não necessita de prova, ele merece proteção especial e célere, por isso o MS apresenta tais características. Caberá ao juiz decidir se a ilegalidade ou abuso de poder se configuram como tais ou se há mesmo direito líquido e certo. Se os dados ali forem discutíveis, o juiz poderá determinar que não seja o MS a via correta. A questão de direito pode ser controvertida, os fatos que não podem. Obs. Ato discricionário – ato ao qual a lei concede margem ao administrador para juízo de oportunidade e conveniência para o poder público praticar determinado ato, desde que justifique (não sendo arbitrário). Se o ato é discricionário, mas ultrapassa-se a margem conferida pela lei, há abuso de poder. 12/04 – plano de aula 1 Atos discricionários são aqueles sobre os quais cabem juízos de oportunidade e conveniência para o uso de poder – possibilidade do abuso de poder. O ato vinculado não, pois já é determinado por lei, não há essa margem, é conseqüência necessária. É possível impetrar mandado de segurança contra particular, desde que esteja exercendo atividade delegada do poder público. Para buscar tutela por MS, há prazo de 120 dias, após esse, deve-se buscar pela via ordinária. MS (na década de 80) que pedia para não permitir deliberação de projeto tendente a abolir cláusula pétrea (forma federativa de poder), impetrada por parlamentar (que é o único que tem legitimidade ativa nesse caso), foi conhecida pelo STF, o que significa que é possível o controle judicial preventivo por MS. Normalmente, porém, o STF evita discutir deliberação legislativa, por ser esse ato interna corporis. Ver súmula 625, 510 e 632. Direito líquido ( aquele que pode ser provado de plano, de imediato – é necessário convencer o juiz de que o direito em questão é liquido e certo. O juiz não pode pedir vista ou abster-se de dar resposta, deve conhecer ou não, e prover ou não a ordem, liminarmente. Mandado de Segurança Coletivo Permite a tutela de direitos coletivos através do MS. Art. 5º, LXX – apenas define os legitimados ativos, outras regras são semelhantes às do MS comum. Os legitimados são: partidos políticos (com representação no Congresso), organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano*, em defesa de seus membros ou associados. *essa exigência vale apenas para associação. A justificativa para separar as alíneas em a e b encontrada por parte da doutrina é que os partidos não precisariam defender interesse de seus membros ou associados. A orientação jurisprudencial, contudo, firmou no sentido de que mesmo os partidos só poderiam pedir a tutela de interesses de seus membros. A questão, porém, permanece polêmica, em que pese a redação da lei 12.016/2009, que reconhece os partidos como legitimados a impetrar MS coletivo em defesa de ‘interesses legítimos relacionados com seus membros ou finalidade partidária’. Direitos difusos (não coletivos ou individuais homogêneos – que afetam grupo determinável, enquanto que os difusos afetam grupo indeterminável) não são protegidos por MS coletivo. A representação em MS coletivo é diferente da do inciso XXI, não é necessária a autorização de seus membros no MS coletivo (súm. 629). Há substituição processual, ao invés de cada associado entrar com um MS, a associação entra com um para tutelar o direito de todos. É necessário que o direito tutelado pelo MS coletivo tenha relação com a atividade que justifica a associação, e que esteja na titularidade dos associados, mas não se exigindo que seja um direito exclusivo daquela classe ou associados (por ex., a associação de delegados da polícia federal poderia impetrar MSC buscando tutela a respeito de suas aposentadorias, mas não necessariamente das aposentadorias apenas dos delegados da PF, possivelmente da aposentadoria de todos os delegados, servidores públicos etc.) – RE 449.996. Como exemplo, porém, uma associação de magistrados impetrar MSC contra mudança no imposto de renda não seria possível, por não constituir relação com a atividade que os associa, não decorre de sua atividade profissional. Plano de aula 2. Habeas Data Art. 5º, LXXII. Habeas Data é a ação que assegura o acesso à informações constantes em banco de dados público apenas a respeito do impetrante – ou, como define a alínea b, para retificar (corrigir) dados. A motivação histórica desse dispositivo é garantir o acesso à informação não garantido pelo já existente MS durante a ditadura militar. L. 9507/97 – regula o habeas data. Art. 7º - copia o art. 5º, LXXII da CF, mas adiciona um inciso, o III, que dá a possibilidade ao impetrante de anotar que certa informação, apesar de verdadeira, é contestada e está ‘sob pendência judicial ou amigável’. O art. 1º especifica quais registros ou banco de dados