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Fisiologia Gastrointestinal de Ruminantes

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Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária 
Fisiologia Gastrointestinal 
Digestão e Absorção 
O Processo Fermentativo 
Características Gerais 
A digestão fermentativa é um conjunto de 
reações químicas que ocorre em sacos 
fermentativos, os quais são chamados de pré-
estômagos aglandulares: rúmen, retículo e 
omaso, onde ocorre em menor intensidade, já 
que a principal função é a reabsorção de água e 
eletrólitos, diferentemente dos monogástricos, 
os quais reabsorviam praticamente no fim do 
TGI, nas porções do ceco. 
Uma das grandes diferenças entre os dois tipos 
de digestão, é que a fermentação ocorre por 
intermédio de enzimas que são produzidas pela 
microbiota composta por bactérias, protozoários 
e fungos das cavidades pré-estomacais e não 
pelo próprio animal, como ocorre na digestão 
não fermentativa, onde há o auxílio de enzimas 
endógenas. 
Funções da microbiota ruminal 
A principal função da microbiota dos animais 
ruminantes é a fermentação, o processo químico 
que consiste na secreção enzimática dos 
próprios microrganismos no líquido ruminal. 
Quando acontece essa liberação, há a ligação 
chave-fechadura de cada enzima, para que 
ocorra a quebra dos polissacarídeos complexos 
em oligossacarídeos e monossacarídeos. Para 
acrescentar, todo esse processo ocorre em 
conjunto com os movimentos da musculatura 
lisa e a mastigação. 
Além disso, a celulose que é quebrada não serve 
diretamente para os ruminantes e sim, para os 
microrganismos. Quando estes absorvem os 
monossacarídeos, há a produção de 
subprodutos desse processo metabólico, 
liberando as suas excretas na forma de ácidos 
graxos voláteis no líquido ruminal, os quais são 
fundamentais para a nutrição dos animais. 
A fermentação também ocorre para a digestão 
de proteínas, estas são quebradas até suas 
formas monométricas, na forma de aminoácidos 
e estes são utilizados para formar a proteína do 
microrganismo. Ademais, utilizam também as 
fontes não proteicas de nitrogênio (NNP: ureia, 
amônia) para facilitar o processo de 
multiplicação dos microrganismos, os quais 
possuem o seu ciclo de vida de nascimento, 
reprodução e morte, mas sempre gerando em 
troca algum subproduto útil para o animal. Por 
exemplo, um dos subprodutos que é sintetizado 
pela microbiota são as vitaminas hidrossolúveis, 
extremamente úteis para o desenvolvimento do 
ruminante. 
As bactérias 
As bactérias são os organismos procariontes 
fundamentais para a vida e são os 
microrganismos mais abundantes no líquido 
ruminal, possuindo uma grande variedade de 
gêneros e espécies com funcionalidades 
diferentes no TGI do animal. Além disso, a 
maioria são as anaeróbicas estritas, capazes de 
sobreviver em ambientes com baixíssimas taxas 
de oxigênio. 
 
Protozoários e fungos 
Os protozoários são menos abundantes no TGI 
dos ruminantes, mas o seu tamanho é maior, 
compensando assim a menor quantidade de 
microrganismos. Ademais, são importantes para 
controlar a população bacteriana por meio da 
hidrólise, além de consumir e metabolizar 
açúcares solúveis, principalmente o amido. 
 
Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária 
Os fungos são menos abundantes ainda e 
menos importantes, representando apenas 8% 
da biomassa ruminal e auxiliando na 
fermentação de celulose. 
Os animais ruminantes podem viver com a 
ausência de fungos, mas se houver uma 
diminuição nas taxas de bactérias e 
protozoários, haveria um prejuízo maior no 
processo digestivo. 
Fatores que influenciam na 
microbiota ruminal 
A microbiota precisa estar em equilíbrio com o 
conteúdo ruminal, para que ocorra um 
funcionamento ótimo do sistema digestório, já 
que os microrganismos estão em boas 
condições. 
Para exemplificar, a situação geográfica 
proporciona condições climáticas, a fertilidade 
do solo, os tipos de capim, ou seja, determinam 
as características físicas e químicas do alimento 
que é usado pela população microbiana. De tal 
modo, se houver um alimento de má qualidade 
com uma concentração de nutrientes menor, 
ocorrerá um desequilíbrio da microbiota e a 
digestão será prejudicada. 
Digestão fermentativa de 
carboidratos 
Os carboidratos, quando quebrados, geram a 
principal fonte de energia para os animais na 
forma de subproduto da microbiota ruminal. 
As dietas pobres em fibras vegetais geram 
desordens intestinais, já que as fibras são 
essenciais para a motilidade do TGI, nesse caso, 
principalmente, as contrações ruminais. Além 
disso, melhoram a fermentação e aumentam o 
fluxo de saliva dos animais. 
A digestão fermentativa ocorre através de um 
processo de anaerobiose, por meio das enzimas 
microbianas. As enzimas agem nas ligações dos 
alimentos, quebrando-os em partículas 
menores. Contudo, diferentes bactérias geram 
diferentes tempos de fermentação, como as 
celulolíticas e pectinolíticas, que possuem 
baixas taxas metabólicas, demorando mais 
tempo para produzir as enzimas e secretá-las. 
Já as bactérias metanogênicas, as quais devem 
ser reduzidas, já que geram o gás metano, são 
bactérias secundárias, tendo tempo de 
fermentação relativo e as aminolíticas, com 
tempo de fermentação curto. 
Os açucares entram no líquido ruminal e sofrem 
a glicólise, para gerarem moléculas menos 
complexas capazes de serem absorvidas pelos 
microrganismos. Nesse processo, é gerado ATP, 
o qual serve para o desenvolvimento do 
microrganismo em questão e gera também, o 
ácido pirúvico que sofre sucessivos processos 
de quebra até formar outros subprodutos, os 
ácidos graxos voláteis – AGV, podendo ser os de 
cadeia simples, como o ácido acético, ácido 
butírico e o ácido propiônico. 
 
Os AGV são catabólitos do metabolismo da 
glicose, da frutose e da xilose, ou seja, são 
carboidratos que foram quebrados na via 
extracelular e absorvidos no meio intracelular. 
Estas substâncias serão eliminadas para o 
líquido ruminal, o qual só aumenta as suas 
concentrações de AGV, CO2 e gás metano. 
Tais substâncias são excretadas por não serem 
úteis a microbiota, mas são de extrema 
importância ao hospedeiro. De tal modo, ocorre 
uma relação de simbiose dos microrganismos 
com os ruminantes, já que os animais ingerem 
os vegetais que alimentam a microbiota e esta, 
por sua vez, gera subprodutos capazes de nutrir 
os animais, “pagando o aluguel” para os 
ruminantes dessa forma. 
 
Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária 
 
Modificações na dieta 
A modificação da dieta gera uma interferência 
no padrão de fermentação, podendo ser de 
forma positiva ou negativa a microbiota ruminal. 
Dessa forma, mudanças na dieta dos animais 
devem ser feitas de formas gradativas, para que 
a população de microrganismos tenha tempo de 
se modificar, visando uma fermentação 
adequada e produtiva. 
Absorção e utilização dos 
ácidos graxos voláteis 
Os AGV de cadeia curta, como o butírico e 
propiônico, representam mais de 70% do 
fornecimento de energia ao ruminante. 
O rúmen realiza a fermentação e ao mesmo 
tempo absorve os produtos por meio da difusão 
através das papilas ruminais. 
Quanto maior a concentração de AGV no lúmen 
do rúmen, maior o estímulo sob as papilas, 
visando um aumento de tamanho e número 
dessas e consequentemente, maior absorção 
dos subprodutos excretados. 
Destinos metabólicos dos ácidos 
graxos voláteis 
a. Ácido acético (CH3-COOH): 
 Oxidação nos tecidos para a síntese de ATP. 
 Principal fonte de Acetil CoA para a síntese 
de lipídios da glândula mamária → gordura 
do leite. 
 Metabolizado a CO2 → eliminado na 
corrente sanguínea. 
 
b. Ácido propiônico (CH3-CH2-COOH): 
 Compensa a baixa absorção de glicose no 
intestino delgado de ruminantes → 
substituto da glicose, já que a maior parte 
desta é utilizada pela microbiota e o pouco 
que resta, é absorvida no ID. 
 Substrato para a gliconeogênese → síntese 
de glicogênio – corposcetônicos. 
 Formar ácido lático → catabólito de muitas 
células; reserva de ácido propiônico para 
estados de carência. 
 
c. Ácido butírico (CH3-CH2-CH2-COOH): 
 Absorvido na forma de ácido hidroxibutírico. 
 Oxidado nos tecidos para obtenção de 
energia. 
Percebe-se que os AGV são para fins 
energéticos, uma vez que a glicose é pouco 
absorvida para realizar as funções metabólicas 
no organismo do animal. 
Digestão fermentativa de 
proteínas 
Diferentemente das enzimas de carboidratos, as 
enzimas de proteínas têm como função a quebra 
das ligações peptídicas. Contudo, ambas são 
produzidas pela microbiota presente no rúmen 
do animal, ou seja, são exógenas. 
Os microrganismos rumianais possuem a 
capacidade de sintetizar os próprios 
aminoácidos e, também de uní-los nos 
ribossomos. 
Além disso, a obtenção de proteína também se 
dá pela dieta, mas uma vez que há proteína 
própria, há a possbilidade da diminuição da 
ingestão de proteína exógena, barateando o 
custo alimentar do animal, já que basta dar a 
matéria prima à microbiota e esta sintetiza o 
aminoácido. O nitrogênio também é necessário 
para a síntese de proteínas e uma das formas de 
 
Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária 
obtê-lo é pela ingestão adequada de ureia ou 
amônia, compostos baratos e não proteicos 
(NNP), as quais são extremamente importante 
para esse processo. 
 
A microbiota elimina as enzimas microbianas 
específicas para a quebra de proteínas e a de 
NNP, como a ureia, tornando possível a 
absorção desses subprodutos pelo 
microrganismo. A partir disso, cada substância 
terá o seu próprio destino metabólico. 
As proteínas são quebradas em peptídeos, os 
quais são absorvidos pela microbiota. Após isso, 
são quebrados nvamente em aminoácidos e 
podem ter dois destinos, a desaminação, para 
que amoníaco seja gerado e outro aminoácido 
seja resintetizado, formando a própria proteína 
microbiana, formando mais enzimas para serem 
eliminadas no líquido ruminal. Outro subproduto 
dos aminoácidos gerados são as cadeias 
carbonadas, as quais originam ácidos graxos 
voláteis que são eliminados no líquido ruminal e 
são absorvidos pela mucosa do rúmen e do 
retículo. 
Observação: a proteína microbiana gerada 
tabém beneficiará o animal quando a morte do 
microrganismo ocorrer e ele excretar todas as 
suas substâncias no líquido ruminal. Assim, 
ocorrerá a reabsorção de aminoácidos e outros 
produtos que servirão como fonte de alimento 
para os ruminantes. 
Ciclo da Uréia 
As fontes de nitrogênio não proteicas (NNP) 
quando quebradas pelas enzimas da microbiota 
geram o amoníaco, o qual possui o msmo fim do 
outro gerado pelas proteínas: novas enzimas 
microbianas. Contudo, quando em excesso, 
volta para o lúmen ruminal-reticular e é 
transportado pela veia porta ao fígado onde a 
ureia é resintetizada pelos hepatócitos, por ser 
uma substância menos tóxica. Uma parte da 
ureia vai para a urina para ser excretada e a 
outra parte é reabsorvida pelas glândulas 
salivares. Quando o animal remastiga o 
alimento, há a excreção de ureia e esta é 
novamente utilizada no rúmen → Ciclo da Ureia. 
 
Determinantes do crecimento 
microbiano 
O microganismo é mantido pelos aminoácidos e 
glicose, já que são fundamentais para a síntese 
de proteínas, crescimento celular e manutenção 
da célula. 
O equilíbrio entre proteínas e carboidratos gera 
uma microbiota adequada ao processo 
ruminativo com a presença de AGV, NH3, CO2 e 
CH4. 
 
Excesso de glicose em relação ao 
peptídeo: 
Como há muita glicose, há muita energia para a 
produção de ATP, mas como há pouco peptídeo, 
AGC → catabólito do microrganismo 
Amônia → fígado → ureia 
CO2 + CH4 → eliminados na ruminação 
 
Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária 
há pouco aminoácido, o que prejudica a síntese 
de proteína e crescimento celular. 
Muita energia e pouca síntese de proteínas 
Excesso de peptídeo em relação à 
glicose: 
Como há muito aminoácido, muita amônia é 
sintetizada e esta, em excesso, pode ser tóxica 
ao animal, já que o fígado não será capaz de 
converter tanta amônia em ureia. 
Intoxicação por amônia e pouca síntese de 
proteínas 
 Logo, é necessário que quantidades 
adequadas e equilibradas de carboidratos e 
proteínas sejam fornecidas na dieta, para 
que a capacidade de 
fermentação do indivíduo 
seja mantida. 
 
Digestão fermentativa de 
lipídios 
O mecanismo é semelhante aos de proteínas e 
carboidratos, mas o destino dos lipídios é 
diferente, já que os ruminante não toleram altos 
níveis de gordura na dieta. 
Entre os principais lipídios presentes na dieta, 
existe os galactoglicerídeos, os quais estão 
presentes em dietas ricas em forragens, ou seja, 
volumoso e, os triglicerídeos, presentes em 
dietas ricas em grãos ou concentrados, 
ingredientes de fáceis digestão. 
As enzimas microbianas agem nos lipídios 
através da hidrólise, gerando glicerol e ácidos 
graxos insaturados. 
De tal modo, o glicerol é fermentado a ácido 
propiônico, um AGV, mas não em quantidades 
considerativas, já que a ingestão de gorduras 
fica em torno de 4 a 10% em ruminantes. Além 
disso, os ácidos graxos insaturados sofrem uma 
hidrogenação no líquido ruminal, quebrando as 
ligações duplas e triplas, além da adição de uma 
molécula de hidrogênio que estava presente no 
líquido ruminal, gerando o meio ambiente 
redutor. Dessa forma, os ácidos graxos 
saturados são facilmente absorvidos pela 
membrana celular da microbiota, servindo como 
reserva energética microbiana. Além disso, os 
lipídios de sobrepaso entram diretamente e 
sofreram a quebra apenas no intestino com a 
ação das lipases, como ocorre nos 
monogástricos. 
Síntese de vitaminas 
As bactérias também promovem uma 
independência em relação ao hospedeiro de 
vitaminas do complexo B e vitamina K, já que 
sintetizam-as. 
Fisiologia dos pré estômagos 
 
 
Conforme a mucosa da cavidade muda, a função 
também acompanha tal mudança. 
Rúmen 
É a maior câmara de absorção, é onde ocorre 
todo o processo fermentativo. Além disso, 
quanto maior a concentração de AGV no lúmen 
do rúmen, maior o estímulo sob as papilas, 
visando um aumento de tamanho e número 
dessas e consequentemente, maior absorção 
dos subprodutos excretados. 
Retículo 
Está conectado ao rúmen e além de possuir as 
cristas da mucosa, possuem pequenas papilas 
que dão a capacidade de absorção de AGV, mas 
em comparação ao rúmen, é bem menor. 
Omaso 
Pequenas papilas que auxiliam na absorção de 
água e eletrólitos. 
Retículo 
Papilas ruminais 
Omaso 
 
Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária 
Fermentação anaeróbica 
Diversos fatores devem ser respeitados, para 
que a fermentação ocorra, como a temperatura 
variando de 39 a 40°C, além da taxa de oxigênio 
baixa quando comparada com CO2, CH4, 
resultantes do catabolismo bacteriano. De tal 
modo, a água oferecida, por exemplo, facilitaria 
a fermentação caso fique exposta ao sol, pois já 
chega em uma temperatura mais alta e não 
atrasa a fermentação. 
Acomodação da ingesta 
Quando o alimento chega no rúmen e não está 
acontecendo a contração, este se acomoda em 
três substratos/capas: 
a. Gasosa → porção dorsal do saco cego. 
b. Líquida → acúmulo de líquido ruminal na 
parte mais ventral. 
c. Sólida → alimento grosso (hoje) + alimento 
fino (ontem). 
Contrações ruminais 
As contrações cíclicas são controladas pelo 
sistema nervoso autônomo parassimpático 
através do nervo vago. Além disso, são 
necessárias, para que haja a fermentação, uma 
vez que promove a mistura de todas as 
substâncias presentes no líquido ruminal e 
também, para que não haja o acúmulo de ácidos 
locais e a eructação e regurgitação, além da 
propulsão para o omaso. 
 
1. Contrações primárias: 
São contrações simples, de mistura e é iniciada 
por uma contração bifásica do retículo, divididaem uma fase de mistura das capas e outra de 
evacuação de gases com a contração do saco 
dorsal. 
a. Estado de repouso do rúmen com gás na 
região do saco dorsal. 
b. Segunda contração do retículo (primeira é 
fraca) levam a ingesta para o saco cranial, 
dilatando-o e, essa contração empurra o gás 
para o saco cego caudodorsal. 
c. Contração do saco cego caudodorsal 
empurra o gás cranialmente até o retículo 
atráves da parede cranial do saco cego 
caudoventral. 
d. Onda de contrações caudais desde o rúmen 
cranioventral (parte da frente do saco 
ventral) até saco cego caudoventral, 
deslocando a bolha de gás pela parede 
caudal do rúmen até a parte superior do saco 
dorsal, juntando com o restante dos gases. 
e. Se não ocorrer contrações secundárias, 
acontece uma migração das contrações do 
saco cego caudoventral em direção cranial. 
2. Contrações secundárias: 
Ocorrem como uma sequência adicional de 
eventos no final de uma sequência primária de 
contrações. Consiste em uma onda contratória 
que se move cranialmente e que tem local de 
origem no saco cego dorsocaudal e continua 
sobre o saco dorsal. 
Tem como função forçar o gás na direção da 
porção cranial do rúmen, para este seja 
excretado pelo esôfago. 
a. Contrações rápidas da parede caudal e do 
saco cego caudodorsal empurram os gases 
que estavam na região superior do saco 
dorsal para a frente, ou seja, cranialmente, 
executando a eructação (saída de gás para o 
esôfago). 
b. As ondas de contração começam a se 
deslocar cranialmente pela parede inferior 
do saco cego caudoventral, causando a 
contração da parede coronária ventral 
(abaixo do saco cego caudodorsal). 
c. O ciclo se encerra com uma última contração 
do rúmen craniocentral (parte da frente do 
saco ventral). 
Ciclo da ruminação 
 
Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária 
Todo o ciclo da ruminação tem como principal 
objtetivo diminuir o tamanho das partículas de 
alimentos ingeridos. Além disso, para que haja a 
ruminação, é fundamental que os pré 
estômagos tenham a capacidade de contração, 
a qual facilita o processo de regurgitação. 
A regurgitação é o momento que o alimento se 
aproxima do orifício rumino-esofágico e que 
coincide com a primeira contração do retículo, o 
que favorece a estimulação da região da cárdia 
pela pressão que a ingesta, que já passou por 
ações digestivas e são menores, faz no local, 
provocando a abertura para o esôfago. Após 
isso, a parede esofágica faz o movimento 
antiperistáltico, o que leva o alimento à boca, 
onde é remastigado, há a secreção de mais 
saliva e é engulido novamente, completando o 
ciclo da ruminação. 
O ruminante jovem 
A principal diferente é no tipo de alimento, já que 
um indivíduo adulto se alimenta de vegetais ou 
de ração ricas em amido (↑AGV ↑energia), 
contudo o animal jovem necessita de diferentes 
fontes de alimento conforme vai amadurecendo 
nas 5 fases de vida até ser um animal adulto. 
Na fase de pré ruminante, é oferecido leite e 
volumoso (matéria vegetal) ao animal, para que 
ocorra um desenvolvimento dos órgãos 
fermentativos (rúmen, retículo e omaso) dos 
animais de forma gradual. Na fase de transição, 
diminui a ingestão de leite e aumenta a fase de 
ingestão de volumoso. 
Quanto menos tempo o animal ficar no 
aleitamento, melhor para as empresas leiteras, 
já que ocorrerá um aproveitamento do leite para 
a venda. Então hoje, há uma grande busca para 
a redução desse tempo com a ingestão de 
substâncias que possam substituir o leite sem 
prejudicar o bezerro/cordeiro no seu 
desenvolvimento. 
O tipo de alimento como volumoso ou 
concentrado variam de acordo com a criação do 
animal e o objetivo em questão, já que o 
concentrado gera uma maior produção de AGV e 
o volumoso (vegetal) é digerido por bactérias 
com baixas taxas metabólicas. Portanto, deve-se 
adequar a dieta do animal conforme a demanda 
que é necessitada da fazenda. 
Nas fases iniciais, é importante oferecer mais 
volumoso, já que, essencialmente, o animal 
comeria este alimento na natureza e a sua 
microbiota é mais adequada a ele. 
 
O abomaso, verdadeiro estômago, é muito mais 
desenvolvido e possui maior volume percentual 
do que o rúmen, retículo e omaso no dia do 
nascimento. A medida que os dias vão 
passando, as taxas do abomaso vão caindo e as 
do rúmen e retículo vão aumentando, porque 
ocorre o desenvolvimento dos órgãos 
fermentativos. 
 
Recém-nascido → 0 a 24h 
Nessa fase, é essencial que ocorra a 
identificação da mãe como mãe, para que ela 
continue a produzir a prolactina. 
De início, ocorre a primeira ingestão de colostro, 
primeira secreção produzida pela mãe, a qual é 
essencial para o desenvolvimento do filhote, já 
que possui altas concentrações de 
componentes importantes, como gordura e 
proteínas, além de fornecer as vitaminas A 
(visão), D e E, as imunoglobulinas, que servirão 
para o fortalecimento da imunidade do animal 
recém-nascido. De tal modo, é importante que o 
animal se alimente do colostro logo horas após 
 
Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária 
o parto, pois conforme acontece a ordenha, as 
concentrações dos componentes essenciais vão 
diminuindo até que chegue no leite 
propriamente dito. 
 
Para mamar, o filhote se posiciona com a cabeça 
inclinada para cima, o leite desce pelo esôfago e 
ocorre um reflexo neuroendócrino que estimula 
a musculatura pelo sistema nervoso autônomo 
parassimpático, fazendo com que a prega 
esofágica funcione como uma espécie de 
“calha/tubo” pelo encurtamento e torção da 
mesma. Assim, no momento que o leite chega, 
ele não passa para o retículo e nem para o 
rúmen, indo diretamente para o omaso e depois 
abomaso. 
 
O abomaso não secreta HCl e nem pepsinogênio 
nas primeiras 24 horas de vida do cordeiro, logo 
as imunoglobulinas e outras substâncias que 
são repassadas ao filhote não são digeridas e 
entram de forma íntegra para desenvolvimento 
do animal. Além disso, os enterócitos, células do 
estômago, ainda não estão em grande 
quantidade, o que permite um maior espaço 
paracelular para passagem de anticorpos até a 
corrente sanguínea. 
 
Diferentemente ocorre quando o animal bebe 
água, fornecida no cocho, o que não permite que 
o animal levante a cabeça. Dessa forma, a prega 
esofágica não é formada e a água entra no 
retículo e rúmen, auxiliando na formação do 
líquido ruminal. 
Pré-ruminante → 3 semanas, 21 dias 
Nessa fase, o leite ainda é o alimento principal, 
mas também, há o início da alimentação sólida. 
Ocorre ainda o reflexo da goteira esofágica, além 
de ocorrer o reflexo da descida do leite. Assim 
que o bezerro mama na teta da vaca, estimula 
os receptores aferentes do local e estes 
mandam a informação até o hipotálamo. Lá, 
ocorre a produção de ocitocina que será 
secretada pela neurohipófise. Este hormônio 
age na musculatura lisa da glândula mamária, 
promovendo uma contração dos alvéolos, o leite 
sai do lúmen da glândula, vai para a cisterna e, 
posteriormente, para a boca do filhote. 
Pode ser feito tanto pelo bezerro quanto pela 
ordenha artificial. 
 
Transicional → 8 semanas, 56 dias 
Ingestão de leite é diminuída e a ingestão de 
alimentos sólidos aumenta, para que a 
substituição seja feita de forma gradativa. 
Ocorre o início da colonização microbiona do 
rúmen, retículo e omaso, além do 
desenvolvimento das papilas ruminais, já que há 
uma maior quantidade de alimentos passando 
para os compartimentos que antes, eram 
 
Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária 
desviados pela goteira esofágica. De tal modo, 
começa também as motilidades ruminais, já que 
há ruminação e o processo de mistura e de 
eliminação de gases são necessários. Logo, a 
ruminação e a salivação aumentam 
gradativamente, para que ocorra uma digestão 
efetiva do alimento ingerido. 
Pré-desmame → 16 semanas, 112 diasIngestão de leite é mais menor ainda e a 
ingestão de alimentos sólidosé mais presente na 
dieta, ou seja, nessa fase, é o momento logo 
antes do animal ser um ruminante propriamente 
dito e independente da ingestão de leite. 
De tal medo, os pré-estômagos e glândulas 
salivares estão bem desenvolvidos, quase 
prontos para exercer suas funções da maneira 
adequada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mayrane Carvalhal – Acadêmica de Medicina Veterinária

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