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ROTEIRO DO LABORATÓRIO MORFOFUNCIONAL CURSO DE MEDICINA Orientadores: Arannadia Barbosa Ermilton Freitas Karyne Oliveira Rômulo Dayan Alterações Hereditárias, Congênitas e Teratogênicas OBJETIVOS: 1. Conhecer as principais alterações cromossômicas; 2. Conhecer e caracterizar teratógenos (físicos, químicos e biológicos). Anormalidades cromossômicas ocorrem com muito mais frequência do que geralmente se imagina. Estima-se que aproximadamente um em 200 recém-nascidos tenha alguma forma de anormalidade cromossômica. O número é bem maior em fetos que não sobrevivem ao termo. Estima-se que, em 50% dos abortos espontâneos no primeiro trimestre, o feto tenha uma anormalidade cromossômica. Distúrbios citogenéticos podem resultar de alterações no número ou na estrutura dos cromossomos e afetar cromossomos autossômicos ou sexuais. Fonte: Vinay Kumar... [et al]. Robbins, patologia básica [tradução de Claudia Coana... et al.]. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 01) Com auxílio do livro de genética, lâminas, livros texto, sites, para alcançar os objetivos solicitados abaixo: Um cariótipo é uma representação fotográfica de uma distribuição de metáfase marcada com coloração em que os cromossomos estão arranjados em ordem de tamanho decrescente. O uso de técnicas de bandeamennto permite a identificação de cada cromossomo e é possível detectar e localizar anormalidades estruturais grandes o suficiente para produzirem mudanças no padrão de bandeamento. • Identifique o cariótipo feminino • Identifique o cariótipo masculino 02) Com o auxílio do livro de patologia, caracterize euploide; poliploide; aneuploide; trissômico e monossômico. Euploide: qualquer múltiplo exato do número haploide (n) gera euploidia. (ROBBINS) Poliploide: é uma pessoa que tem um número de cromossomos que representa um múltiplo do número haploide de 23, em vez do número diploide. (MOORE) Aneuploide: é um indivíduo que apresenta um número de cromossomos que não corresponde a um múltiplo exato do número haploide de 23. (MOORE) Monossomia: se refere à existência de apenas um membro de um par de cromossomos (2n - 1). (PORTH) Trissomia: presença de 03 cópias de cromossomos em um determinado par cromossômico (2n +1). (MOORE) 03) A figura abaixo ilustra tipos de rearranjos cromossômicos. Com o auxílio do livro de patologia, caracterize translocações, isocromossomos, deleções, inversões e cromossomos em anel. As alterações estruturais nos cromossomos resultam, em geral, em quebra cromossômica, seguida de perda ou rearranjo de material. (ROBBINS) Entre fatores que se acredita causarem quebras cromossômicas encontram- se a exposição a fontes de radiação, influência de produtos químicos, mudanças extremas no ambiente celular e infecções virais. (PORTH) 1. Translocação: transferência da parte de um cromossomo a outro. Este processo é, em geral, recíproco; há troca de fragmentos entre dois cromossomos. Quando todos os fragmentos quebrados são trocados, a translocação recíproca balanceada resultante não é nociva ao portador, que possui a quantidade normal de cromossomos e o complemento total do material genético. Porém, durante a gametogênese, formam-se gametas anormais (desbalanceados), resultando em zigotos anormais. A translocação do tipo fusão cêntrica ou robertsoniana, é um padrão especial de translocação que envolve dois cromossomos acrocêntricos; as quebras ocorrem próximas ao centrômero, afetando os braços curtos de ambos os cromossomos. A transferência dos fragmentos leva à formação de um cromossomo grande e outro curo. Os fragmentos curtos são perdidos, e o portador possui 45 cromossomos. Os braços curtos dos cromossomos acrocêntricos carregam genes redundantes, logo, as perdas são compatíveis com a sobrevivência, mas surgem dificuldades durante a gametogênese, levando à formação de gametas desbalanceados, que pode resultar na formação de descendentes anormais. (ROBBINS) A principal importância clínica deste tipo de translocação é que os portadores de uma translocação robertsoniana envolvendo o cromossomo 21 têm maior probabilidade de gerar uma criança com síndrome de Down. (PORTH) 2.Isocromossomos: são formados quando o centrômero divide-se horizontalmente em vez de verticalmente. Um dos dois braços do cromossomo é perdido, e o outro é duplicado, resultando em um cromossomo com apenas dois braços curtos, ou dois braços longos. (ROBBINS) 3. Deleções: envolve a perda de uma porção de um cromossomo. O fragmento isolado, com ausência de um centrômero, quase nunca sobrevive e, com isso, muitos genes são perdidos. (ROBBINS) 4.Inversões: ocorrem quando se têm duas quebras intersticiais em um cromossomo, e o segmento é reunido após uma volta completa. (ROBBINS) 5. Cromossomo em anel: variante da deleção. Após a perda de segmentos de cada extremidade do cromossomo, os braços unem-se formando um anel. (ROBBINS) 04) Com o auxílio do livro de patologia e genética básica, caracterize e aponte as principais manifestações clínicas dos distúrbios abaixo: * Distúrbios Citogenéticos envolvendo Autossomos a) Trissomia 21 (Síndrome de Down Familiar): - 95% dos indivíduos afetados: trissomia do 21; contagem cromossômica é 47; causada pela não disjunção meiótica; a idade materna tem influência, porém a razão pela qual há maior suscetibilidade sofrer a não disjunção com o passar dos anos ainda não foi totalmente esclarecida. - 4% translocação robertsoniana: o material cromossômico adicional está presente como uma translocação do braço longo do cromossomo 21 para o cromossomo 22 ou para o 14; o cromossomo translocado é herdado de um dos progenitores, que é o portador dessa translocação robertsoniana. - 1% dos pacientes com trissomia do 21 é mosaico: ocorre uma mistura de células com 46 e 47 cromossomos; resultado da não disjunção mitótica do cromossomo 21 durante uma fase inicial da embriogênese; nesse caso as manifestações clínicas são variáveis e mais brandas, dependendo da proporção de células anormais. Características clínicas: - Perfil achatado, fissuras palpebrais oblíquas e pregas epicânticas (imediatamente identificadas no nascimento); - Retardo mental grave - QI de 25 a 50; porém, mosaicos com SD podem ter inteligência normal ou próximo do normal; - 40% possuem doença cardíaca congênita (defeitos no septo atrial/ventricular, malformações de válvulas atrioventriculares; - Atresia do esôfago e do intestino delgado; - Risco de 10 a 20 vezes maior de desenvolver leucemia aguda; - Pacientes com mais de 40 anos desenvolvem alterações neuropáticas características da doença de Alzheimer; - Respostas imunes anormais que os predispõem a infecções graves, particularmente nos pulmões, e à doença autoimune da tireoide. (ROBBINS) b) Trissomia 18 (Síndrome de Edwards): A incidência é de 1 em 8000. Tipos: trissomia do 18 e mosaico. Características clínicas: - Deficiência mental; - Retardo do crescimento; - Occipúcio proeminente (parte inferior e posterior da cabeça formada pelo osso occipital); - Esterno curto; - Defeito do septo ventricular; - Micrognatia (deformação da mandíbula inferior, que é menor do que o normal); - Orelhas malformadas e de baixa implantação; - Dedos flexionados e unhas hipoplásicas; - Planta dos pés arqueados. (MOORE) c) Trissomia 13 (Síndrome de Patau): A incidência é de 1 em 12000. Tipos: trissomia do 13, mosaico e translocação com o cromossomo 14. Características clínicas: - Deficiência mental e malformação grave do SNC; - Testa inclinada; - Orelhas malformadas e defeitos no couro cabeludo; - Microftalmia; - Fenda labial e/ou palatina bilateral; - Polidactilia; - Proeminência posterior dos calcanhares. (MOORE) DADO: A maioria dos pacientes com síndrome de Edwards ou Patau não completam 1 ano de vida. * Distúrbios Citogenéticos Envolvendo Cromossomos Sexuais: d)Síndrome de Klinefelter: A síndrome de Klinefelter é definida melhor como hipogonadismo masculino que se desenvolve quando existem pelo menos dois cromos-somos X e um ou mais cromossomos Y. A maioria dos pacientes afetados tem um cariótipo 47,XXY. Esse cariótipo resulta da não disjunção dos cromossomos sexuais durante a meiose. O cromossomo X extra pode ser de origem materna ou paterna. Idade materna avançada e história de radiação no pai ou na mãe podem contribuir para o erro meiótico que resulta nessa condição. A síndrome de Klinefelter está associada a ampla gama de manifestações clínicas. Em algumas pessoas, ela pode ser expressada apenas como hipogonadismo, porém a maioria dos pacientes tem compleição física com aumento no comprimento entre as solas dos pés e o osso púbico criando aparência de corpo alongado. Também característica é a compleição física eunucoide. Menos pelos faciais, corporais e pubianos e ginecomastia também são vistos com frequência. O tamanho dos testículos é bastante reduzido, às vezes para apenas 2 cm na dimensão maior. Paralelamente à atrofia testicular, os níveis séricos de testosterona são menores do que o normal, e os níveis urinários de gonadotrofina são elevados e) Síndrome de Turner: Caracteriza-se pelo hipogonadismo primário em mulheres fenotípicas, origina-se da monossomia parcial ou completa do braço curto do cromossomo X. - Em 57% das pacientes, há completa ausência do cromossomo X, originando o cariótipo 45, X. Essas são as mais gravemente afetadas, e o diagnóstico geralmente pode ser realizado ao nascimento ou no início da infância. Características clínicas: Atraso no crescimento (estatura anormalmente baixa); aumento de volume na nuca em decorrência da distensão de vasos linfáticos, que causa pescoço alado; implantação capilar baixa; cúbito valgo; tórax em forma de escudo, com aumento da distância entre os mamilos; palato ogival; linfedema de mãos e pés, e uma variedade de malformações congênitas, como rins em forma de ferradura, válvula aórtica bicúspide e coarctação da aorta. Na adolescências, as meninas não desenvolvem características sexuais secundárias normais. A maior parte das pacientes possui amenorreia primária. A condição mental geralmente é normal. Há hipotireoidismo usado por autoanticorpos. Na síndrome de Turner, os ovários fetais desenvolvem- se normalmente no início da embriogênese. Entretanto, a ausência do segundo cromossomo X leva a uma perda acelerada dos ovócitos, que se torna completa aos 2 anos de idade. De certa forma, portanto, “a menopausa ocorre antes da menarca”, e os ovários são reduzidos a faixas fibrosas atróficas, com ausência de óvulos e folículos (ovários em fita). - Aproximadamente 43% das pacientes com a síndrome de Turner são mosaicos (uma das linhagens de células sendo 45,X), ou então possuem anormalidades estruturais do cromossomo X. A mais comum é a deleção do braço curto, levando à formação de um isocromossomo do braço longo. (ROBBINS) * Distúrbios monogênicos com padrões de Hereditariedade Atípicos f) Doenças causadas por mutações de repetição de tripleto: Síndrome do X Frágil (síndrome de Martin-Bell): Ocorre a amplificação de grupos específicos de três nucleotídeos em um gene, comprometendo sua função. Essa síndrome origina-se de uma mutação no gene FMR1, localizado no Xq27.3, e é a segunda causa genética mais comum de retardo mental. Na população normal, o número de repetições da sequência CGG no gene FMR1 é pequeno, com média de cerca de 29; já nos indivíduos afetados, há de 200 a 4.000 repetições. Características clínicas: 1. Homens clinicamente afetados possuem retardo mental variando de moderado a grave. Algumas crianças podem ser inicialmente diagnosticadas com sintomas semelhantes ao autismo. O fenótipo inclui face alongada com mandíbula aumentada, orelhas grandes e evertidas, e testículos aumentados. 1. Mulheres clinicamente afetadas podem apresentar características de comprometimento cognitivo brando ou outros distúrbios comportamentais; desenvolvimento de características de comprometimento reprodutivo prematuro. Fenômeno da antecipação: Os achados clínicos do X frágil se agravam a cada geração, como se a mutação se tornasse cada vez mais deletéria, conforme vai sendo transmitida de um homem para seus netos e bisnetos do sexo masculino. (ROBBINS) g) Doenças causadas por mutações em genes mitocondriais: A herança do DNA mitocondrial está associada com a herança materna. Logo, o DNA mitocondrial do zigoto é totalmente derivado do óvulo. Assim, somente as mães podem transmitir genes mitocondriais à progênie, tanto feminina quanto masculina. As doenças causadas por mutações em genes mitocondriais são raras. Como o DNA mitocondrial codifica enzimas envolvidas com a fosforilação oxidativa, as doenças causadas por esses genes afetam os órgãos mais dependentes da fosforilação oxidativa (SNC, músculo esquelético, músculo cardíaco, fígado e rim). A neuropatia óptica hereditária de Leber é o distúrbio prototípico deste grupo. Esta doença degenerativa manifesta-se como uma perda progressiva bilateral da visão central que culmina com a cegueira. (ROBBINS) h) Doenças associadas a alteração nas regiões “imprintadas” do genoma: Síndromes de Prader-Willi e Angelman O imprinting genômico envolve o silenciamento transcricional de cópias paterna ou materna de determinados genes durante a gametogênese. Para estes genes, existe somente uma cópia funcional no indivíduo. A perda do alelo funcional (que não sofreu imprinting) por deleções leva ao aparecimento das doenças. Síndrome de Prader-Willi: Caracteriza-se por retardo mental baixa estatura, hipotonia, obesidade, mãos e pés pequenos, e hipogonadismo. A deleção afeta o cromossomo 15 paterno. Síndrome de Angelman: Possuem retardo mental, marcha atáxica, convulsões e riso inapropriado. Devido ao riso e à ataxia, esta síndrome é chamada síndrome do “boneco feliz”. A deleção afeta o cromossomo 15 materno. (ROBBINS) 05) Leia os artigos listados abaixo. Em seguida elabore um quadro com a descrição dos principais achados clínicos e suas respectivas patológicas. a) http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/view/29497/22548 b) http://bibliotecadigital.unec.edu.br/ojs/index.php/esaudecasu/article/viewFile/477/578 c) http://www.periodicos.univag.com.br/index.php/SeminSaude/article/view/904/1082 d) http://periodicos.pucminas.br/index.php/sinapsemultipla/article/view/10097 Patologia Etiologia Características Diagnóstico (Fenótipo) Fatores genéticos Achados clínicos Síndrom e de Down Trissomia do cromossomo 21 Deficiência mental; braquicefalia, ponte nasal achatada; inclinação superior das fissuras palpebrais; língua projetada; prega simiesca; clinodactilia do quinto dedo da mão; defeitos congênitos do coração; anomalias do trato gastrointestinal; olhos amendoados, maior propensão ao desenvolviment o de algumas doenças e hipotonia muscular. estatura baixa, pescoço curto com pele frouxa na nuca. Adicionalmente, com implantação baixa da orelha e língua saliente. grande maioria das trissomias deriva de erros meióticos ocorridos no material genético materno. De acordo com um estudo americano, por exemplo, apenas 5% dos casos de trissomia derivam de erros meióticos ocorridos no material genético paterno. Olhos oblíquos semelhantes aos dos orientais, rosto arredondado e orelhas pequenas; Hipotonia; Mãos menores com dedos mais curtos e prega palmar única em cerca de metade dos casos; Há tendência à obesidade e a doenças endócrinas, como diabetes e problemas como hipotireoidismo ; Comprometimento intelectual e, consequentemente, aprendizagem mais lenta. Síndrom e de turner É uma desordem cromossômica com fenótipo feminino. Monossomia total ou parcial do cromossomo X Anomalias ósseas, linfáticas e cardiovasculares. Sendo um dos sinaismais importantes o déficit de crescimento, manifestação precoce. Déficit de crescimento, baixa estatura, disgenesia gonadal, imaturidade sexual e anormalidades nas funções O histórico familiar não parece ser um fator de risco, por isso é pouco provável que os pais de uma criança com síndrome de Turner tenham outra com o transtorno. Além A baixa estatura é o principal motivo da consulta e pode estar relacionada com a perda do gene homeobox (SHOX), que está localizado no Xp22 e http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/view/29497/22548 http://bibliotecadigital.unec.edu.br/ojs/index.php/esaudecasu/article/viewFile/477/578 http://www.periodicos.univag.com.br/index.php/SeminSaude/article/view/904/1082 http://periodicos.pucminas.br/index.php/sinapsemultipla/article/view/10097 https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/diabetes/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/hipertireoidismo-e-hipotireoidismo/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/hipertireoidismo-e-hipotireoidismo/ reprodutiva e cognitiva disso, ao contrário das trissomias como a trissomias do cromossomo 21 (Síndrome e Down) que aumentam sua incidência com o aumento da idade materna, a Síndrome de Turner tem a mesma incidência independentemente da idade da mulher. no Yp11.3. A haploinsuficiência do gene SHOX é responsável por 2/3 da baixa estatura observada nessas pacientes, porém a insuficiência ovariana e outros aspectos dismórficos são causados pela perda de outras regiões do cromossomo sexual. O hipogonadismo também faz parte da síndrome. Síndrom e de Patau A causa genética pode estar ligada a três formas distintas: mosaicismo da trissomia do 13, translocação do 13 ou a trissomia completa do 13 Malformações congênitas, incluindo comprometimen to do sistema nervoso central, cardíaco, circulatório e urogenital, além de defeitos estruturais faciais e déficit intelectual. Normalmente é reconhecida pela presença de uma tríade clínica de sinais: microftalmia, polidactilia e fissura palatina. Tem origem no gameta feminino e ocorre devido à não disjunção dos cromossomos durante a anáfase 1 da meiose. Essa situação dá origem a gametas com 24 cromátides, invés de 23. Assim, o cromossomo 13 do óvulo, ao se unir com o cromossomo 13 do espermatozoide resulta num embrião com trissomia. Cariótipo com resultado 47, XX, +13. Exames oftalmológicos detectaram nanoftalmia, catarata bilateral, descolamento total da retina em ambos os olhos. A avaliação neurológica mostrou que a paciente apresenta aspecto hipoplásico da ponte, bulbo e corpo caloso e ausência do nervo hipoglosso esquerdo. 06) Conceitue agente teratogênico. Qualquer agente que atue durante o desenvolvimento embrionário ou fetal de maneira a causar uma alteração irreversível da forma ou da função. Desse modo, um teratógeno pode ser um fármaco ou outra substância química, um fator físico ou ambiental (p. ex., calor ou radiação), um metabólito materno (p. ex., como ocorre na fenilcetonúria ou no diabetes), ou uma anormalidade genética ou infecção. (WILLIAMS) 07) Durante o período embrionário e fetal, aponte os momentos de maior e menor risco de ocorrência de alterações morfológicas anormais (teratogênicas). O desenvolvimento do embrião pode sofrer perturbações mais facilmente durante o período em que estão ocorrendo a diferenciação e o desenvolvimento dos órgãos. A organogênese, se estende do 15º ao 60º dia após a concepção. (PORTH) No período embrionário - entre a terceira e a oitava semanas, o embrião encontra-se extremamente suscetível à teratogênese, com a sensibilidade atingindo o pico entre a quarta e quinta semanas, durante este período, os órgãos estão se formando a partir das camadas de células germinativas. No período fetal - há uma significativa redução da suscetibilidade aos agentes teratogênicos; porém, o feto torna-se suscetível ao retardo do crescimento ou a lesões a órgãos já formados. (ROBBINS) 07) Explique de forma sucinta como os agentes teratogênicos abaixo podem atuar. Em seguida, aponte o mecanismo de teratogenicidade, dê exemplos de agentes teratógenos e doenças relacionadas à exposição. a) Radiação: Altas doses de radiação ionizante têm efeito teratogênico e mutagênico e a capacidade de efetuar alterações hereditárias no material genético. Níveis excessivos de radiação causam microcefalia, malformações ósseas e retardo mental. Foi demonstrado que a administração de doses terapêuticas de iodo radioativo (131I), durante a 13ª semana de gestação, momento em que a tireoide do feto começa a concentrar iodo, interfere no desenvolvimento da tireoide. (PORTH) O iodo-131 radioativo é usado para tratar câncer de tireoide, tireotoxicose e linfoma não Hodgkin. O iodo radioativo está contraindicado durante a gravidez porque atravessa facilmente a placenta e, em seguida, concentra-se na glândula tireoide do feto em torno de 12 semanas. O iodo causa hipotireoidismo fetal irreversível e pode aumentar o risco de desenvolver câncer de tireoide na infância. (WILLIAMS) b) Agentes Infecciosos: Muitos microrganismos são capazes de atravessar a placenta e entrar na circulação fetal, muitas vezes produzindo malformações múltiplas. A sigla TORCH - toxoplasmose, outros, rubéola, citomegalovírus e herpes - indica os agentes mais implicados como causa de anomalias fetais. Outros agentes incluem a infecção pelo vírus da varicela-zóster, leptospirose, vírus Epstein-Barr, tuberculose e sífilis. As manifestações clínicas e patológicas mais comuns incluem atraso no crescimento e anormalidades cerebrais (microcefalia, hidrocefalia), olhos, ouvidos, fígado, sistema hematopoético (anemia, trombocitopenia), pulmões (pneumonite) e coração (miocardite, doenças cardíacas congênitas). (PORTH) c) Substâncias Químicas e Drogas: Os produtos químicos e medicamentos, são capazes de produzir efeitos citotóxicos (que matam as células), antimetabólicos ou efeitos inibidores do crescimento do feto ou embrião em desenvolvimento. Os fármacos conseguem atravessar a placenta e expor o feto tanto a efeitos farmacológicos quanto a efeitos teratogênicos. Os fatores que afetam a transferência placentária de uma determinada substância e seu efeito sobre o feto incluem a taxa com a qual o fármaco cruza a placenta, a duração da exposição e a fase de desenvolvimento da placenta e do feto no momento da exposição. Vários medicamentos têm sido considerados teratogênicos; o mais conhecido desses fármacos é a talidomida, que foi demonstrado dar origem a uma série de malformações, incluindo focomelia (encurtamento dos membros, que ficam com aparência semelhante aos de uma foca) dos quatro membros. Outras substâncias conhecidas por causar anomalias fetais são os antimetabólitos utilizados no tratamento do câncer, o anticoagulante varfarina, diversos medicamentos anticonvulsivantes, álcool e drogas. Mais recentemente, a preocupação com os efeitos teratogênicos de derivados da vitamina A surgiu com a introdução da substância antiacne isotretinoína. As substâncias são classificadas em cinco categorias: A, B, C, D e X. Substâncias que pertencem à categoria A são as menos perigosas, aumentando a probabilidade de risco gradativamente nas categorias B, C e D. As substâncias da categoria X são contraindicadas durante a gravidez devido a sua comprovada teratogenicidade. Alguns dos agentes teratogênicos ambientais mais bem documentados são os mercuriais orgânicos, que causam déficits neurológicos e cegueira. (PORTH) d) Deficiência de Ácido Fólico: A deficiência de ácido fólico tem sido implicada no surgimento de defeitos do tubo neural (DTN) (p. ex., anencefalia, espinha bífida, encefalocele). Portanto, recomenda-se que todas as mulheres em idade fértil recebam 400 µg (0,4mg) de ácido fólico diariamente e só depois tentem engravidar. No caso de mulheres com risco aumentado para DTN, incluindo aquelas que já tiveram uma gestação afetada e outras que tomam anticonvulsivantes específicos, a recomendação é de 4 mg/dia de ácido fólico. (PORTH) OBS.: Substâncias de peso molecular, lipossolúveis e não ionizadas tem mais facilidade de passar pela placenta. 08) Utilizando o livro de patologia, caracterize a Síndrome Alcoólica Fetal. É um grupo de anomalias fetais físicas, comportamentais e cognitivas que ocorrem secundariamente à ingestão de álcool durante a gestação. O álcool atravessa livremente a barreira placentária. As concentrações de álcool no feto são pelo menos tão elevadas como na mãe. Os efeitos nocivos do álcool não se restringem ao período do início da gravidez, mas se estendem durante toda a gestação. Critérios para diagnóstico de SAF: 1. Três anomalias faciais (philtrum indistinto, borda vermelha do lábio superior fina e fissuras palpebrais pequenas) 2. Déficits de crescimento (altura ou peso pré-natal ou pós-natal, ou ambos, abaixo do percentil 3. Anormalidades do SNC (p. ex., perímetro cefálico abaixo do percentil 10, déficits cognitivos ou intelectuais globais, atraso na função motora, problemas de atenção ou hiperatividade). (PORTH) REFERÊNCIAS 1. VINAY KUMAR et al. Robbins, patologia básica - Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 2. PORTH, C. M. Fisiopatologia. v. 1. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 3. NIEMEYER B et al. / Síndrome congênita pelo vírus Zika e achados de neuroimagem: o que sabemos até o momento?. Radiol Bras. v. 50 n. 5 PP. 314–322. 2017. 4. BECKER, R. O. Genética básica [recurso eletrônico] / Roberta Oriques Becker, Barbara Lima da Fonseca Barbosa; [revisão técnica : Liane Nanci Rotta]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
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