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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INTRODUÇÃO A SOCIOLOGIA – TURMA A Fichamento do Capítulo Émile Durkheim de Raymond Aron Da Divisão Social do Trabalho - Foi o primeiro livro escrito por Durkheim, tese de doutoramento, muito influenciado por Comte e o livro mostra as relações entre indivíduo e sociedade. - Trata de dois tipos de Solidariedade, a Mecânica e a Orgânica: -Solidariedade Mecânica: são sociedades formadas por semelhança, os indivíduos diferem pouco uns dos outros. Compartilham dos mesmos sentimentos, valores, símbolos sagrados. A consciência coletiva abrange a maior parte das consciências individuais, com isso, uma sociedade de solidariedade mecânica é orientada por imperativos e proibições sociais. O grupo mantém a coesão porque os indivíduos ainda não se diferenciaram um dos outros. Então Durkheim tira uma de suas maiores premissas, a de que o indivíduo não vem em primeiro lugar. Um dos maiores exemplos de solidariedade mecânica são as comunidades mais primitivas. - Solidariedade Orgânica: a coletividade resulta da diferenciação, com isso realiza-se o consenso. E um exemplo que o próprio Durkheim dá é o dos órgãos do corpo humano, que são diferentes, tem funções diferentes, mas mantém um bom funcionamento em todo o corpo. Os indivíduos tem liberdade de crer, querer e agir, mas um ponto negativo é o enfraquecimento das reações coletivas contra violação das proibições. Exemplos de sociedades de solidariedade orgânica são as que têm divisão social do trabalho. - Segmento é um grupo social bem ligado. É mais presente nas sociedades de solidariedade mecânica, mas pode ser que exista sobrevivências de segmento numa sociedade com divisão do trabalho. - O autor faz a diferenciação entre sociedades segmentadas e as de divisão de trabalho associada as duas solidariedades. - A divisão do trabalho que Durkheim estuda não se confunde com o que os economistas imaginam. A busca racional do aumento da produção não pode explicar a diferenciação social, pois a busca pressupõe a diferenciação social, que só veio existir após a criação de uma solidariedade orgânica. - Consciência Coletiva: o conjunto de crença dos sentimentos comuns a média dos membros de uma sociedade, esse conjunto forma um sistema determinado que tem vida própria. Os indivíduos passam, mas a consciência coletiva fica. Quanto mais forte for a consciência coletiva em uma sociedade, maior é a indignação com o crime. - “Durkheim deduz uma ideia que manteve por toda a sua vida, e que ocupa o centro de toda a sua sociologia: O indivíduo nasce da sociedade, não a sociedade que nasce do indivíduo.” (301) - Dessa ideia, ele tira dois sentidos para o primado da sociedade sobre o indivíduo: a primeira é sobre a prioridade histórica, onde a consciência individual está fora de si. As sociedades coletivistas, onde um se parece com todos, vem historicamente em primeiro lugar. A segunda é uma prioridade lógica. Mostrando que não se pode explicar os fenômenos da solidariedade orgânica a partir dos indivíduos, já que essa foi posterior a solidariedade mecânica. - Uma das ideias fundamentais de sua carreira foi a definição da sociologia como a prioridade do todo sobre as partes. O conceito de divisão do trabalho para Durkheim é que ela é uma estrutura para toda a sociedade, sendo a divisão técnica ou econômica só uma manifestação. - Sobre a metodologia ele fala que para estudar um fenômeno social é preciso estuda-lo de fora, procurando encontrar meio de se chegar ao estado de consciência sem perguntar diretamente sobre ele. - Direito Repressivo: que pune as faltas e crimes. Revela a consciência coletiva nas solidariedades mecânicas. - Direito Restitutivo: repor as coisas em ordem quando uma falta foi cometida, organizar a cooperação entre os indivíduos. Os direitos, administrativo e constitucional, são exemplos de direito cooperativo. Presente, essencialmente, em sociedades de solidariedade orgânica. - Crime: é um ato proibido pela consciência coletiva, em termos sociológicos. Não importa se parecer inocente a um de outra sociedade, o crime só pode ser estudado de fora com a consciência coletiva da sociedade estudada. É um conceito bem relativo. Criminoso, sociologicamente, é aquele que deixou de obedecer as leis do Estado. - Sanção: Para Durkheim, não tem por finalidade prevenir ou amedrontar outros indivíduos, mas sim satisfazer a consciência comum, que foi ferida por esse ato. Durkheim considera essa teoria bem melhor do que a concepção racionalista. - Durkheim não concorda com os contratualistas, mas acha que sua teoria tem alguma importância. - Tenta explicar a causa do surgimento de uma divisão do trabalho nas sociedades modernas. Tenta mostrar que não foi por causa de infelicidade ou que tivesse sido o enfado. É verdade que há mais prazeres nas sociedades modernas, mas essa não seria a causa, mas o resultado da diferenciação social. Chega a conclusão de que a divisão é um fenômeno social por isso deve ser explicado por um outro fenômeno social, uma combinação de volume (número de indivíduos), densidade material (número de indivíduos em relação ao solo) e moral (intensidade das comunicações e trocas entre esses indivíduos) da sociedade. Então, ele usa uma explicação Darwinista de que a divisão se daria pelo luta pela vida, sendo ela uma solução pacífica. - O indivíduo é a expressão da coletividade. O Suicídio - Tem uma forte ligação com a Divisão do Trabalho Social, mostrando o desenvolver dos fatos, na passagem da solidariedade mecânica para a orgânica, o aumento da felicidade das pessoas e a liberdade delas em relação aos outros e o Estado. Mas, começa a perceber o fenômeno do suicídio como crescente nas sociedades modernas, expressão e prova de certos traços, talvez patológicos, da organização atual da vida coletiva. - Fala ainda na Divisão do Trabalho a questão da anomia, quando o estado começa a desfuncionar, ou falhar na sua obrigação de coesão social entre os indivíduos. Mostra o problema das sociedades modernas como o excesso de individualidade, ou descontentamento com sua parte no trabalho. - O problema central das sociedades modernas é a relação do indivíduo com a coletividade, pois o homem se tornou consciente demais para aceitar quaisquer imperativos sobre si. - O Suicídio trata de um aspecto patológico com relação entre os indivíduos e a coletividade, Durkheim quer mostrar até que ponto a sociedade influencia nesse ato tão individual como o individuo tirar sua própria vida. Durkheim define o suicídio como “todo caso de morte provocado direta ou indiretamente por um ato positivo ou negativo realizado pela própria vítima e que ela sabia que deveria provocar esse resultado” - Ato positivo: atirar contra si mesmo. (Morte Direta) - Ato negativo: se recusar a sair de uma casa em chamas, ou parar de comer, um exemplo é uma greve de fome. (Morte Indireta) - Ele coloca em conta também os modos de suicídios que achamos heroicos, não só os mais conhecidos, são eles as viúvas indianas, os comandantes de navios que se recusam a sair, entre outros. - Taxa de suicídio é a frequência dos suicídios em relação a uma população determinada. -As estatísticas mostram que os suicídios são constantes. A tarefa do sociólogo é tentar relacionar esses números com o que os levou a aumentar ou diminuir, quais foram os fenômenos sociais. A principal tarefa é relacionar os suicídios, que é o fenômeno individual com a taxa de suicídio que o fenômeno social. - Durkheim se afasta das explicações patológicas e psicológicas de que as pessoas que se suicidam porque tem um distúrbio mental, dadas por médicos e psicólogos, que analisam suicídios individuais. Durkheim afirma que a causa do suicídio não é patológica, mas sim social. - Estuda as religiões e vê que a amais alienada é a judaica, mas é a que tem menor taxa de suicídio. Tentamostrar que não há relação entre suicídio e hereditariedade, e mostra que a taxa aumenta conforme aumenta a idade. Tenta mostrar também que o suicídio não tem nada haver com imitação. No que diz respeito a imitação ele diz que três coisas se confundem: - Fusão de Consciências: os mesmos sentimentos afetam um grande número de pessoas. Exemplo: Massa Revolucionária - O segundo é a adaptação do indivíduo à coletividade, de forma a se comportar como os outros, sem haver fusão de consciências. Exemplo: Moda, como imperativo social. - O ultimo é a imitação propriamente dita que é um ato que aconteceu antes de outro semelhantemente sem que no intervalo de tempo entre a representação e a execução não existisse pensamento. Como se fosse mecânico, impensado. - Diferença entre contágio e epidemia. Contágio é um fenômeno interindividual ou individual, já a epidemia é um fenômeno coletivo, que pode ser transmitida por contágio. - Durkheim afirma que se o suicídio fosse por contágio seria possível traçar um mapa (através das estatísticas) em que as regiões centrais teriam taxas elevadas e iam se disseminando para a região metropolitana. - Após coletadas as informações Durkheim teria que achar uma tipologia. Descobriu que os suicídios são de 100 a 300 por milhão. Descobre 3 tipos de suicídio: - Suicídio Egoísta: Se refere a fatos como família (casamento e filhos) e religião. Varia com a idade, quanto mais velho, maiores são as taxas, também é maior nos homens do que nas mulheres e entre as religiões a que tem maior índice é a protestante. Descobre que não é o casamento que protege, mas sim a família e os filhos. As mulheres sem filhos podem sofrer de frustração. Os homens e mulheres sozinhos tendem ao suicídio, pois seus desejos são infinitos. (Apatia e ausência de vínculo com a vida) -Suicídio Altruísta: É o contrário do egoísta, que acontece por excessiva individualidade, no altruísta é a completa ausência de individualidade. O individuo se mata devido a imperativos sociais, sem pensar no seu próprio direito a vida. Se confundem com o grupo a que pertencem. Um exemplo são suicídios das mulheres indianas, capitães de navios e o crescente número de militares. (energia e paixão) - Suicídio Anômico: revela que há relação entre os suicídios com o ciclo econômico. Nos momentos de crises e o que mais surpreende, nos momentos de prosperidade. Durantes os grandes eventos políticos o número de suicídios é menor. Cresce, juntamente, com o número de divórcios, na maioria homens. Acontece nas sociedades modernas. (irritação com as decepções da vida moderna) - Os suicídios atravessam a coletividade e chegam aos indivíduos que tem problemas psíquicos, mas sustenta que primeiramente vem o problema social que afeta o psicológico do indivíduo. - Na sociedades modernas o suicídio é crescente, mas Durkheim mostra que a única instituição que não falha na diminuição dessa taxa é o trabalho. A família falha e religião também. - A principal ideia tirada dessa taxa de suicídio é a seguinte: “ abandonado a si mesmo, o homem é movido por desejos ilimitados; quer sempre mais do que tem, e se decepciona sempre com as satisfações que obtém numa existência difícil. - Criticas a teoria durkeimiana: As estatísticas sobre o suicídio são reduzidas porque poucas pessoas se suicidam; os suicídio são reconhecidos só por declarações de família; a ausência de informações sobre as tentativas frustradas de suicídio; a validade das correlações feitas por Durkheim, como um exemplo os protestantes e os católicos, já que os católicos vivam no campo e os protestantes na cidade; a relação entre a interpretação sociológica e a psicológica. As Formas Elementares da Vida Religiosa - Nesse livro Durkheim pretende entender a religião começando a estudá-la por sociedades mais primitivas, onde ele considera as religiões mais simples. Para, então, conseguir entender as religiões mais complexas da sociedade moderna. - Tenta mostrar que no fundo de toda a religião os deuses que são criados e adorados acabam sendo a própria sociedade em todos os casos. - Critica o trabalho de Comte, quando ele diz que o sociólogo é capaz de criar religiões por si mesmo. - Primeiro Durkheim descreve com detalhes a sociedade estudada, que foram clãs e tribos da Austrália, depois faz uma análise do totemismo (que pra ele é a religião mais simples) dessas tribos e em terceiro demonstra uma essência geral e social das religiões. - Para ele a religião divide as coisas entre sagrado e profano. Sendo sagrado o conjunto de coisas, de crenças e de ritos e o Profano o modo das pessoas se comportarem de modo econômico. A religião não é só a crença num Deus transcendental, e então dá o exemplo dos budistas. - Religião: “é um sistema solidário de crenças e de práticas relativas a coisas sagradas, isto é, separadas, proibidas; crenças e práticas que unem numa mesma comunidade moral, chamada igreja, todos os que a ela aderem.” (323) - Durkheim afasta essas duas teorias: - Animismo: é a fé em espírito, a experiência do homem com seu corpo e alma. (Para ele seria uma alucinação coletiva) - Naturismo: os homens adoram as forças naturais transfiguradas. - A teoria da religião de Durkheim é estudar o objeto de fé, sem admitir o conteúdo intelectual das religiões tradicionais, condenadas pelo desenvolvimento científico. - Acredita que a moral, e o próprio pensamento científico se fundou a partir da religião. -Como não evolucionista, se confunde um pouco ao dizer que a religião mais simples é o totemismo. Então, acredita no desenvolvimento da religião da mais simples a mais complexa. - Ele divide o totemismo entre clã (grupo de parentesco não constituído por laços de sangue) e totem (seria um símbolo [brasão, madeiras, emblemas] de cada clã, ou individuo, ou até mesmo matrimonial). - Para ele o totem que veio primeiro foi o dos clãs, mostrando que o culto a sociedade é anterior a qualquer outro. Mostra que a religião transcende gerações e que as práticas totêmicas são semelhantes a qualquer outra crença ou prática religiosa. - Então, ele quer explicar o porquê que todas as religiões acabam adorando a própria sociedade. Porque a sociedade desperta sensação de divino nos indivíduos, provoca em nós a sensação de dependência, esquecemos de nossos interesses para servir aos dela. Favorece o surgimento de crenças, porque os indivíduos vivem em comunhão e criam a capacidade de criar o divino. - Compara cultos religiosos das tribos australianas ao fim da Revolução Francesa, em ambos os casos em que a sociedade é transformada é uma divindade. No caso da Revolução, em que elementos laicos se tornaram uma espécie de símbolos religiosos. - Durkheim quer demonstrar como o sistema totêmico passou para as religiões mais complexas e tardias. Ele mostra a diferença entre ritos e símbolos (bandeira dos países, chama no Arco do Triunfo). Os ritos são divididos em três tipos: o negativo são as proibições de comer, tocar algo com as mãos; os positivos são atos de comunhão que promovem a fecundidade e as refeições rituais; e os ritos de expiação que são ritos de imitação, miméticos ou representativos. O objetivo desses ritos são manter a comunhão, revigorar a fá e as crenças. - Durkheim desenvolve uma teoria do conhecimento através do estudo da religião: a primeira segundo Aron são as formas primitivas de classificação estão ligadas às imagens religiosas do universo, retiradas das representações que as sociedades fazem de si mesmas. Em segundo é a sociedade que dá aos homens uma concepção de uma força superior à dos indivíduos. E por ultimo a teoria sociológica do conhecimento fornece o meio para superar AA oposição entre empirismo (as categorias, os conceitos, resultam da experiência sensível) e apriorismo (os conceitos ou categorias são dados pelo espírito humano).- “A ciência tem autoridade sobre nós porque a sociedade em que vivemos assim o quer.” Durkheim mostra que a religião não perde para a ciência em quesito de legitimidade. Pois a ciência só é verdade se nós, assim, quisermos que ela seja. Assim como a religião, em que a carregamos de significados e símbolos que nos são verdade. As Regras do Método Sociológico - O objetivo de Durkheim nesse livro é mostrar que a sociologia pode ser uma ciência que tem um objeto definido, que pode ser observado e classificado como nas outras ciências. O seu objeto é o fato social, em que é preciso caracteriza-los como coisas, e tem poder coercitivo sobre os indivíduos. Classificamos o fato social como coisa para não cairmos em preconceitos que nos prende na hora de conhecermos o objeto. - Durkheim descreve de formas diversas o que significa a coerção na sociedade. Exemplo: numa reunião e todos riem de uma coisa. Outro exemplo é a moda, onde todos se vestem de determinada maneira porque todos os outros estão se vestindo da mesma forma, não é o individuo sozinho que inventa a moda, mas sim a sociedade que se faz obrigada a segui-la. Existe também o casamento, o suicídio, maior ou menor natalidade. - “Fato Social é toda maneira de fazer, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção externa, ou então que é geral em toda a extensão de uma dada sociedade, embora tendo existência própria, independente de suas manifestações individuais.” (338) - Devemos estudar os fatos sociais exteriores, de fora. - Aron critica o modo como Durkheim conceitua o que é coerção. Diz que ele usa esse conceito como muito vago, amplo e de forma infeliz. A coercitividade é apenas um modo de identificar um fato social. - Aron critica também o modo como Durkheim usa da exterioridade no estudo do fato social, pois pode cair no erro de substituir imperceptivelmente uma definição intrínseca por outra extrínseca. - Para Durkheim o grupo mais simples é a horda, que pode ser uma realidade histórica, ou uma ficção teórica. Depois vem o clã, que são várias famílias. As famílias são posteriores ao clã e não são segmentos sociais. - Durkheim acredita que uma sociedade pode absorver certo tipo de desenvolvimento econômico externo sem que sua cultura seja mudada. (Exemplo: Japão) - Sobre as várias tentativas de sociólogos anteriores a ele tentarem classificar as sociedades e dividi- las, na sua opinião isso é errôneo e faz distinção entre normal e patológico. - Durkheim apesar de tentar ser um cientista puro, livre de preconceitos e mudanças sociais, tinha por convicção que como cientista ele precisava ajudar no aperfeiçoamento da sociedade. “A distinção entre normal e patológico é precisamente uma das intermediações entre a observação dos fatos e os preceitos.” -Normal: não se deseja eliminá-lo, mesmo que nos afete moralmente. - Patológico: um argumento científico para justificar projetos de reforma. - O exemplo do crime como normal em determinadas sociedades em que se acontece com uma certa regularidade. Associa normalidade com generalidade. - Explicar um fenômeno social é procurar dentro da própria sociedade o que levou para que esse fato acontecesse. Antes de Durkheim esse pensamento não era assim. A causa deveria ser procurada no passado, em estágios anteriores ao atual. - Todo fato social, tem fundamento em outro fato social, não é um fato psíquico individual. - “A causalidade eficiente do meio social representa, para Durkheim, a condição da existência da sociologia científica.” (343)
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