do registro civil confirmar essa paternidade juiz lavrará o termo de reconhecimento, que será encaminhado para o registro no cartório civil para averbar (pai não precisa ir ao registro, reconhece perante o civil). Se o pai não comparecer ou negar, juiz remeterá os autos para o MP, que iniciará o processo de investigação de paternidade. Esse processo de verificação oficiosa tem 2 objetivos – obter o reconhecimento voluntário de paternidade; obter elementos fáticos que sirvam de suporte para a ação de investigação de paternidade. Até 92, o único que tinha legitimidade ativa era o filho (se fosse menor, representado pela mãe). Essa lei atribuiu legitimidade extraordinária ao MP em função do interesse que é tutelado – se entende que o estado de filho é um interesse pessoal, mas é também algo que interessa a toda à sociedade (porque seus efeitos são erga omnes). O oficial do registro civil só vai remeter peças para o juiz para que esse processo se inicie se a mãe fornecer ao oficial do registro civil os dados do suposto pai. Alguns aspectos sobre a investigação de paternidade (atualização da obra Reconhecimento da paternidade e seus efeitos, de CMSP) CC/02: Supressão da enumeração taxativa do art. 363, CC/16 Art. 363 – os filhos ilegítimos de pessoas que não caibam no art. 183, ns. I a VI, têm ação contra os pais, ou seus herdeiros, para demandar o reconhecimento de filiação: I - Se ao tempo da concepção a mãe estava concubinada com o pretendido pai – fora isso, o Código só falava da concubina para falar que ela não tinha direito a nada – esse era o único efeito positivo. II – Se a concepção do filho reclamante coincidiu com o rapto da mãe pelo suposto pai, ou suas relações sexuais com ela. III – Se existir escrito daquele a quem atribui a paternidade, reconhecendo-a expressamente. Filhos adulterinos e incestuosos não podiam investigar a paternidade pelo CC/16. E o exame de DNA só chegou ao Brasil em 88, antes disso fazia-se prova documental, testemunhal, pericial (ex: mãe é A, filho é AB – se o suposto pai for A, lógico que não pode ser ele). Não havia nenhuma prova genética que pudesse afirmam que o ator da ação era o filho biológico do réu – o objetivo da prova nessa época era provar um dos fundamentos da ação (um dos incisos do 363). Provando o fundamento, presumia-se a paternidade – você provava o fundamento, não provava o vínculo genético. Se o réu não afastasse essa presunção, a ação era julgada procedente. A principal prova nessa época na ação de investigação de paternidade era a testemunhal. Mas como você ia provar, no caso do inciso II, as relações sexuais? Você fazia prova indireta, não tinha como fazer prova direta. A maior defesa do suposto pai nessa época era a exceptio plurium concubentium – exceção do concubinato plúrico – mulher teve vários parceiros no período da concepção. A ação virava uma ação de investigação da vida sexual e moral da mãe, e tinha muito homem cara de pau que pagava testemunha. Então ou o réu provava a pluralidade de parceiros ou provava sua esterelidade. Se não fosse assim, a ação era julgada procedente e o réu era considerado pai. A ação podia ser julgada procedente sem um único exame pericial. Art. 1606, CC/02 – Regulamenta a ação de prova de filiação-causa de pedir: Livre. Art. 1606-A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo. - Localização inadequada do art. 1.606 – interpretação extensiva – investigação da paternidade/maternidade. O CC/02 não reproduziu o 363 – não temos mais um artigo que enumere os fundamentos da ação de investigação de paternidade. Seria um problema manter o 363 porque ele exigia que um dos fundamentos fosse provado – e se a prova de DNA fosse positiva mas a pessoa não conseguisse provar o fundamento da ação? Por isso o CC/02 agiu muito bem ao tirar a exigência de prova de fundamento. Muita gente que diz que o artigo que regulamenta a ação é o 1.606 – não temos mais ação de prova de filiação legítima, essa seria uma ação de investigação de paternidade mal localizada na legislação. Legitimação ativa para a investigação de paternidade A legitimação ativa é do filho (legitimado ordinário – titular do direito material), inclusive o nascituro (o art. 2º do CC põe a salvo, desde a concepção, os seus direitos). - O caráter personalíssimo é afirmado pelo art. 27 do ECA: “O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de justiça”. Obs: Se o filho morrer após iniciada a ação, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo. Você pode entrar com a ação de paternidade cumulada com alimentos gravídicos. “Sem qualquer restrição” – não interesse se o filho é incestuoso, adulterino, se o pai é incapaz, não interessa... é sem restrição! Eu tenho o direito de ter o nome do meu pai no meu registro, de ter a paternidade reconhecida. É um direito imprescritíve, indisponível e personalíssimo. Por ser personalíssimo, muita gente contestou a legitimidade do MP, que é extraordinária (aquele que pleiteia em nome próprio direito alheio) e concorrente. EXCEÇÕES À REGRA QUE DIZ SER PERSONALÍSSIMA A AÇÃO INVESTIGATÓRIA A) LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA E CONCORRENTE DO MP – Lei 8.560/92 (Obs: Lei que não foi revogada expressamente, não havendo incompatibilidade com o novo CC). Atua como legitimado extraordinário pleiteando em nome próprio o direito do menor de ter a paternidade reconhecida. B) AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE PROPOSTA PELOS NETOS PARA OBTENÇÃO DO RECONHECIMENTO JUDICIAL DO PAI PRÉ-MORTO E DA RELAÇÃO AVOENGA. - STJ - REsp 269, de 07/05/1990 – Rel. Min. Waldemar Zveiter - REsp 603.885, de 11/04/2005 – Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito - REsp 604.154, de 01/07/2005 – Rel. Min. Humberto Gomes de Barros. É a hipótese de C ter a paternidade reconhecida por B, mas este não tinha a paternidade reconhecida por A. B morre, C pode entrar com a ação em face do suposto avô para ter reconhecida a relação de paternidade entre este e o pai dele, B. Se a ação for julgada procedente, terá o vínculo estabelecido – ação de paternidade proposta pelo neto, exceção ao direito personalíssimo. Isso só é permitido se o pai for pré-morto. Aula – 16 de Junho de 2010 Continuação da investigação de paternidade... Legitimado ativo ordinário é o filho, titular do direito material. Art. 27, ECA – direito ao estado de filiação é personalíssimo, indisponível e indescritível e poderá ser exercido a qualquer tempo contra os pais ou seus herdeiros. Uma exceção legal é a legitimidade extraordinária atribuída ao MP, que pleiteia direito alheio em nome próprio. A segunda exceção ao caráter personalíssimo desse direito é a possibilidade de propositura pelos netos de ação de investigação de paternidade tendo como réu o avô mas para investigar a paternidade do pai pré-morto (se esse pai ainda fosse vivo, ele que teria que propor a ação de investigação) – essa exceção é jurisprudencial, enquanto a primeira era legal. Legitimidade passiva na ação investigatória de paternidade - O réu é o suposto pai ou, caso seja falecido, os seus herdeiros (obs: No CC/02, o cônjuge é herdeiro necessário) - Existiram controvérsias quanto à legitimidade passiva do Espólio - COMPETÊNCIA: Art. 94, CPC (Ação fundada em direito pessoal – foro do domicílio do réu) - Ação de investigação c/c Alimentos: Foro do domicílio do alimentando (Súmulas 01 e 277 do STJ). O rito da ação é o rito ordinário. Com relação à competência, embora a regra geral nessa ação seja o foro do domicílio do réu, quando se trata de ação proposta pelo filho menor cumulada com ação de alimentos, o foro competente é o do domicílio do alimentando (credor, aquele que tem a necessidade – foro do autor da ação). A lei especial sobre alimentos diz que o alimentando, ao propor a