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www.etep.edu.br 1 EDO – Seção 1. Digite o código do material Objetivo(s): Apresentar os conceitos preliminares de Equações Diferenciais Professor: Domingos Chorfi Curso: Engenharia (todos os cursos) Disciplina: Equações diferenciais A) EQUAÇÃO DIFERENCIAL : Uma Equação Diferencial é uma relação que envolve como incógnita uma função e suas derivadas ou diferenciais ou “EQUAÇÃO DIFERENCIAL É UMA EQUAÇÃO QUE CONTÊM DERIVADAS”. 1) Quanto ao tipo: a) Equação Diferencial ordinária – EDO: Contém somente uma variável independente. Exemplo: 5x'y ou dy dx x 5 a variável independente é x. b) Equação Diferencial parcial – EDP: Contém mais de uma variável independente. Exemplo: yx'y"y 2 ou yx y u x u 2 2 2 as variáveis independentes são x e y. 2) Quanto à ordem: É a ordem da derivada mais alta que ela contém. Exemplo: a) 2x y u x u é de primeira ordem, b) d y dx dy dx y 2 2 2 0 é de segunda ordem. 3) Quanto ao grau: É obtido considerando o grau da derivada de mais alta ordem como sendo o grau da equação, como se faz no caso dos polinômios. Exemplos: a) 02 2 2 yx y u x u é de primeiro grau. b) 02 32 2 2 y dx dy dx yd é do segundo grau. 4) Quanto ao tipo de solução: a) Solução Geral: É a primitiva desta equação. Exemplo: y Ax Bx C 2 é a solução geral da equação diferencial d y dx 3 3 0 , pois, integrando www.etep.edu.br 2 d y dx 3 3 0 três vezes, tem-se: A dx yd d dx yd d dx yd dx d dx yd 2 2 2 2 2 2 3 3 000 BAdx dx dy dAdx dx dy dA dx dy dx d A dx yd 2 2 CdxBAxdydxBAxdyBAx dx dy e a solução geral será: CBxAxy 2 . b) Solução Particular: É a primitiva da Equação Diferencial, mas com valores definidos para as constantes arbitrárias por ela contida. Exemplo: y Ax Bx C 2 é a solução geral ou a primitiva da equação diferencial d y dx 3 3 0 , mas y A B C 0 0 y x A B C 2 5 0 2 5, , 3,2,5325 2 CBAxxy São soluções particulares desta mesma equação. Caso as condições iniciais forem, por exemplo: 20 y , isto é, 2y para 0x , 0 0 xdx dy , isto é, 0 dx dy no ponto 0x , www.etep.edu.br 3 1 0 2 2 xdx yd , isto é, 1 2 2 dx yd no ponto 0x , Donde A dx yd 2 2 no ponto 0x A dx yd x 1 0 2 2 , isto é, 1A , BAx dx dy no ponto 0x BA dx dy x 00 0 , isto é, 0B , CBxAxy 2 no ponto 0x 200 2 0 CBAy x , isto é, 2C e 2201 222 xxxyCBxAxy e a solução particular será 22 xy . c) Solução Singular: É uma solução da equação diferencial que não pode ser obtida por combinação das constantes arbitrárias, isto é, a partir da primitiva desta. Exemplo: 0y dx dy x dx dy 2 2 onde 2CAxy é a solução geral ou a primitiva da equação diferencial, mas x dx dy xy 4 1 , 8 1 2 e 4 1 2 2 dx yd satisfaz a equação, pois 2 2 8 1 4 1 4 1 2 xxxx 0 4 1 4 1 8 1 4 1 8 1 22222 xxxxx , donde 0y8x 2 é uma solução da equação diferencial, e tal solução é denominada solução singular. d) Solução explícita: É a solução na forma xfy , isto é, a variável dependente (função) y pode ser isolada e igualada a uma expressão, a qual é função apenas da variável independente x (não ambígua). Exemplo: 0 1 y dx dy x na solução explícita 2 2x Cey . www.etep.edu.br 4 e) Solução implícita: Assim, a solução de uma equação diferencial de ordem n é a determinação de uma relação entre as variáveis, envolvendo n constantes arbitrárias independentes, que, juntamente com as derivadas dela obtidas, satisfaz à equação diferencial, isto é, o problema das equações diferenciais é essencialmente descobrir a primitiva que deu origem à equação. Exemplo: Foi a primitiva y Ax Bx C 2 que deu origem à equação diferencial d y dx 3 3 0 , e portanto, y Ax Bx C 2 é a solução desta equação diferencial. A solução é da forma 0, yxf , isto é, a variável dependente (função) y não pode ser isolada e igualada a uma expressão que dependa apenas da variável independente x , ou quando isto for possível (será ambígua). Exemplos: a) 0 dx dy yx na solução implícita 22222 xCyCxy onde a solução na forma explicita não é considerado função pois possui duas soluções para cada Cx b) 0 dx dy )1y(xy)1x( 22 Cx)x(n2x)y(ny 1 , solução implícita. Como identificar se uma solução proposta é solução da equação diferencial? Para identificar se uma solução proposta é solução de uma equação diferencial, basta substitui a solução encontrada no lugar onde a variável dependente (função) aparece na equação, e se após os cálculos feitos, a equação se transformar em uma identidade, então a função encontrada é solução da equação diferencial. Exemplos: 1) Verificar se 23 x ey ou 2 2 3 x ey é solução da equação diferencial 0 xy dx dy . Solução: a) Substituir y por 23 x e na equação 0 xy dx dy , isto é, 0 2 1 33 2 1 3333 3 222222 2 xexeexee dx d ex dx ed xxxxxx x , www.etep.edu.br 5 Como não surgiu uma identidade, então 23 x ey não é solução. b) Substituir y por 2 2 3 x e na equação 0 xy dx dy , isto é, 0333 2 2 3333 3 222 2 222 2 2 222 2 xxx x xxx x xexexe xe xee dx d ex dx ed , como surgiu uma identidade, então 2 2 3 x ey é solução. 2) Verificar se )sec(xy é solução da equação diferencial )(xytg dx dy Substituir y por )xsec( na equação )(xytg dx dy , isto é, )x(cos )xsen( )x(cos)xsen()x(cos)x(cos dx d )xtan()xsec( dx )xsec(d 121 , )()sec()()sec( )(cos )( )(cos)(cos 11 xtgxxtgx x xsen xx dx d , Como surgiu uma identidade, então )sec(xy é solução. 3) Verificar se 444 Cxxlnx4y é solução da equação diferencial 0344 dyxydxyx . 3 44 443344 xy yx dx dy dxyxdyxy0dyxydxyx Então a equação será: 3 44 xy yx dx dy , e a derivada da solução proposta: 444444 Cxxlnx4 dx d y dx d Cxxlnx4y dx d , www.etep.edu.br 6 3 3 3 333 3433 y4 C1xln4x4 dx dy y4 Cx4x4xlnx16 dx dy Cx4 x 1 x4xlnx16 dx dy y4 C1xln4 y x dx dy y C1xln4x dx dy 3 3 3 3 então, substituindo a derivada da solução proposta e a própria solução proposta na equação tem- se: C1xln4 y x xy Cxxlnx4x xy yx eC1xln4 y x dx dy 3 3 3 444 3 44 3 3 Donde C1xln4 y x C1xln4 y x 3 3 3 3 Como surgiu uma identidade, então 444 Cxxlnx4y é solução implícita. B) MÉTODOS DE RESOLUÇÃO PARA EQUAÇÕES DIFERENCIAIS: MÉTODO DA SEPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS: Uma Equação Diferencial de 1a Ordem permite ser resolvida por separação de variáveis, quando M x y dx N x y dy, , 0 , onde xyy puder ser escrita na forma: f x g y dx f x g y dy1 2 2 1 0( ) ( ) , para reduzirmos a uma forma mais simples multipliquemos a equação por 1 2 2f x g y( ) , reduzindo-se à forma: f x f x dx g y g y dy1 2 1 2 0 ( ) ( ) , onde por integraçãoem ambos os membros encontramos a primitiva, 11 2 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( , ) 0 ( ) f xg y dy dx G y F x K G y F x K ou u x y g y f x . Exemplos: 1) Obtenha a solução geral das equações diferenciais pelo método da separação das variáveis. a) ( ) ( )x ydx x y dy 1 1 02 2 www.etep.edu.br 7 21 )1( xxf )1()(1 yyg 22 xxf yyg )(2 dx x xx dy y dx x x dy y y 2 2 2 2 12 ) 1 1( )1(1 CxxnxynyCdx xx dy y 12 )(2)( 12 1 1 1 b) y x dx dy 0 xdxydyxdxydy y x dx dy , xxf 1 yyg )(1 12 xf 1)(2 yg 0xdxydy C 2 x 2 y Cydyydy 22 222 222 cxy 2 c 2 x 2 y donde 222 cxy que é a solução geral (implícita) da equação e representa a equação de um círculo de raio cr , (ou seja representa uma família de círculos). 2) Obtenha a solução particular das equações diferenciais pelo método da separação das variáveis. a) 0 xy dx dy para 3)0( y . Então xdxdy y xydxdyxy dx dy xy dx dy 1 0 www.etep.edu.br 8 oc x yc x ycxdx y dy xdx y dy ln 2 ln 2 ln 2 1 2 1 22 22 22 2 ln 2 lnln x o x oo o ecyec yx c yx cy 20 2 33330 x oo eycecy b) 0 y dx dy x para 1)1( y . Então 00 cx dx y dy x dx y dy x y dx dy x y dx dy 10 xnc y nxncnyncnxnync x dx y dy xc y xn c y nxn c y n 1 expexp 11 x yc c y 1 1 1 11)1( c) 0x dx dy y para 1)0(y . Então xdxdyy0x dx dy y 0 22 0 22 C xy Cxdxydy para 1)0(y , tem-se 112 2 1 2 0 2 1 000 CCCCC , logo 122 22 xy . d) )(sen2 2 x dx dy y ( é uma constante) para 1)0( y . Então 0 222 )(sen2)(sen2)(sen2 cdxxydydxxydyx dx dy y www.etep.edu.br 9 a axx dxax 4 2sen 2 )(sen 2 e 0 2 0 2 4 2sen 22 2 )(sen2 c xxy cdxxydy 1 4 2sen 2 1001 4 2sen 2 2 000 2 xx yccc xx y APLICAÇÕES DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS: As Equações Diferenciais são aplicadas em: a) Problemas Físicos: Movimento vertical de um corpo de massa m sob a ação da gravidade em um meio que oferece resistência proporcional à velocidade do corpo. Deseja-se conhecer a posição do corpo num instante t . Seja )t(yy a posição do corpo no instante t . Consideremos o sentido positivo o do movimento, isto é, para baixo. As forças que atuam sobre o corpo de massa m são: mg devido a gravidade (no sentido do movimento) e dt dy k devido à resistência do meio (no sentido contrário ao movimento) b) Crescimento demográfico: A taxa de aumento de uma população é a soma das taxas de natalidade (n) e migração (g), menos a taxa de mortalidade (m) mgna O aumento da população num instante dado é igual ao produto da população nesse instante vezes a taxa de aumento da população; se a população no instante t for representada pela função P(t), o aumento da população será também igual à derivada de P aP dt dP Para poder resolver esta equação é preciso conhecer a dependência de a com o tempo. Veremos dois casos simples. Modelo de Malthus Se a taxa de aumento da população (a) for constante a equação diferencial anterior será uma equação de variáveis separáveis CdtaP dP at0 e PP Onde P0 é a população em t = 0. Este modelo pode ser uma boa aproximação em certo intervalo, mas tem o inconveniente que a população cresce sim limite. www.etep.edu.br 10 Modelo logístico Considera-se uma taxa de mortalidade que aumenta diretamente proporcional à população, com taxas de natalidade e migração constantes. A taxa de aumento da população é assim kPb com b e k constantes. A equação diferencial obtida é uma equação de Bernoulli 2kPbP dt dP . Neste modelo a população não cresce indiscriminadamente, pois a medida que P aumenta, a taxa de aumento diminui chegando eventualmente a ser nula e nesse momento P permanece constante. Por meio da substituição u = 1/P obtém-se uma equação linear kbu dt du Que pode ser resolvida multiplicando os dois lados pelo fator integrante bte Cdtekuedx d btbt Ce b k P bt 1 A população aproxima-se assintoticamente do valor limite k b . c) Decaimento radioativo Numa substância radioativa, cada átomo tem uma certa probabilidade, por unidade de tempo de se transformar num átomo mais leve emitindo radiação nuclear no processo. Se p representa essa probabilidade, o número médio de átomos que se transmutam, por unidade de tempo, é pN, em que N é o número de átomos existentes em cada instante. O número de átomos transmutados por unidade de tempo é também igual a menos a derivada temporal da função N pN dt dN . A massa dos correspondentes átomos, x, é diretamente proporcional a N e assim obtemos a seguinte equação diferencial px dt dx onde p é uma constante, Decaimento exponencial de uma substância radioativa com constante de decaimento p. www.etep.edu.br 11 designada de constante de decaimento. A solução geral desta equação é uma função que diminui exponencialmente até zero ptCex e a solução única para a condição inicial 0xx no instante inicial é ptexx 0 A meia-vida da substância define-se como o tempo necessário para a massa diminuir até 50% do valor inicial; a partir da solução obtida temos pte5,0 p t 2ln . Quanto maior for a constante de decaimento p, mais rápido diminuirá a massa da substância (ver figura ao lado). Uma substância radioativa presente em todos os organismos vivos é o carbono 14 que decai transformando-se em azoto, com uma meia-vida de aproximadamente 5580 anos. O conteúdo de 14C em relação ao 12C de qualquer organismo vivo é o mesmo. A razão é a seguinte: no fim da cadeia alimentar dos seres vivos estão os organismos que absorvem o carbono diretamente da atmosfera e portanto a relação 12 14 C C nos seres vivos é a mesma que na atmosfera. Na atmosfera esta relação é estável há muitos anos; os organismos mortos, em processo de decomposição perdem 14C como resultado do decaimento radioativo e não o regeneram através da dieta. O azoto que a atmosfera ganha dos organismos em decomposição é transformado novamente em 14C pelos raios cósmicos, nas camadas superiores. Uma comparação do conteúdo de carbono 14 de um organismo morto, por exemplo, madeira obtida de uma árvore, com o conteúdo existente num organismo vivo da mesma espécie, permite determinar a data da morte do organismo, com uma boa precisão quando o tempo envolvido for da ordem de grandeza da meia-vida do carbono 14. d) Problemas de aquecimento e arrefecimento Outra aplicação das equações diferenciais de primeira ordem são os problemas de aquecimento e arrefecimento. Entre dois corpos em contacto existe transferência de calor por condução, do corpo mais quente para o mais frio. Se a temperatura do objeto em qualquer instante é T(t) e a temperatura do meio ambiente é M(t), o aumento da temperatura do objeto em qualquer instante será diretamente proporcional à diferença de temperatura com o meio ambiente )( TMk dt dT onde k é uma constante de condução térmica. Esta equação é uma equação linear que pode ser facilmente resolvida uma vez conhecida a temperatura do meio M(t). O caso www.etep.edu.br 12 mais simples é quando a temperatura do meio ambiente é constante; nesse caso a equação é de variáveis separáveis kteMTMTCkdt TM dT )( 0 onde 0T é a temperatura inicial. A temperatura do objeto aproxima-se assintoticamente à temperatura do meio. EXERCÍCIOS 1: SEÇÃO 1 1) Determinar a solução geral das Equações Diferenciais, dadas a seguir, pelo método da separação de variáveis: a) 022 x dx dy y R.: cxy 33 . b) x dy dx y 2 1 R.: cxln1y2 2 . c) 0 2 s x dx ds R.: cx s 2 2 2 . d) 21 yy te dt dy t R.: 13 3 2 2 cetey tt = 0.