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Doença pulmonar obstrutiva crônica Pneumo - 6° período Maria Geovana DEFINIÇÃO DPOC é definida por: Obstrução crônica, difusa e parcialmente reversível das vias aéreas inferiores (brônquios e bronquíolos); Relacionada a um processo inflamatório crônico, desencadeado por partículas ou substâncias inaladas (tabagismo, ocupacional ou combustão de biomassa ) Destruição progressiva do parênquima pulmonar (septos alveolares); ⇾ com a evolução da doença a reversibilidade da obstrução vai se tornando cada vez menor. ⇾ se incluem nessa definição a bronquite obstrutiva crônica e enfisema pulmonar; São componentes da mesma doença, que podem se sobrepor. ⇾ Exacerbações contribuem para a gravidade da doença; Doença COMUM, PREVENÍVEL e TRATÁVEL Causada por: gases e partículas nocivas (pp cigarro) anormalidades na via aérea e/ou no alvéolo *Sintomas persistentes e Limitação ao fluxo aéreo EPIDEMIOLOGIA • Mortalidade: 5ª causa de óbitos no Brasil; • No Brasil, aproximadamente 7 milhões sofrem com a doença; • 5ª causa de internações no SUS: custo de 72 milhões; ⇢ Geralmente se manifesta na 5ª-6ª década. ⇢ mais comum em homens ASMA: doença de caráter alérgico! Eosinofílico DPOC: caráter ambiental - cigarro. Destruição dos alvéolos. Causa bronquite e enfisema. CAUSAS O tabagismo é a principal causa da DPOC! DPOC E COMORBIDADES ✓ Paciente com DPOC tem risco aumentado para: ➢ IAM ➢ Osteoporose ➢ Infecção Respiratória ➢ Depressão ➢ Diabetes ➢ Câncer de pulmão ➢ Perda de peso ➢ Disfunções músculo – esqueléticas Etiopatogenia: Possui três componentes patológicos: • Bronquite obstrutiva crônica (componente brônquico) • Doença de pequenas vias aéreas - bronquiolite (componente bronquiolar) • Enfisema pulmonar (componente parenquimatoso) ⇾ O predomínio de cada um varia de um paciente para outro. 1. Bronquite obstrutiva crônica (componente brônquico) É a inflamação da parede dos brônquios com lúmen > 2mm. (proximal; traqueia, brônquios e bronquíolos 2-4mm de diâmetro interno) - Infiltrado leucocitário misto (polimorfonucleares e mononucleares) - Metaplasia de células caliciformes e hiperplasia das glândulas submucosas secretoras de muco. Essas células são responsáveis pela secreção: pc hipersecretor com tosse secretiva Paralelo a inflamação da parede dos brônquios → diminuição do calibre com obstrução do fluxo aéreo. 2. Doença de pequenas vias aéreas: É a inflamação da parede dos bronquíolos (bronquiolite) e pequenos brônquios com lúmen < 2mm. (VA periféricas) → a inflamação crônica origina ciclos repetidos de lesão/reparação → remodelamento estrutural das VA → ↑ aumento de colágeno → fibrose → estreitamento das vias aéreas - Parede das pequenas vias aéreas espessadas - Infiltrado inflamatório misto (polimorfonucleares e mononucleares) - Acúmulo difuso de colágeno (fibrose) *Clinicamente é o principal componente da obstrução ao fluxo aéreo 3. Enfisema pulmonar Definição: alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos, decorrente da destruição progressiva dos septos alveolares. É a doença dos ácinos, unidade funcionais de troca gasosa dos pulmões. ★ O que acontece no enfisema? Ocorre destruição progressiva dos septos alveolares e/ou paredes dos bronquíolos respiratórios, levando à formação de grandes espaços aéreos com reduzido poder de troca gasosa; ⇾ Degradação do tecido elástico de sustentação do parênquima pulmonar reduz a capacidade de sustentação dos bronquíolos durante a expiração Há 2 tipos de enfisema pulmonar: a. Enfisema centroacinar (típico do tabagismo): A destruição predomina nos bronquíolos respiratórios, no centro do ácino → predomina nos lobos superiores, mas tende a progredir para regiões mais inferiores e para periferia dos ácinos. b. Enfisema panacinar (típico da deficiência de alfa 1-antitripsina): a destruição começa em todo o ácino, predominando nos LI e tende a progredir para regiões mais superiores. QUADRO CLÍNICO • Tosse Produtiva (bronquite crônica), predomínio matinal– fumante de longa data. • Diagnóstico de bronquite crônica = história de tosse produtiva há mais 2 anos, durante pelo menos 3 meses consecutivos por ano, uma vez excluídas outras causas óbvias de tosse crônica. • Evolução: seca e matutina → produtiva → constante • Característica do muco: mucóide (pigarro), clara. • DISPNÉIA* → fase mais avançada. Normalmente é quando o pc procura auxílio • SIBILÂNCIA EXAME FÍSICO Na fase avançada, o exame clínico pode demonstrar: • Edema MMI; • Cianose; • Tórax em tonel → pc vive hiperinsuflado: acúmulo de ar • Murmúrio vesicular reduzido; • FTV reduzido difusamente • Hipertimpanismo à percussão • Sibilância e roncos; • Estertores crepitantes ou subcrepitantes; DIAGNÓSTICO História: Crônica Tosse Dispneia Sibilos Tabagismo Exposição ocupacional Exame Físico: Normal / ou quase Hiperinsuflação MV diminuído Sinais de cor pulmonale Radiografia de tórax: Excluir outras doenças Bolhas Hiperinsuflação Espirometria VEF1/CVF <70% Pós broncodilatador Saturação de oxigênio < 90% (não dá o diagnóstico definitivo) ESPIROMETRIA ➢ CVF- Capacidade vital forçada ➢ VEF1- Volume expiratório forçado no primeiro segundo ➢ VEF1/CVF- A fração de ar expirado no primeiro segundo relativa ao volume total expirado (índice de tiffeneau) ➢ Através da espirometria, evidenciando uma relação VEF1/CVF <0,7 (70%) após o uso de broncodilatador 1°: olhar o índice → se <0,7 já faz o diagnóstico *A espirometria mostra se é uma sd obstrutiva ou restritiva. A diferença entre asma e DPOC é que, na asma, há melhora após broncodilatador. Já no DPOC, depois do BD, há uma melhora ínfima, não significativa. Alterações ocasionadas pela hiperinsuflação pulmonar: • Aumento dos espaços intercostais; • Visualização de mais do que 9 ou 10 arcos costais anteriores; • Retificação das hemicúpulas diafragmáticas; • Maior penetração dos raios x; Cor pulmonare → congestionamento entre coração e pulmão. Leva a uma insuficiência cardíaca. TC → aspecto rendilhado DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➢ Insuficiência Cardíaca Congestiva ➢ Tuberculose Pulmonar ➢ Bronquiectasia ➢ ASMA AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS CAT Avaliação dos sintomas mMRC Índice de dispnéia modificado do MRC 0 – Tenho falta de ar ao realizar exercício intenso; 1 – Tenho falta de ar quando apresso o meu passo, ou subo escadas ou ladeira; 2 – Preciso parar algumas vezes quando ando no meu passo, ou ando mais devagar que outras pessoas de minha idade; 3 - Preciso parar muitas vezes devido à falta de ar quando ando perto de 10m, ou poucos minutos de caminhadano plano 4 – Sinto tanta falta de ar que não saio de casa, ou preciso de ajuda para me vestir ou tomar banho sozinho. mMRC > ou = 2: pc muito sintomático TRATAMENTO ✓ Redução dos fatores de risco * Cessação do tabagismo! ✓ Manejo da DPOC estável • Educação • Farmacológico • Não farmacológico ✓ Manejo das exacerbações OBS: classificação de GOLD = está falando de DPOC REDUZIR SINTOMAS ✓ Redução dos fatores de risco * ✓ Impedir a progressão da doença ✓ Aliviar sintomas; ✓ Aumentar a tolerância a exercícios; REDUZIR RISCOS FUTUROS ✓ Melhorar a condição da saúde; ✓ Evitar e tratar complicações; ✓ Evitar e tratar exarcebações; ✓ Reduzir a mortalidade TRATAMENTO FARMACOLÓGICO NA DPOC ➢ Broncodilatadores inalatórios são grandes drogas na terapia da DPOC; *Esse pc já convive com uma reserva muito baixa. Os resultados não são muito grandes, mas já ajudam. ➢ Corticoides (inalatórios ou sistêmicos) são indicados na exacerbação aguda. Para retornar o tônus brônquico é necessário equilibrar controle colinérgico e adrenérgico. Na DPOC há uma predominância do tônus colinérgico. Colinérgico → fechar Adrenérgico → abrir B2 agonistas: adrenérgicos. Abrir Farmacoterapia: Broncodilatadores (BD) • Os BD tem papel central no manejo sintomático da DPOC. • Devem ser administrados quando necessários ou regularmente para prevenir e reduzir sintomas, e exacerbações. • O tratamento c/ BD de longa duração é mais efetivoe conveniente do que com os de curta duração. LAMA: antagonistas muscarínicos de longa ação Baseia-se na avaliação: • Dos sintomas (CAT ou mMRC) • Do risco de exacerbações AVALIAÇÃO DO RISCO DE EXACERBAÇÕES • Menos de 2 exacerbações/ano: exacerbador crônico • 2 ou mais exacerbações/ano NOVA CLASSIFICAÇÃO GOLD Avaliar Limitação ao Fluxo Aéreo Classificação / VEF1% Predito GOLD I → VEF1 > 80% GOLD II → 50% < VEF1 < 80% GOLD III → 30% < VEF1 < 50% GOLD IV → VEF1 < 30% OBS: não define tto, por isso deve usar os sintomas (mMRC e CAT) Avaliar Sintomas e Exacerbações Classifica em grupos ABCD Grupo A e C → possuem menos sintomas Grupo A e B → possuem pouca exacerbação TRATAMENTO DA DPOC GRUPO A TRATAMENTO DA DPOC GRUPO B Pouco sintomas + pouco exacerbação Muito sintoma + pouco exacerbação SABA: salbutamol, por ex TRATAMENTO DA DPOC GRUPO C TRATAMENTO DA DPOC GRUPO D Pouco sintoma + muita exacerbação Muito sintoma + muita exacerbação Mais raro Mesma com terapia dupla, já tem dificuldade Nesse grupo se inicia o corticoide inalatório Terapia tripla: LABA + LAMA + corticoide inalatório Macrolídio: efeito imunomodulador. Desvantagem: aumenta resistência LAMA, É A DROGA DE BASE DO TRATAMENTO EM TODOS OS GRUPOS MANEJO DA DPOC ESTÁVEL Farmacoterapia: Corticóides • A adição de tratamento regular com corticóide inalatório aos broncodilatadores está indicado com exacerbações repetidas. • Um corticóide inalatório em combinação com β2-agonista de longa duração é mais efetivo do que seus componentes individuais. • Tratamento crônico com corticóides orais devem ser evitados devido a relação risco / benefício desfavorável. Doentes graves e exacerbações *corticóides inalatórios ➢Beclometasona ➢Budesonida ➢Fluticasona ➢Ciclesonida ➢Mometasona *Pode fazer dosagem de eosinófilos: se tem maior número de eosinófilos tem maior eficácia de corticoide ASMA X DPOC Na asma, já inicia com corticoide inalatório (ICS), depois LABA e depois LAMA Já no TPOC, tem a inflamação brônquica, porém de natureza neutrofílica e predomínio do tônus adrenérgico: começa m=pelo LAMA TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO ➢ Reabilitação: TODOS pacientes com DPOC, melhorando tanto à tolerância ao exercício quanto aos sintomas de dispneia e fadiga; → fisioterapia ➢ Exercícios físicos; ➢ Cessar tabagismo; ➢ Oxigenoterapia: a administração à longo prazo de oxigênio (>15 horas por dia) aos pacientes c/ insuficiência respiratória crônica mostrou aumento de sobrevida. • Indicada para pacientes com PaO2<55mmHg ou Sat < 88% • PaO2 56 – 59 mmHg + Cor pulmonale ou policitemia (aumento de hematócrito - oxigenação dificil) ➢ Cirurgia: bulectomia/CRVP (cirurgia redutora de volume pulmonar): Em casos extremos,de inflamação e vasoconstrição pulmonares graves, que geram perda do lobo pulmonar. ➢ Transplante pulmonar: opção em casos extremos Vacinas: ➢ Influenza (anual) ➢ Pneumococo (VPP23) (5 em 5 anos) ➢ Prevenar 13 ➢ A vacina pneumocócica está recomendada para pacientes com DPOC acima de 65 anos ou com qualquer idade quando a VEF1 estiver < 40% do previsto. ➢ Provavelmente vai entrar a de COVID 19 EXACERBAÇÕES NA DPOC Crises repentinas de falta de ar, decorrentes de infecções Causas mais comuns • Infecções da árvore traqueo-brônquica • Poluição aérea • A causa de 1/3 das exacerbações é desconhecida. Sintomas chaves de infecção • Aumento da dispneia • Aumento de volume de escarro • Purulência do escarro *Normalmente a coloração é clara MANEJO DAS EXACERBAÇÕES Antibióticos Indicados para: • Pacientes na vigência de exacerbações 3 sinais chaves. • Pacientes com 2 sinais se um deles for purulência no escarro. • Pacientes com exacerbações graves que necessitem VM ou VNI (ventilação não invasiva). *Exacerbação moderada, sem fatores de risco: • Beta lactâmico • Beta lactâmico/inibidor de beta lactamase • Macrolídeos • Cefalosporinas *Exacerbação moderada com fatores de risco (exacerbações frequentes ou DPOC grave) e exacerbações graves: • Beta lactâmico/inibidor de beta lactamase • Quinolonas respiratórias + BRONCODILATADORES INALADOS (especialmente B2 agonistas com ou sem anticolinérgicos) e Corticóides orais são efetivos no tratamento das exacerbações. Ventilação mecânica não invasiva nas exacerbações ➢ Melhora a acidose respiratória ➢ Diminui a necessidade de entubação traqueal ➢ Reduz a frequência respiratória e a dispneia ➢ Diminui o tempo de hospitalização ➢ Reduz a mortalidade
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