crescimento e desenvolvimento humano

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CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO 
HUMANO E 
APRENDIZAGEM 
MOTORA 
Rochelle Rocha Costa
Definições de habilidade, 
classificação de 
habilidades motoras, 
fases de aprendizagem, 
análise de tarefas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir as definições teóricas de habilidade, as fases de aprendizagem 
e a análise de tarefas.
  Esclarecer os esquemas unidimensionais de classificação das habili-
dades motoras.
  Enunciar os esquemas bidimensionais utilizados para classificação 
das habilidades motoras.
Introdução
Diversas habilidades motoras como caminhar, correr, escrever, digitar, 
sentar e levantar são realizadas no dia a dia. Para o seu desempenho 
proficiente, elas tiveram que ser aprendidas e refinadas durante a vida, 
em um processo de aprendizagem motora. Além disso, pode-se perceber 
características em comum em algumas delas, como caminhar e correr, 
pois ambas envolvem deslocamento do corpo e atividade de grandes 
musculaturas. O mesmo ocorre com escrever e digitar, que se asseme-
lham por apresentarem manipulação de um objeto e necessitarem do 
recrutamento de pequenos grupos musculares em movimentos precisos. 
Neste capítulo, você compreenderá o conceito de habilidade motora, 
os seus esquemas de classificação, as suas fases de aprendizagem e a 
análise de tarefas.
Definições teóricas
Segundo Magill (2000), a habilidade refere-se a uma tarefa com uma fi nalidade 
específi ca a ser atingida. Nesse sentido, pode-se afi rmar que as operações de 
soma, diminuição, multiplicação e divisão são habilidades fundamentais da 
matemática, assim como o chute é uma habilidade essencial do futebol, mas 
somente chutar uma bola se trata de uma habilidade motora. 
Já a habilidade motora é definida como a presença de movimento volun-
tário do corpo ou de segmentos corporais para atingir uma determinada meta 
(MAGILL, 2000). Perceba que nesse conceito estão implícitas algumas carac-
terísticas, como o fato de ela se tratar de movimentos voluntários, nos quais os 
reflexos não são considerados habilidades; e exigir o movimento do corpo e/ou 
de segmentos corporais. Considerando isso, as operações matemáticas citadas 
não são habilidades motoras, pois não requerem esse movimento corporal, 
sendo classificadas como habilidade cognitiva. Portanto, uma habilidade 
motora necessita ter uma meta a ser atingida e, assim, movimentar um dedo 
de modo preguiçoso não é considerado como tal porque, embora seja realizado 
de forma voluntária e envolva o movimento de um segmento corporal, ele não 
tem um objetivo a ser alcançado. 
Você deve se atentar à diferença entre os conceitos de habilidade e movimento. O 
primeiro é um movimento voluntário do corpo ou de segmentos corporais para atingir 
uma certa meta; já o segundo envolve o comportamento de um membro específico 
ou de uma combinação de membros. Nesse contexto, os movimentos são partes que 
compõem as habilidades.
Uma característica adicional da habilidade motora é que ela necessita 
ser aprendida. Por exemplo, tocar um instrumento musical ou praticar um 
esporte são casos em que claramente se percebe que o ser humano não nasce 
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sabendo desempenhar uma habilidade motora e que ela, por sua vez, precisa 
ser adquirida. Até mesmo a habilidade de caminhar, a qual o indivíduo 
quando adulto desempenha automaticamente, precisa ser aprendida durante 
a primeira infância. 
A aprendizagem é o processo pelo qual as habilidades são adquiridas ou 
modificadas, como resultado de estudo, experiência, formação, raciocínio e 
observação, por isso, não se aprende rapidamente, da noite para o dia. Desse 
modo, o aprendizado pode ser dividido em fases, as quais representam uma 
descrição do nível de desenvolvimento da habilidade, cujas diversas teo-
rias foram elaboradas sob diferentes enfoques. No entanto, em todas elas, a 
aprendizagem parte de uma fase inicial, na qual o indivíduo demanda muita 
atenção para executar as habilidades, com desempenho inconsistente e uma 
grande quantidade de erros, o que culmina em uma fase final, em que a pessoa 
demanda uma baixa atenção para realizar as habilidades, com desempenho 
consistente e poucos erros. 
Existe uma vasta gama de habilidades motoras que podem ser agrupadas 
com base em características em comum, como você verá a seguir.
Esquemas unidimensionais de classificação 
das habilidades motoras
As habilidades motoras podem ser classifi cadas em diferentes categorias 
com base em características em comum. Os esquemas unidimensionais de 
classifi cação se baseiam em apenas um fator para categorizá-las, e os quatro 
mais conhecidos utilizam os aspectos musculares, os temporais, os do meio 
ambiente e os funcionais.
Aspectos musculares das habilidades
Este esquema classifi ca as habilidades de acordo com o tipo de grupo mus-
cular necessário para executar a ação, as quais podem ser de coordenação 
motora grossa ou de coordenação motora fi na. A habilidade de coordenação 
motora grossa envolve o recrutamento de grandes grupos musculares e requer 
uma menor precisão de movimento do que as habilidades motoras fi nas. Já a 
habilidade de coordenação motora fi na está relacionada ao recrutamento de 
músculos pequenos no desempenho de movimentos precisos, mais especifi -
camente aqueles envolvidos na coordenação mãos-olhos.
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Pode-se citar como habilidade de coordenação motora grossa a maioria dos gestos 
esportivos, como chutar, arremessar, rebater, correr, pular, etc. Já escrever, digitar, 
costurar, pintar, entre outros, são exemplos de habilidades de coordenação motora fina.
Aspectos temporais das habilidades
O esquema baseado em aspectos temporais classifi ca as habilidades conforme 
os diferentes movimentos realizados para sua execução, e elas podem ser 
categorizadas como discreta, em série ou contínua. O que caracteriza uma 
habilidade discreta é a presença de um início e um fi nal bem defi nidos de 
curta duração, com posições claramente defi nidas. Quando as habilidades 
discretas são combinadas e repetidas diversas vezes e geram uma sequência 
de movimentos discretos, esta se classifi ca como em série. Já as habilidades 
contínuas são constituídas por movimentos repetitivos durante vários minutos, 
em que não é possível defi nir início e fi m.
Pode-se citar como habilidade discreta o arremesso, o chute, o salto, a manchete do 
vôlei, etc. Uma sequência de ginástica em solo e o drible do basquete são exemplos de 
habilidades em série. Já a corrida, a natação e o ciclismo se tratam de habilidades contínuas.
Aspectos ambientais das habilidades
Este esquema classifi ca as habilidades com base na estabilidade do ambiente 
no qual ela é desempenhada. Nesse sentido, o ambiente remete ao objeto 
sobre o qual o indivíduo está agindo ou às características do contexto no 
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qual ele executa a habilidade. Considerando os aspectos ambientais, as 
habilidades podem ser divididas como uma habilidade motora fechada ou 
habilidade motora aberta. 
Uma habilidade motora fechada é realizada em um ambiente estável ou 
previsível, no qual o contexto ou o objeto sobre o qual se age não se altera 
durante a sua execução, eles esperam pela ação do indivíduo. Dessa forma, o 
praticante pode avaliar o ambiente com antecedência, organizar seus movimentos 
sem se sentir pressionado pelo tempo e realizar o gesto motor sem necessidade 
de ajustes repentinos. 
Por exemplo, pegar uma caneta sobre a mesa é uma habilidade fechada,pois ela não irá se movimentar durante o período de tempo em que você 
decidiu pegá-la até o momento de fazê-lo; bem como caminhar por um 
quarto vazio, porque o contexto ambiental não será alterado enquanto você 
se movimenta. Outros exemplos são realizar uma parada de mão, chutar 
uma bola parada, atirar uma flecha em um alvo estático, atingir uma bola 
de golfe parada, etc. Em todas essas situações, o participante pode iniciar 
a ação quando estiver pronto e executar a habilidade de acordo com a sua 
própria vontade. 
Já uma habilidade motora aberta realiza-se em um ambiente no qual 
as condições estão constantemente mudando, um ambiente imprevisível, 
em que o objeto ou o contexto varia durante o seu desempenho. Por isso, 
os praticantes devem ser capazes de ler esse ambiente a fim de ajustar o 
seu movimento, o que geralmente ocorre em um curto período, exigindo 
plasticidade ou f lexibilidade. 
A maioria das habilidades desempenhadas durante os esportes pode 
ser considerada de cadeia aberta, já que o executante precisa saber ler o 
ambiente (seus colegas de time, os adversários e a bola) para decidir qual 
movimento realizar. Por exemplo, quando a equipe adversária realiza um 
chute a gol, o goleiro deve se deslocar ao encontro da bola, a qual representa 
o ambiente imprevisível. Da mesma forma, durante um jogo de tênis, o 
tenista não pode ficar parado para decidir como e quando rebater. Para ser 
bem-sucedido, ele precisa se deslocar e agir de acordo com a localização 
espacial e a velocidade da bola. Portanto, nessa habilidade, o indivíduo 
deve sincronizar o tempo de início do seu movimento considerando o 
movimento do objeto sobre o qual agirá.
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Aspectos funcionais das habilidades
Os aspectos funcionais classifi cam as habilidades como estabilizadoras, locomoto-
ras ou manipulativas. A habilidade estabilizadora requer algum grau de equilíbrio. 
A locomotora é qualquer movimento que envolva alteração de localização do corpo 
em relação a um ponto fi xo. Já a habilidade manipulativa diz respeito a aplicar 
força em um objeto ou receber força dele (manipulação rudimentar) e a utilizar 
de forma complexa os músculos da mão (manipulação refi nada). 
Considera-se o ato de girar, virar-se, o rolamento corporal, a parada de mão, etc. 
exemplos de habilidades estabilizadoras. Correr, saltar, andar, saltitar, galopar, entre 
outros, são habilidades locomotoras. Já chutar, arremessar, receber, escrever, cortar 
com tesoura, etc. são exemplos de habilidades manipulativas.
Perceba que muitos gestos motores envolvem a combinação de duas ou três 
categorias. Por exemplo, jogar basquete abrange as habilidades locomotoras (correr, 
saltar), as manipulativas (quicar a bola, passar, arremessar) e as estabilizadoras 
(girar, virar-se). Um jogador de futebol americano, ao receber um passe, utiliza 
as habilidades locomotoras (correr a rota combinada, desviando dos marcadores), 
as manipulativas (receber o passe) e as estabilizadoras (recuperar o equilíbrio 
após o contato com o adversário ou aterrissar do salto para receber o passe). Um 
atleta de futebol, ao cobrar um pênalti, utiliza a habilidade motora de coordenação 
grossa (recrutamento de grandes grupos musculares), a manipulativa (ao entrar em 
contato com a bola) e a fechada (a bola está parada esperando pela sua ação). Um 
oposto no vôlei, por sua vez, ao atacar uma bola, realiza uma habilidade motora de 
coordenação grossa (recrutamento de grandes grupos musculares), a locomotora 
(passada de ataque e salto), a manipulativa (ao tocar na bola) e a aberta (ele deve 
organizar seus movimentos de acordo com o posicionamento e a velocidade da bola). 
Os esquemas unidimensionais que classificam as habilidades com base 
em aspectos musculares, temporais, ambientais e funcionais são amplamente 
utilizados e de fácil compreensão. Entretanto, justamente pelo fato de consi-
derarem apenas um fator em comum para categorizar o movimento, eles não 
englobam a complexidade de muitas habilidades, sendo que estas, muitas vezes, 
podem ser classificadas em mais de uma categoria, pois, nesse esquema, não 
existe uma específica para aquela habilidade.
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Esquemas bidimensionais utilizados para 
classificação das habilidades motoras
Os esquemas bidimensionais utilizados para classifi car as habilidades motoras 
são mais completos em relação aos unidimensionais, uma vez que visualizam 
o movimento por meio de dois aspectos. Eles ainda permitem visualizar o 
movimento do mais simples ao mais complexo e do geral para o específi co, o 
que não é possível nos modelos unidimensionais.
Na prática
As habilidades motoras estão presentes em nosso cotidiano, mesmo que por vezes 
você não se dê conta. Algumas delas estão associadas a aspectos de funcionalidade e 
independência, como caminhar, sentar, levantar, escrever; outras estão associadas ao 
desempenho e/ou tarefas mais complexas, como correr, saltar, chutar, lançar. 
Devido a essa grande complexidade, é importante estudar, analisar e classificar as 
habilidades motoras em categorias específicas, para que a sua compreensão, avaliação 
e aprimoramento ocorram com maior eficácia.
Teste seus conhecimentos sobre a categorização das habilidades motoras no QUIZ 
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a seguir:
71Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...70
Esquema bidimensional de Gentile
O modelo de Gentile considera os fatores contexto ambiental e a função inten-
cional das habilidades para classifi cá-las, no qual cada um deles é subdividido 
para criar um esquema que leva a 16 categorias de habilidades. No Quadro 1, 
você pode ver como funciona esse esquema.
Função intencional da tarefa
Contexto 
ambiental
Estabilidade 
sem 
manipulação
Estabilidade 
com 
manipulação
Locomoção 
sem 
manipulação
Locomoção 
com 
manipulação
Condições regula-
doras fixas + 
sem variabili-
dade entre as 
tentativas
1
Sentar-se em 
uma cadeira.
2
Arremessar um 
dardo no alvo.
3
Caminhar sobre 
uma superfície 
plana.
4
Caminhar com 
um balde.
Condições regu-
ladoras fixas + va-
riabilidade entre 
as tentativas
5
Sentar-se em 
cadeiras fixas 
de diferentes 
alturas.
6
Arremessar um 
dardo no alvo 
em diversas 
alturas.
7
Caminhar sobre 
uma superfície 
escorregadia.
8
Caminhar 
sobre uma 
superfície 
escorregadia 
com um balde.
Condições 
reguladoras em 
movimento + sem 
variabilidade en-
tre as tentativas
9
Ficar em pé 
sobre uma 
escada rolante.
10
Chutar uma 
bola rolando.
11
Caminhar sobre 
uma escada 
rolante.
12
Arremessar um 
dardo durante 
uma corrida.
Condições 
reguladoras em 
movimento + 
com variabili-
dade entre as 
tentativas
13
Sentar-se sobre 
uma bola de 
pilates com os 
pés suspensos.
14
Receber 
uma bola 
arremessada 
em diferentes 
velocidades.
15
Correr e, em 
seguida, saltar 
em diferentes 
alturas.
16
Correr para 
receber uma 
bola no ar.
Quadro 1. Adaptação do esquema bidimensional de Gentile (2000) para a classificação 
de movimento
Fonte: Adaptado de Gallahue (2002).
73Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...72
O fator contexto ambiental está relacionado às condições reguladoras, 
as quais correspondem às suas características que controlam/regulamo 
movimento de uma habilidade. Ao considerá-lo para classificar a habi-
lidade e desempenhá-la com sucesso, Gentile defende que os movimen-
tos do indivíduo necessitam estar de acordo com condições ambientais 
específicas. Por exemplo, os movimentos que ele realiza para correr são 
dependentes do tipo de superfície sobre a qual o contato com o pé ocorre. 
Semelhantemente, se uma pessoa receber uma bola, seus movimentos 
devem coincidir com características como em qual local do campo ele 
recebeu a bola, qual a distância dos marcadores adversários e seus colegas 
de equipe, etc.
Já as condições reguladoras podem ser classificadas como fixas ou em 
movimento. As fixas ocorrem quando a tarefa é realizada em um ambiente 
estacionário, como subir escadas, arremessar dardos em um alvo, dar a 
primeira tacada de golfe, arremessar um lance livre no basquete, etc. 
Quando o movimento acontece em um ambiente em movimento, trata-
-se de uma condição reguladora em movimento, como subir uma escada 
rolante, chutar uma bola em movimento, rebater uma bola em movimento, 
entre outros. Perceba que, nessa classificação, há uma hierarquia implícita 
de nível de dificuldade na execução das habilidades, em que é mais fácil 
realizar o movimento em uma condição fixa do que em uma condição 
em movimento.
Na classificação de Gentile, você pode perceber a aplicação das categorias de habi-
lidades motoras aberta e fechada, em que as habilidades realizadas em condições 
reguladoras fixas são denominadas de fechadas; e as executadas em condições re-
guladoras em movimento, chamadas de abertas.
73Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...72
As condições reguladoras podem ou não apresentar variabilidade entre 
as tentativas de executar uma habilidade. Se elas, durante o desempenho 
da habilidade, forem as mesmas, não haverá variabilidade; por exemplo, 
sentar-se em uma cadeira de mesma altura diversas vezes (os movimentos 
não mudarão) e caminhar por um ambiente vazio (nem os passos mudarão). 
Porém, se elas, durante o desempenho de uma habilidade, variarem, exis-
tirá variabilidade, como nos casos de sentar-se em cadeiras de diferentes 
alturas (os movimentos serão diferentes para adaptar-se às diversas alturas) 
e caminhar por um ambiente cheio de pessoas (os passos serão diferentes 
para não colidir com outra pessoa). Note também que, nesse sistema, é 
estabelecida uma progressão no nível de dificuldade, em que é mais fácil 
executar o movimento quando não há variabilidade entre as tentativas em 
comparação a quando há variabilidade.
O segundo fator do esquema de Gentile, a função intencional, diz 
respeito ao desempenho de alguma habilidade envolver ou não a movi-
mentação do corpo e a manipulação de um objeto. Essa combinação de 
possibilidades (locomover ou não o corpo + manipular ou não um objeto) 
resulta nas opções de manter-se parado ou movimentar-se com ou sem a 
manipulação de um objeto. Como exemplo de uma habilidade não loco-
motora e não manipulativa, pode-se citar ficar em pé em algum lugar. Já 
arremessar uma bola em um alvo é considerada uma habilidade não loco-
motora e manipulativa. Caminhar trata-se de um exemplo de habilidade 
locomotora e não manipulativa. Por fim, caminhar segurando uma bola é 
uma habilidade locomotora e manipulativa.
Você estudou os fatores contexto ambiental e função intencional da tarefa, 
do esquema de Gentile, de modo isolado. Entretanto, por se tratar de um modelo 
bidimensional, esses fatores devem ser utilizados em conjunto para a análise 
da habilidade motora. Sendo assim, para cada uma das quatro subcategorias 
criadas pela combinação das duas características do contexto ambiental, há 
outras quatro subcategorias correspondentes à associação das características 
da função intencional da tarefa. 
75Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...74
Na primeira coluna do Quadro 1, você viu representadas as quatro com-
binações, da mais fácil a mais complexa, do fator contexto ambiental. Já na 
segunda linha, são apresentadas, da mais fácil a mais difícil, as combinações 
do fator intencional da tarefa. O número realçado em negrito representa o 
grau crescente da complexidade da habilidade. Repare que, no quadrante 
superior esquerdo, encontram-se as atividades realizadas em condições fixas 
e estáveis e que não envolvem a locomoção do corpo, por esse motivo, são 
caracterizadas como menos complexas. Já no quadrante inferior direito, estão 
as atividades realizadas em condições reguladoras em movimento e com 
locomoção, caracterizando atividades mais complexas.
O esquema de Gentile satisfaz qualquer profissional envolvido no ensino 
das habilidades motoras, pois é excelente para se conscientizar sobre as carac-
terísticas de uma habilidade que a diferencia e a relaciona com as outras. Com 
o esquema de 16 categorias com grau crescente de complexidade, o profissional 
pode avaliar os problemas de desempenho de seu aluno ou paciente e, a partir 
desse diagnóstico, selecionar as atividades funcionalmente adequadas para 
ajudar o indivíduo a superar sua deficiência.
Esquema bidimensional de Gallahue
O modelo bidimensional de Gallahue baseia-se na função intencional da 
tarefa de movimento e nas fases de desenvolvimento motor. A primeira é 
classifi cada como estabilizadora, locomotora e manipulativa. Já as fases de 
desenvolvimento são a refl exa, a rudimentar, a fundamental e a especializada, 
em que, dentro de cada uma, pode-se observar os movimentos estabilizadores, 
locomotores e manipulativos.
Os movimentos reflexos envolvem movimentos involuntários que compõem 
a infância precoce, em que os reflexos corpóreos verticais são exemplos de 
reflexos estabilizadores. Como exemplos de reflexos locomotores, pode-se 
citar os reflexos da marcha e de engatinhar. Já o reflexo de preensão palmar 
é um reflexo manipulativo. 
75Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...74
Os movimentos rudimentares correspondem aos primeiros movimentos 
voluntários realizados durante a infância, nos quais o controle dos músculos da 
cabeça, do pescoço e do tronco são chamados de rudimentares estabilizadores. 
Como exemplos de rudimentares locomotores, tem-se de rastejar, engatinhar 
e andar. Já o ato de agarrar e soltar objetos são rudimentares manipulativos.
Os movimentos fundamentais referem-se às habilidades de coordenação 
motora grossa frequentemente realizadas no dia a dia e dominadas durante a 
infância. Ficar em pé sem apoio, rolar para frente e para trás e equilibrar-se 
em um pé só são exemplos de habilidades fundamentais estabilizadoras. Já 
correr, saltar, saltitar e galopar se tratam de fundamentais locomotoras. As 
fundamentais manipulativas são arremessar, chutar e receber.
Já os movimentos especializados são movimentos fundamentais que foram 
refinados ou combinados a outros complexos, geralmente dominados no final 
da infância e aplicados em atividades do dia a dia, de recreação e no âmbito 
esportivo. As habilidades especializadas de estabilidade são caminhar sobre 
uma superfície escorregadia e executar uma rotina de ginástica de solo ou sobre 
uma barra de equilíbrio. Como exemplo de especializada manipulativa, pode-se 
citar o toque no vôlei, o arremesso no basquete e o chute no futebol. Por fim, 
os exemplos de especializadas locomotoras incluem a corrida em uma prova 
de 100 metros rasos ou o nado crawl em uma prova de 50 metros na natação.
Perceba que, ao estudar a habilidade sob dois enfoques, os esquemas bidi-
mensionais de Gentile e Gallahue proporcionam uma análise mais completa 
do movimento e compreendem uma vasta gama de habilidades motoras que 
não são abrangidasnos modelos unidimensionais.
Em conclusão, as habilidades motoras, as quais são movimentos voluntários 
que almejam atingir uma determinada meta, precisam ser aprendidas durante 
o ciclo da vida, em um processo chamado de aprendizagem motora, o qual 
é composto de fases. Elas podem ser classificadas em diferentes categorias, 
com base em um aspecto em comum (esquemas unidimensionais) ou sob 
dois aspectos (modelos bidimensionais). Os unidimensionais categorizam as 
habilidades baseando-se em aspectos musculares, temporais, ambientais ou 
funcionais do movimento. Já o bidimensional de Gentile considera os fatores 
contexto ambiental e função intencional das habilidades para classificá-las; 
e o esquema de Gallahue, a função intencional da tarefa de movimento e as 
fases de desenvolvimento motor.
77Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...Definições de habilidade, classificação de habilidades motoras, fases de aprendizagem...76
GALLAHUE, D. L. A classificação das habilidades de movimento: um caso para mode-
los multidimensionais. Revista da Educação Física, Maringá, v. 13, n. 2, p. 105–111, 2002. 
Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/
view/3707. Acesso em: 30 abr. 2019.
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo: Edgard 
Blucher, 2000. 369 p.
Leituras recomendadas
GALLAHUE, D. L.; DONNELLY, F. C. Educação física desenvolvimentista para todas as 
crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008. 725 p.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor. 3. ed. São 
Paulo: Phorte, 2005. 585 p.
SCHMIDT, R. A.; LEE, T. D. Aprendizagem e performance motora: dos princípios à aplicação. 
5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 338 p.
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