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Genética e Biologia Molecular no diagnóstico de SARS-coV Prof. Dra. Marcela Funaki dos Reis O QUE É O CORONAVÍRUS? Os coronavírus (CoV) são uma grande família de vírus que causam doenças que vão da gripe comum à doenças mais severas, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença do coronavírus, a COVID-19. O QUE É COVID-19? COVID-19 é a doença infecciosa causada pelo coronavírus descoberto mais recentemente. Este novo vírus e doença eram desconhecidos antes do surto começar em Wuhan, China, em Dezembro de 2019. SARS-COV-2 é o nome dado ao novo coronavírus. COVID-19 a doença causada por este vírus. Como o vírus foi identificado? Zhu et al. (2020) identificaram um novo vírus causador de pneumonia e seguida foi logo nomeado como SARS-COV19, em seguida como COVID-19. Lu et al. (2020) realizaram sequenciamento de nova geração e de Sanger em amostra de líquido de lavagam broncoaleolar e isolados de culturas obtidos de 9 paciente internados, 8 dos quais relataram ter visitado o mercado de frutos do mar de Huanan em Wuahn na China. A análise filogenética dessas amostras e de outros coronavírus foram utilizadas para determinar a história evolutiva e inferir sobre a sua provável origem. Atualmente o genoma completo do vírus esta depositado e disponível em NCBI - National Center for Biotechnology Information como Reference Sequence NC_045512, (Wu et al. 2020) onde pode ser acessado análise e estudos. Qual a origem do Vírus? A origem específica do vírus não é totalmente esclarecida, mas no início do surto a hipótese foi de um salto viral entre um animal selvagem e um ser humano no mercado de frutos do mar de Huanan em Wuhan, China, durante novembro de 2019 (ORTIZ-PRADO et al 2020). A partir deste ponto as investigações focaram na busca pelo hospedeiro intermediário. Com isso rapidamente veio a associação com morcegos sugerindo que estes vírus são intimamente relacionados, apontando este animal como provável reservatório natural, assim como os camelos são para MERS e as civetas são para SARS. Os vírus do gênero betacoronavírus provavelmente infectam morcegos a dezena de milhões de anos e possivelmente desde a origem dos próprios morcegos. Neste reservatório natural existem cepas de diferentes virulências, ou seja, baixa, média e alta capacidade de infectar humanos. Em um estudo molecular utilizando recursos de bioinformática Lu et al. (2020) compararam os dados (contigs) contra bancos de dados de proteínas não redundantes e como resultado deste alinhamento as amostras se mostraram intimamente relacionadas aos betacoronavírus do tipo SARS de morcegos (bat-SL-CoVZC45.2). E este resultado fez sentido porque o SARS-CoV juntamente com o coronavírus tipo Bat_SARS formam uma linhagem distinta dentro do subgênero do sarbecovírus (Zhu et al., 2020). Em outro estudo Paraskevis et al. (2020) analisaram o nível de similaridade genética entre 2019-nCoV e o BatCoV RaTG13 (Figura 1) e sugeriram que este último não fornece a variante exata que causou o surto em humanos, mas é muito provável a hipótese de que o SARS-CoV tenha se originado de morcegos. Figura 1. Árvore filogenética de máxima verossimilhança (ML) inferida em diferentes regiões genômicas, conforme indicado pela análise Simplot. A sequência 2019-nCoV é mostrada em vermelho e as estrelas indicam que nós importantes receberam 100% de bootstrap e 1 suporte de probabilidade posterior. Fonte: Adaptado de Paraskevis et al. (2020). A resposta esta na evolução que surge de variação no genoma, e essa variação ocorre por dois mecânicos: mutação e recombinação. A mutação de maneira bem simples ocorre por substituição, perda ou inserção nucleotídeos, sendo a verdadeira fonte de novidades genéticas, já a recombinação aumenta a variabilidade genética por novas combinações. A variabilidade genética encontrada no vírus sugere o que chamamos de pontos quentes de mutações, ou seja, existem regiões específicas suscetíveis a ocorrências de mutações. O oposto disto é que também já foi determinado que existem regiões que são altamente conservadas, ou seja, não sofrem mutações. Essas características genômicas e sua potencial associação com características de vírus e virulência em humanos precisam de mais atenção e provavelmente serão esclarecidos num futuro próximo. Mas afinal, como isso é possível? Como um vírus que infecta uma espécie pode passar a infetar outra? Estrutura do SARS-Cov-2 E a relação com seu genoma O SARS-Cov-2 é um vírus de RNA, fita simples, poliadenilado e de sentido positivo, sendo o maior genoma de RNA conhecido para vírus com 30kB (Kahn, Mclntosh, 2005). Esse genoma é organizado na ordem de um complexo da região 5' não traduzida (UTR) - replicação (orf 1ab) - proteínas estruturais (Spike (S) - Envelope (E) - Membrana (M) - Nucleocapsídeo (N) - 3′-UTR e quadros de leitura aberta não estruturais (ORFs), Figura 2. Segundo Almazán et al. (2014) os primeiros dois terços do genoma codificam o gene da replicase. A tradução de ambas as ORFs resulta na síntese de duas poliproteínas que são processadas por proteinases virais para liberar os componentes do complexo replicação-transcrição. O terço final do genoma inclui os genes que codificam as proteínas estruturais S, E, M e N, bem como as proteínas específicas do gênero e características de cada CoV, que são expressas a partir de um de RNAm. Figura 2. Estrutura e genoma do vírus SARS-CoV-2. (A) Existem quatro proteínas estruturais como segue: spike (S), glicoproteína de superfície (roxo); proteína da membrana (M), (laranja); proteína do nucleocapsídeo (N), (azul); e proteína do envelope (E), (verde). O RNA genômico é mostrado envolto na proteína N. (B) O genoma SARS-CoV-2 é organizado na ordem de 5′-replicase (ORF1a/ b) - proteínas estruturais [spike (S) - envelope (E) - membrana (M) - nucleocapsídeo (N)] - 3 ′. Fonte: Heng L. et al. (2020). QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA COVID-19? Os sintomas mais comuns de COVID-19 são: febre, cansaço e tosse seca. Algumas pessoas têm dores e desconfortos, congestão nasal, coriza, garganta inflamada ou diarreia. Testes diagnósticos Existem basicamente duas categorias de testes os diretos que envolvem a detecção do RNA viral usando testes de amplificação de ácidos nucleicos (Nucleic Acid Amplifcation Tests NAAT) como a RT- qPCR e os indiretos baseados na resposta imunológica do paciente visando a detecção dos anticorpos IgA, IgM e IgG. Qual é o melhor teste? Na verdade ambos apresnetam elevada sensibilidade e especificidade, parâmetros fundamentais para um diagnóstico seguro. Então, a pergunta correta seria quando usar o teste baseado em NAAT e quando usar o teste sorológico (Figura 3). Daí a resposta é baseada na carga viral, desenvolvimento dos sintomas e positividade em cada teste considerando um paciente realmente positivo para COVID-19. Figura 3. A relação temporal entre carga viral, sintomas e positividade em testes diagnósticos. O início dos sintomas (dia 0) é geralmente 5 dias após a infecção (dia –5). Nesta fase inicial correspondente à janela ou período assintomático, a carga viral pode estar abaixo do RT-PCR limiar e o teste pode dar resultados falso-negativos. O mesmo acontece no final da doença, quando o paciente está se recuperando. Seroconversão geralmente pode ser detectado entre 5–7 dias e 14 dias após o início dos sintomas; portanto, na primeira fase da doença, a fase sorológica os testes têm maior probabilidade de dar resultados falso- negativos. A linha preta pontilhada no gráfico ilustra a sensibilidade do ensaio quimioluminescente como derivado da folha de dados de um teste comercial (Abbott Diagnostics, EUA). Ig, imunoglobulina; RT-PCR, transcrição reversa-PCR; SARS-CoV-2, síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2. Fonte: Adaptado de La Marca et al. (2020). CONSIDERAÇÕESTambém é importante ressaltar que desde a identificação do SARS-Cov-2 como o responsável pela covid-19 foi grande foi e continua sendo o empenho e os desafios para o estabelecimento de um protocolo para voltado a um diagnóstico seguro. Assim, o protocolo atual foi desenvolvido e otimizado para o detecção do novo Coronavírus por entidades respeitáveis como o Hospital Universitário Charité de Genebra, Centers for Disease Control (CDC) nos Estados Unidos, OMS entre outros centros. Existem diferentes procotolos em aplicação atual que diferem entre si geralmente pela escolha de primers para amplificação do RNA viral. Dentre os diferentes protocolos também não será discutido aspectos relacionados aos méritos de cada teste, mais sim o entendimento de como estes testes funcionam relacionando aos aspectos da genética e da biologia molecular. Amostragem RT-qPCR Extração do RNA viral Para realização deste teste, primeiramente discutiremos o processo de amostragem para obtenção do RNA viral. Esta técnica segue as etapas indicadas na Figura 4: Figura 4: Etapas para realiação da RT-qPCR. RT-pPCR Para obter RNA viral o processo de amostragem visa coletar secreções contendo células potencialmente contaminadas pelo vírus. Assim, é recomendada a coleta com swab de amostra nasofaríngea. Quando não for possível as alternativas aceitáveis segundo Shereen et al. (2020) são uma coleta orofaríngea, uma da concha nasal média ou lavagem nasofaríngea, aspirado ou amostra de aspirado nasal ou ainda trato respiratório inferior quando disponível. O mesmo autor aponta que embora o vírus possa ser detectado em outras amostras como sangue e fezes, estes geralmente são menos confiáveis do que amostras provenientes do trato respiratório, pois esta nesta região que se espera maior carga viral. As amostras em seguida são encaminhadas para extração de RNA com kits de extração aprovados para esta finalidade. Amostragem Extração do RNA viral O SARS-Cov-2 é um vírus de RNA, logo os kits de extração são particularmente aplicados a este tipo de ácido nucleico que reconhecidamente apresenta estabilidade inferior quando comparado ao DNA. Outro aspecto relevante diz respeito ao fato de que a desempenho da reação de RT-pPCR é dependente da qualidade do RNA extraído em termos de quantidade, pureza e integridade desta amostra para não gerar principalmente falsos negativos em pacientes clinicamente suspeitos para covid-19. Diferentes kits estão disponíveis para esta finalidade, cada um com uma metodologia aplicada. Para fins de exemplificação podemos citar o QIAamp DSP Viral RNA Mini Kit da Qiagen baseado na extração e purificação em membrana de sílica (QIAGEN, 2012); MagNA Pure 96 System da ROCHE que é um método de extração e purificação automatizado de elevado rendimento e tempo de execução inferior a 1 hora para 96 amostras (ROCHE, 2020). Extração do RNA viral Existem muitos outros kits disponíveis para esta finalidade, mas ambos seguem basicamente o seguinte fluxograma de extração do RNA viral (Figura 5): - Lise da célula do hospedeiro para liberar o RNA viral; - Inativação de possíveis nucleases capazes e clivar o RNA viral; -Precipitação de proteínas, DNA e outros contaminantes; - Purificação e eluição/ressuspenção do RNA alvo. Figura 5. Protocolo básico de extração de RNA. Fonte: Adaptado de Addgene (2020). Em seguida a amostra de RNA viral se presente na amostra do paciente estará prontamente disponível para a RT-qPCR. Controles da Reação Controles na reação são importantes, pois asseguram a confiabilidade no teste. Basicamente são utilizados um controle negativo, um positivo e as vez um controle interno. O controle negativo consiste em uma reação contendo todos os reagentes da reação menos a amostra. Então, geralmente no lugar da amostra é colocado água ultrapura livre de DNA e RNA. Assim, na reação o controle negativo não apresentará amplificação. O controle positivo é uma amostra padronizada do vírus SARS-Cov-2 ou amostra obtida de um paciente positivo para COVID-19. O controle positivo pode ser obtido comercialmente ou é um componente integrante dos kits de COVID-19. Já o controle interno auxilia na exclusão de falsos negativos. Podemos exemplificar pelo teste STAT- NAT®-COVID-19 (SENTINEL, 2020) que utiliza o canal Hex/VIC multiplexado com os alvos virais que permite a análise do RNA viral extraído e de todo o processo sem a necessidade de testes adicionais. Vamos iniciar esclarecendo que para o diagnóstico baseado na RT-qPCR temos duas técnicas de PCR combinadas: a Transcrição Reversa do RNA viral (RT- PCR) e a sua potencial quantificação por Real Time (qPCR). Veremos as duas técnicas separadamente por fins didáticos. Caso você não saiba do que se trata uma reação de PCR, leia a explicação do Quadro 1. Quadro 1. Explicação breve sobre a PCR convencional (ATAWODI, ATAWODI, DZIKWIi; 2010). RT-pPCR Princípio da técnica: A técnica de reação em cadeia da polimerase – PCR consiste basicamente em amplificar uma região-alvo no DNA específica. Amplificar significa neste sentido aumentar o número de cópias da região alvo no DNA. Reagentes: Para amplificar o DNA na reação de PCR precisamos dos blocos de construção do DNA, ou seja, nucleotídeos que neste caso são trifosfatados, por isso são denominados dNTPs (Adenina, Timina, Citosina e Guanina). Precisamos dos primers que delimitam o início e fim da região-alvo a ser amplificada pela enzima. Os primers são oligonucleotídeos sintéticos complementares a região- alvo. É utilizado um par de primers, o foward que estabelece o início e o reverse que indica o fim da amplificação. Também é necessário a enzima Taq- polimerase que além de amplificar suporta as temperaturas necessárias para cliclagem. E por fim, como é utilizado uma enzima, precisamos garantir um pH adequado com o uso de um tampão especifico e um cofator para eficiência enzimática. Ciclagem: A ciclagem consiste em um programa de alternância de temperaturas por tempos específicos estabelecidos em um equipamento chamado Termociclador. Um programa de ciclagem básico envolve a elevação da temperatura (±94ºC) para promover desnaturação do alvo rompendo as pontes de hidrogênio que mantém o DNA em dupla-fita. Em seguida ocorre a etapa de anelamento com o resfriamento do termociclador com a finalidade dos primers anelarem ao alvo. (nesta etapa temperatura é variável e dependente da Tm (Melting Tempeture) dos primers). Por fim, na etapa de extensão (72ºC) a enzima taq-polimerase copia de maneira complementar o alvo segindo as orientações estabelecidas pelos primers. As três etapas de ciclagem se repetem cerca de 30 a 40 vezes amplificando o alvo gerando teoricamente bilhões de cópias. Resultado convencional: Na PCR convencional o resultado é baseado na presença ou ausência do produto de amplificação (amplicon) em uma eletroforese em gel de agarose. RT-PCR PCR por Transcrição Reversa A reação em cadeia da polimerase por transcrição reversa (RT-PCR) é uma adaptação da PCR convencional aplicada à análise de RNAs em geral (Figura 6). Todo o princípio é baseado no uso da enzima transcriptase reversa, daí o nome da técnica. Nesta reação uma molécula de cDNA (DNA complementar) é transcrita de maneira reversa pela enzima transcriptase reversa, ou seja, esta enzima é capaz de produzir uma molécula de DNA a partir da cópia complementar e reversa do RNA viral. Este momento é muito crítico, pois a transcriptase reversa copia todos os RNAs presentes na amostra do paciente, incluindo RNAs do paciente, do vírus (caso presente) bactérias que colonizam esta região. Assim, na próxima etapa é necessário selecionar corretamente o alvo de amplificação, ou seja, somente o cDNA do vírus SARS-Cov-2. Este momento é muito crítico, pois a transcriptase reversa copia todos os RNAs presentes na amostra do paciente, incluindo RNAs do paciente, do vírus (caso presente) bactérias que colonizam estaregião. Assim, na próxima etapa é necessário selecionar corretamente o alvo de amplificação, ou seja, somente o cDNA do vírus SARS-Cov-2. Em seguida esta molécula de cDNA é utilizada para amplificação das regiões-alvo específicas para cada protocolo de identificação de SARS-Cov-2. Figura 6. Esquema de representação da RT-PCR. 1, indica a produção do cDNA a partir do RNA de SARS-Cov-2. 2. Etapa de amplificação. Fonte: Adaptado de Fraga, Meulia, Steven Fenster (2014). qPCR Real Time PCR ou PCR quantitativa Nesta etapa o cDNA do vírus amplificado permitindo a identificação da presença ou ausência do SARS-Cov-2 na amostra do paciente confirmando ou excluindo o diagnóstico de COVID-19. Além, de diferenças em relação às enzimas polimerases utilizadas (HotStart, Platinum, por exemplo) os testes diferem quanto aos primers e sondas de amplificação utilizadas. Basicamente, primers são pequenas sequencias de oligonucleotídeos composição conhecida, pois são construídos de modo a serem complementares a alvo. Neste ponto os protocolos diferem, pois cada um propõe identificar a presença do vírus de acordo com a região que potencialmente é mais conservada evitando problemas de reação cruzada e falsos negativos ou positivos. Uma vez que são os primers que garantem a especificidade da reação de PCR e os protocolos diferem neste requisito, Ortiz-Padro et al. (2020) resumiram as posições dos conjuntos de primers e sondas mais utilizados sugeridos pelo CDC americano (Figura 7). A sequencias destes primers também podem ser observados na Tabela 1. Figura 7. conjuntos de primers e sondas listadas pela OMS para a reação de RT- qPCR. CDC Estados Unidos (2019-nCoV_N1, N2 e N3), Universidade de Hong Kong (HKU-N e HKU-ORF1b_nsp14), Universidade de Charité, Berlin – Alemanha (RdRp_SARSr e E), Instituto Nacional de Saúde da Tailândia (WH-NIC N), Instituto Nacional de Doenças Infecciosas no Japão (NIID_2019-nCoV_N), CDC da China (N e Orf1ab), Instituto Pasteur, Paris, França (nCoV_IP2, IP4 e E). E: gene da proteína do envelope, S: gene da proteína spike; N: gene da proteína do nucleocapsídeo. Nsp14: gene da proteína não estrutural 14, Orf1: fase de leitura aberta 1; RdRp: gene da polimerase de RNA dependente de RNA; O número abaixo dos amplicons são as posições do genoma listadas em SARS-CoV-2, GenBank MN908947.3. Fonte: Extraído e modificado a partir de Ortiz-Padro et al. (2020). Figura 7. Primers e sondas para RT-PCR aplicados ao diagnóstivo de COVID-19. Fonte: CDC Atlanta (2020) Definido o par de primers foward e reverse a escolha da sonda de amplificação também é importante. Dois sistemas de detecção por sondas de fluorescência são os mais empregados para SARS- Cov-2: SYBR Green e Taq-Man, sendo esta última de maior confiabilidade devido ao tipo de sinal emitido que corresponde à amplificação somente na etapa de extensão da PCR. As sondas de detecção permitem a quantificação do alvo de amplificação em tempo real, pois a sonda emite uma fluorescência que é captada pelo sistema da plataforma evidenciando a amplificação do alvo. A sonda de degradação taq-man (Figura 8) também é um oligonucleotídeo complementar ao alvo de amplificação duplamente marcada na extremidade 5’ com um Repórter (fluoróforo) e na extremidade 3’ um Quencher (Inibidor de fluorescência inespecífica), (WANG, 2017). Adicionar um pouquinho de texto Figura 8. Sonda de hidrólise Taqman. Fonte: Sigma Aldrich (2020) O uso desta sonda é baseada na atividade exonuclease da DNA-polimerase que ao encontrar a sonda durante a amplificação do alvo realiza a sua degradação (Figura 9), e a sonda por sua vez ao ser degradada libera o repórter que passa emitir a fluorescência que será captada pela plataforma gerando um gráfico/ curva que permite o cálculo da Ct (Cycle Threshold), (Figura 10). Figura 9. Esquema representando a qPCR. Fonte: LeAnne Noll (2020). Figura 10. Gráfico representando a curva indicativa de resultado positivo para COVID-19 em azul e resultado negativo em vermelho. Cycle Thresshold (CT). Fonte: Adaptado de BiteSizeBio (2020). O uso da Ct fornece o valor indicativo da carga viral do paciente no momento da realização do exame, no entanto por estarmos em meio a uma pandemia o resultado é emitido como qualquer teste qualitativo, ou seja, apenas indicando resultado positivo ou negativo para SARS-Cov-2, ou seja, indicando a presença ou ausência do vírus na amostra do paciente. E com isso, segue-se o tratamento indicado. Referências Addgene. A diagram of the different steps in RNA extraction. Disponível em: <https://www.addgene.org/protocols/kit-free-rna-extraction/>. Acesso em 26 de Ago de 2020. Almazán F et al. Coronavirus reverse genetic systems: Infectious clones and replicons. Virus Res. 30(189): 262–270. doi: 10.1016/j.virusres.2014.05.026 JAtawodi, SE; Atawodi, JC; Dzikwi, AA. Polymerase Chain Reaction: theory, practice and application, Sahel Medical Journal. 13(2):54 – 63, 2010. BiteSizeBio. What Is a Cq (Ct) Value? Disponível em <https://bitesizebio.com/24581/what-is-a-ct-value/>. 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